sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A MODERNIZAÇÃO DO CAMPO NO BRASIL

De Moderno só a Nova Concentração Fundiária

A modernização propalada para o campo no Brasil em termos de agricultura e pecuária foi do tipo conservadora, onde o sistema produtivo foi bastante dinamizado com a implantação (sem trocadilho) de novas técnicas agrícolas tanto de plantio como de melhoramento em sementes e ferramentas, como também de insumos químicos e biológicos modernos (pesticidas e fertilizantes), mas a estrutura fundiária continuou como nos séculos passados com péssima distribuição de terras e pouca produção nos latifúndios, e em algumas localidades se acirrou, concentrando-se as terras em mãos de empresários agrícolas ainda mais.

O importante nesse conceito é seguir uma base mais prática e menos teórica, pois sabemos que pequenas e médias propriedades dão melhores resultados do que os latifúndios que acabam sendo, na maioria das vezes, improdutivos.

No começo, aqui no Brasil houve uma verdadeira modernização com uso de produtos agrícolas químicos moderníssimos, provindos dos países do Norte e em geral refugo dos processos agrícolas de lá, ou ultrapassados para os padrões do Primeiro Mundo e alguns de proveniência duvidosa (antes usados na guerra como o gás mostarda camuflado e repaginado e outros gases usados para servir como desfolhador de locais de matas fechadas).

Porém, alguns fatores foram esquecidos, mais uma vez o clima tropical demonstrou a falha nessa conduta de imitar o que dá certo nos países de clima temperado; as nossas pragas que são diferentes das encontradas nos países hegemônicos; a mão-de-obra que aqui é abundante ficará sem trabalho com a introdução de máquinas e inchará ainda mais as cidades já empanturradas; o solo brasileiro que não é tão rico sofrerá os efeitos danosos da utilização em larga escala dos insumos químicos e por fim a adaptação das ervas daninhas e dos insetos que em suas mutações conseguirão resistir aos pesticidas e exigirão mais tecnologias ‘novas’ e milagrosas, o que aumentará a dependência dos países desenvolvidos.

sábado, 23 de agosto de 2008

A AGRICULTURA NO TERCEIRO MUNDO (PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS E EM DESENVOLVIMENTO)

A Revolução Verde e o Fracasso Negro

A Revolução Verde previa, através da mecanização e da tecnologia, a suplementação da agricultura do ‘Terceiro Mundo’. Com a utilização das máquinas agrícolas, com as novas técnicas e tecnologias no aproveitamento de sementes e demais insumos, a ajuda da química moderna e seus fertilizantes e pesticidas, poderia se adequar os diversos tipos de solos e torná-los produtivos e combater as pragas, o que deixaria a agricultura de países pobres em condição de sustentar a demanda da crescente sua população.

No começo houve um ganho na colheita, mas com o passar do tempo, por não levarem em conta a adaptabilidade das pragas aos pesticidas, nem o clima tropical (em sua origem a Revolução Verde foi criada visando o clima temperado), o relevo de alguns países e o esgotamento do solo devido ao uso indiscriminado, os métodos da Revolução Verde passaram a se mostrar muito inadequados à realidade do Terceiro Mundo tropical.

Outros danos causados direta ou indiretamente pela Revolução Verde foram: a saída do camponês para as cidades devida a mecanização da agricultura, gerando problemas urbanos dos mais diversos, como favelização, violência e desemprego.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

CIDADES NADA HABITÁVEIS 6

OUTRO GARGALO NO ORDENAMENTO URBANO: VONTADE POLÍTICA

Quando os governantes pensam em gastar não levam muito em consideração os custos. Mas quando é para investir em infra-estrutura ai começam as desculpas. Não querem gastar um centavo, alegando que essas obras saem muito caro.

O que sai caro é combater a poluição do ar e das águas dos rios, também é bastante custoso enfrentar os engarrafamentos que são gerados pelo falto de não termos um bom sistema de transporte coletivo.

