terça-feira, 1 de março de 2011

UM PADRE CHAMADO MIGUEL, UM BAIRRO CHAMADO PADRE MIGUEL (6ª PARTE)

6 – PRINCIPAIS PROBLEMAS DO BAIRRO

6.1. Problemas Sócio-Ambientais

Como já falamos a ocupação do bairro se deu a partir do centro de Bangu onde fica a Fábrica de Tecidos Bangu, e de Realengo, devido aos quartéis e a fabrica de cartuchos do Exército, dali a população foi se irradiando em todas as direções, e com as políticas habitacionais públicas e privadas cresceu em número e em importância local.

Em relação a densidade demográfica, vale ressaltar que o bairro de Padre Miguel com cerca de 12 mil habitantes por quilômetros quadrados, tendo mais do que o dobro da média da densidade dos demais bairros da região, que é de aproximadamente 5 mil habitantes por quilômetros quadrados, sendo que área central de Bangu, bem como o sub bairro de Senador Camará e Jabour, e o bairro de Realengo possuem densidade demográfica, aproximadamente, entre 5 e 7 mil habitantes por quilômetros quadrados, a título de comparação.

Devemos lembrar que a densidade demográfica de Padre Miguel é tão alta, devido a sua pequena área e sua paisagem marcada, sobretudo, pelos conjuntos habitacionais verticais, apartamentos, como os do INPS, da CEHAB e da Caixa D’água, o que possibilita um grande número de pessoas em espaço menor, e que gera alguns impactos na área.

6.1.2. Problemas Proveniente do Ajuntamento de Pessoas

O nosso bairro, como já dissemos, é o que tem o maior número de habitantes, por metro quadrado na Zona Oeste, são mais de doze mil pessoas por quilômetros quadrados, ou doze indivíduos para ocupar um espaço de um quadrado de um metro de largura, não percebemos esse problema, por alguns fatores:

1º. Padre Miguel tem cerca de vinte mil apartamentos nos prédios dos conjuntos habitacionais do IAPI e da CEHAB;

2º. Padre Miguel é um bairro dormitório, o que significa dizer que as pessoas que moram aqui passam a maior parte do seu tempo, em outro lugar, só retornando para dormir e acordar no dia seguinte muito cedo para se dirigirem aos seus trabalhos;

3º. Apesar da média de pessoas por apartamento ser de seis pessoas, não percebemos porque durante o dia a maioria dos moradores trabalha ou estuda, parecendo que os prédios estão sempre vazios.

Tanta gente junta por vezes ocasiona problemas tais como os de convivência é comum briga de vizinhos por causa de animais domésticos, lixo, condomínio, crianças, entre outros. Para resolver os problemas existem as Associações de Moradores, que aqui funcionam bem, e via de regra, o respeito ao direito alheio é, na maioria das vezes, obedecido e a paz impera na maioria dos sub-bairros daqui, com algumas exceções como nos lugares conflagrados, como Sete-Sete e Vila Vintém, onde quem faz as regras de convivência é o narcotráfico.

6.2. Problemas Com Lixo, Ratos e Insetos

Onde mora muita gente a produção de lixo é grande, mesmo com o recolhimento regular, muitas vezes algo é despejado de maneira irregular o que atrai formigas, moscas, baratas, ratos, entre outras criaturas nocivas. As vezes é por falta de higiene mesmo que vemos sacos plásticos no córrego que corta o bairro, bem como montanhas de entulhos jogados na parede de casas e comércios abandonados, o que demonstra que apesar do alto índice de educação formal do miguelense, este ainda é bastante mal educado em termos ambientais.

6.3. Problemas Com Calor e Frio em Excesso

Alguns fatores colaboram para que o bairro de Padre Miguel, juntamente com o vizinho Bangu, tenham as maiores e as menores temperaturas registradas em zonas urbanas da cidade do Rio de Janeiro, entre eles temos os seguintes: Por ser um bairro interiorano, por se encontrar longe do mar; estar cercado por duas formações rochosas que se impõem sobre a região; por também se localizar num vale em forma de bacia; ter quase todas as suas ruas asfaltadas ou cobertas por pedras basálticas (paralelepípedos) que esquentam bastante e esfriam rápido; ser praticamente sem áreas verdes significativas; ter muito poucas árvores para arrefecer o clima; ter quase toda sua área construída, principalmente por prédio de apartamentos, onde imperam o ferro e o concreto que dificultam a ventilação.

