quinta-feira, 31 de julho de 2008

O CIBERESPAÇO – NOVAS CONSIDERAÇÕES

Século XXI: Mundo eletrônico influenciando a produção e o serviço

O século XXI consolidou de uma nova forma de economia eletrônica e virtual. Ou e-conomi, como a batizaram os norte-americanos, que envolve o e-commerce, e-service, e-business, toda essa tecnologia aplicada ao comércio, aos serviços, às indústrias e aos negócios, tornou plausível a terceira fase da globalização, a técnico-cientifico-informacional (segundo o falecido e inesquecível geógrafo Milton Santos) e o melhor exemplo são os bancos, os primeiros a mergulhar de cabeça na economia eletrônica e suas facilidades e lucratividade. Uma transação feita pela internet custa um terço de uma operação no caixa eletrônico, que sai pela metade de uma por telefone fixo, que também gasta a metade de uma na boca do caixa na própria agência.

As bolsas de valores no mundo todo também se apropriaram dessa riqueza tecnológica para melhorar seus serviços e aperfeiçoar seus ganhos, agora o mercado financeiro funciona vinte e quatro hora diariamente, pois quando uma bolsa de valores fecha na América do Norte, outra estará se abrindo na Ásia, dinamizando o seu processo e mantendo ativos os pregões.

Mas nem tudo são flores, até a bandidagem já reparou que as coisas estão facilitadas ultimamente. Um bom (ou mau) exemplo são os cyber-traficantes que têm obtidos lucros extraordinários com os meios eletrônicos. Eles também utilizam software para codificar mensagens. E em salas virtuais de bate-papo na internet, onde são protegidos por mecanismo contra intruso, eles ficam à vontade para negociar o preço de seus ‘produtos’. Celulares clonados, com números que mudam periodicamente, ou telefones via satélite, completam a rede de comunicação do mal, deixando os meliantes com poderio suficiente para mandar executar rivais, fazer extorsão e organizar quadrilhas, mesmo dentro de presídios.

Os telefones fixos são outro item em forte expansão, reflexo das privatizações. O índice de lares plugados ao sistema telefônico passou de 19,8% do total, 1993, para 32% em 1998 e nesses dez anos só não cresceu exponencialmente devido ao custo de infra-estrutura sendo mais lucrativos os celulares. Porém, apesar de todos esses avanços, a miséria e a fome ainda resistem, nunca o ser humano criou tanto e mesmo assim não conseguimos debelar as mazelas humanas.

O Brasil figura entre as dez nações de economia mais forte do mundo, dependendo do ponto de observação podemos ficar até na oitava posição. Mas nas grandes cidades brasileiras, como por exemplo, Porto Alegre, ainda existe um bolsão de miséria como a Ilha de Flores do documentário.

Quando o campo entrou em colapso, por excesso de gente e falta de oportunidade, começou uma intensa migração rumo às captais industrializadas, a migração não produziria grandes problemas se as cidades pudessem gerar riqueza suficiente para oferecer condições de vida satisfatória dos que chegam e absorver essa massa de gente. No entanto, nas metrópoles brasileiras se observam hoje manifestações de miséria em diferentes estilos, desde os moradores ruas até as favelas que se alastram.

Conclusão: alguns poucos felizardos desfrutam das tecnologias, da terceira revolução industrial e dirigem carros importados blindados, morando em mansões ou em penthouses de auto-segregação; outras pessoas tentam sobreviver dignamente, trabalhando exaustivamente pagando crediários desde carro popular até financiamento da casa; enquanto isso, uma parcela significativa da humanidade ainda vive numa espécie de pré-história extemporânea, não tendo nem o que comer, nem onde morar. Nos tempos de globalização e tecnologia a miséria e a desigualdade social vêm aumentando demasiadamente e em escala mundial em um mesmo espaço vem aumentando em escala mundial.

GEOPOLÍTICA DO ORDENAMENTO URBANO: CIDADES NADA CIVILIZADAS

De fato a boa educação deveria ser um bem primordial da espécie humana, não me refiro a aquela educação adquirida na escola, pois essa jamais será alcançada sem a base que todos deveriam trazer das suas casas. O que vemos hoje em dia é a responsabilidade de toda forma de educação ser jogada nas mãos dos professores e da escola. Convenhamos não é esta a melhor maneira de desenvolver cidadãos críticos e pensantes, porque a base já está chegando esfacelada e por mais que tentamos dar qualidade à educação, esta fica comprometida devido ao fato de alunos chegarem à escola totalmente sem educação prévia dada pela família, sendo que alguns tremendamente influenciados pelo comportamento dos marginais das periferias urbanas, outros até mesmo ameaçadoramente perspicazes em determinadas áreas do crime organizado que domina o nosso estado.

Vivemos, de fato, em dias muito turbulentos; a família está sendo destruída, a escola sucateada, a televisão criando ignorantes, os três poderes dando péssimos exemplos de conduta e o total desgoverno, uma espécie de anarquia, não aquela anarquia construída por avançado estágio político de uma sociedade e sim a anarquia pejorativa, construída por ausência total do governo nas áreas que lhes dizem respeito.

Não é só na escola que a falta de educação está dando sua cara. Nas ruas e nos ambientes internos urbanos também, haja vista a quantidade de óculos da estátua do Drummond que precisa ser trocada e as placas de metais que são constantemente roubadas no Rio de Janeiro, numa total falta de civilidade. Daria para contar quantas vezes pisaram em nossos pés e não pedem desculpas (às vezes é melhor nós pedirmos), quantas vezes interrompem nossas conversas sem pedir licença, entram na nossa casa sem consentimento e até tiraram o ‘por favor’ do vocabulário e da linguagem informal (nos memorandos e ofícios ainda existe, ainda bem!), a falta de educação secular é tão grande, que quando tem algum homem que se lembra dessas regras áureas acima citadas, este é difamado e rotulado de fresco ou afeminado, todo mundo acha aquele vizinho que é muito educado, esquisitão e se ele não cuspir no chão e não coçar as partes íntimas em público (que deveria ser atentado ao pudor), estará confirmando a suspeita: ele é homossexual.

Acho que esta é uma batalha perdida à curto prazo, talvez ainda possamos ganhar a guerra contra a má educação, mas por enquanto não vai dar para desfazer as mazelas de décadas de descaso, com atos isolados, seremos sempre tachados de mocinhas, afeminados, bobalhões e otários, por termos uma atitude branda e educada perante outrem; não quero dizer com isso que deixaremos de lado o investimento pessoal que nossos pais fizeram para nos educar para nos tornarmos seres brutos como a maioria que habita a urbe, apenas estou certo de que todo esforço que fizermos será como tentar capturar o vento, como diz Salomão em Eclesiastes. Para reverter esse quadro de descaso com a educação familiar e escolar teríamos que preparar as futuras gerações, e não é isso que ocorre.

Mas a fórmula é relativamente simples, seria preciso décadas as seguintes coisas: muita vontade política, com o fortalecimento das instituições e das famílias e programas de renda mínima com os pais prestando contas; combate ao crime organizado, não o embate, mas asfixiando o narcotráfico e usando inteligência e estratégia para debelar o crime, além de tolerância zero com pequenos crimes; investir na melhoria da qualidade de vida das comunidades pobres, com saneamento, creches, etc. coisa que a prefeitura do Rio de Janeiro começou a fazer, mas depois abandonou os pobres a sua própria sorte; e por último usar as novas tecnologias para vigiar os aparatos públicos, mesmo que isso invada a privacidade de alguns, mas o sossego e a segurança da maioria deve imperar sobre as atitudes comezinhas de uma pequena parte da população que quer fazer besteira e ficar anônima, para isso podem ser usadas câmeras espalhadas por todo lado transmitindo imagens pela internet.