Caso houvesse um prefeito ou governador que realmente enfrentasse o problema sem politicagem, secaria a fonte de factóides e os políticos ‘tradicionais’ estariam com os dias contados, como por exemplo, aqueles que prometeram uma linha de VLT para ligar a Barra da Tijuca à Zona Sul, e os diversos mergulhões que os ‘gênios’ do urbanismo inventam para solucionar os problemas do trânsito nas cidades, mas que até agora serviram para se mergulhar literalmente nos dias de chuva devido ao alagamento. Isso sem falar dos emissários submarinos, que tem servido mais para sujar do que limpar.

Na verdade, cada povo tem o governo que merece. Londres com a limpeza do rio Tamisa, enquanto São Paulo tem o Tietê esperando limpeza; Barcelona e a reforma urbana de verdade, enquanto o Rio de Janeiro convive com a desordem urbana; Detroit e a re-funcionalização do espaço urbano, enquanto no Rio de Janeiro a zona portuária espera a revitalização até hoje; Nova York e o programa tolerância zero (um pouco impraticável por aqui), e as cidades do Brasil tomadas pela violência; sem falar das bem sucedidas administrações de cidades canadenses e européias como Quebec, Toronto, Estocolmo, Lisboa, Oslo, Helsinque, etc. Mas, também temos bons exemplos por aqui, como Bogotá, que conseguiu reduzir os índices de criminalidade com projetos razoavelmente simples.

Todas essas cidades passaram por sérios problemas com a violência, a falta de moradia, a educação cidadã e a escolar, a saúde, etc. e souberam sair dessa situação com criatividade e vontade política, sendo essa segunda a principal responsável pelo sucesso de suas empreitadas. Mas mesmo aqui no Brasil temos algumas cidades médias e pequenas que se re-planejaram bem, e uma grande cidade (Curitiba) que soube se adaptar razoavelmente bem as exigências modernas, esses são exemplos a se seguir.

sábado, 16 de agosto de 2008

CIDADES NADA HABITÁVEIS 5

Os Meios de Transportes ‘Eletrizantes’

Outro ponto interessante seria o fomento do uso de eletricidade para os transportes de massa, como o Brasil é rico em potencial hidráulico sairia barato incrementar várias linhas ferroviárias.

Por que não começar por investir na melhoria da infra-estrutura das ferrovias já existentes dos trens de subúrbios e das linhas de bondes que ainda funcionam e das que foram desativadas? Por que não estender as malhas ferroviárias pelos novíssimos bairros e posteriormente interligá-las com as demais do país até que cheguem aos confins do Brasil? Além disso, por que não pensaram ainda num corredor de trens leves (VLT) no canteiro central da Avenida Brasil, com estações suspensas em bairros estratégicos.

Todos concordam que a manutenção do transporte ferroviário é demasiadamente cara, mas vivemos em um país que é um dos maiores produtores e exportadores de minério de ferro, praticamente matéria prima da ferrovia. Porém o custo/benefício é melhor do que o do transporte rodoviário, um exemplo disso é a ferrovia Transiberiana, que liga Moscou até Vladsvolstok na Rússia, que tem uma malha ferroviária tão extensa que é preciso de sete dias para atravessar gelo e neve da origem ao destino. Também não devemos nos esquecer do TGV francês e do trem bala japonês e do trem suíço que sobe os Alpes com suas rodas dentadas.

Aqui não falta dinheiro, falta vontade política de encarar alguns desafios, como, por exemplo, o de mudar o modal de transportes de cargas e urbano.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

CIDADES NADA HABITÁVEIS 4

O Superpovoamento Não Significa só Muita Gente

Nem sempre quando falamos de uma cidade super-povoada significa dizer que haja excesso de pessoas nela. Muitas vezes isso se deve apenas ao descompasso entre o número de habitantes de um lugar e os recursos desse local.

Um exemplo claro disso é o esgotamento sanitário provido pelo governo (saneamento público), mesmo se uma cidade tiver pouco habitante, mas não houver serviço de água e esgoto satisfatório dizemos que se trata de um local super-povoado.

