Tudo sobre tudo e algo mais: Indicando a direção dos ventos do mundo!
Um pouco de cada assunto de interesse.
Cidade e Urbanização, Ecologia e Meio Ambiente, População e Demografia, Geoeconomia e Geopolítica, Etc.
SERVIÇOS PÚBLICOS E CARGA TRIBUTÁRIA (DOS IMPOSTOS)
Se
for ver apenas números, na Dinamarca os impostos podem chegar a 50%. Mas os
serviços funcionam. Em relação a demografia, são países em que a população
(original) encolhe, sendo preciso atrair imigrantes.
A aposentadoria é mais
tardia. O número de funcionários vai se tornando maior em relação a população,
não por ter inventado, criado ou mantido empresas públicas inúteis e feito
concursos para estas. O crescimento vegetativo é estável. Não há concursos a
torto e a direito. E por aí vai.
Pra finalizar, a
eficiência não requer quantidade e sim qualidade do material humano e desburocratização.
A PRIVATIZAÇÃO COMO SOLUÇÃO... MAS NEM TANTO.
Antes da privatização os trens circulavam de meia em meia hora. Na
Baixada era pior ainda. Os trens eram sucatas ambulantes. É certo que houve
precarização proposital, mas mesmo que houvesse vontade a coisa não fluiria.
Tenho usado mais o trem do que
os ônibus. Faço do Bangu a Central em 40 minutos. Antes não era em menos de uma
hora. E o tempo de espera na estação tem sido de cinco a dez minutos, antes era
de mais do que trinta minutos. E o preço do telefone antes da privatização era
o mesmo de um carro usado. Contra os fatos não há argumento. Mas a gente sabe
que era feito pra não funcionar e ter de privatizar mesmo. Como até a pouco,
com o PT no governo, em que as coisas foram sucateadas para a entrada das OS.
Não temos mais um Leonel Brizola. São todos entreguistas.
Por isso que sou a favor de
privatizar aquilo que não compete ao governo. Para que bancos??? Deve ter
somente um banco de fomento ao desenvolvimento, os demais privatiza. O que
caracteriza os bancos estatais é justamente a ineficiência. Foram13 anos de PT e nenhum deles
funcionaram a contento (e nem me venha com estatísticas inventadas de sites obscuros).
Somente o BNDES deveria continuar, Caixa e BB, vende essas merdas que só causam
dor de cabeça. O governo precisa se preocupar apenas com saúde, educação
'básica', segurança nacional, fomento e assistência e previdência. O resto,
privatiza e ponto.
Fui ferroviário por 15 anos, se
ficasse mais um pouco me aposentaria como um "come e dorme"... Achei
justo privatizar a ferrovia. O modelo de privatização tem que ser aprimorado.
Mas para que o governo vai querer: ferrovia, bancos, correios, gráficas,cartórios, escritórios e etc? Isso só
incha a máquina e tira dinheiro de áreas estratégicas. Quanto ao petróleo, você
não precisa ter um monte de empresa para tentar gerir, entrega pra quem faz
melhor e cobre um percentual mensal caro por isso. É assim que fazem e fizeram
os bem-sucedidos.
Antes de privatizar trabalhava mais e ganhava menos, e tinha que pagar
plano de saúde do meu bolso.
Depois passei a ganhar mais e ter plano de saúde top, meus filhos eram
tratados nos melhores médicos.
SOCIALISMO E FUNCIONALISMO, UMA CONTA QUE NÃO BATE...
Hoje em dia eu vejo o socialismo como
algo que tem de ser bom para o maior número de pessoas possíveis. Mas a maioria
vê apenas o próprio umbigo. Funcionários públicos virou a nova burguesia, vivem
numa realidade paralela e querem ser intocáveis. Querem privilégios que os
demais trabalhadores não têm e que suas empresas ineficientes (como correios e
bancos) continuem como são, tocados por governos falidos...
Creio que isso não
é bom socialmente para a maior parte dos brasileiros. Isso também vale para militares,
que ficam entocados. Mas honra seja feita, ficam entocados porque a
constituição engessa os caras com medo de um novo 1964.
Muito se fala sobre o aquecimento global, mas ainda estamos bastante
distante da verdade. Que a causa é em parte de atividades humanas já sabemos há
muito tempo. Existem correntes que dizem que a própria natureza tem ciclos de
aquecimento e resfriamento e que não estaríamos passando por um período de
congelamento de parte do planeta graças a atividade humana que desde 1850 vem
emitindo CO2 em quantidade suficiente pra aquecer o planeta, turbinando o
efeito estufa e evitando que entrássemos em uma nova era glacial.
Creio que deveríamos continuar esmiuçando o assunto cientificamente e
levando em conta todas as correntes de pensamento acerca das mudanças
climáticas. Devemos também ter cuidado, pois sabemos que grupos econômicos
criam dificuldades para vender facilidades, sendo assim muitas vezes exageram
nos prognósticos para lucrarem com suas soluções mirabolantes.
Muitos tentam nos levar a crer que os problemas da irregularidade na
quantidade de chuvas nesse início de ano no Brasil, afetando principalmente o
Estado de São Paulo tem a ver com o aquecimento global.
O ciclo da água,
apesar de ser perene, sofre alterações locais, exemplo disso é o que ocorre
neste ano atípico, onde tem chovido menos e com menos intensidade quando chove.
O Rio de Janeiro por ser beneficiado por uma bacia hidrográfica melhor alimentada
e mais próxima do consumidor tem sofrido menos do que São Paulo, que vem tendo
o abastecimento comprometido.
Hoje mais do que
nunca, a educação ambiental acerca da preservação das árvores e cuidado com a
água deve ser mais debatida e propagandeada em horário nobre. Muito dessa
irregularidade na dinâmica de chuvas tem origem justamente no desmatamento na
Amazônia, que interfere em todo o ciclo.
Temos sempre a
ideia de que o ciclo da chuva é local: evaporação, evapotranspiração,
transpiração, condensação e chuva. Porém nos esquecemos que a ação dos ventos e
da umidade amazônica influi na chuva no centro-sul do país. Sempre é bom reforçar
a ideia de que, apesar de termos água em abundância, a qualidade dela é que
deve ser pensada.
De que adiantaria
ter água pra ‘dar e vender’ se ela está suja, como já ocorre com as águas do rio
Ganges na Índia e em outros espalhados pelo mundo?
NÃO
QUERO O AMERICAN WAY OF LIFE, QUERO UM WELFARE STATE DE VERDADE!
Sempre
achei muito pertinente o vídeo Ilha das Flores. Conheci esse
documentário/protesto na época de faculdade e me identifiquei bastante com a
ideologia por trás da produção dele. O que me fez pensar em como deveríamos
agir para que o capitalismo não esmagasse tantos cidadão brasileiros.
Mas a
questão é sempre muito mais complicada do que parece. Vendo de maneira
apressada acharemos que essa realidade vem sendo debelada e que a miserabilidade
absoluta no Brasil vem caindo. De fato as políticas de bolsas assistencialistas
vêm retirando pessoas da fome desde o governo PSDBista na pessoa do
intelectualóide FHC e continuo com o governo PTista dos pseudos esquerdistas
Lula e Dilma Russef.
Hoje há
muito menos pobreza no país, pois um contingente enorme consome coisas que eram
impensáveis há cerda de 20 anos. Porém, isso impacta sobre os recursos
naturais. Necessitamos de uma política de desenvolvimento social e verde.
A falta
dessa política social e verde de verdade agrava essa situação. O partido que se
diz verde é nulo no nosso país e o modelo de consumo aqui é baseado no ‘american
way of life’, o que nos levará a exaurir os recursos naturais e se for
disseminado em escala planetária precisaríamos de 3 a 4 planetas para sustentar
tal modelo de consumo.
