quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A VIDA É UM INFERNO NUMA SOCIEDADE METONÍMICA, METAFÓRICA E EUFÊMICA COMO A NOSSA SOCIEDADE CARIOCA 3

A SOCIEDADE IRÔNICA E EUFÊMICA

Não bastasse conviver com todo tipo de máscaras, ainda temos que aceitar a ironia e o eufemismo de todo lado. Mesmo que de maneira despropositada, há muita gente tentando amenizar qualquer tipo de catástrofe, exemplo disso foi o dirigente máximo da nação dizer que a crise da economia seria um tsunami no primeiro mundo, mas aqui seria somente uma marolinha.

O governador Cabralzinho e seu capataz Beltrame praticamente dizem que seus policiais sobem o morro e largam um monte de cadáveres lá porque não há como se fazer omelete sem quebrar alguns ovos. É a tal política de enfrentamento burocrática e de repartição pública. Eu explico, burocrático porque não se vê o uso de inteligência para debelar o tráfico sem precisar do confronto, e de repartição pública porque após as dezessete horas os policiais batem o cartão e vão embora. Resultado: a população do lugar conflagrado fica exposta durante o dia aos tiros dos traficantes locais contra os PMS e depois fica à mercê da própria sorte, quando os traficantes de facções rivais tentam se aproveitar da fragilidade do grupo dominante e invade a favela para tomar as rédeas e controlar o mercado de drogas local.

Outro eufemismo que costuma dar nos nervos é quando se fala nas crises na saúde e na educação. O futuro prefeito diz que vai acabar com a aprovação automática, quando na verdade ele vai apenas camuflar algumas deficiências do sistema educacional do município, que é o mesmo de todos os outros municípios do Brasil. Enquanto os professores ganharem salários infames e não forem verdadeiramente capacitados para o trabalho nesses novos tempos, de nada adiantará a farta distribuição de laptops que foi feita lavando-se uma boa grana. Tem professor que ainda não sabe ligar o dito cujo, outros que sabem até ligar, mas usá-los são outros quinhentos. Outros mais não conseguem desligar o notebook, alguns vêm com o Windows Vista, que é complicado para iniciantes. Enfim, bastava-nos só um palmtop, com ele se pode fazer tudo o se faz (em termos de educação) com um laptop, porém oitocentos reais a menos no preço e quatro quilos a menos no peso.

Na saúde convivemos com a dengue, e o disk-dengue foi desativado por causa do excesso de ligações. Não sei se isso é piada de humor negro ou se é mais um eufemismo ou ironia daqueles sem-vergonha (os responsáveis por desativar o serviço, lógico). Outra amenização catastrófica é a de que as três esferas de poderes se juntarão para debelar o mosquito da dengue, e que a epidemia será menor. Ora, se haverá epidemia, como pode ser menor, epidemia é epidemia e se bobear vira pandemia e se bobear ainda mais pandemônio. Ora, se algum dia os três governantes executivos se juntarem, as chances de sucesso será imensa, mas sem a população fazer o seu trabalho de nada adiantará o esforço. Mas a população é embalada no soninho eterno, paparicada demais... Esse populismo acaba estragando todo tipo de esforço.

Bem, paro por aqui, porque meu pessimismo shopenhauerano já está atacando a minha azia, e meu médico recomendou-me desestressar para debelar a minha síndrome do stress. Por isso, lembre-se sempre: ponha sua máscara, dê risadas das palaçadas alheias, chore com quem sofre e amenize seu sofrimento. Seja: metonímico, metafórico e irônico-eufêmico. E seja feliz!

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