O serviço de água e esgoto nas cidades brasileiras e na maioria das cidades do terceiro mundo é muito antiquado, em muitas delas, o esgoto é disposto à céu aberto, sem o menor tratamento, o que acaba poluindo os rios e ‘ressuscitando’ doenças que há muito haviam sido esquecidas, muitas delas extintas na maioria dos países desenvolvidos.

A solução simples, mas não muito barata, seria canais separados para a água que sai de cada tipo de utilização e para a água que sai suja dos esgotos (deveria ser assim desde o começo). Dessa forma poderiam ser usados os gases do esgoto para a produção de combustível e de energia (metano) a custo baixo para os fornos industriais, abastecimento de gás para as casas, etc. Isso já vem acontecendo numa cidadezinha da Inglaterra chamada Leicester.

O tratamento dos resíduos industriais e de metais pesados ficaria bem mais fácil se o encanamento de água que sai das residências e das indústrias saísse separado desde a origem.

Sabemos que essas medidas acabariam saindo muito caras para os governos, mas à longo prazo, compensariam muito. Mas não interessa muito aos governantes esse gasto em infra-estrutura, pois a maioria das obras ficaria enterrada e o eleitor não veria o resultado.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

CIDADES NADA HABITÁVEIS 3

O Superpovoamento das Cidades

Sem dúvida um dos maiores problemas para as grandes cidades e também para o planeta em si é a superpopulação. Isso porque a maioria das grandes cidades e muitas das que estão se metropolizando já estão no limite de agüentar o impacto que a sua população crescente causa. Esse aumento desenfreado da população fez com que as prefeituras tirassem da cartola um jeitinho bem brasileiro de evitar o colapso, o rodízio.

No caso de São Paulo, o rodízio virou o assunto do momento, e esse não é o rodízio das churrascarias e pizzarias. É rodízio de carro, rodízio de água, rodízio de rebeliões nos presídios, e por ai vai. No caso do rodízio de carros, automóvel com determinadas placas não podem circular em certos dias; no caso do rodízio de água, algumas ruas têm seu abastecimento cortado em determinados dias e às vezes bairros sim bairro não tem água. O rodízio de penitenciárias tem os mesmos motivos dos outros, a saber: excesso de população.

Devido ao excesso de pessoa, São Paulo poluiu seu ‘principal’ meio de fornecimento de água, o rio Tietê, e por isso tem que retirar água de adutores próximos, de rios de municípios vizinhos e isso acaba encarecendo ainda mais o processo. Na verdade, a população já está sendo taxada indiretamente por esse processo, é até justo que haja uma cobrança direta, pois a população é uma das maiores poluidoras dos rios, devido a falta de educação e de consciência ecológica e mobilização social para cobrar dos governos atitudes, como foi feito em Londres com o rio Tamisa.

Recife também raciona sua água, também encarece os serviços para compensar o desperdício e a falta de consciência de sua população. O caos é ainda maior porque no Nordeste o clientelismo é muito forte, o que dificulta uma tomada de posição dos governantes locais.

Sem dúvida o impacto da superpopulação é algo a se considerar em relação ao futuro das cidades, pois a cada dia fica mais difícil a situação dos cidadãos. Uma saída seria a inversão de uma tendência mundial, a de tornar o êxodo rural em êxodo urbano, ou seja, o caminho contrário, distribuirmos a população das cidades grandes pelas cidades médias, cidades pequenas e pelo interior, numa espécie de retorno ao mundo rural.

domingo, 10 de agosto de 2008

CIDADES NADA HABITÁVEIS 2

O Trânsito que não Justifica o Nome (Transitar)

Os engarrafamentos são o fator que mais trava o desenvolvimento de algumas das atividades econômicas, culturais e sociais nessas cidades.

