domingo, 20 de julho de 2008

ESTUDO SOBRE O COMÉRCIO DE RUA E DEMAIS SERVIÇOS INFORMAIS NA REGIÃO DA GRANDE BANGU

ÍNDICE:

1 – INTRODUÇÃO;
2 – REGIÃO DE BANGU – DINÂMICA DO TRABALHO:
SERVIÇOS INFORMAIS, CAMELOTAGEM, SUBEMPREGO & DESEMPREGO;
3 – CONCLUÍNDO;
4 – BIBLIOGRAFIA & OUTRAS FONTES DE PESQUISA.


1 – INTRODUÇÃO
Não é de hoje que nos deparamos com o embate entre o Poder Público e ‘Poderes Paralelos’ na Cidade do Rio de Janeiro, principalmente nas áreas mais periféricas – como na Região da Grande Bangu – que estão órfãs da ação limitadora e mediadora do território exercida pelas entidades governamentais das três esferas do poder público.
É sabido que grande parte dos moradores das comunidades pobres do entorno de Bangu, possui um nível social, cultural e econômico extremamente baixo, devido principalmente ao fato de muitos de seus moradores não conseguirem sequer completar o Ensino Fundamental, restando-lhes sobreviver no subemprego, no tráfico de drogas ou no mercado informal, muitas vezes com salários menores do que o mínimo.
O desemprego também é bastante elevado no local e não há qualquer incentivo do Estado para modificar esta realidade, ao contrário, muitos moradores destas comunidades há bem pouco tempo faziam parte do quadro de diversas empresas estatais recentemente privatizadas pela sanha neo-liberal.
Assim sendo, crescem na região fenômenos sociais diversos, como a violência urbana, o caos social, o narcotráfico e o comércio e serviços informais dos mais variados, sendo este último o mote de nossa discussão e estudo mais pormenorizado de sua atuação, do estabelecimento de limites e da geração de mais entropia.


2 – REGIÃO DA GRANDE BANGU – DINÂMICA DO TRABALHO: SERVIÇOS INFORMAIS, CAMELOTAGEM & SUBEMPREGO
Atualmente, Bangu, Jabour, Senador Camará e Padre Miguel são bairros tipicamente residenciais. Porém no centro de Bangu e de Realengo o comércio é bastante desenvolvido, com várias lojas; serviços diversos, com destaque para a grande quantidade de agências bancárias em Bangu e Realengo; tem-se aqui algumas faculdades como a Estácio de Sá em Bangu, a Simonsen em Padre Miguel e a Castelo Branco e a São José em Realengo; vários escritórios espalhados por todos os bairros da região e também duas lojas do Mac Donald e uma vasta gama de redes de supermercados em Bangu e Realengo.
Há na região diversas praças que oferecem opções de lazer barato; duas boas casas de Show (Via Brasil Show e Chop 1200), duas Lona Cultural (Hermetto Pasqual e Gilberto Gil), uma biblioteca pública (Cruz e Sousa), uma Vila Olímpica financiada pela prefeitura da cidade e com o apoio de Universidades (Moacyr Sreder Bastos / Castelo Branco) e Mocidade Independente de Padre Miguel, clubes esportivos (sede e campo do Bangu e campo do Céres) e a Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
Essas áreas de lazer da região, propiciam o aparecimento do comércio de rua e de serviços alternativos de transporte e resguardo de patrimônio móvel e imóvel bastante diversificados e extremamente disputados quando dos dias de maior movimentação de pessoas, veículos e mercadorias.
Muitos demitidos trabalham em pequenos comércios espalhados pela comunidade, ou como camelôs, ou em serviços de transportes vanseiros, causando competição desenfreada por pontos como ocorre no Ponto Chique de Padre Miguel, no calçadão de Bangu e nas demais áreas comerciais dos sub-bairros da Grande Bangu, o que também gera certa forma de violência, a visual, pois são aproveitados quaisquer espaço viável – como a varanda da casa, a garagem, a fachada e intervalos de apartamentos, entre outros.
Sem contar o efeito danoso nas finanças do Estado pelo fato da maioria dos produtos virem de Taiwan ou da China, contrabandeados.
Não há ação de órgãos Públicos no local, para disciplinar essa esta ocupação desordenada, nem para fiscalizar a procedência das mercadorias ou para testar a qualidade dos produtos alimentícios vendidos (fast foods), a Vigilância Sanitária fiscaliza apenas os estabelecimentos que recolhem o ICMS, desprezando os interesses do consumidor.

