RESPONDENDO AO UFANISMO DE UM BRASILEIRO QUE SE PASSOU POR HOLANDÊS E QUE ESCREVEU TANTA BOBAGEM!
Façamos como o Jack (não o Bauer do seriado 24hs da FOX-TV e sim o estripador da sombria e insalubre Londres pré-industrial) e vamos analisar o texto do post anterior por partes.
Primeiro de tudo é fácil notar que não foi nenhuma holandesa que escreveu o texto, devido ao estilo textual que parece o estilo usado por paulistas e baianos (não conto como descubro isso, de jeito nenhum, mas paulistas e baianos têm umas quimeras e ufanismos fáceis de identificar em seus textos), além do mais, o povo holandês está se lixando para o Brasil, e quando os europeus, americanos e asiáticos se lembram da gente é só pelo turismo (principalmente o sexual) e pela abundancia das drogas que podem experimentar de maneira ilícita, uma vez que em alguns países algumas são legais e amplamente consumidas em coffes e pubs.
PERCEPÇÃO ACERTADA DO BRASILEIRO
“Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos”.
O brasileiro não acha que o mundo todo presta, achamos que os países que promovem o wellfare state (estado de bem-estar social) prestam. Porque simplesmente devolvem ao cidadão em forma de bons serviços o que é pago com caríssimos impostos, que beiram aos 40%, 50% do PIB per capta. Também não somos tão alienados assim, ao ponto de não diferenciar o que temos de positivo, e valorizar, e o que temos de negativo, e criticar.
Porém, devemos agir sempre sem o ufanismo exagerado, típico do povo norte-americano, pois sabemos das mazelas que assolam o nosso país, também reconhecemos que entre todos os países, o nosso é o que tem o maior potencial para crescimento em todos os setores, desde o econômico até o político-social.
“Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado. Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado”.
Ora, essa é uma afirmação ridícula, não se deve avaliar o serviço telefônico de um país pela quantidade de operadoras e sim pela qualidade de seu serviço prestado, veja o nosso exemplo aqui no Rio de Janeiro, temos uma super-telefônica a Oi-Telemar que monopoliza o serviço e é uma porcaria, campeã de reclamação no Procon; e a tímida Embratel, recém inserida e que ainda é uma incógnita. Além disso, temos várias companhias na área das telefonias móveis (celulares) que são, deveras, pilantras ao extremo, cobram preços abusivos e prestam serviço de quinta categoria. Sem falar nos serviços de internet banda larga (larga e lenta), que chegam a ser acintosos.
Na Holanda da escritora fictícia, pode até haver somente uma operadora de telefonia fixa (que eu saiba existem: Dutchtone, Hoofddirectie Telecommunicatie em Post, Enertel, KPN Qwest, Libertel, OPTA: Onafhankelijke Post em Telecomm, Autoriteit Unisource, VECAI, etc.), mas o serviço lá é extremamente eficiente, sem falar que banda larga lá é de verdade e a velocidade é a real e não ‘nominal’ como por aqui. Além disso, o serviço de VOIP (voz por Internet Protocol), serviço telefônico pelo computador funciona bem (a escritora deve ser do século XIX, por isso não conhece esse serviço). E a telefonia celular é algo assustador para o nosso padrão tupiniquim.
Em relação ao sistema eleitoral, lá demora para contar os votos, mas depois o resultado é confiável e não tem voto do cabresto, como é comum por aqui, onde conseguem a proeza de fraudar eleições eletrônicas e ainda se troca voto por um prato de comida. Eu sinceramente prefiro a tartaruga eleitoral holandesa a nossa lebre corrupta e malandra brasileira. E se ela tiver muito incomodada com a Amsterdã eu proponha uma troca, eu vou para lá e ela vem morar aqui no Rio de Janeiro que ela gosta tanto.
“Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne”.
Essa deve ser pra rir! Em lugar nenhum que conheço, a não ser no mundo árabe e muçulmano, se come ou se serve com as mãos. Caso aconteça isso com alguém nesses lugares, basta não aceitar o prato e mandar trocar ou então ir à outro estabelecimento. Pelo que saiba, o Mac Donald’s tem até embalagem própria para seus produtos e isso é regra nos países desenvolvidos e não exceção.
“Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta”.