Economicamente são gastos milhões de litros de combustível anualmente quando os motores dos carros nas cidades ficam ligados enquanto o impaciente motorista ainda acelera sem sair do lugar; também há prejuízo quando o trabalhador não chega ao seu local de trabalho ou se atrasa; para o estado o prejuízo é imensurável, pois devido a poluição e em algumas cidades associada ao fenômeno da inversão térmica (onde os poluentes ficam próximos do solo e são respirados) os hospitais ficam abarrotados de gente com problemas respiratórios, além disso há a conservação das vias que consome muitos milhões de reais dos bolsos do Estado. Uma solução possível seria a criação de pólos econômicos como mini-indústrias e comércios e a instalação de shoppings centers e mercados populares.

Culturalmente, em todos os sentidos da palavra cultura, afirmamos que a maioria das pessoas deixam de ter o mínimo de aceso à produções culturais (mesmo as gratuitas ou a preços acessíveis) devido a distância dos locais onde estas ocorrem, muito desse impedimento se deve aos constantes engarrafamentos e congestionamentos quase intransponíveis que acometem as cidades. Uma solução possível seria o desenvolvimento de micro-atividades culturais nos bairros mais afastados e nas periferias urbanas, como cinemas e teatros populares e desenvolvimento de agremiações locais com subsídios do município.

Socialmente o trânsito afasta as pessoas da convivência, o egoísmo é comum basta observar o interior da maioria dos carros, nós veremos sempre uma ou duas pessoas onde caberia pelo menos quatro, e em contrapartida nos coletivos um amontoado de gente que em pouco, ou em nada se socializa. Além do mais, há ai um claro apartaid social, onde os ricos e os remediados em seus veículos confortáveis ou luxuosos e a grande massa de excluídos ou de periféricos das classes médias C e D se acotovelando na demarcação de território no interior dos ônibus. Pelo menos há uma justiça nesse mundo, ambos estão literalmente parados na mesma localização independente da classe social, travados pelo trânsito, que não transita de jeito nenhum. Uma possível solução seria investir em transporte de massa como o metrô e os VLTs e em segurança ao longo das vias (esqueçam pelo amor de Deus essa idéia de invadir as favelas), que aproximariam as classes médias C e D, e dos pobres da classe média B e talvez da A, pois devido à melhoria nas condições dos transportes os mais ricos logicamente deixariam os carros em casa.

CIDADES NADA HABITÁVEIS

A Dificuldade de Tornar as Cidades dos Países em Desenvolvimento Habitáveis e Civilizadas

O crescimento acelerado das cidades modernas do terceiro mundo em muito se assemelha a da cidade que os europeus encontraram no México, a cidade em questão era Tehnochtitlán. Essa cidade se sufocou em si mesma, com o excesso de população que impactou negativamente em todos os serviços e nos víveres (água, alimentos, segurança, etc.). A produtividade relativamente baixa de seus solos, aliada a falta de reservatórios de água de boa qualidade determinava racionamentos ocasionais. O sufoco foi de tal monta que a cidade (a população) desapareceu literalmente do mapa.

Hoje em dia acontece quase o mesmo, as cidades estão se esgotando, como a cidade de UR na Suméria (hoje no Iraque), onde a seca dos rios parou o processo de irrigação da agricultura e conseqüentemente inviabilizou qualquer tentativa de se continuar vivendo nela, muitos a abandonaram (é o que tudo indica). Só que a maioria das cidades de hoje não tem o problema da seca e sim da poluição que ‘seca’ seus rios, mas o efeito ao final do processo é quase o mesmo.

Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, Recife, entre outras no Brasil, vivem momentos parecidos com o das cidades que se esgotaram por completo. Como cresceram bastante e de maneira desordenada, elas não foram competentes o suficiente para equacionar os problemas que surgiram e se agigantaram bem ‘debaixo do nariz’ dos governantes desqualificados para os desafios como: o trânsito que literalmente evapora milhões de dólares anualmente nos congestionamentos, ainda poluindo o ar pelos escapamentos dos automóveis, superpopulação, meio ambiente afetado, desemprego e violência.

AGRICULTURA E CAPITALISMO 3

O Ciclo do Café e a transferência do eixo econômico do Nordeste para o Sudeste, industrialização por substituição de importação.