O problema do calor e do frio poderia ser resolvido com medidas simples que minimizariam a sensação térmica, como, por exemplo, plantando mais árvores (aqui acontece justamente o contrário), que reduzem em até 10 % (dez por cento) da intensidade luminosa e da energia térmica, além de evapotranspirar o que lançaria gotículas no ar, amenizando o clima (viu só, prefeito César Maia, não precisava gastar tanto com o chuverinho, os milhões de reais poderiam ser usados na implantação de um hospital decente para a região).

6.4. Problemas Com Enchentes e Doenças

Outros problemas do bairro ocorrem quando chove muito, principalmente nos meses de dezembro até abril, quando os índices pluviométricos no Rio de Janeiro. Como um todo, aumenta demasiadamente e em quase toda a cidade ocorrem inundações e problemas relacionados à elas como: desbarrancamentos, desabamento de barracos, doenças provenientes de vetores como ratos, baratas e moscas.

Aqui em Padre Miguel é comum a maioria das ruas inundarem quando chove. Os córregos que se transformaram em valão de esgoto a céu aberto, transbordam e ganham as ruas, impedindo que os moradores tanto do conjunto habitacional proletário do IAPI como os do conjunto habitacional da CEHAB saiam de suas casas, muitos ficam sem poder ir à seus empregos, quando as chuvas varam a noite e acabam no dia seguinte. O Buraco do Viana, também é outro ponto de alagamento, chegando a levar as águas do córrego que passa em seu subterrâneo até dentro da Vila Vintém e alagando as lojas e o comércio do lado sul do bairro. Muitas já desistiram de lutar contra esta sina e fecharam definitivamente as portas.

Com as águas paradas e barrentas, muitas vezes de esgoto, vêm os ratos, baratas, vermes, entre outros vetores como os mosquitos e muriçocas, estas criaturas nocivas trazem consigo doenças graves, que podem levar até mesmo à morte. Por exemplo, a leptospirose, doença transmitida pela urina dos ratos, que se não tratada a tempo leva a morte rápida. Com o tempo a água parada vira criadouro de mosquitos como o Aedes Aegipt, transmissor da dengue, que passa a atacar os moradores e o resultado é o esperado, muitas filas nos postos de saúde e internações no já abarrotado Albert Shwartzer, hospital estadual que atende a microrregião, de maneira muito precária.

6.5. Problemas Sócio-Econômicos

Houve tempos em que a economia do bairro deu verdadeiros saltos, e acontecia a geração de vários empregos em seu comércio e nas poucas indústrias de pequeno porte que se encontrava no local, mas de uns tempos para cá, principalmente à partir de meados da década de oitenta, começou-se a viver uma retração dos investimentos e da economia do bairro.

Muitas lojas que pertenciam a Rede Ferroviária Federal (CBTU), e que eram alugadas para terceiros fecharam as portas, por causa da violência que começou a aumentar, sobretudo após a morte do patrono do bairro, o bicheiro Castor de Andrade, e a insegurança afastou os comerciantes e prestadores de serviço que mantinham suas lojas embaixo da estação ferroviária. Os sucessivos assaltos e o tráfico de drogas na porta das lojas expulsava os fregueses e clientes. Até mesmo a agência da Caixa Econômica Federal do bairro, após inúmeros assaltos, resolveu fechar o mesmo acontecendo com outros prestadores de serviços que ficavam com medo da ação do crime que se expandia.

Para piorar a situação econômica do lugar, as várias enchentes, comuns nos verões, davam incontáveis prejuízos aos comerciantes, muitos quebraram e outros resolveram se transferir para Realengo e Bangu, fugindo da violência e das águas. Hoje em dia, a violência não está mais tão alta como em meados da década de oitenta, os únicos inconvenientes são as ‘bocas de fumo’, mas os traficantes não costumam incomodar os comerciantes que restaram, pelo menos nunca observei nenhum assalto nas redondezas, nem tivemos mais alagamentos monstruosos como os de antes, sobretudo depois das obras que a Prefeitura realizou no Buraco do Viana, canalizando o valão que passa embaixo da estação ferroviária, mas tardiamente, uma vez que o medo não deixa os comerciantes tranqüilos o suficiente para voltarem para cá.

Portanto o principal problema econômico do bairro é a falta de confiança em se investir no local e arriscar o capital em uma área que aparentemente está decadente e de difícil recuperação.

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