A CAMELOTAGEM
Os camelôs, estão espalhados por toda a região da Grande Bangu, são como uma rede articuladas, pois na maioria das vezes, há uma organização nos moldes da Máfia Chinesa por detrás das atividades, que responde por esta ordenação. São policiais civis e militares, que tem conivência e recebem propina; policiais federais na fronteira com o Paraguai, que fazem vistas grossas para a entrada de produtos e comerciantes (muitos com atividades legais) que colocam para circular os produtos nos pontos de maior movimento.
Os camelôs têm três características distintas: os vendedores ambulantes, que trabalham principalmente nos trens do subúrbio, de casa em casa e em linhas de ônibus; camelôs fixos desmontáveis, que montam barracas em locais de movimento e os camelôs fixos perenes ou permanentes, que tem barracas irregulares, mas feitas em alvenaria aproveitando qualquer espaço disponível, podendo ser até mesmo uma garagem (classificados como camelôs por não recolherem impostos).
A quantidade de camelôs (DESORDEM) é enorme e não tem quase nenhuma repressão da Guarda Municipal (ORDEM), aos produtos de procedência ‘ignorada’. Nem o projeto dos Camelódromos conseguiu resultado prático, no sentido de ordenar este tipo de comércio, portanto o Camelódromo já é um projeto natimorto.

OS GUARDADORES DE CARROS
Há também na região um fenômeno sociológico bastante visível, o dos guardadores de carros nos logradouros e praças. Também são fruto da Globalização da economia e do Neo-liberalismo – via desestatização e demissões .
O subgrupo dos guardadores de carros, é entre todos o menos complexo, basta se prontificar a tomar conta de carros estacionado em um determinado perímetro e barganhar um preço razoável pelo serviço junto ao motorista, o único se não, é a questão do território, há que se ter cuidado em não invadir um que já possua dono formal. Os guardadores se concentram em locais diferentes: diante de Faculdades como a São José, a Simonsen e a Castelo Branco; em Padre Miguel, no calçadão e entorno; no Centro de Bangu e em outros locais de menor movimento.
Nota-se uma disputa feroz pelos locais mais atraentes desta atividade, nas seguintes localidades: rua Cônego de Vasconcelos, por conta do Calçadão de Bangu; rua Sul América e rua Figueiredo Camargo pelos serviços formais oferecidos; ruas no entorno do Estádio Proletrário Guilherme da Silveira e da Mocidade Independente de Padre Miguel.
O Poder Público não consegue estabelecer a ordem no setor, tentou-se o estacionamento com ticket da prefeitura (vaga certa) e não houve respaldo dos guardadores, nem da sociedade local, que prefere o serviço underground.

O TRANSPORTE COLETIVO ALTERNATIVO E ILEGAL
Outro serviço bastante regular nas cercanias é o transporte coletivo alternativo, são promovidos pelos trabalhadores dos transportes ilegais como: ‘clonagem’ de linhas regulares de ônibus e de itinerários não abrangidos pelo setor formal de transporte, são os motoristas de Van, Kombi, Besta ou algum utilitário, que se inserem em cooperativas ou operam de maneira individual.
Os ‘vanseiros, kombeiros e topiqueiros’, disputam de maneira acirrada e feroz o território. Este embate é melhor percebido, no largo em frente ao buraco do Faim e nas praças de frente aos Supermercados Champion de Padre Miguel e Sendas de Bangu, isso tudo para ter direito a usar um trajeto, que pode ser do Largo do Faini até a Central, ou mesmo o do transporte ‘cabritinho’, que leva o morador para dentro da favela, onde os ônibus regulares não entram, por imposição da guerra pelo poder do tráfico de drogas na região.
Este transporte (cabritinho) vem sendo substituído nas favelas pelo scooter-táxis, onde motonetas de baixa cilindrada são usadas para buscar os moradores no sopé do morro, ou no ponto dos ônibus distantes da favela.
A Prefeitura tenta fazer uma espécie de concessão à este modelo transporte (como na Cidade do México), mas dificilmente dará resultado, pois fere muitos interesses ‘subterrâneos’.