Acho que só assim poderíamos ter, à longo prazo, algum fruto à colher em termos de uma melhor educação cidadã secular e escolar.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A GEOPOLÍTICA DA CRISE DOS ALIMENTOS

O QUE HÁ DE VERDADEIRO E O QUE É FALÁCIA NA CRISE DOS ALIMENTOS

A crise de alimentos pelo qual o mundo passa é artificial. Primeiro porque na verdade não há falta de alimentos e sim um desvio do que é produzido, além do já tão propalado desperdício. O que há de verdade é que realmente populações de países pobres estarão sofrendo com a escassez de víveres nos próximos anos, devido a ruína de suas agriculturas, aos subsídios que os países hegemônicos dão a agricultura de seus filhos e pela situação de guerra e crises naturais ou epidemiológicas pelas quais passam.
Em relação ao Brasil, estamos passando por período de entressafra de alguns alimentos, e tendo problemas sérios com a importação de insumos, como é o caso do trigo e aqui, como no mundo em geral, os preços exorbitantes do barril do petróleo acaba encarecendo (por efeito dominó) toda a cadeia de produção e distribuição de tudo inclusive de alimentos (o fertilizante e combustível são baseados no petróleo).
A ONU recentemente acusou os bio-combustíveis de serem os vilões pela crise de alimentos, dizendo que estavam trocando áreas plantadas com comida, por cana-de-açúcar e milho para produção de etanol. Ora, isso é balela, pois no Brasil isso não se aplica (ainda), porque temos uma base canavieira já consolidada e tradicional, e os novos locais de plantio são zonas de pastos e agriculturas esgotados.
Isso muito nos parece mais um lobby da poderosíssima indústria do petróleo, o que seria muito normal, uma vez que ninguém é inocente o suficiente a ponto de imaginar que as grandes empresas transnacionais do petróleo deixariam o óleo de ouro negro escorrer pelas suas mãos e do outro lado uns paisecos da estirpe do Brasil e da Índia dominando o mundo (por pouco tempo, claro) com o seu etanol ecologicamente correto (o CO2 que produz o álcool combustível é capturado pela lavoura de cana).
A alegação da ONU serve apenas para o etanol de milho produzido pelos EUA, esse sim ocupa áreas alimentícias com combustíveis. Mas ai o buraco é bem mais embaixo e a velha senhora sexagenária coloca o rabo entre as cambaleantes pernas.

Veja esses vídeos e entenda melhor essa crise:







A GEOPOLÍTICA DA CRISE DOS ALIMENTOS: A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA

Soluções: Prioridade Para as Crianças e Jovens Pobres

Os menores de idade representam quase metade do universo dos miseráveis brasileiros. Daí porque é importante priorizar os programas sociais para os jovens, como a política de cotas para estudantes de escolas públicas nas universidades do governo e alguns dos programas governamentais de renda mínima, como as ‘políticas cangurus’ das bolsas família e escola para manter as crianças pobres longe do trabalho abusivo e dentro das escolas. Uma vez dentro das escolas, caberá às secretarias de educação e aos professores a formação destes cidadãos em potencial.

FONTES:

• Revista Veja. 22 de Dezembro de 1999, p. 200 e 201.
• Revista Veja. 23 de Janeiro de 2002, p.82-93
• Superinteressante. Edição 174, Março de 2002, p. 47-51
• Superinteressante. Edição 187, Abril 2003, p.37

A GEOPOLÍTICA DA CRISE DOS ALIMENTOS: COMIDA PARA QUEM PRECISA

COMIDA É O QUE NÃO FALTA

Vinte e três milhões de brasileiros passam fome. E todos os dias nós jogamos fora no país comida suficiente para nutrir cerca de dezenove milhões deles. Precisamos fazer esse alimento chegar ao estômago de tanta gente, através de uma logística que transporte essas sobras dos restaurantes, feiras e supermercados até quem precise. Também precisaríamos de mudanças nas leis para que aqueles que doem as sobras não sejam acionados caso haja algum incidente de percurso (intoxicação, contaminação, etc.). E acima de tudo precisamos incentivar aqueles que ainda não despertaram para a doação de sobras alimentícias com incentivos fiscais.
Hoje, só cerca de 40% da produção agrícola vira comida no prato de alguém, o resto fica pelo caminho perdida no transporte ou descartada pela aparência, e as sobras são descartadas.

No lixo

De cada cem caixas de produtos agrícolas plantados, só trinta e nove são consumidos por alguém. Precisamos levar essas sessenta caixas de cem que se perdem até a mesa de quem passa fome. Evitando perdas nos caminhões e jogar fora o que ainda serve.
Desperdício: Embora seja possível aproveitar 100% do lixo, só 13% é efetivamente aproveitado, principalmente com a reciclagem de papel, lixo orgânico, vidros, plásticos e metais. Cerca 14% do alimento vai para o lixo. Nada mais nada menos que 39.000 toneladas de comida que poderiam ser reaproveitadas como alimento. Muito disso, porque a Lei puniria caso essa comida chegasse a mesa de quem precisa e ocorresse algum tipo de problema, ai os supermercados e restaurantes preferem descartar esse monte de comida.

Vamos acompanhar esse processo:
• 20% perda no plantio e na colheita.
• 8% perda no transporte e no armazenamento.
• 15% perda na indústria
• 1% perda no varejo
• 17% perda no consumidor
• 39% restante que chega a ser consumido

FONTES:

• Revista Veja. 22 de Dezembro de 1999, p. 200 e 201.
• Revista Veja. 23 de Janeiro de 2002, p.82-93
• Superinteressante. Edição 174, Março de 2002, p. 47-51
• Superinteressante. Edição 187, Abril 2003, p.37

A GEOPOLÍTICA DA CRISE DOS ALIMENTOS: COMO A FOME AFETA O ORGANISMO

O ORGANISMO REAGINDO À FALTA DE ALIMENTO

Quando uma pessoa para de se alimentar, deixa de fornecer ao corpo o essencial: energia garantida pela glicose. É necessária a ingestão de cerca de 1.700 calorias só para manter o metabolismo do corpo. Se não ingerimos, o corpo começa literalmente a “queimar calorias” para se manter vivo. O cérebro também vai perdendo a capacidade de comandar o corpo, a pessoa sente tontura, enjôo, náuseas e tem dificuldades para raciocinar. O cérebro, que percebendo a situação de falta de energia, manda mensagens para que os órgãos trabalhem menos afim de que os mesmos consumam menos energia. Se o organismo usar seus próprios recursos até o esgotamento e a situação de fome persistir, a máquina pára e a pessoa morre.

FONTE:

• Superinteressante. Edição 187, Abril 2003, p.37

A GEOPOLÍTICA DA CRISE DOS ALIMENTOS: A MISÉRIA É NOSSA

A MISÉRIA, A NOSSA, É INEXPLICÁVEL...

O Brasil é um dos mais ricos países dentre os países emergentes e subdesenvolvidos, e é o que, na média, têm o maior número de pessoas miseráveis no mundo dentre o conjunto dos países industrializados em desenvolvimento que é formado por Argentina, México, China, África do Sul, Paquistão e Índia, esta última que tem o maior quantitativo absoluto.
Temos um PIB (produto interno bruto) per capta de cerca de cinco mil dólares. Isso torna inexplicável a pobreza extrema de 23 milhões de brasileiros, mas também mostra que o problema pode ser atacado com sucesso se desenvolvidas políticas de inclusão social e combate a pobreza.
Porém o Brasil é um caso único. A miséria espanta em qualquer lugar do mundo, mas no caso do Brasil é moralmente inaceitável porque o país é o que tem o maior potencial agrícola do mundo, dando credibilidade ao ditado que diz: “Aqui se plantando tudo dá.”

O Culpado no Nosso Caso: Modelo Concentrado e Concentrador de Renda e Terras

O Brasil gasta cerca 21% do produto interno bruto na área social, mas os pobres ficam com a menor fatia desse dinheiro. Os 10% mais ricos da população recebem quase a metade dos recursos distribuídos entre aposentadorias milionárias, e essa conta também serve para a distribuição de terras agricultáveis no Brasil, onde a minoria detém quase 95% das terras. Cerca de 60% dos gastos com educação financia as universidades do governo, onde estudam os integrantes do topo da pirâmide, porque a competitividade é trapaceada devido às melhores escolas que os filhos da classe média alta e dos ricos estudam. Só cerca 2% das despesas sociais são destinadas a investimento em saneamento básico.

