segunda-feira, 28 de julho de 2008

A Geopolítica dos alimentos transgênicos 2



Definindo OGM

(Organismos Geneticamente Modificados)

Sem dúvida um dos assuntos mais amplamente discutidos na atualidade, os organismos geneticamente modificados, são uma realidade no nosso cotidiano. Já se vê produto modificado nas prateleiras de supermercados, mesmo que sem o devido aviso nos rótulos, que é uma exigência do IDEC Instituto de Defesa do Consumidor, por isso devemos conhecer melhor o que é o OGM ou transgênicos.

Mas, afinal de contas o que um OGM, os Organismos Geneticamente Modificados? Como já dissemos o OGM, Organismo Geneticamente Modificado, é na verdade, um organismo, seja do reino animal ou vegetal, que fora modificado geneticamente para satisfazer as exigências previamente determinadas pelo seu produtor.

Para tal é injetado neste organismo um gene selecionado de outra espécie, recebendo essa adição genética ele ganhará alguma característica preciosa, por isso o nome transgênico, o que forçosamente, modificará o seu comportamento e de toda sua descendência.

Alguns exemplos são: a soja da empresa norte americana Monsanto, que foi enriquecida com o gene de uma bactéria, para se tornar resistente à um agrotóxico, o de sua própria fabricação o Raundup; o milho da suíça Novartis, que mata a lagarta, sua predadora natural, por conter em seu DNA modificado, um gene da bactéria Bacilus Turingiensis (BT).

Outras empresas transnacionais como a Du Pont, a Dow Chemical, a Astra Zeneca, a Agrevo, entre outras, também se utilizam da tecnologia OGM, ou produzindo plantas ou insumos, como agrotóxicos, fertilizantes, etc. os quais só funcionam associados às plantas geneticamente modificadas, o que por si só já se torna uma espécie de monopólio biológico.

Essas empresas chegam até mesmo ao absurdo de tentarem patentear o gene da soja, como tenta fazer a tão famosa Monsanto ou criar uma semente previamente programada para cometer ‘suicídio’, como a exterminador, gene da planta saponaria oficcinalis, que é transferido para culturas (soja, milho, arroz...), tornando-as estéreis para um segundo plantio.

Países que utilizam OGMs

Países

Área Plantada

Em milhões de hectares

Estados Unidos da América

28,7

Argentina

6,7

Canadá

4,0

China

0,3

Austrália

0,1

África do Sul

0,1

Fonte: Serviço Internacional para Aquisição de Agrotecnologia (ISAAA) – 1999

Boa parte dos países no mundo todo já utiliza largamente os OGMs, sendo que onde é mais amplamente difundido e aceito é nos Estados Unidos, nosso ‘vizinho de muro’ a Argentina faz parte de grupo seleto de plantadores de produtos modificados, sabendo que muito do trigo e da soja dos portenhos são transgênicos, nós, com certeza, consumimos à larga, em biscoitos, em massas e farinhas, muitos deles disfarçados.

A multinacional norte-americana Monsanto, planta 40 % da soja colhida nos EUA, 55 % da soja colhida na Argentina, faturando em 1999 cerca de U$ 1,2 bilhões. A cada U$ 4,00 que ganha com seus produtos, reserva U$ 1,30 para investir em pesquisas, desenvolvendo seus insumos que são, via de regra, atrelados as plantas, monopolizando, desta forma, todas as etapas do plantio até a colheita, com seus adubos, fertilizantes e agrotóxicos.

Área global plantada

Ano

Área Plantada

Em milhões de hectares

1996

1,7

1997

11,0

1998

27,8

1999

39,9

Fonte: Serviço Internacional para Aquisição de Agrotecnologia (ISAAA) – 1999

Quem lucra com os OGMs?

- As empresas multinacionais são o setor que mais se beneficia, ficando com a maior fatia do bolo financeiro feito com os produtos transgênicos, sabemos que elas não visam a saúde da população o que vale para é o lucro rápido e fácil;

- Países inescrupulosos, que exportam seus produtos transgênicos para outros sem a devida bateria de testes, e/ou usam a terra alheia como cobaia, para não contaminarem as suas, como fazem muitos países europeus.

Quem perde com os OGMs?

- Empresas nacionais sérias perdem muito em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas, pois já compram o produto acabado e não renovável;

- Países que tentam elaborar políticas agrícolas tropicais, adaptáveis ao seu clima e necessidades, pois têm seu solo agredido pela sanha capitalista de plantar para exportar, preferencialmente produtos de plantation;

- O meio ambiente, porque ainda não há estudos sérios que comprovem que os OGMs não tragam malefícios ao solo, a água e aos lençóis freáticos.

A violência da ignorância – Você é a cobaia?

Já são encontrados em diversas redes de supermercados no Brasil produtos a base de OGMs, a saber: Salgadinhos BaCos, cereal Shake Diet, Cup Noodles, creme de milho Knorr, salsicha tipo viena Swift, Supra Soy integral, Nestogeno com soja, Soy Milk, batata frita Pringles Original, Mc Cornick/Bac’on Pices, entre outros.

Isso leva a crer que, além de contribuir para a violência urbana, devido a expulsão de mão-de-obra do campo para as cidades, nós ainda estamos servindo de cobaia ao usarmos produtos transgênicos e importados e como aqueles diversos animaizinhos que morremos de pena ao ver sendo utilizados de maneira tão deletéria nos filmes de ficção científica, e que sabemos serem usados de verdade nos laboratórios da vida real.

Pois bem, não há muita diferença entre eles e nós, apesar dos esforços do IDEC, muitos dos produtos que consumimos são feitos com OGMs, em sua maioria ou levam derivados deles na composição. Estamos servindo de cobaia para a sanha capitalista de empresas inescrupulosas, empresários ambiciosos, se valem da nossa falta de lei específica e lucram com produtos modificados, sem que o consumidor saiba na verdade o que está consumindo. Não que sejamos contra o desenvolvimento da ciência, somos a favor da pesquisa em novas tecnologias para melhorar a nossa agricultura.

Para Ilustrar – Algumas Citações

Algumas das melhores opiniões sobre a utilização de OGMs, vem do próprio meio agrícola, pessoas ligadas ao campo, ou a pesquisa agro-industrial, mesmo entre as pessoas que estão a favor do seu uso, também não há consenso, muitos agrônomos os acham desnecessários, outros vêem meios menos danosos de melhorar as colheitas. Confira nessas citações:

“Ainda não dominamos a técnica a ponto de garantir que não haja risco.” (Miguel Guerra – Secretário da SBPC – Santa Catarina)

“Não temos certeza sobre a segurança da soja manipulada.”

(José Hermetto Hoffman – Secretário de Agricultura do RS)

“A injeção de genes nas sementes não é precisa, o que pode gerar várias reações desconhecidas.
Colocar esses produtos no mercado com os raros testes já feitos é um crime.” (Karen Suassuna – Agrônoma do GreenPeace)

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