O que um governo sério faria em uma cidade como a do Rio de Janeiro em épocas em que sabemos de cor e salteado que as chuvas faziam, fazem e farão vítimas? A princípio, se faria o que já vem sendo feito há alguns anos, o mapeamento das principais áreas de risco em potencial e as mais massivamente habitadas e com esse estudo se planejaria a construção de moradias dignas e a remoção dessas populações para áreas secas e seguras.
De modo algum sou contra o dispendioso gasto feito pelo governo na construção da moderna central de monitoramento remoto e na aquisição dos supercomputadores Tupãs pelo INPE. Toda ferramenta nessa hora será útil. Precisamos muito de estar atentos aos menores sinais das catástrofes. Mas, além de poder assisti-las de camarote num espetacular telão, para quê mais servirá tudo isso?
O governo Lula deu passos largos em direção a tornar a vida das populações menos favorecidas dignas e seguras nos sentidos elementares da questão. Foram as obras do PAC uma das mais bem sucedidas atitudes, pois a meu ver deram boas casas para as famílias necessitadas e não as tiraram de seu meio, onde estão seus laços de convivência e seu possíveis empregos.
Um governo que fosse ainda um pouco mais além, faria isto acima exposto mais uma vez e daria o salto quântico, demolindo as favelas encravadas e em seu lugar replantaria as espécies nativas. Além disso, também seria construído ali um observatório simples para monitoramento, o que daria a exata noção do quanto se desmata e do quanto se refloresta naquele local determinado.
Sugiro ao prefeito e ao governador que não deixe pra tomar depois das tragédias essas medidas tão importantes. É impossível que não haja verbas para isso num país que receberá uma Copa do Mundo e numa cidade que recebeu um Pré-Olímpico e receberá uma Olimpíadas. O preço das vidas que se pode salvar é muito importante politicamente, digo politicamente pois é só desse modo que enxergam a população.
Só para efeito de comparação vamos pegar fatos recentes e que ainda estão em nossas memórias de modo que fica nítido o contraste entre maneiras de agir aos desafios da natureza, as enchentes na cidade do Rio de Janeiro foram há um ano atrás e ainda há resquícios da tragédia, enquanto isso na área afetada pelas enxurradas na Região Serrana há cerca de três meses, ainda há o caos total. Ou seja, nada se fez de prático por aqui.
Já do outro lado do planeta, o povo japonês em uma semana já começava a reagir e o seu governo a agir desobstruindo estradas e resgatando humanos vivos ou mortos após um terremoto de pouco mais de nove pontos na escala Richter no Japão, arrasou totalmente as áreas circunvizinhas ao epicentro, com requinte de crueldade da natureza, pois além desse ainda sobreveio sobre aquela região um maremoto que diminuiu ainda mais as chances de sobrevivência da população local.
Não espero que nosso povo se torne cópia do japonês, seria muita pretensão nossa, pois o segundo lida com desafios impensáveis para nós. Mas, bem que nossos governantes poderiam aprender como agir com os deles.
Tudo sobre tudo e algo mais: Indicando a direção dos ventos do mundo! Um pouco de cada assunto de interesse. Cidade e Urbanização, Ecologia e Meio Ambiente, População e Demografia, Geoeconomia e Geopolítica, Etc.
quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
O verão já se foi, mas as chuvas de março e abril estão chegando
E lá vem água!
Chegamos ao mês de abril, e em anos de La Niña as chuvas de março, ainda inexplicavelmente, são empurradas para abril, podendo nem vir a acontecer. Mas empurrar mesmo quem faz são os nossos governantes. Empurram até onde der, e às vezes além do que podem como no caso da prevenção às enchentes que são a tônica dos verões cariocas e que se agravam justamente na despedida dessa estação.
Nem a tragédia do ano passado, aquela que me referi como com data marcada, pois de 22 em 22 anos elas se repetem: 1966, 1988, 2010... Mas, com toda probabilidade de só voltar a ter uma hecatombe dessa monta em 2032, é de bom tom que não se dê panos pra manga e se tome as devidas providências.
Mas, muitos irão dizer que a Prefeitura do Rio de Janeiro acabou de construir uma central de monitoramento de Primeiro Mundo. E respondo: central de monitoramento serve apenas para ver em tempo real a tragédia acontecer (ao vivo e em cores)... Mas, o que foi feito para evitar? Também respondo: pouco, muito pouco.
De que adianta satélites, computadores, linkar várias câmaras da CET-Rio, com outras tantas da Defesa Civil, além de várias tantas espalhadas pela cidade para observar os lugares potencialmente arriscados de desabar na primeira chuvinha, se o principal que era acabar com os lugares desumanos aos quais são empurrados vários seres humanos considerados de ‘segunda classe’ pelos nossos governantes que só se lembram de tais ‘cidadãos’ na hora de pedir votos? Se não fizerem o dever-de-casa, que é retirar os moradores de área de risco de desabamento ou enchente e realocá-los em lugar decente, para que não retornem, todo o aparato tecnológico será comprado 'caro' e em vão.
Já que falamos de empurrões, cadê o monitoramento dos desmatamentos principalmente nos maciços mais próximos da urbe? Isso já ajudaria, sobremaneira, no combate a ocupação irregular e especulação imobiliária. Mas, nossos líderes, em sua sapiência, não fizeram o dever de casa e tomara que Deus ou a Natureza, deus de Espinoza, tenha dó de nós meros mortais e não nos mande muita água, o que pode ocorrer, pois em situação de La Niña as chuvas no Sudeste são um pouco menos frequentes, o que leva ao descuido geral com a segurança.
Como a La Niña costuma ser mais imprevisível do que o El Niño, talvez nem chova em abril, e tenhamos veranicos secos durante a fase menos chuvosa do nosso clima de ‘monções’ que costumamos chamar de inverno que vai de maio até o início de agosto. Porém, se La Niña vier 'molhada' trazendo pancadas de chuvas rápidas, mas intensas e com isso der a lógica nesse embate, sabemos que o lado que sempre perderá será o nosso.
E só pra reafirmar: De novo conviveremos com as tragédias anunciadas.
Chegamos ao mês de abril, e em anos de La Niña as chuvas de março, ainda inexplicavelmente, são empurradas para abril, podendo nem vir a acontecer. Mas empurrar mesmo quem faz são os nossos governantes. Empurram até onde der, e às vezes além do que podem como no caso da prevenção às enchentes que são a tônica dos verões cariocas e que se agravam justamente na despedida dessa estação.
Nem a tragédia do ano passado, aquela que me referi como com data marcada, pois de 22 em 22 anos elas se repetem: 1966, 1988, 2010... Mas, com toda probabilidade de só voltar a ter uma hecatombe dessa monta em 2032, é de bom tom que não se dê panos pra manga e se tome as devidas providências.
Mas, muitos irão dizer que a Prefeitura do Rio de Janeiro acabou de construir uma central de monitoramento de Primeiro Mundo. E respondo: central de monitoramento serve apenas para ver em tempo real a tragédia acontecer (ao vivo e em cores)... Mas, o que foi feito para evitar? Também respondo: pouco, muito pouco.
De que adianta satélites, computadores, linkar várias câmaras da CET-Rio, com outras tantas da Defesa Civil, além de várias tantas espalhadas pela cidade para observar os lugares potencialmente arriscados de desabar na primeira chuvinha, se o principal que era acabar com os lugares desumanos aos quais são empurrados vários seres humanos considerados de ‘segunda classe’ pelos nossos governantes que só se lembram de tais ‘cidadãos’ na hora de pedir votos? Se não fizerem o dever-de-casa, que é retirar os moradores de área de risco de desabamento ou enchente e realocá-los em lugar decente, para que não retornem, todo o aparato tecnológico será comprado 'caro' e em vão.
Já que falamos de empurrões, cadê o monitoramento dos desmatamentos principalmente nos maciços mais próximos da urbe? Isso já ajudaria, sobremaneira, no combate a ocupação irregular e especulação imobiliária. Mas, nossos líderes, em sua sapiência, não fizeram o dever de casa e tomara que Deus ou a Natureza, deus de Espinoza, tenha dó de nós meros mortais e não nos mande muita água, o que pode ocorrer, pois em situação de La Niña as chuvas no Sudeste são um pouco menos frequentes, o que leva ao descuido geral com a segurança.
Como a La Niña costuma ser mais imprevisível do que o El Niño, talvez nem chova em abril, e tenhamos veranicos secos durante a fase menos chuvosa do nosso clima de ‘monções’ que costumamos chamar de inverno que vai de maio até o início de agosto. Porém, se La Niña vier 'molhada' trazendo pancadas de chuvas rápidas, mas intensas e com isso der a lógica nesse embate, sabemos que o lado que sempre perderá será o nosso.
E só pra reafirmar: De novo conviveremos com as tragédias anunciadas.
O verão já se foi, mas as chuvas de março e abril estão chegando
É, como sempre ocorre no nosso querido Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, num país abençoado por Deus e bonito por natureza, março e abril são meses em que as chuvas batem forte na nossa porta. E pior de tudo, estaremos dessa vez preparados paracombater seus efeitos nefastos?
Como ocorre com a dengue, sempre soubemos que o verão é a época mais propícia a proliferação de mosquitos, e entre eles o aedes aegypt, o que causa a dengue e outros males. Mesmo assim, aposto minhas fichas, o governo não tomou as devidas precauções... É sempre assim, esperam acontecer pra depois tomarem as providências.
Hoje em dia temos as clínicas de saúde familiar, antes que eu ria, vamos aos fatos... Essas clínicas poderiam antecipar o que todos nós sabemos: “A dengue vem aí...” Em Cuba, pais muito inferior ao nosso, a dengue não faz tanto estrago quanto aqui.
O que até agora fizeram as autoridades na área de saúde principalmente? Desde o início do século passado que noticiamos casos de dengue, no entanto, quando ela vem, invariavelmente nos pega de ‘surpresa’. Como explicar que um país que cresce e enriquece como o nosso é incapaz de combater de verdade e permanentemente uma doença simples de se tratar? É simples: tratam a dengue como caso de saúde, quando na verdade, é, principalmente um caso de educação massiva.
Creio que teremos muitos casos de dengue, e o tipo 4 já está entre nós, o que leva a crer também que o Governo não se preparou para conter uma epidemia estadual. Digo estadual porque não tenho dados nem base para dizer nacional, excetuando-se o Sul do país que pela menos pior educação e clima menos quente pode ser aliviado.
