quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

ANÁLISE, CRÍTICA E SUGESTÕES ÀS PROPOSTAS URBANÍSTICAS, SECURITÁRIAS, SANITÁRIAS E EDUCACIONAIS DA NOVA PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO

EDUCAÇÃO

Em relação à educação o novo prefeito do Rio de Janeiro começou com o pé esquerdo. Algumas de suas propostas (na verdade da secretária Claudia Costim) são cópias de proposições antigas que já caíram em desuso, ou foram abandonadas por se mostrarem inoperantes, ou então são produzidas para atender aos apostadores da sua candidatura (o velho toma lá dá cá).

A primeira dessas propostas chega a ser ofensiva para os professores. Por exemplo, aquela de dar um salário a mais e prêmios para quem alfabetizar alunos aos 7 ou 8 anos. Ora, não é obrigação dos professores fazê-lo, ou eu estou vivendo numa espécie de bolha de mundo ideal? Até que me provem o contrário, desde sempre a função do professor, junto com os pais, era ensinar a criança a ler e escrever e contar. Eu me sinto ultrajado em saber que sou tratado como um mercenário. E pior, se houver uma melhora, mesmo que pequena, ficará comprovado o caráter mercenário da educação.

Recentemente foi extinta a gratificação estadual por rendimento na educação, a malfadada Nova Escola. Para se extinguir, é sinal que não deu certo, ou seja, deram dinheiro sem contra-partida, o que é mais do mesmo. O governador do Rio de Janeiro acabou com a avaliação, por causa das distorções, e o prefeito da cidade vai fazer uma espécie de déja vu educacional, de fato isso não deve ser sério.

Outra proposta esquisita é a de colocar universitários para auxiliar na educação (isso ta parecendo o Show do Milhão do Silvio Santos) por míseros R$ 400,00. Se os professores da rede pública que ganham seis vezes mais do que isso não estão fazendo o milagre da educação acontecer, como um estudante universitário o fará, ou ajudará a fazer por um valor menor do que ele paga na faculdade?

Quando estamos na universidade e no curso de formação de professores, nos é apresentado um mundo ideológico perfeito, onde a pedagogia e seus pensadores resolvem a contento todos os problemas. Porém, na realidade essas teorias educacionais são como o socialismo marxista que só funciona na ideologia. Não somos avisados da demanda que a realidade oferece e depois do choque inicial, o que reparamos é que cada caso é um caso em especial e não existem fórmulas mágicas.

Lembro-me que houve um tempo em que várias ONGs atuavam na prefeitura com o propósito de ajudar a alfabetizar e recreação dirigida. O resultado nem precisa falar, como já não tem mais nenhuma delas por aqui é sinal que não deu certo. Lembro de um projeto chamado ENDA, que por aqui ficou conhecido como nem ENDA nem DESENDA. O outro projeto que lembro foi o MEL, que também azedou. É mais do mesmo de novo! É o que acontecerá com os universitários.

No meu pouquíssimo tempo de magistério reparei algumas coisas que acho interessante informar. A quantidade de alunos na sala de aula é fundamental para o aprendizado, já lidei com 45 alunos em uma turma de 3ª série (hoje primeiro ano do segundo ciclo), é desumano tentar atender tanta gente e olha que o trabalho era em tempo integral em um CIEP (o tempo todo, cerca de 8 horas em sala sem nenhum outro atrativo).

Para obter a perfeição e poder cobrar resultados práticos dos professore seria bom que cada turma tivesse no máximo 20 alunos, sendo que 15 seria o número ideal. O dinheiro que o prefeito irá gastar com as propostas mirabolantes poderia ser usado para colocar em prática esse número máximo de aluno por sala, aí um único professor daria conta. Depois, com todo direito a cobrança seria pesada e com o apoio de todos. Mas não adianta inventar um monte de factóides e manter as turmas abarrotadas.

Outra proposta melhor do que convocar universitários (a maioria não vai querer) seria convocar pessoas que trabalham como explicadores na própria comunidade (alguns que são sérios fazem um trabalho excelente e podemos comprová-lo), isso evitaria os cursinhos que estão sendo propostos para adequar os universitários e professores para atuarem em comunidades conflagradas. Por serem da comunidade eles já têm esse know how.

Em relação ao décimo quarto salário me parece que é novamente um déja vu do que já houve no Nova Escola, onde umas escolas conseguiam R$ 500,00 e outras só R$ 100,00. Porque a avaliação é subjetiva, sendo assim como medir algo que é imensurável? Por exemplo, um CIEP na periferia (que não escolhe aluno e recebe os piores em relação à defasagem educacional) vai ter um desempenho pífio perante uma escola centralizada que é elitizada. Deveria averiguar-se como o aluno chegou em uma determinada unidade escolar e como ele saiu e não simplesmente comparar as escolas e premiar seu quadro de acordo com ‘números’ de aprendizagem.



O PRINCIPAL PONTO AINDA NÃO FOI ATACADO

No que diz respeito à educação o principal ponto ainda não foi atacado que é a formação continuada do professor. Ainda temos professores que sabem menos do que os próprios alunos algumas matérias. Outros, não têm a menor condição física ou psicológica de estarem perante os alunos em uma sala de aula. Alguns por não terem boa formação, outros por só estarem ali porque não tem outra formação e pelo emprego em outras áreas pagar pouco ou estar difícil.

Outro ponto que está sendo tratado de maneira leviana é o concurso público para o magistério. Digo isso porque recentemente soube que há uma prova de redação em alguns concursos onde o intuito é separar o joio do trigo às avessas, ou seja, para que os peixinhos de determinados figurões de pequeno e médio porte (às vezes de grande também) possam ser selecionados, em vez de alguém que tirou nota melhor na prova objetiva ou aconteceu empate (aí entra a redação para tirar da disputa o adversário).

Se isso é verdade, eu não tenho certeza, mas nesse país esperamos qualquer coisa. É a Lei do Gérson, onde o importante é ‘se dar bem’. Porém, fico imaginando para quê serve a redação. Seria melhor segregar através de exames científicos de verdade, como os exames psicológicos e entrevistas técnicas e testes de competência prática. Assim evitaríamos situações como a contratação de professores e funcionários pedófilos, professores violentos e/ou descontrolados, professores sem a competência mínima para conduzir as aulas, etc.

Outra ação positiva seria concursos públicos para coordenação pedagógica (como já ocorre em algumas prefeituras) e para diretores de escola, em vez da escolha por afeição ou eleição mequetrefe como as que ocorrem, onde os interesses de poucos sobressaem aos de muitos. Nada mais democrático do que um concurso onde qualquer um qualificado possa participar e que vença o melhor.

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