quinta-feira, 24 de julho de 2008

ENTROPIA: ENTENDENDO A VIOLÊNCIA URBANA - AS GRANDES ESCOLAS DE VIOLÊNCIA

Pais e Filhos: Laços desatados de família

Apesar de ter a função de proteger, a família tem se constituído em verdadeira escola de violência, o quadro fica pior quando sabemos que em casa as coisas são tão piores do que nas ruas, que muitos jovens preferem a segunda em detrimento da primeira, toda sorte de abusos tem sido praticado no lar, contra mulheres e crianças, por pais ou mães alcoólatras ou toxicômanos, ou às vezes sádicos, pedófilos e pervertidos pelos baixos instintos que acometem os seres humanos.
Os valores familiares há muito deixaram de ser o ideal para a formação da nossa sociedade, se é que algum dia a família chegou a ter algum ‘valor’ realmente familiar. Para sabermos como isso acontece, façamos um feed back para conhecermos como se formou a família, como a conhecemos hoje.
Quando vivíamos em cavernas, a nossa última preocupação era com a educação e com os valores familiares. À medida que íamos evoluindo fomos nos aproximando mais e mais dos nossos entes mais próximos, e com a ajuda de alguns animais domésticos, que nos desoneraram de alguns afazeres básicos: segurança (cão), transportes de cargas (gados) e companhia (verdade! Os animais nos ensinaram a ser companheiros de outros de nossa espécie) passamos a ter mais tempo livre para nossa socialização.
Da pré-escrita até a idade medieval o valor da família inexistia, dava-se mais valor aos pertences materiais e animais do que aos filhos (que em geral eram muitos e ‘impessoais’ para os pais), por exemplo, uma espada ou um cavalo valia mais do que a esposa ou um filho. A família só passou a ser ‘valorizada’ com as revoluções burguesas, mesmo assim, com a Revolução Industrial era comum que os pais explorassem seus filhos, botando sua prole em peso para trabalhar em condições sub-humanas, o mesmo se dava no campo, onde quantos mais filhos se tivesse mais mãos para plantar e colher.
No período colonial, conheceu-se a família patriarcal tradicional, onde o dono das posses (terras, escravos, etc.) era como um semi-deus, podendo tudo e perpetrando todo tipo de atrocidade, como por exemplo, engravidar as escravas e só assumir os filhos bastardos por medo da igreja e de ir para o inferno. Era uma família deformada, onde a mulher e as filhas eram praticamente sombras do senhor do engenho, os filhos homens travavam uma luta ferrenha para sobreviver às expectativas do pai, se fosse o primogênito então, ai a cobrança seria mais implacáveis ainda, e os caçulas geralmente eram completamente ignorados.
Foi só a partir do século XX, mais especificamente após a Primeira Grande Guerra Mundial que as pessoas passaram a dar mais atenção para os seus entes mais íntimos e a cuidarem melhor da sua prole, conseqüentemente essa valorização passou até para entes da família mais afastados (tios, tias, avós, avôs, primos e primas) e posteriormente para pessoas que nem ao menos eram familiares como os órfãos que eram adotados ou cuidados por pessoas da comunidade ou pela igreja. Mais tarde, pós Segunda Grande Guerra Mundial, a família passou a tomar uma proporção exagerada na vida das sociedades, superando inclusive a noção de comunidade que era muito comum na Europa do pós Primeira Guerra Mundial. Isso se deve ao modelo Norte Americano de família (aquela com um automóvel na garagem; com pai, mãe e filhos em volta da televisão bastante patriarcal), muito parecida com a família patriarcal do período colonial, como se fosse uma reedição, porém desta vez o egoísmo e o consumismo, associado ao machismo e ao hedonismo passou a ser marca registrada de sucesso e conforto para o mundo, situação essa que alcançou o mundo através de Holliwood.
Com o advento do rock in roll, do feminismo, do divórcio e da ameaça do comunismo/socialismo, essa família patriarcal deu lugar a outra menos engessada, porém com mais confronto de idéias (o tão propalado conflito de gerações), os novos modelos familiares tinham de tudo, e o que parecia ser um avanço, mostrou-se um retrocesso, pois os ‘retratos na parede’ agora mostravam padrastos e madrastas, mães e pais solteiros, avós que criam netos de pais falecidos e casais de mesmo sexo. Não que seja pior, mas é diferente, e o que é diferente choca. Também não foi um avanço, pois ficou claro que a autoridade deixou de existir em muitos desses lares. Retrocedeu também a idéia de comunidade conquistado no início do século XX, após a Primeira Guerra Mundial, quando as pessoas valorizaram a pátria, a família e a o lugar mais proximal onde viviam, dando espaço para grupos radicais, a segregação e a xenofobismos.

Concluindo

Apesar de não serem os modelos de famílias ideais, o paternalista norte-americano do pós Segunda Guerra e o comunitário europeu do pós Primeira Guerra eram, sem dúvida, melhores do que este modelo moderno e anárquico de família que ai está na maioria das cidades grandes do mundo. Por não dar conta do mínimo necessário em saúde, conforto, educação e segurança para seus entes, a família moderna é uma verdadeira escola de violência, onde os piores e hediondos crimes são cometidos em seu seio, sendo que o que realmente aparece na mídia é apenas a ponta do iceberg dos abusos que ocorrem dentro das famílias.

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