segunda-feira, 7 de março de 2011

A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - TRABALHO

BANGU: TRABALHO, MERCADO INFORMAL, CAMELOTAGEM, EMPREGO, SUBEMPREGO E DESEMPREGO

Todas as comunidades do entorno de Bangu, possuem um nível sócio-cultural-econômico extremamente baixo, devido principalmente ao fato da maioria de seus moradores não terem conseguido completar sequer o Ensino Fundamental e vivem (ou sobrevivem), do subemprego ou do mercado informal, devido, sobretudo, à baixa escolaridade, muitas vezes com menos de um salário mínimo e o desemprego é bastante elevado no local.

Não há incentivo estatal para modificar a realidade ‘canibal’ do momento, conheço muitos moradores destas comunidades que há bem pouco tempo faziam parte dos quadros de diversas empresas estatais recentemente privatizadas pela sanha neo-liberal, que devorou as entranhas da máquina do governo e jogou na sarjeta do mercado de trabalho uma infinidade de pais de família.

Hoje a maioria desses demitidos trabalham em pequenos comércios espalhados pela comunidade, ou como camelôs, ou subempregados, causando uma competição desenfreada por pontos como ocorre no Ponto Chique de Padre Miguel, no calçadão de Bangu, Centro de Realengo e nas demais áreas comerciais dos sub-bairros de Bangu, o que também gera certa forma de violência, a visual, pois são aproveitados quaisquer espaço viável para construção de biroscas, mini bazares, lojas de bijuterias, carroças de Hot Dog, de X-tudos, e as famosa lojinhas de R$ 1,99 que fazem enfeiar ainda mais a paisagem outrora singela de bairro periférico, porém não tão miserável e espoliado.

Quando precisamos passar ou pelo buraco do Faim em Bangu, ou pelo buraco do Viana em Padre Miguel, ou então pela passarela da estação ferroviária de Bangu é que percebemos como o desemprego está alto.

A quantidade de camelôs é enorme e não tem repressão da Guarda Municipal que dê jeito, pois tiram os camelôs daqui e eles esperam a poeira baixar e retornam, isso sem falar dos vanseiros, kombeiros e topiqueiros, que disputam de maneira acirrada e feroz o território no largo em frente ao buraco do Faim, arrecadando passageiros para suas lotadas que quando estão no trânsito, chegam a ser suicidas.

Também seria maldade por demais, como se já não bastasse tirar-lhes o emprego. Não termos o direito de tirar-lhes também o subemprego, a camelotagem e qualquer outra forma menos desonesta de ganhar seu sustento, uma vez que o enxugamento das empresas (uma espécie de eufemismo para demissão) já vem fazendo isso de modo tão competente e cruel.

Mesmo dando o famoso “jeito Brasileiro”, muitos não conseguem adentrar no mercado consumidor pele falta de políticas de emprego, acabam, assim, engrossando as diversas estatísticas do desemprego na cidade, no estado e, consequentemente, no Brasil, que vem incomodando e causando dores de cabeça nos governantes, que tem de prestar contas com a ‘ordem externa’ e nos pais de família que ficam sem saber se no dia seguinte amanhecerão empregados ou nas estatísticas.

O fato é que quando ficamos desempregados, não perdemos só um emprego, a carteira assinada e coisas materiais. Muitas coisas etéreas são perdidas com o desemprego: a experiência de trabalhadores antigos, o círculo de amizades, o alívio de certos problemas caseiros e principalmente, como na música do saudoso Gonzaguinha, a sua honra também se perde, é como se deixássemos de ser homens, homens úteis, não sendo úteis, tornaríamos estorvos, inúteis, como mais uma peça na mão do capitalismo, que após usado à exaustão é descartada e jogada fora para vagar espaço para outro gad get.

Os empregadores do mundo de hoje se acostumaram à lei do mercado, não é para menos, até as nossas crianças também já se acostumaram e como os primeiros, aprenderam que vale mais a pena comprar outro objeto do que tentar investir naquele velho e usado, lucra-se bem mais em trocar uma peça desgastada, mas ainda de boa utilização, por outra bem baratinha e de preferência inventada, ou como na maioria das vezes copiadas de outro modelo, da indústria do consumo. Tem sido assim com bugigangas, com livros, com aparelhos domésticos, com bichos de estimação e, como prelúdio do fim de mundo, com as pessoas.

Ninguém mais investe em relações pessoais. É mais fácil desfazer o casamento, o que está acontecendo a cada dia mais cedo; acabar com a amizade; não prestar atenção nas calçadas cheia de indigentes para não se penalizar por demais e, por último, é bem mais lucrativo para os donos do capital mandar o empregado embora do que tentar cortar custos de produção e melhorar o gerenciamento, afinal de contas o empregado é apenas mais uma pessoa de tantas que existem no mundo super povoado, só mais uma peça na engrenagem, que está aí, mesmo só para dar lucro e se enferrujar deve ser, de fato, trocado por peça nova.

Infelizmente há no Brasil resquícios da época da escravidão, e nossos empresários agem como se vivessem naqueles tempos, também é muito compreensível, os pobres coitados lucravam muito e não pagavam pelo trabalho dos seus lacaios, hoje têm que pagar os malditos salários, deve doer bastante a lembrança da Lei Áurea.

Também dói para o trabalhador ser tratado como semi-escravo, pior ainda para aquele que nem isso é, é na verdade desempregado, como já foi dito, sem honra.

É inadmissível para o mundo atual, tão repleto de tecnologias, que ainda haja trabalho escravo, infantil e pior ainda desemprego.

Mostra que estamos tal qual caranguejos, andando para o lado em vez de sempre para frente, que com toda modernidade não conseguimos resolver alguns dos problemas que fazem da vida da maioria da população um ‘gargalo’, como: o desemprego que passa de dois dígitos nas nossas estatísticas; a fome que bate a casa de cerca de vinte e três milhões de brasileiros; a miséria que assola boa parte da nossa população e conseqüência de todos os outros, a violência.

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