I – Teleomunicações – Breve histórico
Quão delirante foi a evolução das teles, veja só: Em 1844, Samuel Morse inaugura o telégrafo; 1876, Alexander Graham Bell inventa o telefone; 1900, surge o teletipo; Guglielmo Marconi, transmite sinal de rádio; anos 40, primeiros computadores; 1958, Jack Kilby inventa o circuito integrado; 1962, Telstar, comunicações por satélites; 1978, AT & T / Telefonia celular, 1983, 1ª transmissão com fibras óticas; 1991, criação da WWW e navegadores; 1998, estréia do Iridium; 2002, um ano depois da odisséia, muitas previsões se concretizaram.
II – Meu bem... Meu mal – As redes tecnológicas, o Cyber espaço, o Metaverse e seu uso dúbio
"Na atualidade, a Internet pode ser considerada como uma das maiores forças de comunicação já instituída pelo homem, uma rede de milhões de computadores inlerligados, podendo incluir desde super computadores, até um PC antiquado. Na Internet estão interligadas empresas, universidades, instituições públicas de todos os países do mundo. além das residências." (M@RCIO. A Internet e os Hackers. São Paulo. Chentel Editore.2000)
Nestes novos tempos, a vida já não se restringe mais ao espaço físico, ela também está sendo disseminada pelos meios etéreos, aproveitando-se da 3ª Revolução Industrial, a Revolução Tecnológica, o setor quartenário: nas comunicações em tempo real, no cyber espaço, no metaverse, dos ambientes em rede, nas relações on line e em salas de bate papos virtuais, sendo fruto e contribuindo para a Globalização e a “queda do muro de Berlim virtual”.
Mas, temos que falar da utilização danosa da tecnologia: do telefone móvel (celular) pelos criminosos dentro e fora dos presídios, estes ícones do avanço e desenvolvimento técnico, eletrônico e científico, a Internet e os Money cards, também tem se prestado à todo tipo de violência. No caso dos cartões de débitos e créditos, poderíamos nos dar por satisfeitos, vieram para facilitar as nossas vidas, nosso capitalismo tupiniquin, ou seja podemos comprar à vista ou à prazo sem ter dinheiro vivo na mão, seguros de que não tendo dinheiro, não seremos assaltados. Ledo engano, os mal feitores virtuais estão sempre um passo à frente da tecnologia e conseguem produzir todo tipo de violência possível nos meios tecnológicos, seja clonando os cards e os celulares, ou então usam filmes fotográficos para copiar a senha dos desavisados usuários que ficam com os cartões de banco presos nas máquinas de fazer doidos que estão disseminadas pelos estacionamentos de supermercados, quando não acessam, de algum computador nos modernos Cyber Cofees, as contas bancárias de qualquer um, escolhido à sorte, e sacam todo o dinheiro alheio, sabendo que dificilmente serão descobertos.
Se, por um acaso, estiveres desesperado, por uma informação (como eu agora, por exemplo, tentando encontra site sobre o mote desta pesquisa), pode desistir, ou tenha bastante paciência, mas se estiveres querendo ver uma ‘bela’ moça fazendo Streep tease, tirando toda a roupa, já tão sumária, que veste, é só acessar os vários sites pornográficos que proliferam pela WEB. Se teu caso for zoofilia, pedofilia, fetichismo, todo tipo de perversão sexual... o site é rapidamente acessível, caso queira conhecer as armas mais letais, ou então montar uma bomba de fabricação caseira, que os palestinos ou os terroristas do Ira, ou então a do ETA estão usando, tudo bem ... você está no caminho certo. Como uma versão surrealista de ‘A Rede’ ou ‘Matrix’, nos sentimos, mesmo que sitiados, tendo que decorar oito algarismos e mais três letras para termos alguma segurança neste violento embate virtual entre o bem e o mal tecnológico, mesmo sabendo que é inútil tudo isso.
Isso nos leva a crer que a tecnologia que deveria estar à nosso favor, na verdade também vem trazendo prejuízo para o cidadão comum. A quantidade de emprego que vem sendo subtraído devido, a colocação de maquinetas de auto-atendimento, o mesmo também vale para os bancários que perderam suas vaga para as maquinas que antes eram nossos fliperamas, ou a secretária eletrônica, apenas. Não que essas pessoas que nos atendiam do outro lado das linhas telefônicas ou no caixa do banco fossem um primor de educação, mas convenhamos essa tal automatização já passou dos limites, ainda mais num país com tanto desemprego.