De novo conviveremos com as tragédias anunciadas.
Como ocorre com a dengue, sempre soubemos que o verão é a época mais propícia a proliferação de mosquitos, e entre eles o aedes aegypt, o que causa a dengue e outros males. Mesmo assim, aposto minhas fichas, o governo não tomou as devidas precauções... É sempre assim, esperam acontecer pra depois tomarem as providências.
Hoje em dia temos as clínicas de saúde familiar, antes que eu ria, vamos aos fatos... Essas clínicas poderiam antecipar o que todos nós sabemos: “A dengue vem aí...” Em Cuba, pais muito inferior ao nosso, a dengue não faz tanto estrago quanto aqui.
O que até agora fizeram as autoridades na área de saúde principalmente? Desde o início do século passado que noticiamos casos de dengue, no entanto, quando ela vem, invariavelmente nos pega de ‘surpresa’. Como explicar que um país que cresce e enriquece como o nosso é incapaz de combater de verdade e permanentemente uma doença simples de se tratar? É simples: tratam a dengue como caso de saúde, quando na verdade, é, principalmente um caso de educação massiva.
Creio que teremos muitos casos de dengue, e o tipo 4 já está entre nós, o que leva a crer também que o Governo não se preparou para conter uma epidemia estadual. Digo estadual porque não tenho dados nem base para dizer nacional, excetuando-se o Sul do país que pela menos pior educação e clima menos quente pode ser aliviado.
De novo conviveremos com as tragédias anunciadas.
segunda-feira, 7 de março de 2011
A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - GEOGRAFIA FÍSICA
ASPECTOS DA GEOGRAFIA FÍSICA DE BANGU
Formação geológica e hipsometria
O bairro está situado entre dois majestosos maciços, que dominam de forma exuberante a paisagem local, ao sul o da Pedra Branca, e ao norte o de Gericinó.
Na sua geologia, o solo no qual está calcada a região é composta por gnaisse bandado com quartzo, microclina, plagioclásio e biotita (locais tipo Pico do Archer) nas partes de média / baixa elevação do local e granito cinza, tipo porfirítico (tipo “favela”), com diques de allanita granito e granito rosa (locais tipo Grajaú e Pedra Branca) nas de média / alta, na subida dos morros tanto do Gericinó quanto da Pedra Branca; na parte alta dos morros, há sienito, granito pegmatóide ( tipo Serra da Misericórdia) e tinguaitos (comum em locais como a Serra da Mantiqueira) principalmente no maciço de Gericinó; já nos lugares de maior ocupação antrópicas, temos bastante aluvião, intrusões alcalinas, dunas compactadas artificialmente e lagunas e mangues aterrados; também nos morros encontramos: granodieritos, quartzodioritos e tonalitos.
Quanto a Hipsometria, não se pode considerar nossos maciços como de grandes altitudes, segundo o relevo local, poderíamos subdividi-lo em poucas escalas decrescente: a maior altitude ficaria no topo dos maciços do Gericinó e da Pedra Branca, com aproximadamente entre 900 e 1025 metros do nível do mar; serras como a de Madureira, do Quitungo, do Retiro e do Lameirão, que circundam o bairro estariam entre 300 e 700 metros; e o vale conhecido como Baixada de Bangu, estaria entre 100 e 0 metros (o nível do mar).
Em relação ao ranking orográfico, dos maiores em cotas de altitude, poderíamos dividir os dois blocos de maciços da ficando da seguinte forma.
• Maciço da Pedra Branca, que possui o ponto mais alto do relevo carioca o Pico da Pedra Branca, com a seguinte hipsometria decrescentemente:
- Pico da Pedra Branca – com 1025 metros;
- Morro da Bandeira – com 964;
- Pedra do Ponto – com 938 metros;
- Morro Santa Bárbara – com 857 metros;
- Pedra do Quilombo – com 735 metros;
- Pico do Sacarrão – com 714 metros;
- Morro dos Caboclos – com 696 metros;
- Toca Grande – com 577 metros;
- Morro do Cabuçu – com 572 metros;
- Morro do Lameirão – com altitude máxima de 484 metros.
• Já no Maciço do Gericinó, as altitudes são menos elevadas não passando em nenhum ponto dos mil metros acima do nível do mar, em ordem decrescente:
- Pico do Guandu – com 964 metros;
- Pico das Andorinhas – com 906;
- Morro do Gericinó – com 889 metros;
- Morro do Guandu – com 744 metros;
- Pico do Marapicu – com 632 metros de altitude.
Vale ressaltar, que muitos destes morros excedem a região, se espalhando até mesmo em direção dos municípios ao norte e outras regiões como a de Jacarepaguá ao sul.
Também devemos ter em mente que a pouca altitude dos nossos morros se deve ao fato de ser de relevo já desgastados pelo intemperismo por ser bastante antigo, como a maior parte do relevo brasileiro, que raramente ultrapassa os 3500 metros de altitude.
Hidrografia
Os rios que cortam a área da região de Bangu fazem parte da Bacia de Sepetiba e da Guanabara, isto porque a direção que o curso toma é que define este pertencimento. São na maioria ‘braços’ do Rio Guandu, são: o rio Piraquara, o rio Sarapui, o rio Guandu do Sena, o rio Viegas, o rio dos cachorros, entre outros de pequeno curso, quase desprezíveis como o rio das Tintas. A maioria está agonizando com a poluição, devido a atividade humana no local e a falta de consciência dos moradores que jogam todo tipo de dejeto neles.
Na Serra do Barata, em Realengo, temos uma bela cachoeira, que também sofre com a ignorância do povo que usa suas nascentes e quedas de água para fazer macumba e largam ali os restos na maioria das vezes produtos de difícil decomposição pela natureza, também há os visitantes não tão afro-religiosos que sujam por demais aquele pequeno pedaço de paraíso.
O clima
O clima da região de Bangu, anotado em Estação Meteorológica no bairro, é o mesmo que abrange todo o município do Rio de Janeiro, o tropical úmido. Desnecessário dizer que Bangu é o bairro mais quente do Rio de Janeiro, sempre que vemos na televisão a previsão do tempo, as temperaturas máximas são sempre no nosso bairro.
Isso se explica pelo fato da razoável distância do mar em que nos encontramos, da vizinhança dos maciços e da ocupação humana e atividades urbanas, com lançamentos de dióxido de carbono e outros gases de estufa que não são dissipados de forma tão rápida.
A temperatura média do bairro ultrapassa 25 graus, e no auge do verão é comum os termômetros de rua marcarem 45 graus, o que dá, literalmente para fritar um ovo na tampa de ferro um bueiro. Segundo o Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro, de 2000, no período de 1979 e 1980, notamos que a vertente sul do maciço da Pedra Branca registrou temperatura abaixo de 22 graus, e toda a porção ao norte da região de Bangu obteve média de temperatura entre 22 e 23 graus e a parte mais densamente povoada dos bairros de Padre Miguel, Realengo, Senador Camará e Bangu, ficaram entre 23 e 25 graus.
Quanto aos índices pluviométricos, costuma chover entre 1400 e 1600 mililitros anualmente no alto das serras do Gericinó, nas partes mais altas do maciço da Pedra Branca e nas médias altitudes do Gericinó a precipitação fica entre 1200 e 1400 mililitros e na parte antrópica a ocorrência das chuvas é bem mais branda, estando, quase sempre, entre 1000 e 1200 mililitros anuais, conforme fora anotado nos anos 97/98, pelo Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro, de 2000.
Vegetação original
Originalmente a região era coberta pela Floresta Tropical de Mata Atlântica, ainda há resquícios de vegetação típica deste ecossistema espalhados pela paisagem. Trata-se de uma floresta bastante úmida não tanto quanto uma Floresta Tropical Equatorial, mas em algumas áreas de extrema pluviosidade principalmente as beirando o mar, como onde o mar encontra o anteparo rochoso da Serra do Mar em alguns municípios do Rio de Janeiro e São Paulo, a quantidade de chuvas torrenciais faz lembrar uma floresta como a do Congo e a da Amazônia, sendo bastante aproveitado economicamente para o plantio de banana que se adapta tão bem a essas condições e traz deveras benefícios aos municípios (como Bananal entre outros) que usam bem essa característica das chuvas orográficas como incremento agrícola.
Vegetação atual
Apesar de manchas de vegetação de Mata Atlântica, hoje bastante espoliada, o que temos na localidade é uma paisagem bastante afetada pela atuação antrópica, são campos artificiais e matas longínquas tomadas por capim colonião, arbustos e ervas.
Somente nos morros se pode observar algum ecossistema florestado, sendo que o de Gericinó, devido a proteção proporcionada pela atuação do Exército – que durante muito tempo evitou a entrada de curiosos e a expansão de favelas no local, nas décadas precedentes ao fim do século passado – o que foi de fundamental importância na manutenção deste parque, mas, ultimamente, já começamos a notar um processo de ocupação bastante desordenado, e uma invasão de ambas as vertentes do maciço.
Ao descer as serras da região passa-se de uma vegetação minimamente preservada para os campos antrópicos e algumas manchas de culturas agrícolas em regiões um pouco afastada do perímetro urbano, já na parte mais urbanizada o que encontramos é uma total devastação de todo o tipo de mata que por ventura houvesse ali. É de se lamentar que mesmo as árvores mais antigas do bairro, e muitas plantadas há menos de cinqüenta anos estão sendo ou dilapidadas ou arrancadas com raiz e tudo pela Fundação Parques e Jardins, como foi feito ao longo da Ciclovia entre os sub-bairros de Padre Miguel e Guilherme da Silveira, o que em tempo de verão infernal, comum na região, faz a sensação térmica exacerbar.
A flora e a fauna extintas ou em extinção
Quando apenas os índios passeavam por estas bandas, deveria ser bastante abundante algumas espécies vegetais e animais, hoje não tão comuns, ou então, praticamente extintas.
Nos nossos maciços, que abrigavam florestas tropicais úmidas, havia diversas árvores que há muitos não mais se vê, como por exemplo: a Canela-sassafrás (ocotea pretiosa), o Jacarandá (Dalbergia nigra), estas no maciço do Gericinó, e a Samambaiaçu (Dicksonia sellowiana) no da Pedra Branca e outras espécies de menor porte e flores como a erva Orquídea (Cattleya forbesii) no maciço da Pedra Branca, e no do Gericinó, tínhamos a erva Bananeira-do-mato (Heliconia sampaioana).
