domingo, 11 de janeiro de 2009

O CONFLITO ÁRABE-JUDAICO: MAIS DO QUE SIMPLES INTOLERÂNCIA ÉTNO-RELIGIOSA

SE QUANDO UM NÃO QUER DOIS NÃO BRIGAM, O QUE ACONTECE QUANDO DOIS QUEREM BRIGAR?




Estamos já com duas semanas de conflito entre o estado de Israel e o grupo paramilitar/terrorista xiita Hamas. O conflito tem bastante combustível, desde simples questão religiosa até intrincadas considerações políticas e geopolíticas, pois além do eterno embate entre crenças diferentes e intolerantes, temos aqui uma luta pela hegemonia local, a saber: quem terá o melhor projeto de dominação do Oriente Médio (eterno barril de pólvora geográfico).

O maior problema nessas áreas do Globo é que ninguém quer a paz. Se por um lado Israel quer o reconhecimento de existência legitimada pelos vizinhos, por outro ele não aceita a existência de um país palestino, pois teme que este tenha condições de formar um exército e com isso atingir seu território, uma vez que a distância entre ambos é tal qual a de bairros conflagrados do nosso entorno na cidade do Rio de Janeiro (imagine: seria como municiar nossos narcotraficantes rivais com poder de fogo militar?).

O conflito parece também não ter fim pelos fatores citados que vão muito além do nosso afastado conhecimento. Por exemplo, desses interesses já citados acima, temos a questão religiosa como ponto central da discussão, sendo assim o problema acaba se tornando região do embate, os xiitas islâmicos e os ortodoxos judaicos, ambos não admitem repartir as terras de modo algum, tornando assim impossível um acordo. Deve-se salientar que ambos os grupos impõem suas vontades mesmo sendo minoria em seus povos, porém o primeiro comanda pelo uso excessivo da força e o segundo pelo poder político.

UM JOGO DE XADREZ GEOPOLÍTICO



Em relação ao predomínio na região, ou seja, a hegemonia, Israel claramente teme a ascensão iraniana naquela área do mundo. O Irã, país islâmico/xiita de população persa na maioria (segundo alguns estudiosos, berço do arianismo) tem interesse em dominar política, religiosa e militarmente a área, pois conta a posição privilegiada que herdou com a queda de seu arqui-rival (Iraque de Saddam) e com o enfraquecimento dos moderados locais Jordânia e Egito (tudo isso graças aos Estados Unidos da era Bush).

Por temer ser alvo de massacre nuclear proposto pelo Irã, Israel tem pretensões de ocupar esse vácuo de poder criado pelos últimos acontecimentos geopolíticos que ocorreram no Oriente Médio nessa primeira década do século vinte e um. Estudiosos da geopolítica local revelaram recentemente o desejo de Israel atacar antes de ser atacado e dizimar as estruturas produtivas iranianas, o que levaria este país à uma condição pré-industrial e com isso a ameaça de extinção judaica ficaria restrita aos seus inimigos mais próximos e domináveis como é o caso da Palestina, da Síria e do Líbano que não dominam o átomo.

Passa pelas ambições geopolíticas israelenses o controle da área como um ‘big-brother’, explico: sendo o grande garantidor da segurança local, devido às demonstrações de poder (caso dê seqüência ao plano de derrubar o Irã) Israel terá do seu lado aqueles países que já o temem hoje (Egito, Jordânia, Turquia, Síria, Líbia e Líbano, que são seus antigos desafetos que foram surrados ou intimidados diversas vezes) e ainda angariaria o medo de outros que estão enfraquecidos ou engessados pela sombra norte-americana (Iraque, Arábia Saudita, etc.). Sabemos que o medo é o melhor caminha para a dominação (porém com prazo de validade).

COMO ACABAR COM O CONFLITO?

O fim do conflito que parece impossível na verdade é até menos complicado do que se imagina. Em primeiro lugar devemos ter em mente que isso não será para agora, nem para daqui a cinqüenta anos, pois passa indelevelmente pela ascensão de uma nova geração que poderia ser cultivada desde agora. Recentemente um documentário circulou pelo mundo mostrando árabes e judeus, ainda crianças, em razoável convivência. Quais são os motivos que levam esses jovens a mais tarde se matarem? Como já dito, uma minoria radical, porém com poder de propaganda imenso, faz uma espécie de lavagem cerebral em seus povos que inviabiliza o diálogo. Ora, é só a maioria se posicionar contra os agentes da radicalização, o que pode ser feito com o uso dos mesmos expedientes destes.

Em segundo lugar, deve-se frear o intento do Irã de chegar ao posto de líder local. Este país é uma das chamadas baleias (ou elefantes) da economia devido ao seu crescimento lento (se comparável ao de países como Índia e China), porém permanente. Crescimento este que lhe dá condição de pensar alto em seus futuros vôos em direção ao controle geopolítico local, pela ausência de rivais em potencial (excetuando-se Israel, que possui bombas atômicas modernas). O seu primeiro passo para alcançar seu objetivo foi desafiar os Estados Unidos e a ONU, o que agradou a maioria dos muçulmanos árabes e não árabes do local. O segundo foi propagandear o extermínio da nação israelense, o que também agrada a boa parte dos muçulmanos, nesse caso os xiitas e alguns sunitas.

Em terceiro lugar, a questão da cidade histórico-religiosa de Jerusalém. É inadmissível que uma cidade que é o foco de interesse de três grupos religiosos (cristãos, judeus e muçulmanos) seja relegada ao controle de uma destas três religiões. O ideal de administração para um lugar com estas características passa por duas vertentes: torná-la (Jerusalém) cidade-estado, com governo próprio, representado pela ONU, ou então criar uma região compartilhada, com um governo tripartite, onde as três árvores de religiões (cristianismo, judaísmo e islamismo) e seus frutos (grupos dissidentes dentro das religiões ou que formaram outras religiões) tenham representatividade como ocorre num congresso parlamentar e que a cada triênio uma delas assuma o controle das ações compartilhando as decisões (parlamentarismo religioso).

Essa cidade-estado seria uma espécie de Vaticano democrático, o que seria uma bela lição de moral e convivência. A preocupação com os extremistas seria relegada à um segundo plano, pois com os holofotes direcionados para eles dificilmente fariam o que costumam fazer quando se encontram na obscuridade.

Lógico que nada é tão fácil quando se coloca o elemento humano na equação, mas para daqui há cinqüenta ou cem anos é possível que surjam novas gerações comprometidas com a paz, que tenham tirado lições da inutilidade destes conflitos que as gerações antecedentes vivenciaram.



MUITA PAZ PARA TODOS!

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