Durante o período colonial, o Brasil estava ligado a Portugal, e dele dependia. Nessa época o Brasil só produzia aquilo que interessava a Portugal. Exportávamos pau-brasil, açúcar de cana, couro, fumo, ouro e algodão, quase sempre pelos portos do Nordeste, que nesta época era o pólo desenvolvido do Brasil. Mesmo depois da independência, o Brasil continuava produzindo para exportar, desta feita o pólo já havia se transferido para o Sudeste. O café já é o principal produto do comércio externo. Ao lado dele, continuamos a exportar, o açúcar, o algodão e o fumo.

Nesse período as regiões não se comunicavam entre si porque o grande interesse era vender para fora o produto produzido. Por isso, cada área se desenvolvia completamente isolada da outra. Isso explica porque entre essas áreas não se construíram estradas que as unissem. As estradas de ferro foram feitas para ligar as áreas produtoras aos portos de exportação.

No século XIX, o principal produto de exportação já era o café. As grandes plantações de café se localizavam na região Sudeste. Inicialmente o café foi plantado no Vale do rio Paraíba, no Rio de Janeiro. As fazendas de café eram muito grandes e utilizavam o trabalho escravo. Pelo porto do Rio de Janeiro o produto era exportado para a Europa. Por isso o Rio de Janeiro era o lugar mais rico do Brasil.

Como o cultivo do café não era bem feito, os solos do Vale do Paraíba ficaram pobres e as fazendas entraram em decadência. O café procurou novas terras. Por isso ele se deslocou para São Paulo, onde vai encontrar solos ainda mais férteis - a terra roxa. Com isso, São Paulo tornava-se a terra mais rica do Brasil.

Como nesta época o comércio de escravos estava proibido, procurou-se uma nova solução. O escravo foi substituído por trabalhadores que vieram da Europa. As fazendas de café de São Paulo recebem trabalhadores livres. Eles recebem um salário pelo trabalho que fazem. Qual a diferença que você vê nas duas formas de trabalho? Qual a mais eficiente? Entre o escravo e o imigrante quem produzirá mais?

Como o imigrante recebe salário, ele pode comprar. Havendo pessoas que querem comprar, outras se interessam em produzir. O Rio de Janeiro, na República, perde a sua posição e São Paulo passa a dominar a vida política brasileira.

Em São Paulo nós temos: dinheiro acumulado do café; mão-de-obra melhor; pessoas interessadas em comprar; as estradas de ferro construídas para exportar o café. Essas são as condições necessárias para a instalação de indústrias. Por isso São Paulo é o Estado mais industrializado do Brasil.

Em São Paulo o café criou as condições para o desenvolvimento industrial. No Rio de Janeiro a instalação das indústrias é explicada por outros fatores: porto por onde entravam e saíam os produtos; ter sido a capital até 1960; uma população numerosa, com poder de compra; facilidade de energia e transportes.

Rio e São Paulo são importantes centros industriais. O eixo Rio-São Paulo completa-se num terceiro ponto: Belo Horizonte. Nesta cidade, as jazidas de ferro e manganês possibilitam a instalação de indústrias siderúrgicas, isto é, as que produzem ferro e aço, sendo base para as indústrias que viriam a ser construídas para substituir as importações que declinavam em preço e em importância no mercado externo, também devido à crise econômica mundial de 1929, a grande depressão.

Hoje, em sua maioria, as indústrias brasileiras estão situadas no Sudeste, e mesmo neste, em quase sua totalidade se localizam num triângulo cujas pontas são: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Neste triângulo, estão as mais importantes indústrias brasileiras e a mola propulsora do país.

AGRICULTURA E CAPITALISMO 2

A relação entre a Industrialização da agricultura e a Produção voltada para as características da natureza.