Vivendo Como Animais

Completamente excluídos das engrenagens de desenvolvimento da sociedade, os miseráveis são reduzidos a uma condição subumana. Seu único horizonte passa a ser a luta feroz pela sobrevivência.

FONTES:

• Revista Veja. 22 de Dezembro de 1999, p. 200 e 201.
• Revista Veja. 23 de Janeiro de 2002, p.82-93
• Superinteressante. Edição 174, Março de 2002, p. 47-51
• Superinteressante. Edição 187, Abril 2003, p.37

A GEOPOLÍTICA DA CRISE DOS ALIMENTOS: O MUNDO NO SÉCULO XXI

O MUNDO NO SÉCULO XXI, ALIMENTO EM EXCESSO OU EPIDEMIA DE FOME

Nunca houve tanta comida no mundo, mesmo assim 800 milhões de pessoas estão passando fome. A humanidade conseguiu realizar uma proeza no século passado, através da Revolução Verde e das novas técnicas agrícolas, também com a ajuda da biotecnologia e dos alimentos transgênicos, ela conseguiu desmentir a equação formulada por Thomas Malthus no século 18 que previa: “a população cresce em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos, em progressão aritmética, sendo assim chegará uma hora em que haverá um descompasso entre a quantidade de pessoas e o alimento para sustentá-la”.

A pobreza é implacável, veja os seguintes dados:

• UM BILHÃO DE PESSOAS HABITAM EM FAVELAS;
• UM BILHÃO DE PESSOAS NÃO TEM ACESSO A ÁGUA POTÁVEL;
• UM BILHÃO E OITOCENTOS MILHÕES DE PESSOAS NÃO TÊM ACESSO A TRATAMENTOS SANITÁRIOS E A DESTINAÇÃO ADEQUADA DOS ESGOTOS;
• UM BILHÃO E TREZENTOS MILHÕES DE PESSOAS VIVEM COM MENOS DE UM DÓLAR POR DIA, OU SEJA, EM ABSOLUTA SITUAÇÃO DE POBREZA;
• MORREM CERCA DE OITO MILHÕES DE CRIANÇAS POR ANO DE DOENÇAS RELACIONADAS À FALTA DE SANEAMENTO.

FONTES:

• Revista Veja. 22 de Dezembro de 1999, p. 200 e 201.
• Revista Veja. 23 de Janeiro de 2002, p.82-93
• Superinteressante. Edição 174, Março de 2002, p. 47-51
• Superinteressante. Edição 187, Abril 2003, p.37

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A Geopolítica dos alimentos transgênicos 3: São os transgênicos que fazem mal ou é a ignorância que atrasa o progresso?

Chegamos à conclusão de que não se deve proibir apenas por preconceito ou ignorância o uso dos OGMs, por outro lado, também não deveríamos deixar a sociedade de fora desta discussão, pois ela é a maior interessada no assunto, pois diz respeito diretamente à sua saúde e a do meio ambiente.

As pesquisas ainda são ínfimas, o que leva a crer que há má intenção de grupos que querem a todo custo a difusão do uso dos transgênicos, sabemos que o efeito danoso destes organismos no ecossistema e no nosso próprio organismo se dará após várias gerações descendentes destes OGMs. O monopólio na produção das sementes dos fertilizantes, adubos e inseticidas também é deletério, também não podemos deixar as principais empresas agrônomas de fora da produção e do conhecimento das novas técnicas e tecnologias.

Há que se fazer mais experimentos, mais pesquisas em laboratórios de preferência neutros, inicialmente utilizar os OGMs em circuito fechado até a sua total dissecação, para que todos venham a ter certeza de sua utilidade e depois disso a sociedade dar o parecer final a respeito do seu uso em maior escala. Além disso, o Brasil dá provas de que é competente em pesquisas e desenvolvimento de técnicas de seqüenciamento do genoma de várias bactérias que atacam nossas lavouras, e em produção de alimentos, por cruzamento na mesma espécie de plantas mais resistentes.


A Geopolítica dos alimentos transgênicos 2



Definindo OGM

(Organismos Geneticamente Modificados)

Sem dúvida um dos assuntos mais amplamente discutidos na atualidade, os organismos geneticamente modificados, são uma realidade no nosso cotidiano. Já se vê produto modificado nas prateleiras de supermercados, mesmo que sem o devido aviso nos rótulos, que é uma exigência do IDEC Instituto de Defesa do Consumidor, por isso devemos conhecer melhor o que é o OGM ou transgênicos.

Mas, afinal de contas o que um OGM, os Organismos Geneticamente Modificados? Como já dissemos o OGM, Organismo Geneticamente Modificado, é na verdade, um organismo, seja do reino animal ou vegetal, que fora modificado geneticamente para satisfazer as exigências previamente determinadas pelo seu produtor.

Para tal é injetado neste organismo um gene selecionado de outra espécie, recebendo essa adição genética ele ganhará alguma característica preciosa, por isso o nome transgênico, o que forçosamente, modificará o seu comportamento e de toda sua descendência.

Alguns exemplos são: a soja da empresa norte americana Monsanto, que foi enriquecida com o gene de uma bactéria, para se tornar resistente à um agrotóxico, o de sua própria fabricação o Raundup; o milho da suíça Novartis, que mata a lagarta, sua predadora natural, por conter em seu DNA modificado, um gene da bactéria Bacilus Turingiensis (BT).

Outras empresas transnacionais como a Du Pont, a Dow Chemical, a Astra Zeneca, a Agrevo, entre outras, também se utilizam da tecnologia OGM, ou produzindo plantas ou insumos, como agrotóxicos, fertilizantes, etc. os quais só funcionam associados às plantas geneticamente modificadas, o que por si só já se torna uma espécie de monopólio biológico.

Essas empresas chegam até mesmo ao absurdo de tentarem patentear o gene da soja, como tenta fazer a tão famosa Monsanto ou criar uma semente previamente programada para cometer ‘suicídio’, como a exterminador, gene da planta saponaria oficcinalis, que é transferido para culturas (soja, milho, arroz...), tornando-as estéreis para um segundo plantio.

Países que utilizam OGMs

Países

Área Plantada

Em milhões de hectares

Estados Unidos da América

28,7

Argentina

6,7

Canadá

4,0

China

0,3

Austrália

0,1

África do Sul

0,1

Fonte: Serviço Internacional para Aquisição de Agrotecnologia (ISAAA) – 1999

Boa parte dos países no mundo todo já utiliza largamente os OGMs, sendo que onde é mais amplamente difundido e aceito é nos Estados Unidos, nosso ‘vizinho de muro’ a Argentina faz parte de grupo seleto de plantadores de produtos modificados, sabendo que muito do trigo e da soja dos portenhos são transgênicos, nós, com certeza, consumimos à larga, em biscoitos, em massas e farinhas, muitos deles disfarçados.

A multinacional norte-americana Monsanto, planta 40 % da soja colhida nos EUA, 55 % da soja colhida na Argentina, faturando em 1999 cerca de U$ 1,2 bilhões. A cada U$ 4,00 que ganha com seus produtos, reserva U$ 1,30 para investir em pesquisas, desenvolvendo seus insumos que são, via de regra, atrelados as plantas, monopolizando, desta forma, todas as etapas do plantio até a colheita, com seus adubos, fertilizantes e agrotóxicos.

Área global plantada

Ano

Área Plantada

Em milhões de hectares

1996

1,7

1997

11,0

1998

27,8

1999

39,9

Fonte: Serviço Internacional para Aquisição de Agrotecnologia (ISAAA) – 1999

Quem lucra com os OGMs?

- As empresas multinacionais são o setor que mais se beneficia, ficando com a maior fatia do bolo financeiro feito com os produtos transgênicos, sabemos que elas não visam a saúde da população o que vale para é o lucro rápido e fácil;

- Países inescrupulosos, que exportam seus produtos transgênicos para outros sem a devida bateria de testes, e/ou usam a terra alheia como cobaia, para não contaminarem as suas, como fazem muitos países europeus.