A vida animal, era também muito abundante e exuberante no local, mas hoje já quase que extinta em sua totalidade. Era comum encontrar-se, por exemplo, o felino sussuarana (Felis concolor) e a ave arapongas (Procnias nudicollis) na floresta do Gericinó e anta (Tapirus terrestris), o felídeo gato-maracajá (Leopardus wiedii) e a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) na da Pedra Branca. Ainda resistem bravamente espécies de cães e gatos-do-mato, diversas aves e gambás no que restou destes ecossistemas.
Formação geológica e hipsometria
O bairro está situado entre dois majestosos maciços, que dominam de forma exuberante a paisagem local, ao sul o da Pedra Branca, e ao norte o de Gericinó.
Na sua geologia, o solo no qual está calcada a região é composta por gnaisse bandado com quartzo, microclina, plagioclásio e biotita (locais tipo Pico do Archer) nas partes de média / baixa elevação do local e granito cinza, tipo porfirítico (tipo “favela”), com diques de allanita granito e granito rosa (locais tipo Grajaú e Pedra Branca) nas de média / alta, na subida dos morros tanto do Gericinó quanto da Pedra Branca; na parte alta dos morros, há sienito, granito pegmatóide ( tipo Serra da Misericórdia) e tinguaitos (comum em locais como a Serra da Mantiqueira) principalmente no maciço de Gericinó; já nos lugares de maior ocupação antrópicas, temos bastante aluvião, intrusões alcalinas, dunas compactadas artificialmente e lagunas e mangues aterrados; também nos morros encontramos: granodieritos, quartzodioritos e tonalitos.
Quanto a Hipsometria, não se pode considerar nossos maciços como de grandes altitudes, segundo o relevo local, poderíamos subdividi-lo em poucas escalas decrescente: a maior altitude ficaria no topo dos maciços do Gericinó e da Pedra Branca, com aproximadamente entre 900 e 1025 metros do nível do mar; serras como a de Madureira, do Quitungo, do Retiro e do Lameirão, que circundam o bairro estariam entre 300 e 700 metros; e o vale conhecido como Baixada de Bangu, estaria entre 100 e 0 metros (o nível do mar).
Em relação ao ranking orográfico, dos maiores em cotas de altitude, poderíamos dividir os dois blocos de maciços da ficando da seguinte forma.
• Maciço da Pedra Branca, que possui o ponto mais alto do relevo carioca o Pico da Pedra Branca, com a seguinte hipsometria decrescentemente:
- Pico da Pedra Branca – com 1025 metros;
- Morro da Bandeira – com 964;
- Pedra do Ponto – com 938 metros;
- Morro Santa Bárbara – com 857 metros;
- Pedra do Quilombo – com 735 metros;
- Pico do Sacarrão – com 714 metros;
- Morro dos Caboclos – com 696 metros;
- Toca Grande – com 577 metros;
- Morro do Cabuçu – com 572 metros;
- Morro do Lameirão – com altitude máxima de 484 metros.
• Já no Maciço do Gericinó, as altitudes são menos elevadas não passando em nenhum ponto dos mil metros acima do nível do mar, em ordem decrescente:
- Pico do Guandu – com 964 metros;
- Pico das Andorinhas – com 906;
- Morro do Gericinó – com 889 metros;
- Morro do Guandu – com 744 metros;
- Pico do Marapicu – com 632 metros de altitude.
Vale ressaltar, que muitos destes morros excedem a região, se espalhando até mesmo em direção dos municípios ao norte e outras regiões como a de Jacarepaguá ao sul.
Também devemos ter em mente que a pouca altitude dos nossos morros se deve ao fato de ser de relevo já desgastados pelo intemperismo por ser bastante antigo, como a maior parte do relevo brasileiro, que raramente ultrapassa os 3500 metros de altitude.
Hidrografia
Os rios que cortam a área da região de Bangu fazem parte da Bacia de Sepetiba e da Guanabara, isto porque a direção que o curso toma é que define este pertencimento. São na maioria ‘braços’ do Rio Guandu, são: o rio Piraquara, o rio Sarapui, o rio Guandu do Sena, o rio Viegas, o rio dos cachorros, entre outros de pequeno curso, quase desprezíveis como o rio das Tintas. A maioria está agonizando com a poluição, devido a atividade humana no local e a falta de consciência dos moradores que jogam todo tipo de dejeto neles.
Na Serra do Barata, em Realengo, temos uma bela cachoeira, que também sofre com a ignorância do povo que usa suas nascentes e quedas de água para fazer macumba e largam ali os restos na maioria das vezes produtos de difícil decomposição pela natureza, também há os visitantes não tão afro-religiosos que sujam por demais aquele pequeno pedaço de paraíso.
O clima
O clima da região de Bangu, anotado em Estação Meteorológica no bairro, é o mesmo que abrange todo o município do Rio de Janeiro, o tropical úmido. Desnecessário dizer que Bangu é o bairro mais quente do Rio de Janeiro, sempre que vemos na televisão a previsão do tempo, as temperaturas máximas são sempre no nosso bairro.
Isso se explica pelo fato da razoável distância do mar em que nos encontramos, da vizinhança dos maciços e da ocupação humana e atividades urbanas, com lançamentos de dióxido de carbono e outros gases de estufa que não são dissipados de forma tão rápida.
A temperatura média do bairro ultrapassa 25 graus, e no auge do verão é comum os termômetros de rua marcarem 45 graus, o que dá, literalmente para fritar um ovo na tampa de ferro um bueiro. Segundo o Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro, de 2000, no período de 1979 e 1980, notamos que a vertente sul do maciço da Pedra Branca registrou temperatura abaixo de 22 graus, e toda a porção ao norte da região de Bangu obteve média de temperatura entre 22 e 23 graus e a parte mais densamente povoada dos bairros de Padre Miguel, Realengo, Senador Camará e Bangu, ficaram entre 23 e 25 graus.
Quanto aos índices pluviométricos, costuma chover entre 1400 e 1600 mililitros anualmente no alto das serras do Gericinó, nas partes mais altas do maciço da Pedra Branca e nas médias altitudes do Gericinó a precipitação fica entre 1200 e 1400 mililitros e na parte antrópica a ocorrência das chuvas é bem mais branda, estando, quase sempre, entre 1000 e 1200 mililitros anuais, conforme fora anotado nos anos 97/98, pelo Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro, de 2000.
Vegetação original
Originalmente a região era coberta pela Floresta Tropical de Mata Atlântica, ainda há resquícios de vegetação típica deste ecossistema espalhados pela paisagem. Trata-se de uma floresta bastante úmida não tanto quanto uma Floresta Tropical Equatorial, mas em algumas áreas de extrema pluviosidade principalmente as beirando o mar, como onde o mar encontra o anteparo rochoso da Serra do Mar em alguns municípios do Rio de Janeiro e São Paulo, a quantidade de chuvas torrenciais faz lembrar uma floresta como a do Congo e a da Amazônia, sendo bastante aproveitado economicamente para o plantio de banana que se adapta tão bem a essas condições e traz deveras benefícios aos municípios (como Bananal entre outros) que usam bem essa característica das chuvas orográficas como incremento agrícola.
Vegetação atual
Apesar de manchas de vegetação de Mata Atlântica, hoje bastante espoliada, o que temos na localidade é uma paisagem bastante afetada pela atuação antrópica, são campos artificiais e matas longínquas tomadas por capim colonião, arbustos e ervas.
Somente nos morros se pode observar algum ecossistema florestado, sendo que o de Gericinó, devido a proteção proporcionada pela atuação do Exército – que durante muito tempo evitou a entrada de curiosos e a expansão de favelas no local, nas décadas precedentes ao fim do século passado – o que foi de fundamental importância na manutenção deste parque, mas, ultimamente, já começamos a notar um processo de ocupação bastante desordenado, e uma invasão de ambas as vertentes do maciço.
Ao descer as serras da região passa-se de uma vegetação minimamente preservada para os campos antrópicos e algumas manchas de culturas agrícolas em regiões um pouco afastada do perímetro urbano, já na parte mais urbanizada o que encontramos é uma total devastação de todo o tipo de mata que por ventura houvesse ali. É de se lamentar que mesmo as árvores mais antigas do bairro, e muitas plantadas há menos de cinqüenta anos estão sendo ou dilapidadas ou arrancadas com raiz e tudo pela Fundação Parques e Jardins, como foi feito ao longo da Ciclovia entre os sub-bairros de Padre Miguel e Guilherme da Silveira, o que em tempo de verão infernal, comum na região, faz a sensação térmica exacerbar.
A flora e a fauna extintas ou em extinção
Quando apenas os índios passeavam por estas bandas, deveria ser bastante abundante algumas espécies vegetais e animais, hoje não tão comuns, ou então, praticamente extintas.
Nos nossos maciços, que abrigavam florestas tropicais úmidas, havia diversas árvores que há muitos não mais se vê, como por exemplo: a Canela-sassafrás (ocotea pretiosa), o Jacarandá (Dalbergia nigra), estas no maciço do Gericinó, e a Samambaiaçu (Dicksonia sellowiana) no da Pedra Branca e outras espécies de menor porte e flores como a erva Orquídea (Cattleya forbesii) no maciço da Pedra Branca, e no do Gericinó, tínhamos a erva Bananeira-do-mato (Heliconia sampaioana).
A vida animal, era também muito abundante e exuberante no local, mas hoje já quase que extinta em sua totalidade. Era comum encontrar-se, por exemplo, o felino sussuarana (Felis concolor) e a ave arapongas (Procnias nudicollis) na floresta do Gericinó e anta (Tapirus terrestris), o felídeo gato-maracajá (Leopardus wiedii) e a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) na da Pedra Branca. Ainda resistem bravamente espécies de cães e gatos-do-mato, diversas aves e gambás no que restou destes ecossistemas.
A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - TRABALHO
BANGU: TRABALHO, MERCADO INFORMAL, CAMELOTAGEM, EMPREGO, SUBEMPREGO E DESEMPREGO
Todas as comunidades do entorno de Bangu, possuem um nível sócio-cultural-econômico extremamente baixo, devido principalmente ao fato da maioria de seus moradores não terem conseguido completar sequer o Ensino Fundamental e vivem (ou sobrevivem), do subemprego ou do mercado informal, devido, sobretudo, à baixa escolaridade, muitas vezes com menos de um salário mínimo e o desemprego é bastante elevado no local.
