E lá vem água!
Chegamos ao mês de abril, e em anos de La Niña as chuvas de março, ainda inexplicavelmente, são empurradas para abril, podendo nem vir a acontecer. Mas empurrar mesmo quem faz são os nossos governantes. Empurram até onde der, e às vezes além do que podem como no caso da prevenção às enchentes que são a tônica dos verões cariocas e que se agravam justamente na despedida dessa estação.
Nem a tragédia do ano passado, aquela que me referi como com data marcada, pois de 22 em 22 anos elas se repetem: 1966, 1988, 2010... Mas, com toda probabilidade de só voltar a ter uma hecatombe dessa monta em 2032, é de bom tom que não se dê panos pra manga e se tome as devidas providências.
Mas, muitos irão dizer que a Prefeitura do Rio de Janeiro acabou de construir uma central de monitoramento de Primeiro Mundo. E respondo: central de monitoramento serve apenas para ver em tempo real a tragédia acontecer (ao vivo e em cores)... Mas, o que foi feito para evitar? Também respondo: pouco, muito pouco.
De que adianta satélites, computadores, linkar várias câmaras da CET-Rio, com outras tantas da Defesa Civil, além de várias tantas espalhadas pela cidade para observar os lugares potencialmente arriscados de desabar na primeira chuvinha, se o principal que era acabar com os lugares desumanos aos quais são empurrados vários seres humanos considerados de ‘segunda classe’ pelos nossos governantes que só se lembram de tais ‘cidadãos’ na hora de pedir votos? Se não fizerem o dever-de-casa, que é retirar os moradores de área de risco de desabamento ou enchente e realocá-los em lugar decente, para que não retornem, todo o aparato tecnológico será comprado 'caro' e em vão.
Já que falamos de empurrões, cadê o monitoramento dos desmatamentos principalmente nos maciços mais próximos da urbe? Isso já ajudaria, sobremaneira, no combate a ocupação irregular e especulação imobiliária. Mas, nossos líderes, em sua sapiência, não fizeram o dever de casa e tomara que Deus ou a Natureza, deus de Espinoza, tenha dó de nós meros mortais e não nos mande muita água, o que pode ocorrer, pois em situação de La Niña as chuvas no Sudeste são um pouco menos frequentes, o que leva ao descuido geral com a segurança.
Como a La Niña costuma ser mais imprevisível do que o El Niño, talvez nem chova em abril, e tenhamos veranicos secos durante a fase menos chuvosa do nosso clima de ‘monções’ que costumamos chamar de inverno que vai de maio até o início de agosto. Porém, se La Niña vier 'molhada' trazendo pancadas de chuvas rápidas, mas intensas e com isso der a lógica nesse embate, sabemos que o lado que sempre perderá será o nosso.
E só pra reafirmar: De novo conviveremos com as tragédias anunciadas.
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