Sinceramente
não vejo saída em um curto período de tempo. Reciclar seria ótima solução, mas
em pesquisas que faço com catadores, estes dizem que não há incentivos e que
alguns itens que antes eram como ouro (latinhas) hoje estão em baixa.
Para
acabar com a fome poderia ser reaproveitado sobras de restaurantes e
supermercados, mas isso poderia acarretar em casos de intoxicações alimentares
e levaria a processos. No final, quem queria fazer o bem pode até se complicar.
A
política canguru vem transformando futuras mãos de obra em zumbis, que só se
unem quando há boatos de acabar a bolsa. Todavia há cursos disponíveis
gratuitamente e nenhum deles sequer cogita fazer.
Como
disse antes, a solução pode ser até factível, mas não com o pensamento
imperante no momento.
Acabei de recusar um convite para a manifestação de hoje, pois como disse acho que já passou dos limites da democracia. Mas como sempre digo aos meus alunos é preciso ler para criticar, então fui ler as chamadas, a proposta, da manifestação.
Tinha um defendendo de que o fim dos partidos não era o fim da democracia, pois havia a possibilidade da democracia direta. Deu vontade de rir. Sabem por que? Primeiro, por que fiquei pensando na impossibilidade da colocação disso em prática. Como? Com plebiscitos a cada decisão? Imagina o custo para o país! Seriam centenas de plebiscitos a cada ano. Pela internet? Esse povo não aceita resultado de urna eletrônica, vai acreditar em votação pela internet? Ou pelo facebook, será que tem algum insano pensando nisso com seriedade?
O segundo motivo, e que essa classe média sempre chamou o Hugo Chaves de ditador, justamente, por causa dos plebiscitos, agora apóia? O governo não estava errado ao permitir a ditadura venezuelana no mercosul? É ou não para rir? Como disse acima, este movimento já se perdeu. É o protesto pelo protesto, como uma piada antiga " hay gobierno, soy contra".
Além disso, tenho refletido sobre esse ódio todo. Acho que essas pessoas elegeram o governo como bode expiatório de suas frustrações. A sociedade consumista cria necessidades que, mesmo empregados, a maioria das pessoas não conseguem ter acesso. Talvez venha daí uma explicação para os ataques as lojas e os saques.
Nessa sociedade consumista e hedonista que nós vivemos, é preciso ter, senão você não é ninguém. Por isso acredito que os gastos com o financiamento das obras da copa serviram de catalisador. É como se as pessoas pensassem "o governo gastou todo esse dinheiro, e eu não vou poder assistir no estádio, pois não terei condições de comprar os ingressos muito caros". Daí somam-se o carro, o celular ultramoderno, a roupa de grife, os locais mais caros, enfim "tudo aquilo que eu tenho que ter, mas não consigo".
De quem é a culpa? Do governo do PT "que dá bolsa família para os que não querem trabalhar", "que vai dar bolsa pra presidiário" e outras alegações que a gente conhece bem. Como se o dinheiro colocado nos programas sociais fosse para o bolso deles, se estes não existissem.
Tem também todo a ladainha sobre os impostos. Os empresários foram eficazes em criar a falácia de que o Brasil é o pais que mais cobra impostos no mundo. Recentemente saiu um comparativo no jornal que mostra que a nossa média de impostos é compatível com os países que possuem economia do tamanho da nossa. Nem muito mais nem muito menos. Só quem lucrará com uma grande redução dos impostos serão os empresários. O preço dos planos de saúde não vai baixar, mas o povo não terá mais o hospital público, sem os impostos. Nisso poucos pensam.
Esses que estão com raiva não querem diálogo, nem debate, muito menos mudanças no Brasil. Querem apenas sacrificar um bode expiatório para acalmarem a sua raiva e frustração. Eu também queria um S4, uma Ferrari, e assistir os jogos da Copa do Mundo no Maracanã, mas não vou sair quebrando as coisas por que não posso ter.
Por tudo isso, decidi não mais me manifestar, acho que o Brasil está melhor, se levamos em conta a conjuntura crise mundial, ou compararmos com os anos FHC. Quem sou eu para não querer mudanças? Logo eu que sempre fui e continuarei a ser uma progressista. Mas como se sabe, uma revolução acontece para criar um tempo novo, ou para recuperar um tempo passado. Não sei, sinceramente, qual dos dois será o resultado desta.
Quanto ao meu salário, sim, acompanhou a inflação. Mesmo assim não consigo ter tudo que gostaria. O nome disso é capitalismo, e não foi inventado pelo atual governo, mas é defendido por muitos dos que estão nas ruas...
Não é de hoje que nos deparamos com o embate entre o Poder Público e Poderes Paralelos na Cidade do Rio de Janeiro, principalmente nas áreas mais periféricas, que estão, mais notadamente, órfãs da ação limitadora e mediadora do território exercida pelas entidades governamentais nas três esferas do poder institucionalizado.
O comércio de rua, bem como demais serviços alternativos, transformam a urbe de modo radical se apossando de uma série de serviços que nos é devido pelo estado. Tendo em vista que o fator emprego / desemprego, pode gerar o caos urbano e fragmentar o espaço, através da luta pelo território, qualquer que seja, desde o mais amplo possível, como o da estrutura viária (motoboys, Kombeiros e Vanseiros) ao mais restrito, como nacos de calçadas das vias públicas e de largos e praças dos bairros da cidade.
Justifico a opção pela região de Bangu, pois é neste contexto onde estamos inseridos, que se pode notar de maneira bastante clara a diversidade de serviços e comércios informais que polulam. Também resolvi falar de outras atividades, como: o transporte alternativo; os scooter-táxis; os guardadores de carros; as micro-lojas (lojinhas de R$ 1,99) e as ‘biroscas’. Quanto a isso observemos o que dizia o Geógrafo Milton santos acerca da ocupação e dominação de territórios por grupos, na ausência ou conivência do estado:
“O reconhecimento mais profundo de como se dão as relações entre frações da sociedade e frações do território poderá ajudar na formulação de novas proposições quanto a estrutura e ao funcionamento do Estado.” (Milton Santos. In Território e sociedade, entrevista com Milton Santos)
“Milton Santos afirma não ser possivel conceber uma determinada formação sócio-econômica sem se recorrer ao espaço. (...) Conjunto de ações espacialmente localizadas que impactam diretamente sobre o espaço, alterando-o no todo ou em parte ou preservando-o em suas formas e interações espaciais.” (Roberto Lobato Corrêa – in.“Espaço, Um Conceito Chave da Geografia”) Como não há incentivo das esferas de poder (federal, estadual e municipal) para modificar a realidade ‘canibal’ do momento (desemprego ou subemprego formal), muitos moradores destas comunidades que há bem pouco tempo faziam parte dos quadros de diversas empresas públicas recentemente privatizadas pela sanha neo-liberal (que devorou as entranhas da máquina do governo e jogou na sarjeta do mercado de trabalho uma infinidade de pais de família) foram obrigador a irem para a informalidade. Hoje a maioria desses demitidos trabalha em pequenos comércios espalhados pela comunidade, ou como camelôs, ou vanseiros, ou estão subempregados, causando uma competição desenfreada por pontos como ocorre no Ponto Chique de Padre Miguel, no calçadão de Bangu, Centro de Realengo e nas demais áreas comerciais dos sub-bairros de Bangu e Realengo, o que também gera certa forma de violência, a visual, pois são aproveitados quaisquer espaços viáveis – como a varanda da casa, a garagem, a fachada do apartamento, os intervalos entre apartamentos, entre outros – para construção de biroscas, mini bazares, lojas de bijuterias, carroças de Hot Dog, de X-tudos, e as micro-lojas, conhecidas no bairro como lojinhas de R$ 1,99 (pelo fato de a maioria de seus produtos virem de Taiwan ou da China, e custarem sempre nesta