Não há incentivo estatal para modificar a realidade ‘canibal’ do momento, conheço muitos moradores destas comunidades que há bem pouco tempo faziam parte dos quadros de diversas empresas estatais recentemente privatizadas pela sanha neo-liberal, que devorou as entranhas da máquina do governo e jogou na sarjeta do mercado de trabalho uma infinidade de pais de família.
Hoje a maioria desses demitidos trabalham em pequenos comércios espalhados pela comunidade, ou como camelôs, ou subempregados, causando uma competição desenfreada por pontos como ocorre no Ponto Chique de Padre Miguel, no calçadão de Bangu, Centro de Realengo e nas demais áreas comerciais dos sub-bairros de Bangu, o que também gera certa forma de violência, a visual, pois são aproveitados quaisquer espaço viável para construção de biroscas, mini bazares, lojas de bijuterias, carroças de Hot Dog, de X-tudos, e as famosa lojinhas de R$ 1,99 que fazem enfeiar ainda mais a paisagem outrora singela de bairro periférico, porém não tão miserável e espoliado.
Quando precisamos passar ou pelo buraco do Faim em Bangu, ou pelo buraco do Viana em Padre Miguel, ou então pela passarela da estação ferroviária de Bangu é que percebemos como o desemprego está alto.
A quantidade de camelôs é enorme e não tem repressão da Guarda Municipal que dê jeito, pois tiram os camelôs daqui e eles esperam a poeira baixar e retornam, isso sem falar dos vanseiros, kombeiros e topiqueiros, que disputam de maneira acirrada e feroz o território no largo em frente ao buraco do Faim, arrecadando passageiros para suas lotadas que quando estão no trânsito, chegam a ser suicidas.
Também seria maldade por demais, como se já não bastasse tirar-lhes o emprego. Não termos o direito de tirar-lhes também o subemprego, a camelotagem e qualquer outra forma menos desonesta de ganhar seu sustento, uma vez que o enxugamento das empresas (uma espécie de eufemismo para demissão) já vem fazendo isso de modo tão competente e cruel.
Mesmo dando o famoso “jeito Brasileiro”, muitos não conseguem adentrar no mercado consumidor pele falta de políticas de emprego, acabam, assim, engrossando as diversas estatísticas do desemprego na cidade, no estado e, consequentemente, no Brasil, que vem incomodando e causando dores de cabeça nos governantes, que tem de prestar contas com a ‘ordem externa’ e nos pais de família que ficam sem saber se no dia seguinte amanhecerão empregados ou nas estatísticas.
O fato é que quando ficamos desempregados, não perdemos só um emprego, a carteira assinada e coisas materiais. Muitas coisas etéreas são perdidas com o desemprego: a experiência de trabalhadores antigos, o círculo de amizades, o alívio de certos problemas caseiros e principalmente, como na música do saudoso Gonzaguinha, a sua honra também se perde, é como se deixássemos de ser homens, homens úteis, não sendo úteis, tornaríamos estorvos, inúteis, como mais uma peça na mão do capitalismo, que após usado à exaustão é descartada e jogada fora para vagar espaço para outro gad get.
Os empregadores do mundo de hoje se acostumaram à lei do mercado, não é para menos, até as nossas crianças também já se acostumaram e como os primeiros, aprenderam que vale mais a pena comprar outro objeto do que tentar investir naquele velho e usado, lucra-se bem mais em trocar uma peça desgastada, mas ainda de boa utilização, por outra bem baratinha e de preferência inventada, ou como na maioria das vezes copiadas de outro modelo, da indústria do consumo. Tem sido assim com bugigangas, com livros, com aparelhos domésticos, com bichos de estimação e, como prelúdio do fim de mundo, com as pessoas.
Ninguém mais investe em relações pessoais. É mais fácil desfazer o casamento, o que está acontecendo a cada dia mais cedo; acabar com a amizade; não prestar atenção nas calçadas cheia de indigentes para não se penalizar por demais e, por último, é bem mais lucrativo para os donos do capital mandar o empregado embora do que tentar cortar custos de produção e melhorar o gerenciamento, afinal de contas o empregado é apenas mais uma pessoa de tantas que existem no mundo super povoado, só mais uma peça na engrenagem, que está aí, mesmo só para dar lucro e se enferrujar deve ser, de fato, trocado por peça nova.
Infelizmente há no Brasil resquícios da época da escravidão, e nossos empresários agem como se vivessem naqueles tempos, também é muito compreensível, os pobres coitados lucravam muito e não pagavam pelo trabalho dos seus lacaios, hoje têm que pagar os malditos salários, deve doer bastante a lembrança da Lei Áurea.
Também dói para o trabalhador ser tratado como semi-escravo, pior ainda para aquele que nem isso é, é na verdade desempregado, como já foi dito, sem honra.
É inadmissível para o mundo atual, tão repleto de tecnologias, que ainda haja trabalho escravo, infantil e pior ainda desemprego.
Mostra que estamos tal qual caranguejos, andando para o lado em vez de sempre para frente, que com toda modernidade não conseguimos resolver alguns dos problemas que fazem da vida da maioria da população um ‘gargalo’, como: o desemprego que passa de dois dígitos nas nossas estatísticas; a fome que bate a casa de cerca de vinte e três milhões de brasileiros; a miséria que assola boa parte da nossa população e conseqüência de todos os outros, a violência.
Todas as comunidades do entorno de Bangu, possuem um nível sócio-cultural-econômico extremamente baixo, devido principalmente ao fato da maioria de seus moradores não terem conseguido completar sequer o Ensino Fundamental e vivem (ou sobrevivem), do subemprego ou do mercado informal, devido, sobretudo, à baixa escolaridade, muitas vezes com menos de um salário mínimo e o desemprego é bastante elevado no local.
Não há incentivo estatal para modificar a realidade ‘canibal’ do momento, conheço muitos moradores destas comunidades que há bem pouco tempo faziam parte dos quadros de diversas empresas estatais recentemente privatizadas pela sanha neo-liberal, que devorou as entranhas da máquina do governo e jogou na sarjeta do mercado de trabalho uma infinidade de pais de família.
Hoje a maioria desses demitidos trabalham em pequenos comércios espalhados pela comunidade, ou como camelôs, ou subempregados, causando uma competição desenfreada por pontos como ocorre no Ponto Chique de Padre Miguel, no calçadão de Bangu, Centro de Realengo e nas demais áreas comerciais dos sub-bairros de Bangu, o que também gera certa forma de violência, a visual, pois são aproveitados quaisquer espaço viável para construção de biroscas, mini bazares, lojas de bijuterias, carroças de Hot Dog, de X-tudos, e as famosa lojinhas de R$ 1,99 que fazem enfeiar ainda mais a paisagem outrora singela de bairro periférico, porém não tão miserável e espoliado.
Quando precisamos passar ou pelo buraco do Faim em Bangu, ou pelo buraco do Viana em Padre Miguel, ou então pela passarela da estação ferroviária de Bangu é que percebemos como o desemprego está alto.
A quantidade de camelôs é enorme e não tem repressão da Guarda Municipal que dê jeito, pois tiram os camelôs daqui e eles esperam a poeira baixar e retornam, isso sem falar dos vanseiros, kombeiros e topiqueiros, que disputam de maneira acirrada e feroz o território no largo em frente ao buraco do Faim, arrecadando passageiros para suas lotadas que quando estão no trânsito, chegam a ser suicidas.
Também seria maldade por demais, como se já não bastasse tirar-lhes o emprego. Não termos o direito de tirar-lhes também o subemprego, a camelotagem e qualquer outra forma menos desonesta de ganhar seu sustento, uma vez que o enxugamento das empresas (uma espécie de eufemismo para demissão) já vem fazendo isso de modo tão competente e cruel.
Mesmo dando o famoso “jeito Brasileiro”, muitos não conseguem adentrar no mercado consumidor pele falta de políticas de emprego, acabam, assim, engrossando as diversas estatísticas do desemprego na cidade, no estado e, consequentemente, no Brasil, que vem incomodando e causando dores de cabeça nos governantes, que tem de prestar contas com a ‘ordem externa’ e nos pais de família que ficam sem saber se no dia seguinte amanhecerão empregados ou nas estatísticas.
O fato é que quando ficamos desempregados, não perdemos só um emprego, a carteira assinada e coisas materiais. Muitas coisas etéreas são perdidas com o desemprego: a experiência de trabalhadores antigos, o círculo de amizades, o alívio de certos problemas caseiros e principalmente, como na música do saudoso Gonzaguinha, a sua honra também se perde, é como se deixássemos de ser homens, homens úteis, não sendo úteis, tornaríamos estorvos, inúteis, como mais uma peça na mão do capitalismo, que após usado à exaustão é descartada e jogada fora para vagar espaço para outro gad get.
Os empregadores do mundo de hoje se acostumaram à lei do mercado, não é para menos, até as nossas crianças também já se acostumaram e como os primeiros, aprenderam que vale mais a pena comprar outro objeto do que tentar investir naquele velho e usado, lucra-se bem mais em trocar uma peça desgastada, mas ainda de boa utilização, por outra bem baratinha e de preferência inventada, ou como na maioria das vezes copiadas de outro modelo, da indústria do consumo. Tem sido assim com bugigangas, com livros, com aparelhos domésticos, com bichos de estimação e, como prelúdio do fim de mundo, com as pessoas.
Ninguém mais investe em relações pessoais. É mais fácil desfazer o casamento, o que está acontecendo a cada dia mais cedo; acabar com a amizade; não prestar atenção nas calçadas cheia de indigentes para não se penalizar por demais e, por último, é bem mais lucrativo para os donos do capital mandar o empregado embora do que tentar cortar custos de produção e melhorar o gerenciamento, afinal de contas o empregado é apenas mais uma pessoa de tantas que existem no mundo super povoado, só mais uma peça na engrenagem, que está aí, mesmo só para dar lucro e se enferrujar deve ser, de fato, trocado por peça nova.
Infelizmente há no Brasil resquícios da época da escravidão, e nossos empresários agem como se vivessem naqueles tempos, também é muito compreensível, os pobres coitados lucravam muito e não pagavam pelo trabalho dos seus lacaios, hoje têm que pagar os malditos salários, deve doer bastante a lembrança da Lei Áurea.