Quem perde com os OGMs?

- Empresas nacionais sérias perdem muito em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas, pois já compram o produto acabado e não renovável;

- Países que tentam elaborar políticas agrícolas tropicais, adaptáveis ao seu clima e necessidades, pois têm seu solo agredido pela sanha capitalista de plantar para exportar, preferencialmente produtos de plantation;

- O meio ambiente, porque ainda não há estudos sérios que comprovem que os OGMs não tragam malefícios ao solo, a água e aos lençóis freáticos.

A violência da ignorância – Você é a cobaia?

Já são encontrados em diversas redes de supermercados no Brasil produtos a base de OGMs, a saber: Salgadinhos BaCos, cereal Shake Diet, Cup Noodles, creme de milho Knorr, salsicha tipo viena Swift, Supra Soy integral, Nestogeno com soja, Soy Milk, batata frita Pringles Original, Mc Cornick/Bac’on Pices, entre outros.

Isso leva a crer que, além de contribuir para a violência urbana, devido a expulsão de mão-de-obra do campo para as cidades, nós ainda estamos servindo de cobaia ao usarmos produtos transgênicos e importados e como aqueles diversos animaizinhos que morremos de pena ao ver sendo utilizados de maneira tão deletéria nos filmes de ficção científica, e que sabemos serem usados de verdade nos laboratórios da vida real.

Pois bem, não há muita diferença entre eles e nós, apesar dos esforços do IDEC, muitos dos produtos que consumimos são feitos com OGMs, em sua maioria ou levam derivados deles na composição. Estamos servindo de cobaia para a sanha capitalista de empresas inescrupulosas, empresários ambiciosos, se valem da nossa falta de lei específica e lucram com produtos modificados, sem que o consumidor saiba na verdade o que está consumindo. Não que sejamos contra o desenvolvimento da ciência, somos a favor da pesquisa em novas tecnologias para melhorar a nossa agricultura.

Para Ilustrar – Algumas Citações

Algumas das melhores opiniões sobre a utilização de OGMs, vem do próprio meio agrícola, pessoas ligadas ao campo, ou a pesquisa agro-industrial, mesmo entre as pessoas que estão a favor do seu uso, também não há consenso, muitos agrônomos os acham desnecessários, outros vêem meios menos danosos de melhorar as colheitas. Confira nessas citações:

“Ainda não dominamos a técnica a ponto de garantir que não haja risco.” (Miguel Guerra – Secretário da SBPC – Santa Catarina)

“Não temos certeza sobre a segurança da soja manipulada.”

(José Hermetto Hoffman – Secretário de Agricultura do RS)

“A injeção de genes nas sementes não é precisa, o que pode gerar várias reações desconhecidas.
Colocar esses produtos no mercado com os raros testes já feitos é um crime.” (Karen Suassuna – Agrônoma do GreenPeace)

A Geopolítica dos alimentos transgênicos

Os transgênicos no nosso cotidiano

A mesma ciência apregoada pelos anti-eco/neo/malthusianistas como a salvação, literalmente, da lavoura (sem trocadilhos) que viria para aumentar as provisões através de pesquisas, parece mais interessadas em produzir falácias que repercutirão causando discussões acaloradas que aumentarão as vendas de produtos duvidosos, do que em pesquisar modos mais úteis de diminuir a defasagem causada pela superpopulação nos, já bastante escassos, víveres.

Nos últimos anos do século que se findou, e nestes primeiros do novo século e milênio que adentramos, aconteceram progressos e retrocessos na humanidade, a ciência deu mostras de muita utilidade na área da genômica e da biotecnologia, jamais notamos antes tamanho progresso nas ciências e tecnologia. Nem sempre todo este avanço trouxe benesses para a humanidade, muitos deles pelo seu uso duvidoso são praticamente desnecessários e outros são, deveras, bastante perniciosos.

Note nas palavras do Príncipe Charles da Grã Bretanha, que resume o que muitos de nós pensamos a respeito de todo esse pseudo-progresso que tentam, literalmente, nos empurrar ‘goela abaixo’: “As alterações genéticas colocam o homem em domínios que pertencem a Deus.”

Só alguém muito ingênuo, ou pior, mal intencionado, não se dá conta da manipulação das informações à respeito dos alimentos transgênicos, não que esses alimentos sejam bons ou ruins, na verdade ainda nem tivemos tempo de testá-los e conferir se realmente fazem algum mal pra saúde e se sua produtividade e o custo-benefício compensa.

Problema maior é que já comemos esses produtos através de alguns alimentos importados derivados de milho, trigo e soja e alguns nacionais também, pois já temos em nosso país, dezenas de fazendas experimentais, que plantam OGMs em nosso solo e os clandestinos que conseguem sementes transgênicas na Argentina, Uruguai e Paraguai.

Contextualizando

Sem se dar conta você já deve ter ingerido dezenas, senão centanas de derivados dos alimentos transgênicos. Eles estão por toda parte, diretamente da prateleira dos supermercados, até indiretamnte através das rações animais (depois você irá consumir carne, leite e ovos com transgênicos). Por isso é que vale observar melhor a geopolítica (jogo de forças entre os países, as empresas e os produtores agrícolas)da produção e da distribuição dos transgênicos.


domingo, 27 de julho de 2008

A Geopolítica da Produção e Utilização das Armas 2

A Violência Urbana e seus Verdadeiros Fomentadores

Depois da 2ª Guerra Mundial, houve a bipolarização do mundo em torno de duas grandes potências vencedoras do conflito – a União das Repúblicas Socialistas Soviética e os Estados Unidos da América - cada uma delas preocupada em conseguir vantagens estratégicas sobre a rival, estava instaurada a era da Guerra Fria.

Os principais países ricos ocidentais, sob a liderança dos Estados Unidos, com o objetivo de constituir um sistema integrado de defesa contra tentativas expansionistas soviéticas, fundaram uma aliança militar conhecida pela sigla OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em resposta os países socialistas fundaram o Tratado de Varsóvia, o equivalente comunista da OTAN, a priori o que fizeram foi se armarem até os dentes e produzirem tantas armas quantas achassem necessárias, tanto pistolas, metralhadoras e fuzis quanto armas atômicas para um eventual combate que acabou jamais acontecendo, sendo que grande parcela destas armas acaba sobrando, ficando obsoleta ou é desviada e vem parar no lado de baixo do Equador.

Sabemos também, que os grandes culpados pela criminalidade e conseqüentemente pela violência são as grandes potências econômicas e bélicas mundiais, que oprimem os vizinhos menos favorecidos com intromissão na condução de suas políticas e os condenando a práticas que não se enquadram em suas ambições.

Com o fim da Guerra Fria, também aconteceram episódios de fomentação das guerras urbanas, a saber: o desmantelamento do arsenal militar soviético, que teve extraviados armamentos pesados e suspeita-se que até algumas de suas ogivas nucleares obsoletas; a venda de armas exclusivas das Forças Armadas soviética e norte-americana para quadrilhas comuns de banditismo urbano e para as guerrilhas espalhadas pela América Latina, África e Ásia, vide a quantidade de M-16, ar-15, Uzi e AK-47 que encontramos quando nos deparamos, perplexos, com as falsas blitz proporcionadas por encapuzados notívagos que perambulam pelas ruas das grandes cidades dos países periféricos.

Repare o quadro abaixo e perceba que as armas encontradas no Brasil são, geralmente, fabricadas nos países hegemônicos e importadas pelos nossos meliantes desses países do Norte, note que quase não vemos uma IMBEL ‘dando sopa’, apesar de serem excelentes e made in brazil:

Armamento Preferido do Tráfico de Drogas no RJ

Arma

Origem

Ak-47

Rússia

Ar-15

Estados Unidos

Sig Sauer

Suíça

Hk-G3

Alemanha

M-16

Estados Unidos

Uzi

Israel

Fonte: Jornal Extra – 1999 (Adaptado)


Veja os vídeos:




A Geopolítica da Produção e Utilização das Armas 1

Numa mão o ramo de oliveira, na outra... Armas?