A agricultura capitalista tenta reverter os quadros naturais que encontra: onde há charcos utiliza-se a drenagem dos pântanos; onde há solo ressequido, há a irrigação; onde o PH do solo é ácido ou básico, há a utilização de cal ou outras substâncias para correção entre outras formas de adaptação do meio ao seu modo de produção, pois é sabido que a terra não pode ser copiada, ou reproduzida como os bens das indústrias capitalistas, o que já inviabiliza muito do ganho desse sistema.

Em contrapartida há modos de se associar o uso da terra para ganho de capital sem que se agrida por demais o solo e o meio, com a implantação de uma agricultura mista, de uma parte destinada a subsistência e a outra para o plantation de exportação.

Repare o que nos propõe Felizberto Cardoso de Camargo do Instituto Agronômico do Norte: Em vez das agrovilas, deveríamos incentivar a agricultura tropical, de acordo com a nossa natureza, na Amazônia, por exemplo, se plantaria arroz, feijão, milho e sisal nos alagados como feito nos deltas do Ganges e do Amarelo, rios asiáticos; na transição entre o alagado e o seco, plantaríamos as trepadeiras como o guaraná e frutos regionais; entre essa faixa e a floresta, o cacau e outras frutas regionais de inter-floresta e por fim no começo da floresta colocaríamos espécies de vida longa como o coqueiro e outras das quais se retiram diversos tipos de madeiras, logicamente com extração controlada.

Poderíamos adaptar essa visão ecológico-desenvolvimentista do professor, para as demais regiões do Brasil e teríamos culturas segundo as possibilidades de cada região e não tentando domar a natureza que é, deveras, indomável, haja vista os estragos que ela nos proporciona quando revida os nossos ataques freqüentes.

AGRICULTURA E CAPITALISMO

Sob o controle do capitalismo a produção agrícola se tornou mais intensiva

Nem tudo que se refere ao capitalismo pode ser considerado danoso, muito pelo contrário, quando bem utilizado o capitalismo torna-se um sistema bastante justo, por incrível que possa parecer. Exemplo disso é a evolução da agricultura depois do advento deste sistema econômico.

De fato sob o controle do capitalismo a produção agrícola se tornou mais intensiva, passou a se utilizar sistemas mais adequados de manejo do solo como: a rotação de culturas, em vez do sistema de pousio; alteração da base alimentar; divisão do trabalho; ampliação da produção e a mecanização, que é produto da Revolução Industrial.

Houve com isso crescimento da produção agrícola na Europa, na França de 1789 a 1848 a produção de trigo aumentou de 34 milhões para 70 milhões de hectolitros, assim como a de batata que no mesmo período cresceu de 2 milhões para cem milhões de hectolitros.

Não só aumentava o total da produção, mas também a produtividade média por hectare. Tudo isso levava a crer que por volta desta época os países europeus industrializados, viviam também uma época de ouro em termos de produção agrícola.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

AS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS

AS VÁRIAS FACETAS DA SOCIEDADE, DESDE OS GRUPOS DOMINANTES AOS EXCLUÍDOS

São várias as manifestações sociais que ocorrem dentro de uma cidade, a maioria delas, justificáveis. Praticamente tudo começou com as associações de amigos dos bairros, que mais tarde originou um verdadeiro boom de associações sociais de classe média e baixa e hoje em dia até mesmo da high society.

As associações de moradores, que é uma espécie de evolução das associações de amigos de bairros, têm a pretensão de lutar por melhorias nos locais, através de lutas legítimas induzem os governos a gastarem de maneira mais acertada na maioria das vezes. Porém hoje em dia acontece um fenômeno nefasto, que é o envolvimento de muitos dos líderes comunitários com a politicagem e por vezes com as forças do caos, no intuito de obterem, egoisticamente, benesses para si e para seus pares no jogo sujo em que se intrometem (como é o caso de narcotraficantes que se associam aos líderes comunitários, ou presidentes de associações de moradores para dominarem a comunidade).

Uma maneira emblemática de perceber como seria uma participação social enfática na condução (ou pelo menos na colaboração) do ordenamento urbano, foi a experiência bem sucedida, em Porto Alegre no Rio Grande do Sul, com o Orçamento Participativo, que, grosso modo, foi uma série de encontros onde a sociedade local foi convidada a participar das diretrizes governamentais em relação a aplicação das verbas no modelado urbano e nos serviços prestados por aquela prefeitura para os cidadãos.

