segunda-feira, 7 de março de 2011

A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - GEOGRAFIA FÍSICA

ASPECTOS DA GEOGRAFIA FÍSICA DE BANGU


Formação geológica e hipsometria

O bairro está situado entre dois majestosos maciços, que dominam de forma exuberante a paisagem local, ao sul o da Pedra Branca, e ao norte o de Gericinó.

Na sua geologia, o solo no qual está calcada a região é composta por gnaisse bandado com quartzo, microclina, plagioclásio e biotita (locais tipo Pico do Archer) nas partes de média / baixa elevação do local e granito cinza, tipo porfirítico (tipo “favela”), com diques de allanita granito e granito rosa (locais tipo Grajaú e Pedra Branca) nas de média / alta, na subida dos morros tanto do Gericinó quanto da Pedra Branca; na parte alta dos morros, há sienito, granito pegmatóide ( tipo Serra da Misericórdia) e tinguaitos (comum em locais como a Serra da Mantiqueira) principalmente no maciço de Gericinó; já nos lugares de maior ocupação antrópicas, temos bastante aluvião, intrusões alcalinas, dunas compactadas artificialmente e lagunas e mangues aterrados; também nos morros encontramos: granodieritos, quartzodioritos e tonalitos.

Quanto a Hipsometria, não se pode considerar nossos maciços como de grandes altitudes, segundo o relevo local, poderíamos subdividi-lo em poucas escalas decrescente: a maior altitude ficaria no topo dos maciços do Gericinó e da Pedra Branca, com aproximadamente entre 900 e 1025 metros do nível do mar; serras como a de Madureira, do Quitungo, do Retiro e do Lameirão, que circundam o bairro estariam entre 300 e 700 metros; e o vale conhecido como Baixada de Bangu, estaria entre 100 e 0 metros (o nível do mar).

Em relação ao ranking orográfico, dos maiores em cotas de altitude, poderíamos dividir os dois blocos de maciços da ficando da seguinte forma.

• Maciço da Pedra Branca, que possui o ponto mais alto do relevo carioca o Pico da Pedra Branca, com a seguinte hipsometria decrescentemente:

- Pico da Pedra Branca – com 1025 metros;
- Morro da Bandeira – com 964;
- Pedra do Ponto – com 938 metros;
- Morro Santa Bárbara – com 857 metros;
- Pedra do Quilombo – com 735 metros;
- Pico do Sacarrão – com 714 metros;
- Morro dos Caboclos – com 696 metros;
- Toca Grande – com 577 metros;
- Morro do Cabuçu – com 572 metros;
- Morro do Lameirão – com altitude máxima de 484 metros.

• Já no Maciço do Gericinó, as altitudes são menos elevadas não passando em nenhum ponto dos mil metros acima do nível do mar, em ordem decrescente:

- Pico do Guandu – com 964 metros;
- Pico das Andorinhas – com 906;
- Morro do Gericinó – com 889 metros;
- Morro do Guandu – com 744 metros;
- Pico do Marapicu – com 632 metros de altitude.

Vale ressaltar, que muitos destes morros excedem a região, se espalhando até mesmo em direção dos municípios ao norte e outras regiões como a de Jacarepaguá ao sul.

Também devemos ter em mente que a pouca altitude dos nossos morros se deve ao fato de ser de relevo já desgastados pelo intemperismo por ser bastante antigo, como a maior parte do relevo brasileiro, que raramente ultrapassa os 3500 metros de altitude.

Hidrografia

Os rios que cortam a área da região de Bangu fazem parte da Bacia de Sepetiba e da Guanabara, isto porque a direção que o curso toma é que define este pertencimento. São na maioria ‘braços’ do Rio Guandu, são: o rio Piraquara, o rio Sarapui, o rio Guandu do Sena, o rio Viegas, o rio dos cachorros, entre outros de pequeno curso, quase desprezíveis como o rio das Tintas. A maioria está agonizando com a poluição, devido a atividade humana no local e a falta de consciência dos moradores que jogam todo tipo de dejeto neles.

Na Serra do Barata, em Realengo, temos uma bela cachoeira, que também sofre com a ignorância do povo que usa suas nascentes e quedas de água para fazer macumba e largam ali os restos na maioria das vezes produtos de difícil decomposição pela natureza, também há os visitantes não tão afro-religiosos que sujam por demais aquele pequeno pedaço de paraíso.

O clima

O clima da região de Bangu, anotado em Estação Meteorológica no bairro, é o mesmo que abrange todo o município do Rio de Janeiro, o tropical úmido. Desnecessário dizer que Bangu é o bairro mais quente do Rio de Janeiro, sempre que vemos na televisão a previsão do tempo, as temperaturas máximas são sempre no nosso bairro.

Isso se explica pelo fato da razoável distância do mar em que nos encontramos, da vizinhança dos maciços e da ocupação humana e atividades urbanas, com lançamentos de dióxido de carbono e outros gases de estufa que não são dissipados de forma tão rápida.

A temperatura média do bairro ultrapassa 25 graus, e no auge do verão é comum os termômetros de rua marcarem 45 graus, o que dá, literalmente para fritar um ovo na tampa de ferro um bueiro. Segundo o Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro, de 2000, no período de 1979 e 1980, notamos que a vertente sul do maciço da Pedra Branca registrou temperatura abaixo de 22 graus, e toda a porção ao norte da região de Bangu obteve média de temperatura entre 22 e 23 graus e a parte mais densamente povoada dos bairros de Padre Miguel, Realengo, Senador Camará e Bangu, ficaram entre 23 e 25 graus.