Esta frase, dita pelo líder da OLP – Organização para a Libertação da Palestina – Yasser Arafat, e que na integra é bem assim: “...Numa mão o ramo de oliveira e na outra a arma, para proteger o ramo de oliveira...”, revela um cinismo sem tamanho e sem precedentes na história da humanidade, nem mesmo Adolf Hitler foi capaz de usar tão mal as palavras. Isso leva a crer que as armas servem para garantir a paz, e todos sabemos que é muito pelo contrário, se não houvesse armas envolvidas em contendas, o número de assassinatos seria bem menor, isso sem contar os acidentes domésticos.

É como se vivêssemos num mundo de amputados, não se usa mais os punhos para resolver os embates, como antigamente, qualquer discussão de trânsito vira tragédia por causa da maldita arma de fogo. Não que gostaríamos que houvesse mais lutas na mão, mas convenhamos, essa é uma forma de liberar adrenalina sem tantas mortes. Sabemos que é impossível transformar todos os seres humanos em Gandhis, por isso é bem melhor que os combates sejam como antigamente.

A indústria de armas vem andando na contramão há muito tempo, não vivemos mais em um mundo tão beligerante, principalmente quando falamos da realidade pós Guerra Fria, então para que fabricar tanta arma? A razão de tanta arma no mundo é na verdade para manter as grandes indústrias bélicas dos países do Norte (as armas são fabricadas em países desenvolvidos para serem usadas nos periféricos), que no ínterim entre uma guerra e outra descarrega suas artilharias e munições nas guerras e guerrilhas urbanas, mais precisamente nas mãos dos narcotraficantes e terroristas pelo mundo afora.

Outra falácia é que precisamos de armas para a segurança pública e pessoal. Ora, sem querer dar uma de ingênuo, as armas não garantem a segurança de ninguém, em países onde os policiais andam quase totalmente desarmados, a criminalidade é insipiente. Em contrapartida, em países como o Brasil, onde até criança porta armas, notamos a quantidade gritante de crimes, os mais diversos possíveis.

Tudo é uma questão de matemática financeira, quanto mais armas são fabricadas, mais se vende e mais se fatura. Da mesma forma que ninguém se dá conta que quem ganha com isso é sempre o mesmo grupo, os que lucram com a venda de armas, os que fazem fortunas com o narcotráfico e os que arrecadam com os jogos clandestinos. Se fosse liberado o jogo, e se usasse outras estratégias de asfixia e inteligência contra o comércio de drogas, muitas dessas armas deixariam de ser encomendadas por ‘barões do pó’ e ‘reis do bicho’. É um problema principalmente de terceiro mundo, dominado por religiões controversas que numa hora fazem vistas grossas para as armas, para o homossexualismo na Igreja, para o ganho fácil de seus ‘diretores’, etc... Mas batem forte quando o assunto é descriminalizar drogas e liberar os jogos, o aborto e o controle de natalidade.

É realmente um mundo difícil de viver esse nosso, chegamos a ficar, deveras, desanimado em tentar resolver, ou sequer entender os processos que movimentam a violência urbana e principalmente nas periferias. O pior de tudo é saber que o resultado de uma pesquisa mostra que boa parte da população não se incomoda com a continuidade da venda de armas, apesar de que essa pesquisa foi feita pela Taurus, que fabrica armas. Sendo assim, por pretendermos a insuspeita, não perderemos tempo analisando tal informação.

Ora, quem compra um forno de microondas, pretende na verdade tirar o máximo proveito da aquisição, mesmo que depois descubra que ela sirva, na maioria das vezes, apenas para esquentar água. Então, quem irá comprar algo que não vá utilizar até exaustão, em pleno mundo capitalista do use, use e jogue fora? Pensando dessa forma, ninguém comprará um revólver para deixá-lo trancado num cofre, não é lógico, para não usar é melhor nem gastar o suado dinheiro, a não ser que esse dinheiro não seja suado.

Então, quem compra arma, já é criminoso em potencial ou intencional, deveria ser penalizado, pela intenção ou pela propensão de matar alguém... Se mandamos muitas vezes para trás das grades, o pobre coitado que rouba uma fralda ou um pacote de leite longa vida, ou então quem comete algum crimezinho de menor importância como fumar maconha e crack ou cheirar cocaína, por se tratar da intenção de cometer algum crime, pois julgamos que o sujeito que usa droga, a usa para tomar coragem para fazer atos ilícitos, então, o comprador das ‘muletas que atiram’, deveriam ter tratamento parecido. Por que não? Aquele que compra uma arma na verdade está realmente querendo atirar em alguém, ou pagará uma pequena fortuna em uma coisa que não será jamais utilizada? Só alguém muito tolo não concordaria com essa conclusão.

E sei que você leitor não é tolo.

Contextualizando

A Geopolítica nos mostra que, a produção de armas pelos países do Primeiro Mundo tem efeito sentido principalmente no nosso cotidiano de país em desenvolvimento, se você parar para pensar, chegará a conclusão de que as armas que os americanos, suíços, alemães e russos fabricam, não matam seus compatriotas, elas servem para matar os nossos compatriotas, o nosso vizinho e nossos pais, mães, irmãos e filhos.

A GEOPOLÍTICA NO NOSSO COTIDIANO

Pois bem, deixaremos de falar sobre a Entropia: entendendo as causas da violência urbana (quem quiser saber mais é só enviar-me e-mail que mando o aequivo completo) e passaremos a falar sobre o impacto dos fatores e atores geopolíticos no nosso dia-a-dia. Apesar de não percebermos, a maioria das crises que nos parecem domésticas, na verdade tem origens bem distante da nossa área local. A geopolítica está encravada no nosso cotidiano nas coisas que parecem mais comezinhas, desde o batedor de carteira e guerra pelo controle do narcotráfico nas favelas até o preço do alimento no supermercado, passando pela última moda que vestimos ou calçamos. Para todo lado que se olhe ali estará um fator atrelado à geopolítica.

DEFINIÇÃO DE GEOPOLÍTICA

A geopolítica é a disciplina que busca entender as relações recíprocas entre o poder político nacional e o espaço geográfico. Ela procura responder a seguinte questão: até que ponto a ação dos estados nacionais é ou não determinada pela situação geográfica. A geopolítica tem duas finalidades:
1. orientar a atuação dos governos no cenário mundial;
2. permitir uma análise mais precisa das relações internacionais.


Espero que você perceba isso na próxima vez que for usar um caixa eletrônico 24 horas ou comprar o pãozinho francês na padaria do bairro.

Até mais.

Quem é o inimigo? Quem é você?

Polícia, para quem precisa... Quem precisa?

Uma unificação entre as polícias civil e militar seria em teoria muito bem vinda. Mas na prática torna-se dificílimo essa união, o ideal não seria necessariamente unindo polícias apenas, há de se ter mais entrosamento entre os três poderes (Judiciário, Legislativo e Executivo) nas três esferas de poder. Pois bem, o policial não perde mais tempo em prender, porque sabe que o judiciário vai soltar o meliante, isso inibe qualquer tentativa de moralização no país. Torna-se mais fácil assassinar ou arrancar algo do suposto criminoso, do que perder tempo levando-o à Corte, pois será, fatalmente, devolvido à rua e se tornará um problema no futuro para o policial que o prendera e para seus familiares, pois sabemos que a maioria dos policiais brasileiros, mora perto do local de trabalho, do nicho do crime organizado, a saber, nas proximidades das favelas, que deveria adentrar para combater o narcotráfico e outros delitos.

Também ouvimos falar em unificação das polícias, ora unificar policiais corruptos só irá aumentar a força desse poder paralelo, sabemos que o mau exemplo vem dos maiores, são eles que recebem a maior quantia do suborno e que dividem a bolada segundo o seu interesse, são eles que escolhem o policial do esquema, aquele que se nega é logo posto como ‘bucha de canhão’ numa enrascada ou incriminado, todos já sabemos disso tudo, só o Estado é que não quer ver, e ficam com o ‘papo furado’ de unificação, rearmamento e gastança de recursos públicos em um monte de bugigangas imprestáveis, como aqueles mini-helicópteros com câmaras para filmar bandidos que no final só servem de alvo móvel para testar a pontaria dos meliantes.