Também dói para o trabalhador ser tratado como semi-escravo, pior ainda para aquele que nem isso é, é na verdade desempregado, como já foi dito, sem honra.
É inadmissível para o mundo atual, tão repleto de tecnologias, que ainda haja trabalho escravo, infantil e pior ainda desemprego.
Mostra que estamos tal qual caranguejos, andando para o lado em vez de sempre para frente, que com toda modernidade não conseguimos resolver alguns dos problemas que fazem da vida da maioria da população um ‘gargalo’, como: o desemprego que passa de dois dígitos nas nossas estatísticas; a fome que bate a casa de cerca de vinte e três milhões de brasileiros; a miséria que assola boa parte da nossa população e conseqüência de todos os outros, a violência.
A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - SEGURANÇA PÚBLICA
BANGU SÉCULO XXI: UM BAIRRO SITIADO PELA VIOLÊNCIA
Bangu e as Cercanias Perigosas
Mesmo aquele que não more nas cercanias do bairro de Bangu, nota que o bairro é (como a nossa própria cidade e como o mundo econômico do Norte-Sul) bastante dividido, de um lado temos algumas boas mansões de outro casebres e barracos, os ricos estão mais na parte sul do bairro, onde o povoamento é mais antigo e de gente um pouco mais abastadas, que veio para cá com o objetivo de morar num bairro tranqüilo.
Temos no bairro, um bom centro comercial e bancário, sendo que tudo isso cercado por várias comunidades: algumas abastadas; outras nem tão ricas como as de ocupação mais antiga, mas estabilizadas; outras ‘remediadas’ mas pobres, mas com razoável condição de sobrevivência; e muitas paupérrimas, pois é aí, nesta periferia do bairro que encontramos as comunidades mais sofridas, são, na maioria, extremamente pobres, algumas fazem lembrar cenas do Nordeste brasileiro, nos anos de secas eternas ou da África sub-saariana, com seus seres humanos esquálidos.
O entorno do bairro / comunidades carentes
No bairro de Bangu hoje em dia, vivem pessoas em várias comunidades carentes, muitas até bastante violentas, sendo as que têm número o maior incidência de miséria e criminalidade latentes, são as seguintes:
• Comunidade da Vila Moretti;
• Comunidade do Morro São Bento;
• Comunidade da vila Aliança;
• Comunidade da vila Kenedy;
• Comunidade da Carobinha;
• Comunidade do Catiri;
• Comunidade do Jardim Bangu;
• Comunidade da Vila Vintém (Padre Miguel);
• Comunidade do loteamento 77 (Padre Miguel);
• Comunidade do Conjunto Habitacional Dom Jaime Câmara.
A absoluta maioria dos cidadãos, que mora nessas comunidades, convive diretamente com a violência que assola nossa cidade, de forma direta, o que influencia na postura de vida (hábitos e atitudes) que adotam para poderem sobreviver e principalmente no desempenho escolar de suas crianças, que se vêem obrigadas até mesmo a abandonar a escola, principalmente quando estas comunidades entram em conflito uma com as outras devido aos desmandos do tráfico de drogas, que não permite que o cidadão saia de uma região para a outra, ferindo o direito constitucional de ir e vir e pela quase total ausência e conivência do Estado, que não toma atitudes verdadeiramente concretas contra estes desmandos.
Não por saudosismo, mas relembrando a ‘época áurea’ do bairro (dos anos 30 e 40, se prolongando não menos fulgurante até os anos 60 e decaindo um pouco pelos anos 70 e 80 – sempre sob a batuta das Dinastias ‘Silveira’ e ‘Andrade’, e pelo que colhemos nas pesquisas com pessoas idosas do bairro, moradores antigos, alguns, inclusive, cooperando com farta contribuição material (fotos e livros) e intelectual (relatos precisos de épocas ímpares da região) para este trabalho. Trabalho este, que faremos o possível para que seja repassado para os mais jovens no intuito de continuarmos mantendo sempre viva na memória a história deste bairro e de seu entorno, que tanto prezamos, para futuras gerações.
Esses sábios anciãos de Bangu contam que seus antepassados foram privilegiados em viver no bairro na época dos laranjais, que serviram de inspiração para o escritor José Mauro de Vasconcelos escrever um clássico da nossa literatura, o livro ‘Meu Pé de Laranja Lima’, quando os problemas atuais ainda não existiam, e a população era menos ‘selvagem’ e bairro decolava no rastro da Fábrica Bangu, em sua “Belle Époque” trazendo desenvolvimento e notoriedade ao local durante a era da família Silveira, que, de fato, melhorou bastante as aspirações sociais do bairro, bem como a qualidade de vida dos moradores.
Violência latente
De todos os bairros cariocas, não se tem dúvida, ser o de Bangu, o que mais sofre com a violência e o descaso, digo isso, porque todos os bairros da Zona Sul, alguns da Zona Norte, a Barra da Tijuca e o Centro da cidade, além de contarem com um razoável contingente policial, tem a seu favor a própria mídia, que está sempre com seus repórteres e câmaras em ação para documentar qualquer cena de bang bang que por acaso venha a ocorrer. Já Bangu e a Zona Oeste, esta, por sinal, é bem pouco apreciada pela mídia, ou por não render no ‘IBOPE’ ou por não ser um bairro tão nobre.
Devemos ressaltar que a própria história do bairro é marcada, no seu início, por um crime cometido por disputas de terras, algo comum hoje apenas nas regiões rurais e periféricas. O caso foi relatado como o assassínio do fazendeiro João Manuel de Melo, que era proprietário da fazenda e do engenho de açúcar que detinha o nome idêntico ao do bairro, Bangu, fazenda esta que fora comprada junto ao antigo dono e fundador Manuel Barcelos Domingues. Um crime que pode parecer estranho em se tratando de atualidade, mas no fundo a causa é sempre a mesma a luta por conquista ou manutenção de território.
Por sofrer a invasão populacional, que traz consigo ainda mais violência para o lugar que já a possui em número bastante elevado e em conseqüência aumentá-la ainda mais, tornando latente o estado de guerra urbana, é que podemos afirmar ser a localidade de Bangu um bairro sitiado, com direitos a toque de recolher decretados pelos “reis do pó” sempre que há guerras entre traficantes de quadrilhas rivais pela posse de territórios viáveis ao lucro, ou quando das inúmeras fugas dos diversos presídios e casas de detenção da circunvizinhança.
Observando o mapa da cidade do Rio de Janeiro, também notamos que o centro do bairro está limitados por outros bairros e municípios tão assolados por crimes quanto ele e alguns ainda bem piores, com maiores índices de criminalidade, perfazendo assim, um cinturão de violência e de tráfico de drogas que passamos a chamar, em alusão ao american way of life, de Drug Belt.
À oeste, Bangu se limita com o bairro de Senador Câmara (Sapo e Rebu), muito famoso pelos coletivos incendiados em dias de guerras costumeiramente; ao sul, próximo ao maciço da Pedra Branca, temos menos problemas devido a dificuldade geográfica proporcionada pelo ‘paredão’, que impede a migração criminosa dos bairros mais meridionais, inclusive esse conjunto de morro empresta seu nome ao bairro, como já dissemos, do tupi ‘Bangu, que significa anteparo negro’ em alusão à sombra que ele impõe sobre o vale onde o bairro se formou; indo para o leste, ainda sob nossa área de influência AP – 5 (Área de Planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro), 34ª, 33ª e 31ª DPs e das XVII e XXIII RAs, temos os, também bastante conhecidos por casos de violências de toda natureza, bairros de Padre Miguel e Realengo (Vila Vintém e Sete-sete), Magalhães de Bastos (Fumacê, Batan e Curral das Éguas), Ricardo de Albuquerque, Anchieta e Parque Anchieta, todos eles debaixo das asas do 14º Batalhão de Polícia Militar e da 8ª Área Integrada Segurança Pública; ao norte e a nordeste encontramos os locais mais complicados, Vila Moretti, Vila Kenedy (Metral), Catiri e Jardim Bangu, todos com índices bastante elevados de delitos grandes e pequenos; ainda ao norte, mas separado pelo maciço do Gericinó, temos Nilópolis e Nova Iguaçu, dois municípios da carente Baixada Fluminense, estes bastantes evidenciados pelos diversos tipos de crimes ocorridos: latrocínios, chacinas, lutas pela posse de terras, crimes políticos e queimas de arquivos.
Devido ao alto índice de crimes autóctones, como se já não nos bastassem os próprios da violência do bairro, como os causados pelo narcotráfico; temos acrescentada à nossa, a violência importada, pois o bairro de Bangu exerce efeito polarizador, fazendo com que pessoas dos bairros vizinhos migrem para cá, atraídas pela facilidade de transporte, vindo principalmente para comprar no comércio local e outras que vem mesmo no intuito de moradia, devido as condições de vida ainda não tão deterioradas do bairro em comparação aos demais da região, sendo que muitas delas não encontrando habitação a preço razoável, migram para a periferia sem infra-estrutura e dominada pelo narcotráfico.
Para piorar o quadro, segundo a Secretaria Municipal do Trabalho e a Escola Nacional de Estatística do IBGE, 55% dos jovens entre 15 e 24 anos que moram em favelas do Rio de Janeiro não estudam, não trabalham e já desistiram de procurar emprego. Estes jovens sem qualificação e à beira da mendicância, devido aos já precários laços familiares e econômicos, com certeza engrossarão as estatísticas da criminalidade futura, pois se tornam presas fáceis dos narcotraficantes da área, formando um enorme exército de reserva de mão-de-obra para o tráfico de drogas, some-se a estes dados a quantidade de reservistas das forças armadas que encontrarão um mundo globalizado e neoliberal aqui fora, serão, na maioria o Know How que faltava ao tráfico até bem pouco tempo atrás, suas táticas de guerrilha urbana e treinamento de selva serão bem vindos aos “barões do pó”.