Sabemos que quanto mais atuantes forem as associações de moradores ou de amigos do bairro e os diversos movimentos populares que lutem por melhorias locais ou mais amplas, ou por incrementos nas formas e nas funções das cidades, mais a sociedade como um todo irá lucrar, como por exemplo, quando uma associação consegue asfalto para uma estrada, ou saneamento para um bairro, ou até mesmo quando luta pela instalação de indústrias e ou comércio na localidade para gerar emprego e renda, dando nova função ao lugar.

Não seria muito ambicioso querer que em todas as cidades brasileiras as decisões fossem tomadas de maneira democrática como esse exemplo positivo dado pela capital gaucha. Mas sabemos que a maioria dos políticos não são muito amigos da democracia de verdade, e sim de uma democracia brasileira, onde estão interessados apenas no seu voto (e uma democracia de verdade o voto deveria ser facultativo).

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

AS FORÇAS DO CAOS

O PODER PARALELO E A SUA INFLUÊNCIA NO MODELADO URBANO

Os atores que de coadjuvantes passaram a ter um papel principal no ordenamento urbano, indiretamente e oficiosamente, foram os poderes paralelos, ou as forças da ilegalidade que costumamos nos deparar no cotidiano. Os camelôs, os transportes piratas, os seguranças undergrounds, as milícias e os narcotraficantes.

Esses grupos interagem com os demais personagens dessa grande peça coletiva que é o ordenamento urbano, fazendo prevalecer suas leis sobre as do Estado legalmente instituído, como no caso do camelô que não contribui com impostos e sabota as tentativas de sobrevivência das lojas legais; do serviço de transporte ilegal que além de atrapalhar a vida das empresas oficiais (apesar de muitas serem tão mequetrefes quantos os ilegais) e além de contribuir com o caos no trânsito; nem precisamos falar aqui do prejuízo que nos causam no dia-a-dia as milícias e o narcotráfico.

Esses grupos só existem e atuam onde não deveriam estar, devido ao hiato deixado pelo Estado, que invariavelmente se furta de cumprir seus deveres constitucionais. Quando se nega a dar educação, saúde, emprego e segurança para seus cidadãos, essa lacuna é preenchida pelos agentes do caos e da desordem.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

OS DONOS DA TERRA

OS PROPRIETÁRIOS FUNDIÁRIOS

Os proprietários fundiários, os que detêm a posse de terra, se utilizam dessas terras, que foram ‘herdadas’ do costume colonial, o de fazer barganha com o Estado recebendo terras (sesmarias) e vendendo terras quando as mesmas depreciam-se. Também se aliam ao Estado quando a desocupação de seus territórios (do Estado) está sendo priorizada.

Quando de posse novamente destes territórios eles simplesmente os utilizam para tirar proveito do descomunal déficit habitacional (de moradias) no país em que se inserem, e como na maioria das vezes o Estado usa dos meios menos danosos Para com esses seus ‘parceiros’ imobiliários, fazendo com que sempre quem pague a conta é a sociedade como um todo (utilizando recursos do FGTS para financiamentos de modo a repartir a conta do déficit habitacional e do seu seqüestro para com os proprietários fundiários, com a sociedade).

Sempre quem acaba pagando a conta desse negócio é quem menos tem para colocar na mesa de negociação desta ‘balança’ de poder. Vemos, assim, se perpetuar um mecanismo de exclusão que visa sempre afastar as ‘castas dos párias urbanos’ as mais pobres da sociedade produtora e que menos faz uso dos benefícios que a organização urbana traz. Tal qual existe na Índia, aqui também temos uma clara divisão de classes. Mas nesta divisão com certeza os proprietários fundiários se encontrariam no topo social.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

PENSANDO O ORDENAMENTO URBANO

ENTENDENDO A (RE) CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DAS CIDADES

Os agentes sociais que interferem na construção do espaço urbano e o modificam segundo as suas ações são principalmente: os proprietários dos meios de produção (industriais, comerciais e serviços), os proprietários das terras (fundiários), promotores imobiliários, o Estado constituído (prefeitura, governos estadual e federal) ou os poderes paralelos e os grupos sociais excluídos.