E por falar em polícia...

Não nos espantamos mais quando sabemos do envolvimento de policiais corruptos ou corruptores (corrupção passiva e ativa) em casos de crimes comuns e hediondos que acontecem nos grandes centros urbanos brasileiros, apesar disso continuamos a confiar nas nossas polícias federal, civil, rodoviária e militar para resolverem os casos mais intrincados.

Esse paradoxo parece estranho, mais é simples de explicar, a população não é tola e sabe que não é a maioria da polícia que se corrompe e se bandeia para o lado esquerdo da Lei. Na verdade conhecemos policiais militares e civis que moram em favelas e vivem de maneira extremamente honesta, apesar do risco. Muitos deles têm, na verdade, que se esconder e sair de casa sem farda para o trabalho, pois a paisana eles evitam que sejam reconhecidos pelos bandidos e que seus familiares sofram as represálias.

Na verdade quem polui a polícia é o próprio poder público, que paga um salário ridículo aos seus profissionais da segurança, aliás, também paga-se muito pouco aos professores nesse país, o que fecha um ciclo malicioso, a saber: nós não educamos e sem educação aumenta a criminalidade, por isso se prende mais. Ganhamos mal, por isso nos corrompemos. Ninguém nos fiscaliza, por isso a facilidade de fraudarmos. Sendo assim os que deveriam dar o exemplo são os que deixam mais a desejar, haja vista os casos em que militares de altas patentes são flagrados em situações bastante comprometedoras, como: no caso de policiais que dão apoio tático aos bandidos com o consentimento de seus superiores, vendem armas apreendidas de outras facções para os rivais, recebem o ‘arrego’ e depois dividem o produto da extorsão com seus superiores mediatos e imediatos como bem sabemos que acontece nas maiores centrais urbanas.

Outros agentes da Lei, por exemplos, são os que fazem a segurança de bicheiros e novamente com o aval dos ‘cabeças’ da corporação; ainda outros que são donos de caça níqueis; os que dominam os transportes alternativos. Há também os muitos que comandam o tráfico e outros que fazem a formação de grupos paramilitares conhecidos como milícias ‘polícia mineira’ nas periferias, comandando as comunidades com mãos de ferro e igual crueldade que costumamos associar aos narcotraficantes; isso entre tantos outros exemplos de desvio de conduta daqueles que são pagos (mal) pelo Estado para a nossa proteção.

Concluindo

Por agir como um animal acuado e raivoso a polícia se tornou uma escola de violência, é lá que muitos aprendem, pela convivência e proximidade com o crime, as artimanhas necessárias para perpetuarem um poder paralelo, que aparentemente não pode ser combatido, pois nem ao menos é abertamente discutido com a sociedade.

APENAS PARA ILUSTRAR:









sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Crime Organizado Nacional e Internacional Globalizado, a Maior de Todas as Escolas da Violência

Resumo da Ópera, ou melhor, da Máfia

O que na verdade define a formação de uma máfia é o seu alto grau de envolvimento com o Poder constituído, sua atuação por vezes se confunde com a do próprio governo (municipal, estadual e até mesmo federal), isso quando não estão, mesmo, dentro deste, quer seja infiltrando agentes ou assumindo cargos eletivos, sendo assim considerado como uma entidade criminosa organizada ou crime organizado.

O ramo de atuação da Máfia também é bastante diversificado e globalizado, o que por si só já é extremamente preocupante, por estar espalhado, em tentáculos: tráfico de drogas, prostituição, jogos de azar, extorsão, extermínio, corrupção ativa, roubos, seqüestros, tráfico de armas, financiamento de guerrilhas, etc. fica difícil de apanhar os entes que compõem as famiglias nostras (famílias mafiosas).

Para saber quanto as várias máfias espalhadas pelo mundo faturam, é só ter em vista o PIB da maior economia mundial, os Estados Unidos da América (Produto Interno Bruto que é o total do que um país produz em todos os ramos de atividades: primária, secundária e terciária, ou seja, toda a riqueza produzida por este país). As máfias, arrecadam cerca de dez por cento do PIB do gigante do Norte, hoje o PIB norte americano é de cerca de doze trilhões de dólares, sendo assim as máfias, juntas devem estar arrecadando cerca de um trilhão e duzentos milhões de dólares por ano, sinceramente é dinheiro que não acaba mais!

Como surgiram as máfias?

As máfias são tão antigas quanto o comércio, mas a máfia como conhecemos hoje começou a se formar da seguinte maneira:
- Idade Média => No sul da Itália, pobre e agrário, nascem as máfias ocidentais – Cosa Nostra;
- Japão => Fim do período feudal, samurais expatriados fundam a Yakuza;
- China => Devido ao ópio e heroína, criação das tríades chinesas;
- 1919 – Estados Unidos da América – ‘Lei Seca’=> Proibição que leva ao crime organizado, surge Al Cappone, o ‘Padrinho’;
- século XIX e XX =>Imigrantes chegam a diversos países levando a sua cultura, mas também as máfias;
- Século XX: década de 80 o Moderno Narcotráfico => A caçula e a mais perversas das máfias;
- Fim da Guerra Fria => Máfia russa – formada por contrabandistas que pendulavam entre o território capitalista e o comunista, militares desprezados pelo grande urso, bandidos comuns e espiões da antiga KGB – a mais promissora e perigosa delas, pois pode possuir até mesmo resquícios de armamentos nucleares da antiga URSS.

Roupa suja sempre se lava em casa
A lavagem de dinheiro sujo das máfias

Apesar de tantos paraísos fiscais espalhados pelo mundo, a velha máxima de se lavar roupa suja em casa também serve para o destino que a máfia dá ao seu dinheiro, ‘suado’.

Para disfarçar, não chamar a atenção do fisco, nem da polícia, o dinheiro é pulverizado, dividido em pequenos montantes, sempre menor que dez mil dólares. Esse dinheiro insuspeito é depositado em contas fantasmas, aquelas que o verdadeiro dono não mostra a cara, se utilizando de laranjas, a pessoa que sabendo ou não empresta seu CPF, para que a conta seja aberta e movimentada a vontade pelo mafioso.

É notório o fato de usarem da falta de fiscalização, através de ‘laranjas’ (pessoas usadas para abrir contas e cederem documentos, como testas de ferro), o número de CPFs falsos, ou de gente morta ou de pessoas que por ventura perderam documentos, que ainda não descobertos servem para falsificações às vezes grosseiras. Essa prática ganha proporção imensa em países sem estrutura de informática e com serviço burocrático suscetível a corrupção.

Outro modo de disfarçar o ganho ilícito e ‘esquentar’ o dinheiro da máfia é comprando bens duráveis (carros, motos, lancha, iate, etc.) e investindo no mercado financeiro e imobiliário. Desta vez para não serem pegos pela ganância os mafiosos não compram mais bens caríssimos, nem mansões, restaurantes e casas de shows e ainda sonegavam impostos, o que ‘dava na pinta’. Agora compram casas de classe média e aplicam seu dinheiro nas Bolsas de Valores e em privatizações de empresas estatais e fazem questão de pagar seus impostos para não terem o mesmo destino do maior mafioso de todos os tempos, Al Cappone, que só foi pego pelo FBI, por sonegar impostos.

Produtos made in máfias

Na década de vinte o álcool era o principal produto comercializado ilegalmente pelas máfias de Nova York, Chicago e San Francisco (italianas) e Chinatown (chinesa) nos Estados Unidos, isso se devia, sobretudo, a proibição impetrada pela Lei Seca de 1919, destacaram-se as famiglias, que eram irmandades mafiosas que dominavam bairros e até mesmo cidades inteiras, corrompendo ou elegendo seus representantes.

