quinta-feira, 31 de julho de 2008

GEOPOLÍTICA DO ORDENAMENTO URBANO: CIDADES NADA CIVILIZADAS

De fato a boa educação deveria ser um bem primordial da espécie humana, não me refiro a aquela educação adquirida na escola, pois essa jamais será alcançada sem a base que todos deveriam trazer das suas casas. O que vemos hoje em dia é a responsabilidade de toda forma de educação ser jogada nas mãos dos professores e da escola. Convenhamos não é esta a melhor maneira de desenvolver cidadãos críticos e pensantes, porque a base já está chegando esfacelada e por mais que tentamos dar qualidade à educação, esta fica comprometida devido ao fato de alunos chegarem à escola totalmente sem educação prévia dada pela família, sendo que alguns tremendamente influenciados pelo comportamento dos marginais das periferias urbanas, outros até mesmo ameaçadoramente perspicazes em determinadas áreas do crime organizado que domina o nosso estado.

Vivemos, de fato, em dias muito turbulentos; a família está sendo destruída, a escola sucateada, a televisão criando ignorantes, os três poderes dando péssimos exemplos de conduta e o total desgoverno, uma espécie de anarquia, não aquela anarquia construída por avançado estágio político de uma sociedade e sim a anarquia pejorativa, construída por ausência total do governo nas áreas que lhes dizem respeito.

Não é só na escola que a falta de educação está dando sua cara. Nas ruas e nos ambientes internos urbanos também, haja vista a quantidade de óculos da estátua do Drummond que precisa ser trocada e as placas de metais que são constantemente roubadas no Rio de Janeiro, numa total falta de civilidade. Daria para contar quantas vezes pisaram em nossos pés e não pedem desculpas (às vezes é melhor nós pedirmos), quantas vezes interrompem nossas conversas sem pedir licença, entram na nossa casa sem consentimento e até tiraram o ‘por favor’ do vocabulário e da linguagem informal (nos memorandos e ofícios ainda existe, ainda bem!), a falta de educação secular é tão grande, que quando tem algum homem que se lembra dessas regras áureas acima citadas, este é difamado e rotulado de fresco ou afeminado, todo mundo acha aquele vizinho que é muito educado, esquisitão e se ele não cuspir no chão e não coçar as partes íntimas em público (que deveria ser atentado ao pudor), estará confirmando a suspeita: ele é homossexual.

Acho que esta é uma batalha perdida à curto prazo, talvez ainda possamos ganhar a guerra contra a má educação, mas por enquanto não vai dar para desfazer as mazelas de décadas de descaso, com atos isolados, seremos sempre tachados de mocinhas, afeminados, bobalhões e otários, por termos uma atitude branda e educada perante outrem; não quero dizer com isso que deixaremos de lado o investimento pessoal que nossos pais fizeram para nos educar para nos tornarmos seres brutos como a maioria que habita a urbe, apenas estou certo de que todo esforço que fizermos será como tentar capturar o vento, como diz Salomão em Eclesiastes. Para reverter esse quadro de descaso com a educação familiar e escolar teríamos que preparar as futuras gerações, e não é isso que ocorre.

Mas a fórmula é relativamente simples, seria preciso décadas as seguintes coisas: muita vontade política, com o fortalecimento das instituições e das famílias e programas de renda mínima com os pais prestando contas; combate ao crime organizado, não o embate, mas asfixiando o narcotráfico e usando inteligência e estratégia para debelar o crime, além de tolerância zero com pequenos crimes; investir na melhoria da qualidade de vida das comunidades pobres, com saneamento, creches, etc. coisa que a prefeitura do Rio de Janeiro começou a fazer, mas depois abandonou os pobres a sua própria sorte; e por último usar as novas tecnologias para vigiar os aparatos públicos, mesmo que isso invada a privacidade de alguns, mas o sossego e a segurança da maioria deve imperar sobre as atitudes comezinhas de uma pequena parte da população que quer fazer besteira e ficar anônima, para isso podem ser usadas câmeras espalhadas por todo lado transmitindo imagens pela internet.

Acho que só assim poderíamos ter, à longo prazo, algum fruto à colher em termos de uma melhor educação cidadã secular e escolar.

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