Falaremos primeiro do papel do Estado na condução do papel de ordenador da dinâmica urbana e da distribuição equitativa de terras e do avivamento do aparato urbano, tanto o físico como o imaterial.

O ESTADO

Todos têm importância no modelado e no ordenamento urbano. Mas de todos, o Estado pelo seu poder de censurar ou liberar incrementos a expansão urbana, exercendo uma função bastante dúbia, de um lado é o grande fomentador da estruturação de uma cidade se der incentivos a moradias e a instalação de indústrias, comércios e serviços diversificados. Mas também é este mesmo Estado que quando se omite quanto ao seu papel de organizador e estruturador do espaço urbano, e caso se mostre incapaz de gerir conflitos por terra e ocupação desde áreas nobres até encostas e áreas de mananciais.

Na maioria das vezes é o próprio Estado o principal atiçador dos conflitos, quando se põe ao lado dos proprietários fundiários e promotores imobiliários se contrapondo aos grupos menos favorecidos (excluídos), que são, assim, empurrados para as áreas longínquas, as periferias da periferia urbana. Esse fato é bem vislumbrado nas reformas pelas quais passaram algumas das cidades brasileiras, e em especial a do Rio de Janeiro com os Planos Agache e a Reforma Passos no início do século passado.

Os vídeos a seguir mostram a urbanização moderna (observação o professor Carlos do vídeo não sou eu):



domingo, 3 de agosto de 2008

FRACASSA A RODADA DE DOHA...

NÃO SEI DOHA NENHUMA DESSE ASSUNTO...
MAS AFINAL DE CONTAS, QUE DOHA É ESSA?
O QUE ISSO TEM A VER COMIGO?

A Rodada de Doha é só mais uma rodada de negociações a respeito de preços e subsídios ou proteções sobre os produtos agrícolas, é realizada em um determinado país, e acaba retornando às mesas de negociações em Doha, após ‘rodar’ o mundo. Antes de mais nada, Doha (se lê dorra) fica no Catar.

O que de importante essas negociações tem para o nosso cotidiano é que quando se tem acordo quem cede de um lado ganha do outro e vice versa. Por exemplo, um país que consiga que os campeões do subsídio (Estados Unidos e França) baixem suas guardas vai ter que dar algo em troca e no caso abrir seu mercado para as poderosas empresas deles, nos setores industriais e de serviços. Para o Brasil, um acordo assim seria bom pros nossos agricultores, porém nossa indústria e serviço, obsoletos em comparação com os deles, iria tomar de goleada. Isso geraria muito desemprego nesses setores. Por outro lado os nossos produtos entrariam mais facilmente nos países em que havia subsídios e barreiras comerciais.

O tal acordo nunca acontece porque são cerca de vinte países pobretões de um lado e uns poderosos do outro que não querem arregar de jeito nenhum. Porém os maiores meladores do negócio são os pobres, pois não se entendem e um dá rasteira no outro. Desta vez a China, a Índia e a nossa queridíssima Argentina foram os principais meladores, mas o Brasil também deu uma de popstar e ficou vaidoso e quis fazer acordo sozinho não se importando com a vontade dos outros pobres do grupo.

Como você pode notar é uma rodada fadada ao fracasso sempre, querer que haja consenso entre países tão díspares e sonhar alto de mais. Mas se por um lado esses acordões sempre fracassam os acordos bilaterais (entre dois países) sempre dão ótimos resultados. Por isso, o Brasil deveria investir mais em acordos bilaterais, principalmente com os Estados Unidos, China, Japão e a União Européia. Mas sem esquecer de investir em países africanos que tenham recursos minerais e precisem de know how.



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