3 - CONCLUÍNDO
Os empregadores do mundo de hoje se acostumaram à lei do mercado, não é para menos, até as nossas crianças já se acostumaram e como os primeiros, aprenderam que vale mais a pena comprar outro objeto do que tentar investir no conserto daquele velho e usado, lucra-se bem mais em trocar uma peça desgastada (mas ainda útil), por outra barata, remodelada ou copiadas de outro modelo existente no mercado da indústria do consumo.
Tem sido assim com bugigangas, com livros, com aparelhos domésticos, com bichos de estimação e (prelúdio do fim de mundo) com pessoas. Ninguém mais investe em relações pessoais. É mais fácil desfazer o casamento, o que está acontecendo a cada dia mais cedo; acabar com amizades; não prestar atenção nas calçadas cheia de indigentes para não se penalizar por demais; por fim, é mais lucrativo para os donos do capital despedir o empregado do que tentar cortar custos de produção e melhorar o gerenciamento, afinal o empregado é apenas mais uma pessoa de tantas que existem no mundo super povoado, só mais uma peça na engrenagem, existe só para dar lucro e caso enferruje deve ser trocado por peça nova.
É certo que todo tipo de irregularidade deve ser punida, ainda mais por que não recolhem os impostos necessários a manutenção do próprio estado, além de desorganizarem ainda mais o já caótico cenário urbano carioca, e em se tratando de desordem urbana e caos social, a atuação dos informais se evidencia mais ainda. Mas seria melhor deixarmos esses sub trabalhadores labutarem em paz. Como se já não bastasse tirar-lhes o emprego, não termos o direito de tirar-lhes também o subemprego, a camelotagem e qualquer outra forma menos desonesta de ganhar seu sustento, uma vez que o enxugamento das empresas já fez isso de modo tão ‘competente’.
Muitos não conseguem adentrar no mercado consumidor pele falta de políticas de emprego, acabam, assim, engrossando as diversas estatísticas do desemprego na cidade, no estado e, consequentemente, no Brasil, que vem incomodando e causando dores de cabeça nos governantes, que prestam contas com a ‘ordem externa’ e nos pais de família que ficam sem saber se no dia seguinte amanhecerão empregados, nos serviços informais, ou nas estatísticas do desemprego.




4 - BIBLIOGRAFIAS UTILIZADAS & OUTRAS FONTES DE PESQUISA:

- CASTRO. I.E, COSTA GOMES. P. C, LOBATO CORRÊA. R., LOPES DE SOUZA, M. J. Geografia, conceitos e temas. Bertrand Brasil;
- COIMBRA, Pedro e TIBÚRCIO, José Arnaldo. Geografia, uma análise do espaço geográfico. SP. Habra, 1995;
- CORREIA DE ANDRADE, Manuel. Geografia-Ciência da Sociedade: Uma introdução à análise do Pensamento Geográfico. Ed. Atlas, SP;
- FRANCO DA SILVA, Carlos Alberto. O Comércio de Rua e a Dialética da Ordem e Desordem;
- SEABRA. O, CARVALHO. M, CORREIA LEITE. J. Território e sociedade, entrevista com Milton Santos. Bertrand Brasil;
- Trabalhadores do transporte alternativo (kombis, vans e motos), Guardadores de carros, Camelôs, Proprietários de pequenos estabelecimentos comerciais (Micro lojas) de Bangu e de Padre Miguel – feita em maio e junho de 2002;
- Revista Época. Editora Globo, vários números;
- Revista Isto é. Editora Três, vários números;
- Revista Veja. Editora Abril, vários números;
- Site do IBGE – www.ibge.br;
- Site do IPEA – www.ipea.br;
- Site do DETRAN – www.detran.br;
- Site do DENIT – www.denit.br;
- Site do IPP – www.rio.br/ipp/;
- site do DEGASE – www.degase.br.

SAIBA MAIS SOBRE A ECONOMIA INFORMAL E REPARE QUE NÃO É UM FENÔMENO APENAS BRASILEIRO:



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