Mais tarde com a revogação da Lei Seca, era preciso outras substâncias para se vender, começaram a chegar: o ópio (heroína – do sudeste asiático), o LSD (ácido lisérgico), a cocaína e a maconha (da América Central e do Sul), o crack, o ecstasy, entre outras mais.

A DIT (Divisão Internacional do Trabalho) do Crime

Vale lembrar que a mesma lógica da DIT (Divisão internacional do trabalho), que rege a relação Norte rico e importador de matéria prima e Sul pobre e exportador de matéria prima e berço do platation prevalece até mesmo no caso das drogas, pois os países pobres plantam e exportam os narcóticos para os imperialistas, por exemplo: a Colômbia, através dos cartéis de Cali e Medelín, colhe a folha da planta (coca), processa produzindo a pasta de cocaína e refina o pó (agregando valor) e posteriormente exporta para os Estados Unidos e Europa (com escala no Brasil e no México), essa cocaína, que fora plantada no Peru, na própria Colômbia e na Bolívia; a China através da máfia chinesa, e a Rússia com a máfia russa, fazem o mesmo com o ópio e a heroína, que é plantada (a papoula) no começo no ‘Triângulo de Ouro’ (Birmânia, hoje Mianmar, Tailândia e Laos) e agora se assentou mais fortemente no eixo triangular (Novo triângulo de Ouro) entre a Turquia, Afeganistão e Índia que fazem o processo, que vai da colheita até a exportação, parecido com o descrito acima para cocaína, sendo que desta vez com a heroína.

Também vale lembrar, que apesar de tão distantes, todos estes fatos colaboram para a morte de nossos vizinhos aqui na periferia das nossas grandes cidades, veja esses dados do estatístico Paulo Guimarães, do instituto GPP, de São Paulo, comparando as taxas de violência nas grandes cidades, apesar da pesquisa estar desatualizada esses dados continuam fazendo todo sentido nos dias de hoje:

RISCO DA CIDADE GRANDE
Cidades Probabilidade de alguém da família ser morto por tiro – 1 em cada
Recife: 5
Vitória: 6
Rio de Janeiro: 9
Cuiabá: 9
Salvador: 11
Campo Grande: 12
São Paulo: 14
Brasília: 14
Porto Alegre: 16
Belo Horizonte: 20
Curitiba: 25
Fortaleza: 33
Florianópolis: 50

Fonte: Revista Veja/GPP – 2001

A verdadeira unificação, só a dos crimes

Hoje, quando ouvimos falar em unificação das polícias, isso soa familiar, parecendo plágio das idéias do lado oposto do embate. Veja bem, o crime já unificou boa parte de seus setores, inclusive terceirizando serviços e fazendo mega fusões de facções e grupos de diferentes criminalidades – como traficantes, banda podre da polícia, judiciários corruptos, militares comprados e seqüestradores – notamos que até mesmo o jogo do bicho, que outrora não se misturava com os traficantes de drogas e outros criminosos, hoje em dia já reviram seus conceitos e estão mais íntimos.

Tudo começou quando na década de sessenta, misturaram bandidos comuns, aqueles que furtavam, roubavam joalherias e bancos, com os criminosos políticos, alguns destes professores universitários, perseguidos pela ditadura militar, alguns mais, políticos de esquerda moderada e muitos comunistas.
Pois bem, ninguém tinha nada mais a perder e começou-se nos presídios como a antiga Ilha Grande a formar-se uma verdadeira Universidade do Crime, onde analfabetos se tornaram graduados em todo tipo de prática criminosa, lembramo-nos bem de que nesta época quase não se falava em cocaína, pois era a maconha uma grande amiga da malandragem carioca, com tanta gente presa, começou-se a usar o Brasil como rota de passagem da coca para os Estados Unidos. Estes meliantes que traziam a cocaína da Colômbia, para exportá-las acabavam presos e se juntavam aos nossos bandidos tupiniquins, some a isso os outros estrangeiros presos na 'Ilha da Fantasia'. O resultado todos nós já sabemos o crime se organizou em uma facção tremendamente forte a Falange Vermelha, da qual falaremos mais adiante, mais detalhadamente.

ENTROPIA: ENTENDENDO A VIOLÊNCIA URBANA - AS GRANDES ESCOLAS DE VIOLÊNCIA

As Leis e as Justiça: Código penal depenado

As Leis brasileiras e o nosso Código Penal vêm sendo na maioria das vezes usadas para perpetuar o sistema de castas oculto na sociedade brasileira, que foi imposto desde a época da Colônia, funcionando para manter bem claro a função de cada casta de acordo com a quantidade de dinheiro que se possui, ou da força política que pode alcançar. Essa situação serve, antes de tudo, para beneficiar aqueles que podem ‘comprar’ bons advogados, sendo assim ela é longânime para com os abastados e extremamente implacável com os depauperados, protegendo o mais forte e deixando o mais fraco à sua própria sorte.
Também são propiciados vários argumentos para livrar da cadeia aquele que detém algum tipo de poder ou privilégio, devido às brechas, propositais que foram colocadas no nosso Código Penal, basta usar de manobras de cunho interpretativas no intuito de salvaguardar aquele que pode pagar para isso, deixando de condenar muitas vezes quem comete delitos gravíssimos e que estão às claras.
Advogados mequetrefes se utilizam, inteligentemente, da Lei, aliados à conduta pusilânime das autoridades do país, para fazer aquele que comete crimes se livrar das algemas e das grades, pelas brechas que a Lei propicia, favorecendo todo tipo de degradação social. A lei que deveria proteger o cidadão e seus direitos acaba apenas servindo para deixá-lo ainda mais sem esperança. Tudo isso retorna para a sociedade na forma de desconfiança e sentimentos de impunidade, e a sensação que se pode fazer qualquer coisa que você jamais será obrigado a pagar por isso.
Mas o povo brasileiro merecia mais consideração, pois apesar de toda essa celeuma, causada pelas nossas falhas em julgar e condenar, absolvendo culpados e condenando inocentes em várias ocasiões, o povo brasileiro ainda acredita na justiça e em especial nos juízes, mesmo em São Paulo, onde há casos de juízes que roubam mais do que os próprios meliantes, deixando estes últimos, mesmo que, sem ter o que roubar. Veja por exemplo a enquete feita em cinco Estados brasileiros pela Revista Época e pelo instituto Vox Populi, em 2001, onde fora perguntado aos entrevistados o grau de confiabilidade dos magistrados do nosso país, para surpresa geral só o Rio de Janeiro desconfia dos comandantes de sua Justiça.

Você confia nos juízes?
Estados Sim,
Rio de Janeiro 38 %
São Paulo 55 %
Minas Gerais 57 %
Rio Grande do Sul 78 %
Bahia 54 %

Fonte: Revista Época / Vox Populi – 2001.

Concluindo

Por proteger quem pode pagar e deixar ao relento os que são incapazes de se proteger, as Leis e a Justiça no Brasil pecam de maneira vil. É por estes motivos que consideramos as leis brasileiras ilegítimas e, verdadeiramente, legítimas escolas em nível superior de violência.