faixa de preço) que fazem enfeiar ainda mais a paisagem outrora singela de bairro periférico, porém não tão miserável e espoliado como vem se tornando ultimamente. Não se vê nenhum órgão Público no local, para disciplinar essa esta ocupação desordenada, nem para fiscalizar a procedência das mercadorias ou para testar a qualidade dos produtos alimentícios vendidos (fast foods), a Vigilância Sanitária fiscaliza apenas os estabelecimentos que recolhem o ICMS, desprezando os interesses do consumidor. Quando precisamos passar pelo buraco do Faim em Bangu, ou pelo buraco do Viana em Padre Miguel, ou então pela passarela da estação ferroviária de Bangu é que percebemos como o desemprego está alto. A quantidade de camelôs (DESORDEM) é enorme e não tem repressão da Guarda Municipal (ORDEM) que dê jeito, pois tiram os camelôs daqui e eles esperam a poeira baixar e logo retornam, trazendo os produtos de procedência ignorada (nem tanto, pois sabemos a rota de entrada e saída deles). Nem os Camelódromos conseguiram dar resultado prático, no sentido de ordenar este tipo de comércio, pois é sabido, que quando houver relação formal, a camelotagem perderá o sentido e acabará, portanto o Camelódromo é um projeto natimorto. Isso sem falar dos vanseiros, kombeiros e topiqueiros, e outros ‘eiros’ que disputam de maneira acirrada e feroz o território (ponto enquanto o local fixo de espera de passageiros e linha, quando em circulação). Onde este embate é melhor percebido, no largo em frente ao buraco do Faim e da pracinha em frente ao Supermercado Prezunicem Padre Miguel, disputas que por vezes acabam em agressão física, isso tudo para ter direito a usar um trajeto, que pode ser do Largo do Faim até a Central, ou mesmo o do transporte cabritinho, que é aquele que leva o morador para dentro da favela, onde os ônibus regulares não entram, por imposição da guerra pelo poder do tráfico de drogas na região, que eclodiu após a prisão do líder do tráfico local. A Prefeitura tenta fazer uma espécie de concessão à este modelo transporte (como na Cidade do México), mas dificilmente dará resultado, pois ferirá muitos interesses escusos escondidos. Porém até o transporte de vans e kombis (cabritinho) vem sendo substituído nas favelas pelo scooter-táxis, onde motonetas de baixa cilindrada são usadas para buscar os moradores no sopé do morro, ou no ponto dos ônibus distantes da favela, onde o moto-taxista já leva, inclusive, um capacete reserva para seu freguês, que na maioria das vezes já agenda esta busca com antecedência numa espécie de central, onde tem sempre um líder que o instrui a dizer ao passageiro e a polícia, em caso de blitz, que o passageiro é conhecido e pediu carona (Fonte: M. um menor de 16 anos da favela Morro do Sandá, que ‘dá carona’ para moradores que ficam na ‘pista’, como ele mesmo diz – junho de 2012), hoje já há uma organização maior e os serviços de mototaxistas já está mais às claras funcionando até mesmo uniformizado numa espécie de cooperativa. Há também na região (sabemos que em toda grande e média cidade), outro fenômeno sociológico bastante visível, o dos guardadores de carros nos logradouros e praças. Também são fruto dessa Globalização (totalitária e autoritária a nós imposta) da economia e do Neo-liberalismo – via desestatização, privatizações e demissões – que faz com que um enorme contingente de mão-de-obra desqualificada seja largada à própria sorte, e pelo simples instinto de sobrevivência, logo se abre um ‘leque’ de opções de atividades que possam dar o lucro necessário para a subsistência deste cidadão que fora ‘penabundeado’ e de seus familiares. Notei na região uma disputa feroz pelos locais mais atraentes desta atividade de ‘tomador de conta automotivo’, mais precisamente nas seguintes localidades: rua Cônego de Vasconcelos, por causa do Calçadão de Bangu; rua Sul América, pelos serviços formais oferecidos; rua Figueiredo Camargo; ruas no entorno do Estádio Proletário Guilherme da Silveira, em dia de jogos e recentemente no entorno da novíssima quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, em dias de ensaios e escolha de samba de enredo; entre outros locais menos disputados, porém bastante rentáveis. Aqui também o Poder Público não consegue estabelecer a ordem, foi tentado o estacionamento com ticket da prefeitura e não houve respaldo, nem dos guardadores, nem da sociedade local, que parece preferir o serviço underground. Mas há certa repressão, eventual, poderíamos dizer até sazonal, em época de eleição, quando há a necessidade de mostrar serviço, mesmo assim os guardas municipais e a própria Polícia Militar, não consegue fazer seu pael a contento, devido a corrupção, pagamento de propinas e avisos prévios das incursões virtuais do Poder Público no local (Fonte: Guardadores do entorno do calçadão de Bangu e da Fábrica que virou Shopping Center– maio de 2012). É certo que todo tipo de irregularidade deve ser punida, ainda mais por que não recolhem os impostos necessários a manutenção do próprio estado, além de desorganizarem ainda mais o já caótico cenário urbano carioca, e em se tratando de desordem urbana e caos social, a atuação dos informais se evidencia mais ainda.
O ESTRANHO SURTO DE MANIFESTAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS NOS GRANDES CENTROS
NACIONAIS
Qualquer que seja a manifestação, os interesses de um grupo
privilegiado estará por detrás. Desde as ocorridas na Ásia, África do Norte e
Oriente Médio, como na Europa do leste e do sul, assim como as no Brasil. Os
movimentos que estão por trás delas tem forte viés político. Essas páginas do
movimento contra a corrupção, bueiro aberto e contra a grande mídia, são
pseudos anárquicos, mas seu líder tem CPF e está doido pra conseguir um CNPJ.
No fundo, os jovens de hoje, como os de 68 e demais, são massa de manobra na
mão de um grupo político que ora se encontra alijado do poder.
A ideologia dos jovens de hoje é vazia, mas a paciência tem limite. Não é como a nossa dos anos 60
(que não vivi), 70 e 80. Mas as ferramentas estão aí e são inúmeras. Hoje
podemos marcar uma revolução na internet e colocar mais de 100 mil pessoas pra
protestar. Só quea miopia
política não dá a essas pessoas o embasamento. Ou seja, estão protestando por
protestar e no fim descamba pro vandalismo, pois não há um líder positivo pra
evitar isso. A figura do líder é essencial pro movimento. Mesmo nos
assimétricos e horizontais.
Esse movimento é, também, passageiro, e tem que ter
muito jogo de cintura pra dobrá-lo e dar o que lhe é devido, sabemos que a situação da inflação, da corrupção e dos desmandos já passou dos limites toleráveis. Há interesse de esquerda radical nele sim.
Mas isso é muito positivo. Mostra que ainda temos uma esquerda retornando (muito acanhada
ainda) e que muitos dos jovens pensam ainda (a maconha e demais drogas ainda não dissolveu seus
cérebros). O que vejo de muito bom é que eles já têm idade de votar e o próximo
passo será a anulação de votos em massa. Isso enviará uma mensagem clara de que
algo tem que mudar no sistema eleitoral. A corrupção sempre houve nesse país,
hoje as coisas só estão mais claras. Os militares eram corruptos, os civis são
iguais. O nosso problema é que enquanto na Austrália se aplicam 90% das verbas e
10% é roubado, aqui é o contrário. Mas isso vai mudar, não digo que irá acabar,
mas diminuirá com a supervisão social. Queria que dessem uma chance aos jovens,
menos os da UNE.
Essa manifestação que vem sendo arquitetada e orquestrada por
movimentos de protesto nas redes sociais é um retrato do povo brasileiro. O
povo aqui é mais lento e tolerante, demora mais pra tomar uma atitude. Dessa
vez essa atitude veio em boa hora, atrasada, mas em muito boa hora. Só há que
se ter cuidado com as adesões de última hora. Vai ter muito pai pra esse filho
bonito.
