terça-feira, 1 de março de 2011

UM PADRE CHAMADO MIGUEL, UM BAIRRO CHAMADO PADRE MIGUEL (APRESENTAÇÃO)

APRESENTAÇÃO

Este trabalho não tem a pretensão de ser um tratado histórico ou mapeamento do bairro, muito menos de servir como material político ou didático, apenas pretendeu-se mostrar nestas linhas o que já é do conhecimento de quase toda a população da Zona Oeste, que se vive num lugar que sofre o preconceito e a discriminação de outros bairros e até mesmo dos bairros mais centrais da região. Preconceito este, por que muitos acham que aqui só há roça ou aridez, numa espécie de deturpação do conhecimento, por que outrora estas terras foram chamadas de sertões.

De tudo, o que mais nos afeta é a discriminação, pois sabemos que apesar de ser o último caminho viável para o desenvolvimento industrial do município (uma vez que outras freguesias já esgotaram ou estão quase exaurindo suas capacidades), mesmo assim sofremos com a falta de investimentos da Prefeitura e do Estado Rio de Janeiro para viabilizar tal vocação da nossa região. Discriminação pelo fato de apesar de fazer parte da mesma Zona Geográfica, bairros como Jacarepaguá e Barra da Tijuca se ‘comportam’ como Zona e Sul, tendo suas metas voltadas para os padrões de vida das classes média e alta da cidade, em detrimento do desenvolvimento potencial da verdadeira área em que se situam.

Um dos fatos mais lamentáveis é o preconceito dentro da nossa própria região, é comum quem mora no centro de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz, tratar com certo desdém os que moram mais para a periferia, porém quando são descriminados pelos moradores da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá (que também são bairros da Zona Oeste), se sentem constrangidos (é difícil não se sentir um intruso nas praias da Barra da Tijuca, ainda mais quando o ônibus Bangu/Barra para e solta um monte de gente com 'cara de Zona Oeste pobre'), mas a vida é assim mesmo, basta se ter um pouco mais para achar que se tem demais.

Mas chega de lamentações, a motivação inicial de escrever sobre o bairro de Padre Miguel, é que apesar de simpático e bastante freqüentado, o bairro não dispõe de quase nenhuma literatura que o especifique. Não é muito difícil achar material sobre Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e Realengo, uma vez que são os bairros mais famosos, mas quando queremos saber algo sobre os outros bairros da região, é praticamente um trabalho perdido, como achar agulha em palheiro. Por isso esta iniciativa que espero ser seguida por outros incomodados com o anonimato de suas terras, ou então, o que é muito pior, a difamação delas, como é o caso de Senador Camará que só é conhecido pelos incêndios á coletivos e pelas favelas que vivem se digladiando, e esquecido no seu teor histórico como é o caso da Fazenda do Viegas, e o mesmo acontece com o bairro de Padre Miguel, que é muito mais conhecido pela Vila Vintém e pelo narcotráfico do que pelas suas verdadeiras características, as quais tentarei passar para quem vier a ler estas linhas.

Peço desculpas se durante a leitura alguém se achar ofendido, a si ou a seu bairro, mas é necessário que se faça aqui algumas correções e comparações com outras regiões o que fatalmente poderá ser mal entendido, ou mesmo deturpado. Porém, como qualquer esforço valerá a pena para que o nome de nosso bairro seja bendito, esperando sempre que ninguém se subleve por este meu pequeno intento e que também seja relevante algum dia, quem sabe, incentivando outros escritores e poetas regionais a bem dizer os nossos bairros tão carentes de afeto.

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