III – Minha breve história citadina contemporânea
É sábado, acordo às 10, como de costumo ligo o computador, um vetusto 486, com um modem Lucent, e acesso a página do Estadão On Line, leio as últimas notícias. Não levo dez minutos e já estou bem informado... abro meu e-mail e depois converso com meu sobrinho, via sala de bate papo virtual, sobre o mais novo game que ele está testando para uma empresa japonesa que usa latino americanos e indianos como beta testing. Este tipo de trabalho proporcionado pelo cyber – espaço veio a calhar para ele, pois é portador de distrofia muscular, é dificil se locomover e jamais poderia trabalhar como office boy.
Depois, ligo para minha mãe em seguida, antigamente teria de ir a casa dela pessoalmente e ainda comer da comidinha sem sal da velha, mas gente idosa adora telefonar, também pudera, eles quase não conheciam o tal do Graham Bell. Sinto-me como um daquelas personagens do filme “Denise chama”, vivendo no melhor dos mundos.
Mas a campainha toca. É uma senhora de aproximadamente 70 anos, ela é negra, está suja, meio inchada, falta-lhe dentes e carrega uma carrocinha feita com uma carcaça de geladeira Cônsul velha, na qual pude avistar muito papelão, garrafas Pet, latusas de alumínio e outros gad gets. Ela não me pediu esmola como eu imaginava, apenas queria um copo d’água para poder molhar a garganta na dura caminhada até o ferro velho que recicla materiais no bairro. Bebeu o conteúdo de dois copos, pegou sua carrocinha e sumiu no horizonte citadino.
Sentei a mesa para o almoço esbravejando, é a patroa ao telefone com os parentes, a menina fofocando no celular... (sabe como é adolescentes!) e o menino no video game, lá em casa era sagrada esta hora! Sentamos todos e meu garoto pergunta: – Será que a velhinha pretinha vai comer alguma coisa hoje?
Nesse momento reparo que não vivo no melhor dos mundos, e que enquanto minha vida está mais para “Denise chama” o daquela pobre senhora abandonada pela Previdência Social, está bem mais próximo de “Ilha das Flores”.
De fato, que contraste! Mas quantos mais não temos, e até piores, neste país que é o campeão em desigualdade social, onde mesmo numa cidade, como Porto Alegre, que está em 1º lugar no IDH brasileiro (em 2002, quando o texto foi escrito)abriga-se um paraíso às avessas como a Ilha das Flores.
IV – Para concluir
A modernidade, introduzida em nosso país pelas grandes potências tecnológicas e econômicas do Norte, através das Revoluções nas telecomunicações e Industriais e pelo capitalismo neo-liberal especulador, vem se impondo em todo “Terceiro Mundo”, trazendo embutida em seu conceito, a noção de hierarquização, sobrepondo o meio urbano sobre o meio rural, o meio etéreo (virtual) ao meio real, num modelo social e econômico inadequado, que inviabiliza nosso desenvolvimento, desempregando, através da modernização da agricultura, um enorme contingente, fazendo com que migrem para as cidades onde causam um inchaço, exaurindo seus recursos já parcos, pela falta de emprego, que nem mesmo para os citadinos existe em número suficiente, devido as privatizações e enxugamentos e de sub-emprego, gerando ainda mais aberrações sociais.
Devido ao superpovoamento humano na Terra e ao capitalismo rural, os homens vem disputando alimentos com animais e saem no prejuízo, pois os animais, como os porcos (do Curta Metragem – Ilha das Flores), que são bem melhores tratados do que os seres (sub?) humanos, tendo até indústrias que se preocupam com a plantação de soja para ração, apesar de comerem sobras, que ainda são bem mais dignas do que as ‘sobras das sobras’ que por final, não servindo nem aos porcos, são atiradas aos seres humanos de ‘segunda categoria’, é, de fato, desalentador. Existe uma solução para tudo isso e não é tão fantasiosa, não é uma quimera social, basta cada um fazer a sua parte e dividir o que possui (Betinho).
V – Fontes de Pesquisa e Inspiração:
COMPUTADOR, A máquina do século. Discovery Comunications, inc, 1994;
Revista Época. “Alô, Alô! Fale mais rápido!”, 15/03/1999 – pág 58 à 63;
Revista Isto é. “Caiu na Rede é lucro”, 05/01/2000 – pág 92 à 99;
Cadernos da Comunicação. Por Eduardo de Carvalho Viana. Prefeitura do Rio, 2001;
CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede. SP. Paz e Terra, 1999;
M@RCIO. A Internet e os Hackers. São Paulo. Chentel Editore, 2000;
NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. SP. Companhia das Letras, 1995.
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