No Rio de Janeiro, São Paulo e alguns outros estados houve quebra-quebra e vandalismo barato. Isso demonstra que ainda não estamos afinados com manifestações. Já no Distrito Federal não teve baderna e nem depredação significativa, aconteceu uma
ocupação pacífica do espaço, o que mostra que o problema foi mais de falta de
educação e civilidade do que político partidário apenas. Ainda mais que em Brasília acontece sempre manifestações pontuais, o que educou a população nessa maneira de protestar e mostrar insatisfação. Esses que fizeram
arruaças no Rio de Janeiro são os mesmos mijões dos Carnavais, os que avacalham na Parada do
Orgulho Gay, os que brigam nos blocos de rua e que no Viradão Carioca fizeram
um monte de porcarias, próprias de quem não tem educação. Brasília pela
primeira vez na vida está servindo de parâmetro. É um exemplo de como se deve
manifestar.
OS BRASILEIROS SOBREVIVERÃO À CRISE ECONÔMICA MUNDIAL
Se existe algo que ninguém duvida, é do poder de superação do povo brasileiro. Porém, não seria muito sensato achar que a crise econômica mundial é só uma marolinha. Também, por outro lado, devemos confiar nas instituições econômicas e financeiras do nosso país, particulares e privadas, bem como nas nossas demais empresas que têm se mostrado bastante sólidas.
Essa crise nos pegou em um momento de euforia, mal acabávamos de encontrar um Iraque de petróleo, que achamos na camada pré-sal, começávamos a discutir o destino do dinheiro que proviria desta reservada incrível do óleo que move o mundo e planejávamos um fundo soberano para gerir a dinheirama que adviria da exploração dessa riqueza, veio o sinistro. A farra do boi imobiliária nos Estados Unidos acabou com a festa da prosperidade mundial.
Mas a crise não traz só notícia ruim e desgraça. Quem tiver criatividade e força de vontade e não fugir da labuta terá boas oportunidades de se inserir de maneira positiva no mercado mundial. Os ganhos a partir de agora não serão astronômicos como antes, mas compensará e muito o esforço.
Algumas áreas têm se mostrado bastante promissoras, mesmo com a crise. Como por exemplo, a área de energia limpa, da produção consciente e ecológica de víveres através de uma agricultura ecologicamente correta, a produção de bens duráveis de melhor qualidade e segurança, bem como de bens de consumo adequado em preço e qualidade para o novo padrão de consumo.
Para os micro-empresários a situação vai ficar bastante desgastante, pois o lucro minguará quase ao preço de custo em seus negócios, porém, mais uma vez, aquele que tiver perseverança será agraciado com a queda da concorrência que visa o lucro fácil, o que carreará suas cadernetas de cliente para aquele que não desistiu de seu negócio, mesmo contando com pouca gordura para queimar.
Algumas áreas de serviço serão criadas e outras que já existem terão uma turbinagem no seu campo de trabalho, será preciso ensinar o novo consumidor a viver neste admirável mundo novo que vislumbramos. Será preciso mais gente para dar conta da redução de cargas horárias, que é necessário para não se podar mais empregos. Serão necessários muitos trabalhadores informais para serviços que liberem as pessoas para ocupar novos serviços de 4 ou 6 horas diários, pessoas que cozinhem para alimentar essa massa novos trabalhadores, que limpem, que lavem, que passem, etc.
Imagino que o governo atento à isso tudo incentive esses novos trabalhadores autônomos e aos informais que façam da guia de previdência social uma amiga intima. Bastando para isso veicular alguns reclames na televisão e no rádio, de maneira bem didática, que mostre as situações de dois trabalhadores acidentados e suas famílias, um trabalhador que não paga sua GPS e o outro, previdente, que paga. Enquanto o primeiro veria sua família passar necessidades pelo fato de não ser coberto pelo seguro social o outro estaria tranqüilo, esperando se recuperar plenamente enquanto sua família não estaria em maus lençóis.
Quanto às empresas e às instituições econômicas e financeiras não tenho o menor temor, esses já aprenderam a lidar com crises, se é que vocês não se lembrem, aqui no Brasil somos pós-graduados em crises internas, quem já conviveu com hiperinflação e reserva de mercado de informática e restrição à compra de alimentos e produtos importados, não se assusta com qualquer crise, mesmo esta que ocorre no seio do capitalismo.
Ao que tudo indica, a partir de agora o liberalismo econômico será só mais uma utopia. Uma vez que a cada dia fica mais nítido o discurso estatizante dos chefes de estado mundo afora. Como já era esperado o keynesianismo está de volta com força total e não há mais espaço para aqueles que queriam um mercado descontrolado e todo poderoso.
Nos últimos tempos neo-liberalismo era sinônimo de globalização e desenvolvimento, erroneamente, é claro. Todos atribuíam ao mercado um poder milagroso que ele não possuía, o de poder levar estabilidade econômica e social para qualquer parte do mundo, desde que o deixassem se auto-regular.
Não foi o que aconteceu, nos principais berços neo-liberais eclodiu a pior crise econômica jamais vista e imaginada. Foram os Estados Unidos de Bush, e de outros republicanos como o Bush pai e Ronald Regan, a Inglaterra de Tony Blair, e de outros liberais britânicos como Margareth Tatcher (a dama de ferro) que inventaram a idéia de por em prática em nível local e mais tarde global as experiências do mercado solto o neo-liberalismo, seguindo a cartilha de Adam Smith e posteriormente a de Milton Freedman.
Durante muito tempo o novo liberalismo era visto como uma panacéia para todo o mal monetário e financeiro. Mas na verdade foi apenas um paliativo. Em alguns casos de fato houve certa melhora nas condições de vida de alguns países que de pobres passaram a remediados ou que de remediados passaram a enriquecer após migrarem para uma política de livre mercado.
Mas com o tempo e com a acomodação dos resultados houve decréscimo no rendimento da atividade financeira e quase todos retornaram ao status quo ou ficaram bem piores que antes como no caso dos nossos vizinhos Uruguai e Argentina que já gozaram de um bom nível de vida décadas atrás, caíram para uma situação de pobreza, neoliberalizaram suas economias o que os fez crescer economicamente e depois voltaram a cair e hoje tentam se reerguer.
Agora chegou a hora de sepultar esse defunto que está começando a entrar em processo de decomposição. Já não dá para tentar experiências, pois não é só de números que é feita a economia mundial e local. O mercado tem que receber certa liberdade, porém quando esta é demasiada acaba ocorrendo distorções enormes que comprometem o padrão de vida das populações locais e, como bem comprovam os últimos lances dessa crise atual, de toda a população mundial, pois vivemos numa enorme corrente onde cada elo afeta os elos vizinhos.
O mundo volta ao modelo econômico do passado recente
O Estado como o motor, monitorador, controlador e o observador da economia. Parece que essa é a próxima lei da economia, pois como tudo indica que os princípios keynesianos serão ressuscitados para, mais uma vez, salvar o capitalismo. Digo mais uma vez porque em 1929, aconteceu a maior crise econômica pela qual o mundo já passou.
Na década seguinte a tão famosa crise de 29, o presidente norte americano Teodhore Roosevelt lançou mão dos princípios propostos por John Maynard Keynes para alavancar o desenvolvimento e a recuperação da economia estadunidense nas bases do estado de bem-estar-social, onde o governo é o grande provedor de financiamentos e fomentador do desenvolvimento.
Outra face desta prática é a total ‘observação’ do governo dos movimentos do mercado, este passa a ser controlado pela iniciativa pública até que possa caminhar com suas próprias pernas sem cair de novo. Sabemos que a curto prazo os resultados aparecem, porém o perigo de deixar o Estado super poderoso é iminente e preocupa no longo prazo, porque o Estado não é muito competente em lidar com questões dos lucros e da alocação dos recursos obtidos pelas empresas, além de ser pouco democrático.