ENTROPIA: ENTENDENDO A VIOLÊNCIA URBANA - AS GRANDES ESCOLAS DE VIOLÊNCIA

O Trânsito: As Estradas da Violência

Segundo o Site do DNIT, o Brasil possui a segunda maior malha rodoviária do planeta, estando atrás somente dos Estados Unidos da América, que têm toda a sua sociedade voltada para o consumo e a modernidade industrial, sendo o carro um de seus ícones desenvolvimentista e capitalista. Em terra brasilis são mais de 1,8 milhões de quilômetros de estradas, sendo aproximadamente 10% deste total, asfaltadas e com ótimo estado de conservação, sendo assim, um convite aos pilotos, corredores amadores e rachadores. São mais de 1,2 bilhões de pessoas a viajar pelas nossas estradas todos os anos, não precisa ter bola de cristal para adivinhar o resultado de todos estes ingredientes: acidentes às pencas e mortes desnecessárias.
Observe o que diz o Site do órgão acima citado: “As estradas são como as veias que bombeiam o coração do Brasil. A magnitude desse negócio permitiu o crescimento de várias empresas, principalmente no setor de transportes.”
Concordamos que é necessário que se preserve as nossas estradas, pois como foi dito, elas, pelo seu bom estado, atraem investidores e dividendos para o país, que precisa deles. Também concordamos que a deseducação do povo mata mais do que qualquer outro sintoma nas estradas. Portanto, o governo deveria priorizar ainda mais o fator educação nessa equação, investindo em melhores propagandas, apesar das que veiculam na mídia serem bastante significativas, apropriadas para a nossa realidade e com apelo simples e direto.
Acidentes de trânsitos
Segundo o Detran (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem): “Acidente de trânsito é todo evento danoso que envolva o veículo, a via, o homem e/ou animais e para caracterizar-se, é necessário a presença de dois desses fatores. Existem dois tipos de acidentes: o evitável e o não evitável. O primeiro é aquele em que você deixou de fazer tudo que razoavelmente poderia ter feito para evitá-lo, enquanto o segundo é aquele em que se esgotando todas as medidas para impedi-lo, este veio a acontecer. Normalmente as pessoas perguntam quem é o culpado, onde a pergunta correta é quem poderia ter evitado o acidente.”
Uma das maiores causas dos acidentes chama-se condutor de veículo. Estatisticamente, 75% dos acidentes foram causados por falha humana (condutor), 12% por problemas nos veículos, 6% por deficiências das vias e 7% por causas diversas, ou seja, podemos dizer que o homem, no mínimo, é responsável, direta ou indiretamente, por 93% dos acidentes.
É notório no quadro abaixo um importante quesito fomentador de violência urbana, que também afeta o trânsito, a falta de punição, repare que o mês em que o Detran fluminense anotou mais multas, fevereiro, foi o de menor intensidade em se tratando de acidentes de trânsito, provando que a tolerância de pavio curto funciona. Naquele em que menos atuou com a caneta, o bloquinho e os pardais, dezembro, o número de acidentes foi o maior registrado no ano, conclusão: quanto mais punição, menos acidentes.
Ainda segundo o Detran, na atualidade, o Brasil participa com apenas 3,3% do número de veículos da frota mundial, mas é responsável por 5,5% dos acidentes com vítima fatal, registrados em todo mundo. Esses fatores podem estar associados a diversos outros ,como falta de conservação e sinalização das vias, falta de fiscalização, falta de manutenção do veículo, sono, cansaço, fadiga, animais e outros fatores.
Em 2001, foi feita uma pesquisa pelo Ibope, pesquisa essa pedida pelo Ministério dos Transportes, traçando o perfil dos caminhoneiros de carga pesada que circulam pelas estradas brasileiras. Como já era de se esperar o resultado foi o mais natural em termos de Brasil, a saber: os caminhoneiros não cuidam de seus carros, nem de sua saúde e as empresas contratantes não estão nem um pouco incomodadas com isso. Veja o resultado:



Do total de caminhoneiros que trabalham no Brasil:
- 60 % não fazem revisão do veículo em oficina especializada;
- 50 % trabalham mais de sessenta horas ao volante por semana;
- 30 % disseram que dormem menos do que o necessário;
- 20 % dirigem mais de seis horas sem nenhuma parada para descanso;
- 20 % sofrem com problemas de coluna;
- 10 % têm problemas de visão.
Fonte: Revista Veja / Ibope - 2001 -

Todos estes transtornos causados pelos carros, seu mau uso e pelo trânsito selvagem e predador, seriam diluídos rapidamente se os motoristas fossem educados e conseqüentemente, menos imprudentes no trânsito, o número de acidentes e multas tenderia a se tornar bem menores do que temos no momento e muitas famílias não precisariam lamentar a invalidez ou até mesmo a morte de entes queridos. Ficaríamos dependendo apenas dos nossos governantes para melhorarem as nossas estradas.
Ainda falando dos efeitos deletérios do trânsito, mas agora segundo pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que realizaram uma séria pesquisa relacionando os níveis de ruídos com o stress, levando-se em conta todo tipo de atividade urbana moderna, festas e bailes, fábricas, escritórios, trabalhos na rua como da construção civil e o trânsito, a simples exposição ao ruído de trânsito nos engarrafamentos cotidianos, causam danos no sistema imunológico, isso sem falar da exposição diária aos assaltos e todo tipo de atos violentos, que o trânsito, ou o engarrafamento podem causar, principalmente entre os próprios motoristas já bastante estressados com as atribulações próprias do dia-a-dia.
Observando o quadro do American Healt, órgão do governo federal norte americano que cuida do bom andamento do seu sistema de saúde e de pesquisas afins, tendo em mente que o berço da indústria de automóveis é norte americano, e portanto ninguém defenderia mais essas máquinas do que eles, daí podermos crer na insuspeita dessa pesquisa:

Poluição Sonora - Nível de Ruído Em Decibéis

Estacionamento perto de Avenida: 75
Restaurante lotado: 88
Filme de Ação: 90
Aula de Aeróbica: 98
Metrô:100

Fonte: Universidade De Yale (EUA) e American Healt

Além de tudo isso, os carros ultimamente também tem provocado outro tipo de aborrecimento e violência urbana, com os ‘pegas’ ou ‘rachas’, como quiserem. Essa forma sadomasoquista de se divertir está ceifando a vida de vários jovens no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Por tudo isso, que reiteramos, ser o carro uma verdadeira máquina do diabo, que tem servido nos dias de hoje como uma escola de violência em potencial. Como diz acertadamente o arquiteto que reformulou Barcelona, Bohigas, “o carro deveria ser banido das ruas!”

Carro: A máquina do diabo?

Não discutiremos a utilidade do carro, pois esta, todos nós sabemos bem, nada feito pelo homem do nosso remoto foi de tamanha importância quanto o advento da roda e a utilização da combustão ao seu favor, daí para a invenção do carro foi só um passo adiante, mas hoje o carro mais atrapalha do que ajuda e veremos o porquê.
Os automóveis, pela invasão dos logradouros públicos, dificultando a interação social urbana, pela presença física, ocupando calçadas e como nos estacionamentos onde não se respeitam vagas de deficientes, pelo excessivo ruído produzido, pelo efeito nefasto ambiental, visual, social e econômico e pelos acidentes, pode ser considerado mais uma das diversas escolas de violência, pois também neles aprendemos muitas lições de insanidades e distúrbios de personalidade. O motorista, seja no perímetro urbano, ou nas auto-estradas, parece perder a noção de sua estrutura física, esquece que é de carne e ossos, e age como se fosse um aríete, ou como uma espécie de misto de suicida com homicida potencial, de maneira que seu carro de veículo útil, se transforma numa espécie de bólido, um panzer, a serviço da violência, atropelando e colidindo a ‘três por quatro’.
Além disso, os carros, visualmente enfeiam a paisagem, sujam as águas e o ar, provocam discriminação social entre os que o possuem e os que não, inviabilizam ao transporte público, gastam milhões de reais nos engarrafamentos com perda de tempo e de combustível que são literalmente queimados e por fim produzem uma infinidade de reações adversas no organismo, vendo por esta ótica os neo-urbanistas têm razão em pensar em diminuir a quantidade de carros nas ruas.



Concluindo

A cultura rodoviária brasileira, assimilada, como quase tudo por aqui, dos modelos inviáveis de consumo norte-americanos vem dando mostras de sua exaustão. A falta de educação e civilidade dos motoristas e pedestres tem contribuído ainda mais para aumentar a violência nas áreas urbanas e nas estradas interurbanas. Com isso, os acidentes automotivos já são a principal causa de óbitos em muitas das regiões metropolitanas brasileiras, e sendo a maior entre os acidentes de todo tipo, e tem gente que tem medo de avião e navio. Por aniquilarem tanto quanto as armas de fogo e repassarem a cultura da emulação os carros e o sistema de trânsito urbano e interurbano são uma das mais eficientes escolas da violência nos tempos modernos.

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