Quanto aos índices pluviométricos, costuma chover entre 1400 e 1600 mililitros anualmente no alto das serras do Gericinó, nas partes mais altas do maciço da Pedra Branca e nas médias altitudes do Gericinó a precipitação fica entre 1200 e 1400 mililitros e na parte antrópica a ocorrência das chuvas é bem mais branda, estando, quase sempre, entre 1000 e 1200 mililitros anuais, conforme fora anotado nos anos 97/98, pelo Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro, de 2000.

Vegetação original

Originalmente a região era coberta pela Floresta Tropical de Mata Atlântica, ainda há resquícios de vegetação típica deste ecossistema espalhados pela paisagem. Trata-se de uma floresta bastante úmida não tanto quanto uma Floresta Tropical Equatorial, mas em algumas áreas de extrema pluviosidade principalmente as beirando o mar, como onde o mar encontra o anteparo rochoso da Serra do Mar em alguns municípios do Rio de Janeiro e São Paulo, a quantidade de chuvas torrenciais faz lembrar uma floresta como a do Congo e a da Amazônia, sendo bastante aproveitado economicamente para o plantio de banana que se adapta tão bem a essas condições e traz deveras benefícios aos municípios (como Bananal entre outros) que usam bem essa característica das chuvas orográficas como incremento agrícola.

Vegetação atual

Apesar de manchas de vegetação de Mata Atlântica, hoje bastante espoliada, o que temos na localidade é uma paisagem bastante afetada pela atuação antrópica, são campos artificiais e matas longínquas tomadas por capim colonião, arbustos e ervas.

Somente nos morros se pode observar algum ecossistema florestado, sendo que o de Gericinó, devido a proteção proporcionada pela atuação do Exército – que durante muito tempo evitou a entrada de curiosos e a expansão de favelas no local, nas décadas precedentes ao fim do século passado – o que foi de fundamental importância na manutenção deste parque, mas, ultimamente, já começamos a notar um processo de ocupação bastante desordenado, e uma invasão de ambas as vertentes do maciço.

Ao descer as serras da região passa-se de uma vegetação minimamente preservada para os campos antrópicos e algumas manchas de culturas agrícolas em regiões um pouco afastada do perímetro urbano, já na parte mais urbanizada o que encontramos é uma total devastação de todo o tipo de mata que por ventura houvesse ali. É de se lamentar que mesmo as árvores mais antigas do bairro, e muitas plantadas há menos de cinqüenta anos estão sendo ou dilapidadas ou arrancadas com raiz e tudo pela Fundação Parques e Jardins, como foi feito ao longo da Ciclovia entre os sub-bairros de Padre Miguel e Guilherme da Silveira, o que em tempo de verão infernal, comum na região, faz a sensação térmica exacerbar.

A flora e a fauna extintas ou em extinção

Quando apenas os índios passeavam por estas bandas, deveria ser bastante abundante algumas espécies vegetais e animais, hoje não tão comuns, ou então, praticamente extintas.

Nos nossos maciços, que abrigavam florestas tropicais úmidas, havia diversas árvores que há muitos não mais se vê, como por exemplo: a Canela-sassafrás (ocotea pretiosa), o Jacarandá (Dalbergia nigra), estas no maciço do Gericinó, e a Samambaiaçu (Dicksonia sellowiana) no da Pedra Branca e outras espécies de menor porte e flores como a erva Orquídea (Cattleya forbesii) no maciço da Pedra Branca, e no do Gericinó, tínhamos a erva Bananeira-do-mato (Heliconia sampaioana).

A vida animal, era também muito abundante e exuberante no local, mas hoje já quase que extinta em sua totalidade. Era comum encontrar-se, por exemplo, o felino sussuarana (Felis concolor) e a ave arapongas (Procnias nudicollis) na floresta do Gericinó e anta (Tapirus terrestris), o felídeo gato-maracajá (Leopardus wiedii) e a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) na da Pedra Branca. Ainda resistem bravamente espécies de cães e gatos-do-mato, diversas aves e gambás no que restou destes ecossistemas.

3 comentários:

Newton Almeida disse...

Muito boas as informações . A Secretaria Estadual de Educação está preocupada em elevar o nível de conhecimento dos alunos sobre o nosso Estado do Rio de Janeiro.
Você deve participar editando livro, pois é um especialista da geografia da região de Bangu.
Sobre a questão do Brasil investir em veículos elétricos, penso ser muito importante. O desafio tecnológico do carro elétrico é a bateria e a célula de combustível, o resto é simples.
O erro estratégico é construir nova Usina Nuclear . Deveriam desativar as usinas nucleares de Angra.
Carlos Silveira, forte abraço desse admirador do teu trabalho : Newton Almeida MEIO AMBIENTE RIO DE JANEIRO http://geografianewtonalmeida.com.br

Anônimo disse...

muito obigado pelas informações eu tenho uma pesquisa da escola sobre meu bairro e eu não estava achando coisa sobre os rios e vegetaçõesde bangu

vlw cara vc e 10

CARLOS SILVEIRA disse...

Ao meu Guru Newton Almeida o meu agradecimento pelas palavras.

E ao leitor que não quis se identificar, saiba que essa era a minha intenção quando fiz o blog: dividir o conhecimento.

Obrigado a ambos.

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