Mas, o que estamos vendo agora é a volta ao estadismo, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama já dá mostra de ter lido a cartilha de Keynes e já está praticando o intervencionismo estatal na economia colocando vultosas quantias nas empresas e bancos. Na Europa, que nunca deixou de ser keynesiana em algum sentido, também estamos acompanhando uma volta aos estados fortes e interventores.
Por aqui, o governo brasileiro está dando demonstrações de que já há muito tempo Keynes era referência para o Brasil em termos de desenvolvimento e fomento econômico. Getulio Vargas e Juscelino Kubtischeck fizeram o país crescer muito usando de princípios keynesianos, foi o Estado e não a iniciativa privada que fomentava a construção e a implementação de infra-estrutura portuária e estradas, ampliação de ferrovias e construção de habitações. Depois foram as empresas criadas pelo governo ou encampadas por este.
Mas com o passar do tempo notou-se que as práticas keynesianas passaram a atrapalhar o desenvolvimento do mercado interno desses países e conseqüentemente afetar as importações e dificultar as exportações. Muito mais pelo teor autoritário de alguns governantes que se utilizaram da deturpação da Cartilha Keynes para aumentar seu carisma e manter em alta o populismo.
Reparamos hoje em dia que em época de eleições todos os governates são seduzidos pela idéia de se tornar keynesiano e sair fazendo obras e mais obras para dar uma falsa noção aos futuros eleitores de que devem ser mantidos no poder ad-infinitum, pois só assim teríamos completadas todas as obras do governo que se finda. Lula não é diferente, tenta com o PAC (Programa de Aceleração do Desenvolvimento) emplacar sua sucessora, uma vez que ele não pode se re-eleger de novo. E, convenhamos, não existe nada mais keynesiano do que o PAC.
A CONTRA-PRODUTIVIDADE LUCRATIVA E AS DESCULPAS ESFARRAPADAS PARA SE DEMITIR EM ÉPOCAS DE CRISE ECONÔMICA
O capitalismo é cheio de dualidades e contradições. Quando me debruço para analisá-lo fico perplexo com algumas de suas práticas mais comuns. Existem coisas no capitalismo que são, realmente, muito difíceis de entender. Uma delas é a contra-produtividade lucrativa que ocorre no meio industrial, no comércio e nos serviços em geral nos ambientes rurais e urbanos.
Explico: há vários exemplos dessa prática nos setores da economia, e por incrível que pareça, ela tem uma lógica própria e nefasta. Com a crise econômica mundial espera-se que aumentem os casos de contra-produtividade lucrativa em atividades diversas da economia.
Quando tomamos um exemplo prático, passamos a ter uma noção melhor. Vejamos por exemplo o caso da agricultura e a comercialização de seus insumos. Os produtos químicos como os agrotóxicos são feitos para que não debelem somente as pragas, o ph do solo também passa a ser afetado. Aí, a mesma empresa que produz os agrotóxicos, fornece outro insumo, o fertilizante para repor principalmente o nitrogênio perdido no processo anterior, uma vez que as bactérias que o transformavam morrem com a aplicação do pesticida. Outro caso peculiar é o produto modificado geneticamente, os transgênicos, as empresas Monsanto e Novartis os produzem, mas para usá-los é preciso levar um combo de outros insumos para forçar a adaptação e o crescimento da planta, o que parece ser contra-produtivo (e é), além de ser uma venda casada, porém se torna muito lucrativo.
Para finalizar os exemplos analisemos um caso no meio urbano, veja o que acontece relação entre alguns lojistas e camelôs (ambos são produtos do capitalismo), na época de fim de ano é comum os camelôs montarem barracas na frente de lojas (o que parece ser contra-produtivo para o empresário), mas na maioria das vezes o que eles vendem são os produtos da mesma loja pertencente ao mesmo empresário (o mesmo dono da loja), mais barato do que na loja (mas nem tanto, devido à falta de garantias do produto), sem pagar impostos e geralmente são aqueles produtos com falhas quase imperceptíveis que não poderiam ser vendidos na sua loja, um caso exemplar de contra-produtividade lucrativa urbana, não acha?
Considero uma tremenda contra-produtividade lucrativa o que vem acontecendo agora com a questão do desemprego causado pela crise econômica mundial. Ora, as empresas não estão tendo prejuízos na sua esmagadora maioria, e sim redução nos seus lucros, que eram exorbitantes. Sendo assim, demitir devido a expectativa de perda de lucros passa a ser caso de policia e não de economia.
Sabemos que o capitalista gostaria de viver em um mundo perfeito para eles, que voltasse a escravidão para os operários e que houvesse um crescimento da classe média improdutiva, assim eles teriam como produzir sem custos e faturariam sem perdas. Só que esse mundinho de faz de conta dos sonhos do capitalista não existe, e não existirá nunca. Mesmo na época da escravidão havia algum respeito pelo trabalhador, que está se extinguindo hoje em dia.
Explico (de novo): quando um escravo bom de serviço ficava doente o senhor do engenho o tratava imediatamente para não perder aquela fonte de renda. Quando aconteciam entressafras, o que se assemelha a redução de lucros de hoje, porém muito mais grave, os senhores não demitiam seus escravos, o máximo que faziam era dar menos comida. Hoje, só porque estão ganhando menos as empresas estão querendo reduzir salários e, pior ainda, demitindo a três por quatro. Sem falar que com o que estão pagando, se comparar com a casa, comida e tratamento de saúde que os escravos tinham antes da Lei Áurea. Se os empresários continuarem a reduzir os salários ou demitirem mais trabalhadores, será mais vantajoso voltar um século e meio ou até dois séculos atrás e ser escravo de um dos senhorzinhos de engenho bom de onda daquela época.
Lógico que estou exagerando na comparação, a escravidão era torpe e vil. Porém, se não abrirmos os olhos ela voltará como uma nova roupagem, repaginada e adaptada para os novos tempos, se aproveitando de uma boa e velha desculpa: estamos em crise... e vale qualquer coisa para tirar o pé da lama.
Imagine assumir o maior país (militar e economicamente) do mundo em meio a maior crise já vivida desde que se tornou a superpotência. Esse é o desafio que Obama tem pela frente. Situação incomparável até mesmo com aquela que Roosevelt encontrou ao assumir o governo americano na década de 1930.
Explico: nos idos anos trinta, os Estados Unidos ainda não eram a potencia que conhecemos hoje, onipresente e onipotente. Isso só ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando passou a ser o grande credor do mundo (na Primeira Guerra começava a alavancagem mundial dos ianques). Como grande vencedor da guerra, eles conseguiram chegar até a década de 1980 como o lado bom da bipolaridade, sendo o propagandista da ‘liberdade e da paz’.
Hoje, eles só vêem pelo retrovisor a China, que se aproxima rápido, porém atabalhoadamente. Pois é impossível competir em pé de igualdade com um país que além da força militar-econômica tem a seu favor a força da liberdade de expressão em todos os meios de comunicação, fato este que não ocorre com os amarelos.
A situação de Obama é delicada por tudo isso. Ele terá que garantir essa liberdade e o poder de compra do cidadão americano. Esses símbolos desta pátria são aparentemente indeléveis e imexíveis. Obama tem que ser perfeito, ser o anticrise e não o anticristo. Se conseguir trazer de volta o businnes boom será comparado à Roosevelt, porém se não for suficientemente competente (uma espécie Bush negro) entrará para a história religiosa daquele país como o anticristo que afundou ainda mais o país na crise (isso mesmo, ninguém lembrará que a crise não fora sua culpa).
Não conheço ninguém mais preparado para o desafio do que Obama, apostava antes dos movimentos pré-eleitorais na senadora Hilary Clinton como a presidente daquele país, depois de conhecer a história fantástica deste símbolo do que os americanos podem produzir de melhor me convenci de que Obama é o cara, é perfeito pra tirar os Estados Unidos e conseqüentemente o mundo do buraco.