Tão perto da criminalidade, tão longe da cidadania
No início de 2001, a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (IPEA) realizaram um mapeamento da condição de vida dos moradores cariocas, segundo fatores sociais e econômicos. Através do IDH, Índice de Desenvolvimento Humano e do ICV, Índice de Condições de Vida, fizeram um mapeamento da riqueza e da pobreza carioca, um retrato adequado da nossa realidade, os índices vão de zero a um, sendo o bairro que mais estiver próximo do um, goza de melhores condições de educação, saúde, lazer, saneamento básico, etc. Como a distância de um dígito é muita curta, um décimo a menor tem valor significativo na interpretação dos dados dessa análise Geográfica Quantitativa.
Os números do IDH mostraram que no Rio de Janeiro existe uma dramática diferença social, por exemplo no topo da listagem, entre os bairros nobres da cidade estão: Lagoa, em 1º lugar, com IDH de 0,902; a Gávea em 2º com 0,896; Jardim Botânico em 3º, com 0,894; o Leblon em 4º, com 0,894 e a Barra da Tijuca em 5º, com 0,886. No lado inverso da tabela ficaram os primos miseráveis, a saber: Santa Cruz (rural), o pior de todos, com IDH de apenas 0,558; Acari, em penúltimo com 0,573; Complexo do Alemão, em antepenúltimo, com 0,587; Rocinha, com 0,591 e Complexo da Maré, com seus míseros 0,597.
Isso sim é um exemplo pragmático de desigualdade social, que ocorre bem debaixo dos nossos olhos e na maioria das vezes esquecemos de prestar atenção, talvez por conveniência, por hipocrisia ou por vergonha, como bem disse, Zuenir Ventura, uma cidade partida. Não façamos destas páginas ‘muro de Lamentações’, com choramingas e apelos para sensibilizar o governo, nem precisamos de outras formas de muros para sobreviver ao caos urbano da nossa cidade outrora maravilhosa, ou seja: de ‘muros Berlim’ ou ‘Muralhas da China’ como os condomínios já fazem veladamente.
Notamos que Bangu é a região onde há a maior quantidade de homicídios, mas também sabemos que a violência é um câncer generalizado e em metástase, pois vem se espalhando por todos os bairros cariocas, municípios limítrofes, outros estados, até mesmo nas cidades do interior, antes tidas como reduto do aconchego e da segurança.
Portanto não foi ao acaso que escolhemos falar de Bangu, ora, outros bairros cariocas já tem seus defensores ferrenhos, sejamos bairristas por um momento e lutamos por nossa região. Principalmente, pelos seus moradores que sofrem com a violência, pelos profissionais do ensino que precisam lecionar para alunos destas comunidades marcados pela cisão de valores morais, pelo pessoal da área médica que lida com o resultado final dessa violência, por muito mais...por isso, é bastante confortável escrever sobre o assunto e sobre a localidade, uma vez que observa-se diariamente a conseqüência e ouve-se por diversas vias que há uma contenda não declarada ceifando vidas jovens que poderiam estar produzindo para o progresso do país.
Bangu e as Cercanias Perigosas
Mesmo aquele que não more nas cercanias do bairro de Bangu, nota que o bairro é (como a nossa própria cidade e como o mundo econômico do Norte-Sul) bastante dividido, de um lado temos algumas boas mansões de outro casebres e barracos, os ricos estão mais na parte sul do bairro, onde o povoamento é mais antigo e de gente um pouco mais abastadas, que veio para cá com o objetivo de morar num bairro tranqüilo.
Temos no bairro, um bom centro comercial e bancário, sendo que tudo isso cercado por várias comunidades: algumas abastadas; outras nem tão ricas como as de ocupação mais antiga, mas estabilizadas; outras ‘remediadas’ mas pobres, mas com razoável condição de sobrevivência; e muitas paupérrimas, pois é aí, nesta periferia do bairro que encontramos as comunidades mais sofridas, são, na maioria, extremamente pobres, algumas fazem lembrar cenas do Nordeste brasileiro, nos anos de secas eternas ou da África sub-saariana, com seus seres humanos esquálidos.
O entorno do bairro / comunidades carentes
No bairro de Bangu hoje em dia, vivem pessoas em várias comunidades carentes, muitas até bastante violentas, sendo as que têm número o maior incidência de miséria e criminalidade latentes, são as seguintes:
• Comunidade da Vila Moretti;
• Comunidade do Morro São Bento;
• Comunidade da vila Aliança;
• Comunidade da vila Kenedy;
• Comunidade da Carobinha;
• Comunidade do Catiri;
• Comunidade do Jardim Bangu;
• Comunidade da Vila Vintém (Padre Miguel);
• Comunidade do loteamento 77 (Padre Miguel);
• Comunidade do Conjunto Habitacional Dom Jaime Câmara.
A absoluta maioria dos cidadãos, que mora nessas comunidades, convive diretamente com a violência que assola nossa cidade, de forma direta, o que influencia na postura de vida (hábitos e atitudes) que adotam para poderem sobreviver e principalmente no desempenho escolar de suas crianças, que se vêem obrigadas até mesmo a abandonar a escola, principalmente quando estas comunidades entram em conflito uma com as outras devido aos desmandos do tráfico de drogas, que não permite que o cidadão saia de uma região para a outra, ferindo o direito constitucional de ir e vir e pela quase total ausência e conivência do Estado, que não toma atitudes verdadeiramente concretas contra estes desmandos.
Não por saudosismo, mas relembrando a ‘época áurea’ do bairro (dos anos 30 e 40, se prolongando não menos fulgurante até os anos 60 e decaindo um pouco pelos anos 70 e 80 – sempre sob a batuta das Dinastias ‘Silveira’ e ‘Andrade’, e pelo que colhemos nas pesquisas com pessoas idosas do bairro, moradores antigos, alguns, inclusive, cooperando com farta contribuição material (fotos e livros) e intelectual (relatos precisos de épocas ímpares da região) para este trabalho. Trabalho este, que faremos o possível para que seja repassado para os mais jovens no intuito de continuarmos mantendo sempre viva na memória a história deste bairro e de seu entorno, que tanto prezamos, para futuras gerações.
Esses sábios anciãos de Bangu contam que seus antepassados foram privilegiados em viver no bairro na época dos laranjais, que serviram de inspiração para o escritor José Mauro de Vasconcelos escrever um clássico da nossa literatura, o livro ‘Meu Pé de Laranja Lima’, quando os problemas atuais ainda não existiam, e a população era menos ‘selvagem’ e bairro decolava no rastro da Fábrica Bangu, em sua “Belle Époque” trazendo desenvolvimento e notoriedade ao local durante a era da família Silveira, que, de fato, melhorou bastante as aspirações sociais do bairro, bem como a qualidade de vida dos moradores.
Violência latente
De todos os bairros cariocas, não se tem dúvida, ser o de Bangu, o que mais sofre com a violência e o descaso, digo isso, porque todos os bairros da Zona Sul, alguns da Zona Norte, a Barra da Tijuca e o Centro da cidade, além de contarem com um razoável contingente policial, tem a seu favor a própria mídia, que está sempre com seus repórteres e câmaras em ação para documentar qualquer cena de bang bang que por acaso venha a ocorrer. Já Bangu e a Zona Oeste, esta, por sinal, é bem pouco apreciada pela mídia, ou por não render no ‘IBOPE’ ou por não ser um bairro tão nobre.
Devemos ressaltar que a própria história do bairro é marcada, no seu início, por um crime cometido por disputas de terras, algo comum hoje apenas nas regiões rurais e periféricas. O caso foi relatado como o assassínio do fazendeiro João Manuel de Melo, que era proprietário da fazenda e do engenho de açúcar que detinha o nome idêntico ao do bairro, Bangu, fazenda esta que fora comprada junto ao antigo dono e fundador Manuel Barcelos Domingues. Um crime que pode parecer estranho em se tratando de atualidade, mas no fundo a causa é sempre a mesma a luta por conquista ou manutenção de território.
Por sofrer a invasão populacional, que traz consigo ainda mais violência para o lugar que já a possui em número bastante elevado e em conseqüência aumentá-la ainda mais, tornando latente o estado de guerra urbana, é que podemos afirmar ser a localidade de Bangu um bairro sitiado, com direitos a toque de recolher decretados pelos “reis do pó” sempre que há guerras entre traficantes de quadrilhas rivais pela posse de territórios viáveis ao lucro, ou quando das inúmeras fugas dos diversos presídios e casas de detenção da circunvizinhança.
Observando o mapa da cidade do Rio de Janeiro, também notamos que o centro do bairro está limitados por outros bairros e municípios tão assolados por crimes quanto ele e alguns ainda bem piores, com maiores índices de criminalidade, perfazendo assim, um cinturão de violência e de tráfico de drogas que passamos a chamar, em alusão ao american way of life, de Drug Belt.
À oeste, Bangu se limita com o bairro de Senador Câmara (Sapo e Rebu), muito famoso pelos coletivos incendiados em dias de guerras costumeiramente; ao sul, próximo ao maciço da Pedra Branca, temos menos problemas devido a dificuldade geográfica proporcionada pelo ‘paredão’, que impede a migração criminosa dos bairros mais meridionais, inclusive esse conjunto de morro empresta seu nome ao bairro, como já dissemos, do tupi ‘Bangu, que significa anteparo negro’ em alusão à sombra que ele impõe sobre o vale onde o bairro se formou; indo para o leste, ainda sob nossa área de influência AP – 5 (Área de Planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro), 34ª, 33ª e 31ª DPs e das XVII e XXIII RAs, temos os, também bastante conhecidos por casos de violências de toda natureza, bairros de Padre Miguel e Realengo (Vila Vintém e Sete-sete), Magalhães de Bastos (Fumacê, Batan e Curral das Éguas), Ricardo de Albuquerque, Anchieta e Parque Anchieta, todos eles debaixo das asas do 14º Batalhão de Polícia Militar e da 8ª Área Integrada Segurança Pública; ao norte e a nordeste encontramos os locais mais complicados, Vila Moretti, Vila Kenedy (Metral), Catiri e Jardim Bangu, todos com índices bastante elevados de delitos grandes e pequenos; ainda ao norte, mas separado pelo maciço do Gericinó, temos Nilópolis e Nova Iguaçu, dois municípios da carente Baixada Fluminense, estes bastantes evidenciados pelos diversos tipos de crimes ocorridos: latrocínios, chacinas, lutas pela posse de terras, crimes políticos e queimas de arquivos.
