sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O UFANISMO BRASILEIRO: A RESPOSTA 3

RESPONDENDO AO UFANISMO DE UM BRASILEIRO QUE SE PASSOU POR HOLANDÊS E QUE ESCREVEU TANTA BOBAGEM!

No auge da viagem na maionese, a escritora holandesa enumera nossas qualidades que só agradam aos estrangeiros, e se fizermos um exercício de hermenêutica notaremos as mensagens subliminares embutidas em suas afirmações e para terminar de maneira ridiculamente irônica ela faz uma oraçãozinha à moda Ave Maria, só para nos sacanear ainda mais. Vamos aos tópicos:

“Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil?”

Porque o Brasil é realmente uma madrasta e não uma mãe gentil como diz o nosso hino nacional. Pois aqui os direitos humanos são para os bandidos, porque o resto do povo não é humano é sub-raça. Que presidiário come melhor que pais de família. Que o Estado paga mil reais para manter um preso e paga R$ 415,00 para um trabalhador honesto. Que aqui tem mãe que bota filho na sacola de supermercado e descarta em qualquer lugar como se fosse lixo. Que político por aqui só vê o próprio umbigo. Que aqui é cada um por si e dane-se o resto. Acho que já chega, não é?

“1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?”

Pode até ser que o Brasil edita mais livros que muitos países do Primeiro Mundo, mas isso não afeta em nada a falta de cultura do brasileiro, nós somos uns dos povos os que menos lêem no mundo. Muito disso pela influência africana (que tem preguiça de ler) e indígena (que não tinham nem escrita). Devo salientar que no Brasil escrever um livro é para poucos e editá-lo é quase impossível devido a burocracia, ao poder econômico e ao ‘apadrinhamento’.

“2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta?”

É sim, nossos banqueiros são tops de linha. São os que cobram os juros mais escorchantes do mundo. Sendo que até por tossir dentro dos bancos você é sobretaxado. Tem um ditado de minha autoria que é o seguinte: ‘para matar um banqueiro atire no bolso primeiro e na cabeça depois’. Porque se atirar no coração ele não morre, pois banqueiro brasileiro não possui esse órgão. Sinceramente esse dado citado pela nossa querida ‘escritora holandesa’ é ridículo e devia ser motivo de vergonha e não de orgulho.

“3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?”

Nesse quesito eu concordo plenamente, sou um fã incondicional do Woshington Olivetto, que só tem um defeito, ser corinthiano. E as nossas agências de publicidade são as melhores do mundo. Mas não se esqueçam de que o Duda Mendonça é um dos marketeiros, e é brasileiro.

“4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?”

No Brasil o empreendedorismo não é vocacional, é devido a falta de empregos formais, o que faz as pessoas terem que se virar e inventar seus próprios meios de vida. Porém, o fato é positivo, pois é a dificuldade que faz o monge. E como somos muito otários, as ONGs que vocês do Primeiro Mundo criam, vem aqui e se aproveitam da nossa boa vontade e trocam o nosso trabalho voluntário por muito lucro (isso sem falar das ONGs que só vêm para cá afim de biopirataria, compra de terras na Amazônia, prostituição, escravidão moderna, rede de pedofilia, etc.). Sei que existe muita ONG do bem por aí, mas boa parte é composta de picareta (estrangeiros e brasileiros).

“5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?”

Considero o Brasil uma democracia incompleta, pois se você é obrigado a votar deixou de lado um dos direitos básicos que é o de se negar a participar de algo em que haja discordância. Se você não simpatizar com nenhum candidato de um pleito tem que votar assim mesmo, isso não é nada democrático. Também não considero as demais democracias como a dos Estados Unidos, índia, etc. como completas. Pois lá como cá ainda faltam alguns ajustes, sendo que na índia nem todos tem os mesmos direitos nos sufrágios.

“6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?”

Isso deve ser piada, quando os políticos brasileiros punem alguém que não seja do povo, é porque essa pessoa não participa das falcatruas ou faz parte de algum grupo político inimigo. No mais, o que os nossos congressistas gostam de fazer é criar cargos para os amiguinhos, aumentar seus próprios salários, protegerem-se mutuamente, e coisas desse tipo.

“7. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?”

Isso só mostra o quanto somos idiotas, e os estrangeiros também. O italiano que foi socorrer o pai que fora assaltado e acabou sendo atropelado por um ônibus na Zona Sul deve ter aproveitado muito da nossa hospitalidade. Os portugueses, franceses e alemães também, que foram assaltados, espancados, achacados por policiais, etc. também devem estar fazendo uma bela propaganda do nosso país. Quando tentamos falar suas línguas é por que queremos vender um monte de badulaque para vocês e nossos gestos são para que vocês confirmem aquilo que sempre acharam: que somos macaquinhos de imitação (não hermanos?).

“8. Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando.”

Deve ser muito ruim ser holandês e não ter motivo nenhum para rir, porque lá vocês não têm mazelas, não é? Ah, deve ser por isso que vocês europeus são duros na cintura e não sabem rebolar e sambar como nós brasileiros, porque na Europa não há motivo para ter desgosto.

“É! O Brasil é um país abençoado de fato.”

Também acho, a natureza foi condescendente conosco, porém os colonizadores não. O povo daqui não é como vocês europeus, que fazem as coisas pensando no coletivo e por aí vocês sabem bem o significado da palavra comunidade, que aqui é sinônimo só de favela.

“Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.”

Na Holanda vocês nunca devem ter ouvido falar de preconceito velado. Pois aqui ninguém tem coragem de admitir, mas essa tolerância toda que é aventada aos quatros cantos é só da boca para fora.

“Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques.”

Ela diz isso porque não tem que aturar as piadas a respeito das diferenças físicas, dos sotaques e os preconceitos que sofrem os nordestinos, nortistas e sulistas que por ventura vieram para o Sudeste (que é uma espécie de Europinha, com o carioca que se acha francês, o paulista que se diz norte americano e italiano em miniatura e o mineiro que se acha um enclave dos Estados Unidos).

“Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente.”

Nós não podemos, infelizmente, escolher o clima. Em particular, eu odeio o calor insuportável do Rio de Janeiro. Para quem está com a vida ganha até que é bom um forno para se tostar e uma areia para se empanar, mas para a maioria dos mortais brasileiros esse sol de rachar mais atrapalha do que ajuda. Se nós temos verões que dão uma cor, temos enxurradas por causa desse clima monção. Nada é perfeito.

“Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!”

Definitivamente esse texto foi escrito por um brasileiro que gostaria de transformar o Brasil em um ‘Estados Unidos da América do Sul’. E isso é coisa de paulista (já se acham a Califórnia brasileira). Esse ufanismo que beira o ridículo não é comum ao europeu, excetuando o francês. Como plagiou a oração ‘Ave Maria’, deve ser católico praticante. Nada contra paulista e católico, mas por que se esconder debaixo de um disfarce para elogiar o nosso país.

O Brasil é uma porcaria, mas sejamos sinceros: nós adoramos isso aqui!

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