Por todos os avanços que o marido da Hilary (Bill) havia conseguido em termos de conversações com o Oriente Médio (muito), América Latina (razoável) e África (pelo menos lembrou que existe), eu fico otimista quando vejo que Obama e Hilary brigavam de mentirinha na campanha e que agora estão de mãos e braços dados. O povo americano (as empresas principalmente) não é tão burro como pensamos, eles apostam sempre certo, segundo seus interesses.
Quando colocaram Bush lá, eles queriam petróleo para matar a sede, hoje sabem que não precisarão lutar por mais petróleo, pois os preços estão em descendente e a procura estável. Mas outro fantasma está assolando seu estilo de vida, e também o mundo (que precisa da manutenção desse estilo de vida americano). Quando o padrão de consumo americano cai, derruba a todos. Todos os países são vendedores de algo (desde commodities até cérebros) e tem relação passiva com os Estados Unidos, portanto se este cai leva todos esses consigo.
Só tenho uma ressalva a fazer em relação ao futuro governo Obama: será que ele terá coragem de acabar com o vergonhoso embargo econômico imposto à Cuba, o que espero dele no seu segundo mandato, após debelar a crise econômica e apaziguar os ânimos no Oriente Médio. Aí sim, retiraremos as barreiras que nos impedem de ver esse cidadão exemplar norte-americano sem a desconfiança de ser ele apenas mais um presidente que só olhou para o próprio umbigo.
Os Estados Unidos precisavam de alguém que em 1933 os retirasse da crise econômica e da comoção social, Roosevelt foi esse homem. Hoje é o mundo que tem as mesmas aflições, será Obama este homem?
O mundo anseia por mudanças, e como na música do grupo de hard rock Scorpions, estão se aproximando os tais ventos da mudança. Não que o novo presidente norte-americano Barack Hussein Obama (isso mesmo ele tem Hussein, como o Saddan, no nome) seja o novo ‘messias’ que fará a humanidade ter a paz e a prosperidade esperada. Também Obama não é o anti-cristo que muitas religiões aventam, devido o fato de ser alguém que possa unir o mundo entorno de seu carisma.
O fato é que o governo de George Walker Bush (o filho) foi tão ruim, que até se eu estivesse no lugar do Obama seria visto com bons olhos. Bush errou até onde acertou. Explico: sabemos que o regime Talibã era deplorável e precisava ser detido para o bem da humanidade. Mas Bush não interveio quando precisava e quando o fez, fez muito mal feito. Depôs o regime, mas não foi competente em transformar a sociedade local em algo próximo do aceitável, sendo assim, o povo afegão voltou a estaca zero no que tange ao seu desenvolvimento e vive numa sociedade praticamente medieval e feudal.
Pode-se dizer o mesmo do Iraque, Bush livrou o povo iraquiano de um ditador sanguinário, não foi? Não, não foi. Saddan Hussein era uma figura que dividia opiniões na região, não só no Iraque. Por dois motivos: o primeiro e mais importante, foi ele quem evitou que um império persa moderno e xiita surgisse no local, vencendo a guerra Irã-Iraque com a ajuda de um país que prefiro não citar o nome (só direi a primeira letra do nome: Estados Unidos da América), pois o Irã havia recentemente escorraçado este país de seu território numa legitima revolução em 1979 e pretendia levar esse levante Oriente Médio afora.
O segundo motivo pelo qual Hussein era adorado foi o desenvolvimento de um país que era um amontoado de vilas medievais em uma moderna nação nos moldes do ocidente, sendo assim um excelente interlocutor sunita pró-ocidental em meio ao radicalismo xiita que comanda as mentes incautas e pregava a destruição do american way of life por aquelas bandas. Como nada é perfeito, Hussein não aceitava a existência do estado judeu encravado em terras que eles julgam pertencer ao império árabe. Mas engolia o desafeto Israel, e nem tinha indigestão por isso.
Então, por que Bush atacou e destroçou o Iraque, levando-o de volta ao status quo, ao de amontoado de vilas medievais e feudais? Todos nós sabemos que o que motivou a segunda guerra do Iraque foi o mesmo motivo dos ataques na primeira guerra estadunidense-iraquiana, o petróleo.
A polidez com que Bush tratava assuntos sérios, como os conflitos no Oriente Médio, por exemplo, era para ser denominado de admirável. Israel, o maior aliado e propagandista do estilo de vida americano no local, foi protegido e mimado até mesmo quando estava errado. O estado palestino jamais saiu do papel, e olha que não faltou oportunidade e cooperação até do Fatah (grupo de ex-terrorista que ‘depôs’ as armas e passou a agir por vias da retórica para obter êxito em sua empreitada justa de criar um estado palestino).
Por falta de empenho de Bush e de seu secretariado para as questões geopolíticas os acordos tácitos a respeito da convivência de povos díspares como israelenses e palestinos foram por água abaixo (na verdade areia abaixo). A situação recrudesceu e até mesmo um grupinho que se considera um partido político, mas na verdade é um amontoado de figuras circenses e mambembe e projeto de terroristas (o Hamas) acabou vencendo as eleições na Faixa de Gaza e expulsou o Fatah para a Cis-Jordânia.
Não preciso nem dizer como terminou a questão, pois os últimos acontecimentos na Faixa de Gaza já são bastante eloqüentes. Mas quem deveria dizer algo seria Bush, pois ficou sentado vendo o bonde da história passar e por incompetência deixou de pegar carona e deixar seu nome na história. Pelo menos não do jeito que seu nome entrará para a posteridade, como o pior presidente norte-americano de todos os tempos, batendo inclusive o não menos deplorável Richard Nixon.
DA NOVA DESORDEM MUNDIAL PODERÁ NASCER UMA NOVÍSSIMA ORDEM EQUÂNIME E EQUITATIVA
Pode até parecer fantasioso, mas não é nada impossível que depois de passada essa crise econômica mundial os principais países que são o carro chefe da economia mundial venham a adotar novos padrões de consumo mais adequados ao futuro do planeta.
Uma das áreas onde será mais perceptível essa mudança seria a ecológica, pois com a redução do consumo desenfreado que vinha acontecendo no Primeiro Mundo o planeta poderá respirar mais aliviado. Com o desaquecimento econômico viria o desaquecimento global na temperatura à longo prazo. Consumindo menos, haverá menos plástico no ambiente e com as pessoas economizando mais devido ao medo da crise, haverá menos carros circulando, conseqüentemente menos gasto de combustíveis fósseis, o que arrefeceria um pouco o incremento diário de CO2 na atmosfera.
Outra área que poderá ter vida nova é o mundo do trabalho. Como as dificuldades econômicas exigem um novo acordo trabalhista, forçosamente teríamos que reformular as leis existentes o que daria mais flexibilidade na hora de demitir e contratar novos empregados. A carga horária dos trabalhadores seria reduzida, como ocorre na França, teríamos jornadas de trabalho de 36 horas, o que geraria mais emprego e com isso haveria redução no salário dos trabalhadores devido os mesmos trabalharem menos. Outra conseqüência seria o trabalho não presencial, onde a pessoa pode trabalhar em home Office (em casa) e venderia seu trabalho e receberia pelo tanto trabalhado (call centers seriam os mais favorecidos) e os escritórios tele-presentes, onde as reuniões seriam feitas através do uso dos avançados meios eletrônicos e de telecomunicação, a tão famigerada tele-presença.
Com a redução da produção industrial as pessoas passariam a utilizar os bens até a exaustão, somente trocando de carro, geladeira, televisor, etc. quando não houvesse outra maneira. As indústrias passariam a melhorar sua pesquisa e a manufatura para evitar prejuízos, seria o Just in time elevado a condição primordial nas fábricas (só comprar o que vai usar e só fazer o que for vender). As empresas de serviço teriam que melhorar todos os seus serviços para atrair os consumidores. Imagine se em plena crise econômica alguém vai querer pagar por algo que não vai precisar ou por algo que não precise tanto.