Devido ao alto índice de crimes autóctones, como se já não nos bastassem os próprios da violência do bairro, como os causados pelo narcotráfico; temos acrescentada à nossa, a violência importada, pois o bairro de Bangu exerce efeito polarizador, fazendo com que pessoas dos bairros vizinhos migrem para cá, atraídas pela facilidade de transporte, vindo principalmente para comprar no comércio local e outras que vem mesmo no intuito de moradia, devido as condições de vida ainda não tão deterioradas do bairro em comparação aos demais da região, sendo que muitas delas não encontrando habitação a preço razoável, migram para a periferia sem infra-estrutura e dominada pelo narcotráfico.
Para piorar o quadro, segundo a Secretaria Municipal do Trabalho e a Escola Nacional de Estatística do IBGE, 55% dos jovens entre 15 e 24 anos que moram em favelas do Rio de Janeiro não estudam, não trabalham e já desistiram de procurar emprego. Estes jovens sem qualificação e à beira da mendicância, devido aos já precários laços familiares e econômicos, com certeza engrossarão as estatísticas da criminalidade futura, pois se tornam presas fáceis dos narcotraficantes da área, formando um enorme exército de reserva de mão-de-obra para o tráfico de drogas, some-se a estes dados a quantidade de reservistas das forças armadas que encontrarão um mundo globalizado e neoliberal aqui fora, serão, na maioria o Know How que faltava ao tráfico até bem pouco tempo atrás, suas táticas de guerrilha urbana e treinamento de selva serão bem vindos aos “barões do pó”.
Tão perto da criminalidade, tão longe da cidadania
No início de 2001, a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (IPEA) realizaram um mapeamento da condição de vida dos moradores cariocas, segundo fatores sociais e econômicos. Através do IDH, Índice de Desenvolvimento Humano e do ICV, Índice de Condições de Vida, fizeram um mapeamento da riqueza e da pobreza carioca, um retrato adequado da nossa realidade, os índices vão de zero a um, sendo o bairro que mais estiver próximo do um, goza de melhores condições de educação, saúde, lazer, saneamento básico, etc. Como a distância de um dígito é muita curta, um décimo a menor tem valor significativo na interpretação dos dados dessa análise Geográfica Quantitativa.
Os números do IDH mostraram que no Rio de Janeiro existe uma dramática diferença social, por exemplo no topo da listagem, entre os bairros nobres da cidade estão: Lagoa, em 1º lugar, com IDH de 0,902; a Gávea em 2º com 0,896; Jardim Botânico em 3º, com 0,894; o Leblon em 4º, com 0,894 e a Barra da Tijuca em 5º, com 0,886. No lado inverso da tabela ficaram os primos miseráveis, a saber: Santa Cruz (rural), o pior de todos, com IDH de apenas 0,558; Acari, em penúltimo com 0,573; Complexo do Alemão, em antepenúltimo, com 0,587; Rocinha, com 0,591 e Complexo da Maré, com seus míseros 0,597.
Isso sim é um exemplo pragmático de desigualdade social, que ocorre bem debaixo dos nossos olhos e na maioria das vezes esquecemos de prestar atenção, talvez por conveniência, por hipocrisia ou por vergonha, como bem disse, Zuenir Ventura, uma cidade partida. Não façamos destas páginas ‘muro de Lamentações’, com choramingas e apelos para sensibilizar o governo, nem precisamos de outras formas de muros para sobreviver ao caos urbano da nossa cidade outrora maravilhosa, ou seja: de ‘muros Berlim’ ou ‘Muralhas da China’ como os condomínios já fazem veladamente.
Notamos que Bangu é a região onde há a maior quantidade de homicídios, mas também sabemos que a violência é um câncer generalizado e em metástase, pois vem se espalhando por todos os bairros cariocas, municípios limítrofes, outros estados, até mesmo nas cidades do interior, antes tidas como reduto do aconchego e da segurança.
Portanto não foi ao acaso que escolhemos falar de Bangu, ora, outros bairros cariocas já tem seus defensores ferrenhos, sejamos bairristas por um momento e lutamos por nossa região. Principalmente, pelos seus moradores que sofrem com a violência, pelos profissionais do ensino que precisam lecionar para alunos destas comunidades marcados pela cisão de valores morais, pelo pessoal da área médica que lida com o resultado final dessa violência, por muito mais...por isso, é bastante confortável escrever sobre o assunto e sobre a localidade, uma vez que observa-se diariamente a conseqüência e ouve-se por diversas vias que há uma contenda não declarada ceifando vidas jovens que poderiam estar produzindo para o progresso do país.
A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - QUALIDADE DE VIDA
Da calmaria de ontem, ao bairro sitiado pela violência
É com bastante pesar, que os moradores do bairro há mais de trinta ou quarenta anos notam, agora, toda essa qualidade de vida se deteriorando a cada dia, e por simpatizarem com este bairro e conhecê-lo bastante e também os seus arredores, é que são o melhor ‘termômetro’, quando o assunto é a violência que sitia o bairro e tolhe os seus movimentos.
Além disso, por praticamente, conhecerem bem de perto os problemas sociais do lugar, que se iniciaram mais ou menos por volta de trinta anos, sendo que destes, de dez anos para cá a localidade tem se deteriorado ainda mais, devido a motivos variados a saber: nas cercanias da antiga estação ferroviária de Padre Miguel, com o tráfico de drogas intenso e incessante; nas demais estações da região, Guilherme da Silveira, tráfico de drogas e michetagem; Bangu, gangs de jovens violentos e meninos de rua; Realengo, com homossexuais e prostitutas que fazem ponto nas imediações dos quartéis e estação ferroviária; e Senador Camará, com meninos e meninas de rua que se dão ao desfrute em troca de esmola para a compra de cola de sapateiro.
É possível, se dispuser de algum tempo, observar as características primordiais de cada um desses sub-bairros da região, o que nos mostram de bom ou de ruim e a dura realidade em que vivem muitos de seus cidadãos, que em sua maioria, nem ao menos conhecem seus direitos.
Isso porque muitos moradores contam, que chegaram a usufruir da calma do bairro. Por várias vezes, era possível para eles, explorar os arredores semi-virgens do local, indo longe, às vezes em direção ao norte, onde ficavam as lagoas, no Gericinó, de onde só podiam ser expulsos se fosse pelos soldados do exército. Hoje neste lugar estão algumas ‘novas’ comunidades como o Jardim Bangu e o Catiri, e para visitar o Gericinó aconselha-se que se vá em grupos, pois tem muito vagabundo por lá à espreita de vítimas em potencial, meliantes estes, que em geral vêm de municípios vizinhos limítrofes, como Nilópolis e Nova Iguaçu, do outro lado do maciço.
Quando mudavam de direção, indo para sudoeste, passando pelos sítios daquela época, chegando, depois de atravessar muita mata, barro e pés de jamelão ultrapassava-se até o local onde hoje se encontra o centro do bairro, muitas das vezes alcançando o maciço da Pedra Branca, e o Morro do Sandá, mas mesmo naquela época, dizem, já era por demais perigoso avançar dali e perder o rumo de volta, uma vez que ainda eram locais muito selvagens e ali, antes da quase total extinção da mata, havia jaguatiricas, cachorros e porcos do mato, que ainda hoje de vez em quando aparece uns gambás e gatos do mato para comer galinhas criada em algumas casas e revirar o lixo dos moradores.
Educação, religião, lazer e Saúde
Em 1901 foi construída uma escola no Marco Seis, e em 1905, outra, sendo esta pela Fábrica, uma pequena escola para funcionários e os filhos destes, dirigida pela professora Angelina Belota Moreira. Em 1904, também construída pela Companhia, temos a primeira Igreja da região, na rua Estêvão, a Igreja de Santa Cecília e São Sebastião, hoje a Igreja de Santa Cecília se localiza próxima a rua Cônego de Vasconcelos, na Praça da Fé.
O primeiro cinema local foi o Ludovico Gregorowsky, construído em 1909, depois vieram o Vitória, o Hermidas e o Matilde, vale ressaltar que hoje em dia, em pleno século XXI, não temos mais nenhum cinema na região o que é um absurdo e uma tremenda falta de visão capitalista.
Em 1904 é fundado o clube de futebol do bairro, o Bangu Atlético Clube, em 1911 e 1914 o Bangu foi o campeão da Segunda divisão do futebol carioca. Em 1933 foi o primeiro campeão profissional de futebol do Rio de Janeiro, uma vez que as edições anteriores foram realizados pela Liga ainda amadora de futebol.
O Bangu só voltaria a ser campeão novamente em 1966, com um forte time formado pelo seu patrono Castor de Andrade, do qual falaremos mais adiante. Em 1947 inaugurou-se o seu estádio de futebol, o Estádio Proletário de Moça Bonita, construído também pela Companhia na localidade de Guilherme da Silveira, sub-bairro da região, em outro capítulo falaremos de detalhes do clube e da sua brilhante história razoavelmente recente.
A Companhia Industrial do Brasil também construiu o Hospital Guilherme da Silveira, em homenagem em vida, ainda, para esta figura destacada da sociedade banguense que se importava bastante com a saúde dos moradores, não era para menos, a grande maioria era empregado da fábrica e não era de bom grado que adoecessem e desfalcassem o numerário dos trabalhadores fabris.
Em 1903, há a criação de duas agremiações carnavalescas no local, a Flor da Lira e a Flor da União, ambas já extintas há muito tempo, mais foram a premissa para a vinda de escolas como a Unidos de Bangu, Unidos de Padre Miguel e finalmente (e não necessariamente nesta ordem) a Mocidade Independente de Padre Miguel, da qual também falaremos em outro capítulo mais detalhadamente.
A configuração atual do bairro conta com boa estrutura de saúde e educação, se estes serviços são de péssima qualidade, isto não se dá por falta de estrutura física ou material, pode ser pela política de saúde e educacional brasileira, que não leva em conta os vários e diferentes contextos em que se situam seus cidadão. Por exemplo, há na região a seguinte quantidade de escolas, segundo o Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro de 1995.
• Escolas Públicas e Particulares:
- Bangu => 55 escolas públicas e 39 escolas particulares;
- Padre Miguel => 23 escolas públicas e 14 escolas particulares;
- Realengo => 42 escolas públicas e 37 escolas particulares;
- Senador Camará => 20 escolas públicas e 15 escolas particulares;
- Total da Região => 245 estabelecimentos de esnsino.
Em relação aos estabelecimentos de saúde, segundo a mesma fonte temos os seguintes dados.