De fato isso procede. Realmente ocorre, mas o jornal é limpo, e não é feito de papel reciclado e ainda por cima jamais foi usado em ‘banheiros’. Isso é uma jogada de marketing do lugar. Para dar um charme, coisa de britânico... da mesma forma que os pubs de lá não tem muita ventilação para ficar cheirando a fumaça de cigarros e mistura de bebidas alcoólicas. Vai entender. Além do mais isso é cultural e vai haver sempre costumes que causam estranheza para quem não é do local.
“Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador”.
Sinceramente, nesta hora quase me convenci de que era um estrangeiro escrevendo. Só quem não vive aqui diria algo tão idiota. Se você pedir mesa de não-fumante em qualquer lugar longe da Zona Sul e da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro (acho que isso vale para outros estados também), o garçom também rirá de você (salvo poucas exceções). Além do mais as pessoas na periferia das cidades fumam pela rua e jogam a fumaça na cara de quem não fuma (e você terá sorte se não for outro tipo de fumo). Aqui nós temos as leis, só que ninguém cumpre.
“Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de \’Como conquistar o Cliente\’”.
Aqui os garçons são simpáticos porque são interesseiros, além do mais na Europa não existe a cobrança de dez por cento da gorjeta na comanda do consumo para o garçom que no fundo o patrão embolsa e o garçom tem que bajular a todos para conseguir uns trocadinhos de gorjeta. Isso não é jogada de marketing e sim sobrevivência porque o salário de garçom é baixo, o que não acontece na França.
“Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos”.
Realmente sabemos. Pergunte aos bolivianos, paraguaios, uruguaios, colombianos, etc. (argentinos não, porque eles merecem) o que eles acham do grande irmão que o Brasil é e eles dirão o que é ser grande potência. A desigualdade de forças é relativa: para nós Estados Unidos e Europa são os perpetradores, porém nós somos para os anõezinhos que acabei de falar.
“Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa”.
A língua dos dois países é praticamente igual no que se refere à escrita com poucas diferenças que não afetam o entendimento de textos, mas na fala há idiossincrasias e peculiaridades que podem causar constrangimentos a quem for desavisado, pois podem ser cometidas diversas gafes. E se o caso for de dominação pela língua, a reforma ortográfica que foi feita recentemente foi bancada pelo Brasil a contragosto dos lusitanos. Acho que isso demonstra uma inversão nos valores geopolíticos e mostra o Brasil mais poderoso do que Portugal, que convenhamos é um pobretão na zona do Euro.
“Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc…. Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais”.
Neste ponto eu concordo em número, gênero e grau com a ‘escritora holandesa’. O Brasil, economicamente, é vitima dos próprios brasileiros, pois aqui temos condições de fazer melhor e mais barato, mas optamos por fazer pior e sempre mais caro, ainda por cima quando fazemos mal temos que refazer o que dobra os custos. Porém, as coisas estão mudando, com a lei de responsabilidade fiscal, os lugares mais visíveis do país já punem os maus gestores do dinheiro público. Falta arrumar mecanismos para ferir os gestores do mundo empresarial privado, principalmente os bancos.
Quanto às crenças e religiões, não vejo essa perseguição toda que falam por aí. Há uma profusão incrível de igrejas e templos dos mais variados tipos espalhados pelo território e a polícia e a justiça têm dado respostas satisfatórias quanto aos abusos de umas contra as outras.
Quanto ao patriotismo, acho que aqui não temos razão para andar enrolado em bandeiras e muito menos para estufar o peito e por a mão no coração quando tocar o hino nacional. Em primeiro lugar porque isso não demonstra patriotismo, e sim alguém querendo aparecer e posar de Policarpo Quaresma. Em segundo, porque para amar algo ou alguém de verdade temos que ter uma contrapartida. E em terceiro, porque o país não quer e nem precisa de patriotas, nem de ufanistas e muito menos de chauvinistas, precisamos de gente que queira trabalhar e se qualificar, pois os Estados Unidos cresceu, cresce e sempre crescerá baseado no esforço de quem não é natural de lá e nem por isso houve uma implosão social, política e econômica por lá.
Muito bem, já comentamos os principais pontos do artigo da ‘escritora holandesa’ sobre o Brasil e a conclusão a que chegamos é que ela deve se referir às zonas costeiras do Sul e do Sudeste e alguns baluartes do capital no Nordeste brasileiro quando teceu seus comentários e ignorou por completo a nossa periferia, que uma vez mais é relegada à invisibilidade absoluta, tanto aqui como lá fora.
Na próxima oportunidade analisaremos os dados do Instituto Antropos Consulting, citado pela autora do artigo em questão.
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