O ramo alimentício também terá que se adaptar rapidamente, pois apesar de ninguém deixar de comer, mesmo no auge das crises, as pessoas passarão a selecionar bastante o que é necessário do que é supérfluo. Sendo assim, esvaziarão as prateleiras de importados, devido às seguidas altas do dólar, lembre sempre que quanto maior for a crise mais as pessoas vão querer um porto seguro em termos monetários, então, recorrem a quem mais pode garantir o poder de compra de sua moeda, nesse caso os Estados Unidos, que sempre terá bala na agulha para turbinar o dólar.
Alguns serviços pelos quais são cobrados preços astronômicos serão reduzidos (os serviços e os preços), uma vez que ninguém mais estará disposto a queimar dinheiro. Surgirão novos serviços visando ajustar os produtores e os consumidores aos novos tempos pós-crise. Imagino que muita gente precisará de um personal-economiser que ensinará novas formas, mais seguras, de investir o dinheiro. Imagino também a criação de ONGs que estarão liagadas aos direitos do novo consumidor e que ajudarão no direcionamento e na educação dos novos empreendedores, pois os governos não terão dinheiro para investir nessas empreitadas e o terceiro setor terá papel especial nessa novíssima ordem mundial.
Por fim, veremos o mundo técnico-científico-informacional, que tanto falava o saudoso geógrafo Milton Santos, emergir de verdade. Pois teremos que fazer uso de todas as tecnologias acumuladas pela humanidade para: produzir mais, baratear os custos, realocar recursos humanos, levar os conhecimentos produzidos às pessoas em lugares longínquos e produzir o mínimo de dejetos possíveis. Tudo isso só poderá se tornar verdade se todo o acumulado tecnológico for usado de maneira responsável visando o bem estar do ser humano e a preservação das outras espécies animais e vegetais, bem como dos recursos minerais e financeiros.
NO FUNDO ACHO QUE TUDO ISSO SERÁ SÓ MAIS UMA UTOPIA E HUMANIDADE DEIXARÁ O BONDE DA HISTÓRIA PASSAR BATIDO!
OS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS (AMÉRICA LATINA, ÁSIA E ÁFRICA)
Imagine caro leitor, que você mora em um país que enquanto o mundo cresce a 5% ao ano em seu produto interno bruto ele cresça negativamente, ou seja, o PIB encolhe. Lógico que a miséria grassa nesse local. A violência, outra face da moeda miséria, avança de maneira surreal. Então, seja bem vindo à África.
Agora caro leitor, imagine um desses países nos moldes dos acima descritos vivendo num momento como vivemos hoje, em plena crise econômica no cerne do capitalismo mundial. Não precisa ser economista, nem geógrafo... basta que apenas faça contas básica: nada menos nada será sempre igual a nada. É o que ocorrerá com a maioria dos países africanos, ou seja, os poucos que iniciaram uma inserção no capitalismo mundial serão massacrados e mandados de volta ao estado pré-industrial. Muitos desses países já vivem em estados medievais em pleno século XXI, a saber: não têm como piorar.
A Ásia tem um amontoado de países paupérrimos que sofrem das mesmas síndromes dos africanos, e que geralmente convivem com guerras civis e golpes de estado. São tantos, e tão parecidos entre si e com os africanos, que às vezes parece que fazem parte da mesma localidade apesar das idiossincrasias que os diferenciam na aparência física. Apesar de viverem momentos de prosperidade econômica países como a Tailândia convivem com regimes ditatoriais e guerras civis, além de terrorismo.
E a América Latina? Como reagirá à crise? América Latrina para muitos, porque na maioria das vezes é usada como escarradeira pelos ianques, mesmo os países menos dependentes como México, Brasil, Chile, Colômbia, Venezuela e Argentina sofrem com esse vizinho intrometido que apenas nos vê como seu quintal. Não é difícil de entender como os norte-americanos e os demais detentores do poder no capitalismo lidam com os que podem menos, como é o caso dos nanicos: Bolívia, Paraguai, e a maioria dos países caribenhos.
A maioria dos países africanos e latinos americanos classe B tem problemas parecidos e reagirão de maneira igual à crise. São países, geralmente dependentes de commodities, como: plantations, minérios, metais preciosos e alguns poucos exportadores de ‘cérebros’ (isso mesmo, um dos grandes problemas desses países é perder seus intelectuais para o Primeiro Mundo, muito disso devido à regimes ditatoriais que não suportam pensadores e fazedores). Majoritariamente vivem sob a égide de regimes ditatoriais e anti-democráticos. E em suma, estão sempre em guerra, seja civil, seja declaradamente militar, ou em vias de golpismo e o pior de tudo são berços do terrorismo.
Como já afirmado acima, pouco ou quase nada mudará nesses lugares, a crise não afetará os países que já são miseráveis, porque estes não têm mais pra onde cair, apesar do fundo do poço deles ser bem mais fundo do que imaginamos, eles na prática já chegaram lá. Aqueles que estavam ensaiando um vôo e arremeteram antes da crise devido às disputas tribais e setoriais internas e aos golpismos de sempre.
Faço ‘aspas’ para a Bolívia, na América Latina, e para o Vietnã na Ásia. A Bolívia, que terá uma chance ímpar de se aproveitar da crise para tirar o pé da lama, a dependência do gás boliviano fará com que Argentina e Brasil tenha que aceitar um reajuste nas tarifas para manter seus parques industriais em funcionamento pleno, além do mais, ela possui outras commodities interessantes para os países desenvolvidos (não estou me referindo às drogas). O Vietnã tem uma população que quer se libertar da pobreza e um governo, que apesar de autocrático, vem demonstrando empenho nesse intuito.
Na África alguns países sub-saariano podem deslanchar, se não fosse pelo fator político, pois devido às alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global, em algumas localidades próximas ao deserto do Saara já é possível cultivar várias espécies de plantas industrializáveis. Se bem aproveitados, esses recursos poderiam tirar da miséria muitos países, mas a politicagem atrapalhará, com absoluta certeza.
Países como: África do Sul e Namíbia (diamantes e ouro), Nigéria e Venezuela (petróleo), México (NAFTA), Argentina, Colômbia e Chile (serviços e algumas commodities) são temas para outra conversa, pois fogem da generalização de simples países subdesenvolvidos e ingressam numa nova categoria estratégia de países com economia e desenvolvimento lentos, porém com grande potencial, que passaremos a chamar de elefantes e baleias da economia moderna.
Espero que tenha podido ajudar na compreensão da crise dos efeitos dela para os países nos próximos seis anos pelo menos.
Taiwan, Coréia do Sul, Malásia, Cingapura e Hong Kong (hoje fazendo parte da China), formavam os tigres asiáticos. Tigres porque seu poder de inserção no mercado externo através da exportação de bens industrializados era de tal forma agressiva que esses países se pareciam com verdadeiras feras da economia mundial. Tailândia, Vietnã, Miammar (ex-Birmânia) e Indonésia são os novos tigres asiáticos. Países que seguiram o exemplo dos tigres e passaram a voltar seu projeto desenvolvimentista para o exterior, através de exportações e mão-de-obra barata (na verdade semi-escrava).
Apesar de serem países pequenos territorialmente, os tigres até a década de 2000 e a partir daí junto com os novos tigres cresciam vertiginosamente. Seu PIB era de fazer inveja as baleias da economia. Sua renda per-capita chegou a suplantar a de muitos países desenvolvidos. Porém a maioria deles convivia com caos social e ditaduras civis ou militares. Fato este que acabava por atravancar o desenvolvimento pleno desses países.
Os países que completaram o ciclo de se desenvolver política, econômica e socialmente foram a Coréia do Sul e Cingapura (apesar do governo ditatorial), Hong Kong como dito voltou ao status de província chinesa e apesar de fazer parte da ZEE, passou a ficar sob a sombra da ditadura do PCC. Taiwan vive uma ditadura de direita, nos moldes de Cingapura e ainda convive com as ameaças de retomada do poder pela China continental.
A crise atual na economia fará estragos terríveis nesses países. Devido às suas economias serem baseadas em agressivas exportações e com os países consumidores de seus produtos enterrados até o pescoço no lamaçal que se tornou a economia capitalista, é fácil prevê os transtornos pelos quais eles passarão. A começar pelos problemas sociais que eclodirão quando as fontes das reservas acumuladas das exportações secarem.
A Coréia do Sul terá menos problemas, pois conta com um parque industrial bastante moderno e diversificado. Além disso, conta com uma população bem educada e socialmente bastante estável. Esses dois fatores já seriam o suficiente para uma transição pós-crise muito tranqüila. Mas, o exemplo de fatos pretéritos mostra que não é tão simples assim transpor uma crise econômica, como fora demonstrado na década de trinta pelos norte-americanos.
Outro país que pode transpor com poucos problemas é Cingapura, devido a ser rota obrigatória dos produtos para o Ocidente. Também por se tratar de um povo bastante obstinado e perseverante. Além do mais como há um radicalismo de direita não será possível um levante popular ou coisa que o valha.
A Malásia também deverá passar pela crise com poucos percalços, uma vez que, a exemplo de Cingapura, vive uma situação de ditadura direitista consolidada, apesar de parecerem democráticas aos olhos do mundo, devido a convivência pacífica entre várias etnias e religiões. Esse detalhe é importante, porque não havendo muitas opiniões contrárias o governo fica livre para exercer o poder e intervir na economia, ao contrário de países pluripartidaristas.
Aos novos tigres sobrará um pesado fardo, pois esses países estão começando seus projetos de desenvolvimento e serão engolfados pela crise em pleno momento em que deslanchariam. O Vietnã, por exemplo, terá seu crescimento exponencial estancado e a maioria dos novos tigres ainda nem deram seus primeiros passos, sendo assim surpreendida pela crise enquanto ainda engatinhava rumo ao desenvolvimento.
Lanço minhas fichas na Coréia do Sul de hoje e futuramente reunificada como a grande alavanca dessa região, em parceria com o Japão (após a resolução de rivalidades ancestrais) e com os Estados Unidos (amizade essa para impedir a reunificação com a Coréia do Norte nos moldes comunista). Ela poderá ser o pilar de uma nova economia regional, amparada no Iene (moeda japonesa). Japão e Coréia unificada se tornarão complementares e rivalizarão com a China pela hegemonia do mercado asiático e na liderança do processo de retomada econômica.
Grande potência da atualidade e motor do mundo, a China demonstra-se como a mais vulnerável de todas as nações perante a crise mundial da economia. Apesar de sua pujança, esse país não é auto-suficiente, o que tornará muito difícil uma recuperação plena do tsunami econômico e social que a crise lhe causará.
A explicação é bem simples: a China é dependente de capitais externos e seu consumo interno é ridículo se comparado individualmente. A grande zona de capitalismo chinês se resume aos locais litorâneos, as chamadas zonas de economia especiais (ZEEs) que são na maioria das vezes enclaves capitalistas de ponta, ou seja, conglomerados de indústrias dos países centrais do capitalismo e algumas poucas empresas chinesas originais (algo original na China moderna é quase que inconcebível).
Após a crise a grande maioria das empresas encravadas nas ZEEs passará a se retrair temendo perder dinheiro e também por ter de prestar socorro aos seus países de origem. Sendo assim, não investirão pesadamente no ambiente externo, o que afetará profundamente o crescimento da China. Esse é um dos problemas de se ater à investimentos externos para crescer.
A má distribuição dos recursos econômicos pelo seu território também agravará os efeitos da crise na China. Em alguns lugares a miséria é tremendamente cruel, outros é a natureza que impõe humilhantes derrotas à empáfia chinesa de se arvorar o direito de se considerar o motor do mundo atual. Existem desertos frios e quentes que minam os recursos econômicos chineses. Desertos dificilmente são contornados pela ação humana o que causa a dependência chinesa a diversas commodities, tanto energéticas como alimentícias.
A base energética chinesa é atrasada e extremamente poluente, se por um lado o carvão e o petróleo movem o dragão econômico chinês, o preço que cobra no presente e principalmente cobrará no futuro é muito alto e impagável. Doenças relacionadas ao aparelho respiratório consumirão bilhões de dólares do governo. Imagine que um em cada três chineses sofra com algum tipo de reação alérgica crônica devido ao estado atmosférico do país que é péssimo, na China são pelo menos um bilhão e trezentos milhões de habitantes, faça as contas e verá o impacto que isso causará no sistema de saúde, resquício da época comunista, com todos os problemas herdados.
Além de poluidora artificialmente, a China também o é naturalmente. Seus desertos emitem poeira para a atmosfera o que tem efeito parecido com a CO2. O vento se encarrega do transporte dessas partículas até os pulmões de crianças e idosos, principais vítimas das reações alérgicas.
Outra praga chinesa é o tabagismo, essa doença tem atingido boa parte da população. Mulheres e jovens são os mais suscetíveis nos dias de hoje. Doenças alérgicas são agravadas na presença do tabaco. Além do mais o chinês moderno tem morrido mais de câncer em geral, problemas cardíacos e pulmonares do que seus ancestrais, problemas que vieram a reboque dos ganhos econômicos.
Em relação a geopolítica, a China ainda tem dívidas com regiões conquistadas no porrete, como é o caso do Tibet. Apesar de uma recente reaproximação China e Japão serão eternamente inimigos, o passivo do passado é grande demais para se resolver com apertos de mão burocráticos. Outros países de somenos importância também figuram entre os desafetos chineses, como a Índia (que é potência econômica e nuclear) por disputas territoriais, a Mongólia (inimiga histórica apenas) e os Estados Unidos, que apesar de ser inimigo no campo das idéias (por isso ser de pouca importância) é parceiro econômico.
Muito se diz que a China dominará o mundo daqui a duas décadas, mais isso é pouco provável. O próprio chinês jamais teve a prepotência de querer dominar todo o planeta. Durante as dinastias que tiveram o poder nas mãos, ela (a China) teve condições de comandar o mundo, mas se contentou com um naco dele. A auto-segregação chinesa é uma característica indelével da personalidade dessa nação. Haja vista a sua atitude de se esconder durante a crise, com ações como esta a China mostra que não seria uma líder mundial, a sua pretensão é somente enriquecer com recursos captados.
Socialmente a China é caótica, apesar de não ser amplamente difundida (o governo não deixa noticiar), a população chinesa é composta de miseráveis aos borbotões, analfabetos aos montes, pobres na absoluta maioria, classe média (alguns poucos felizardos) e uma elite dominante resquício do PCC (não do primeiro comando da capital, e sim do partido comunista chinês). As instituições não são modernas e confiáveis, se precisar eles rasgam contratos e usam como papel higiênico quando lhes convier. A pena de morte acontece a torto e a direito, na maioria das vezes por discordância política. A cultura é algo restrito aos nichos, apesar de as TVs mundiais mostrarem como se fosse institucionalizada.
Esses problemas analisados aqui já são o bastante para se ter uma idéia do que esperar da China nesse momento de crise, ainda existem mais problemas que não caberiam nesse artigo. Em síntese o que espero da China é que ela faça o seu feijão com arroz de sempre, a saber: se fechar para que não se contamine com o que há fora de suas quatro paredes. Porém, já é tarde, uma vez que se abriu ao capital externo ela se contaminou com tudo o que há de vil no capitalismo, pois não se pode apenas ter as benesses do capital sem dar sua cota de sacrifício.