• Estabelecimentos de Saúde Públicos e Privados (computados juntos):
- Bangu => 18;
- Padre Miguel => 6;
- Realengo => 9;
- Senador Camará => 4;
- Total da Região => 37 estabelecimentos de saúde.
Para uma enorme população, como temos nesses bairros, poderíamos até achar insuficiente, mas quando observamos o exemplo de Cuba, onde há projetos de educação e saúde itinerante e voluntárias, como projetos de alfabetização de adultos e idosos de casa em casa e médicos e agentes de enfermagens que fariam uma espécie de consulta em domicílio, preventivamente.
Vemos que na verdade não nos falta espaço material e sim vontade política para resolver os gargalos, que se nos apresentam na saúde e educação brasileira.
Observe o gráfico a seguir e reflita sobre a condição de vida dos moradores destas áreas e perceba que deveras estamos abandonados à própria sorte e à mercê dos desmandos do banditismo, tendo sempre em mente que, enquanto não houver uma verdadeira política de erradicação da fome e da miséria, não serão raros os casos gritantes de famílias que vivem na mais absoluta pobreza nos grande centro urbanos e no nosso caso brasileiro, em especial, esta linha de miséria já está se expandindo para além das cidades:
Bairros/Quesitos:
Superfície ( Km ²)
- Bangu 45,35
- Senador Camará 16,28
- Padre Miguel 5,21
- Realengo 26,35
População (habitantes)
- Bangu 226.389
- Senador Camará 100.409
- Padre Miguel 62.287
- Realengo 172.433
Densidade demográfica (habitantes por Km2)
- Bangu 4.991,5
- Senador Camará 6.165,8
- Padre Miguel 11.956,9
- Realengo 6.543,7
Renda média mensal (sal. Mín.)
- Bangu 2,9
- Senador Camará 2,5
- Padre Miguel 2,7
- Realengo 3,1
Escolas Públicas
- Bangu 55
- Senador Camará 20
- Padre Miguel 23
- Realengo 42
Escolas Particulares
- Bangu 39
- Senador Camará 15
- Padre Miguel 14
- Realengo 37
Estabelecimentos de Saúde
- Bangu 18
- Senador Camará 4
- Padre Miguel 6
- Realengo 9
Praças e parques
- Bangu 94
- Senador Camará 33
- Padre Miguel 19
- Realengo 39
Favelas
- Bangu 25
- Senador Camará 9
- Padre Miguel 3
- Realengo 17
Linhas de ônibus
- Bangu 64
- Senador Camará 28
- Padre Miguel 56
- Realengo 61
Índice de alfabetização (%)
- Bangu 91,8
- Senador Camará 88,4
- Padre Miguel 92,2
- Realengo 93,3
Fonte: Atlas Geográfico da Cidade do Rio de Janeiro.
SME/SMU/Instituto Pereira Passos (com adaptação)
Precisamos, sim, de novas idéias, contrapostas a reafirmação desses antigos ideais.
O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, tem por finalidade medir principalmente as condições de saúde e longevidade, o acesso ao conhecimento e aos recursos monetários de uma determinada população. Associado a ele também é analisado o ICV, Índice de Condições de Vida, que por sua vez mostra as condições habitacionais, acesso ao trabalho e o desenvolvimento infantil.
Em relação aos países do mundo em 2001, o Brasil alcançou 0,792 pontos, em posição intermediária na tabela de desenvolvimento, não ficando sequer na frente de países pobres da América Latina e mesmo de países da África, mas nesse caso a África do Sul, que é um país bem gerenciado, apesar de conflitos raciais velados.
A cidade do Rio de Janeiro ficou, meio que ‘assim...assim’, ocupando um até que honroso, 5º lugar no Brasil, com IDH de 0,766, atrás de Brasília em 4º, São Paulo em 3º, Curitiba em 2º e Porto Alegre em primeiro lugar, o que demonstra que ainda temos um longo caminho a trilhar em se tratando de qualidade de vida e direitos básicos do cidadão, a pesquisa desta vez, também abrangeu os bairros cariocas.
Observando a tabela abaixo podemos ter uma idéia de como vive as comunidades em derredor do bairro de Bangu, que estão, na maioria, em posição intermediária em relação aos demais bairros cariocas, está certo que não se tem aqui aberrações como na zona rural de Santa Cruz e em Acari, mas estamos, ainda, bastante abandonados pelo poder público, compare os dados:
Índice de Desenvolvimento Humano e
Qualidade de Vida (IDH E ICV) – Região de Bangu
Bangu Sul 0,702
Realengo Sul 0,700
Bangu Central 0,699
Padre Miguel 0,679
Realengo Norte 0,660
Vila Aliança 0,652
Senador Camará 0,650
Vila Kenedy 0,629
Fonte: IPEA e RDH - 2001 (Adaptado)
É com bastante pesar, que os moradores do bairro há mais de trinta ou quarenta anos notam, agora, toda essa qualidade de vida se deteriorando a cada dia, e por simpatizarem com este bairro e conhecê-lo bastante e também os seus arredores, é que são o melhor ‘termômetro’, quando o assunto é a violência que sitia o bairro e tolhe os seus movimentos.
Além disso, por praticamente, conhecerem bem de perto os problemas sociais do lugar, que se iniciaram mais ou menos por volta de trinta anos, sendo que destes, de dez anos para cá a localidade tem se deteriorado ainda mais, devido a motivos variados a saber: nas cercanias da antiga estação ferroviária de Padre Miguel, com o tráfico de drogas intenso e incessante; nas demais estações da região, Guilherme da Silveira, tráfico de drogas e michetagem; Bangu, gangs de jovens violentos e meninos de rua; Realengo, com homossexuais e prostitutas que fazem ponto nas imediações dos quartéis e estação ferroviária; e Senador Camará, com meninos e meninas de rua que se dão ao desfrute em troca de esmola para a compra de cola de sapateiro.
É possível, se dispuser de algum tempo, observar as características primordiais de cada um desses sub-bairros da região, o que nos mostram de bom ou de ruim e a dura realidade em que vivem muitos de seus cidadãos, que em sua maioria, nem ao menos conhecem seus direitos.
Isso porque muitos moradores contam, que chegaram a usufruir da calma do bairro. Por várias vezes, era possível para eles, explorar os arredores semi-virgens do local, indo longe, às vezes em direção ao norte, onde ficavam as lagoas, no Gericinó, de onde só podiam ser expulsos se fosse pelos soldados do exército. Hoje neste lugar estão algumas ‘novas’ comunidades como o Jardim Bangu e o Catiri, e para visitar o Gericinó aconselha-se que se vá em grupos, pois tem muito vagabundo por lá à espreita de vítimas em potencial, meliantes estes, que em geral vêm de municípios vizinhos limítrofes, como Nilópolis e Nova Iguaçu, do outro lado do maciço.
Quando mudavam de direção, indo para sudoeste, passando pelos sítios daquela época, chegando, depois de atravessar muita mata, barro e pés de jamelão ultrapassava-se até o local onde hoje se encontra o centro do bairro, muitas das vezes alcançando o maciço da Pedra Branca, e o Morro do Sandá, mas mesmo naquela época, dizem, já era por demais perigoso avançar dali e perder o rumo de volta, uma vez que ainda eram locais muito selvagens e ali, antes da quase total extinção da mata, havia jaguatiricas, cachorros e porcos do mato, que ainda hoje de vez em quando aparece uns gambás e gatos do mato para comer galinhas criada em algumas casas e revirar o lixo dos moradores.
Educação, religião, lazer e Saúde
Em 1901 foi construída uma escola no Marco Seis, e em 1905, outra, sendo esta pela Fábrica, uma pequena escola para funcionários e os filhos destes, dirigida pela professora Angelina Belota Moreira. Em 1904, também construída pela Companhia, temos a primeira Igreja da região, na rua Estêvão, a Igreja de Santa Cecília e São Sebastião, hoje a Igreja de Santa Cecília se localiza próxima a rua Cônego de Vasconcelos, na Praça da Fé.
O primeiro cinema local foi o Ludovico Gregorowsky, construído em 1909, depois vieram o Vitória, o Hermidas e o Matilde, vale ressaltar que hoje em dia, em pleno século XXI, não temos mais nenhum cinema na região o que é um absurdo e uma tremenda falta de visão capitalista.
Em 1904 é fundado o clube de futebol do bairro, o Bangu Atlético Clube, em 1911 e 1914 o Bangu foi o campeão da Segunda divisão do futebol carioca. Em 1933 foi o primeiro campeão profissional de futebol do Rio de Janeiro, uma vez que as edições anteriores foram realizados pela Liga ainda amadora de futebol.
O Bangu só voltaria a ser campeão novamente em 1966, com um forte time formado pelo seu patrono Castor de Andrade, do qual falaremos mais adiante. Em 1947 inaugurou-se o seu estádio de futebol, o Estádio Proletário de Moça Bonita, construído também pela Companhia na localidade de Guilherme da Silveira, sub-bairro da região, em outro capítulo falaremos de detalhes do clube e da sua brilhante história razoavelmente recente.
A Companhia Industrial do Brasil também construiu o Hospital Guilherme da Silveira, em homenagem em vida, ainda, para esta figura destacada da sociedade banguense que se importava bastante com a saúde dos moradores, não era para menos, a grande maioria era empregado da fábrica e não era de bom grado que adoecessem e desfalcassem o numerário dos trabalhadores fabris.
Em 1903, há a criação de duas agremiações carnavalescas no local, a Flor da Lira e a Flor da União, ambas já extintas há muito tempo, mais foram a premissa para a vinda de escolas como a Unidos de Bangu, Unidos de Padre Miguel e finalmente (e não necessariamente nesta ordem) a Mocidade Independente de Padre Miguel, da qual também falaremos em outro capítulo mais detalhadamente.
A configuração atual do bairro conta com boa estrutura de saúde e educação, se estes serviços são de péssima qualidade, isto não se dá por falta de estrutura física ou material, pode ser pela política de saúde e educacional brasileira, que não leva em conta os vários e diferentes contextos em que se situam seus cidadão. Por exemplo, há na região a seguinte quantidade de escolas, segundo o Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro de 1995.
• Escolas Públicas e Particulares:
- Bangu => 55 escolas públicas e 39 escolas particulares;
- Padre Miguel => 23 escolas públicas e 14 escolas particulares;
- Realengo => 42 escolas públicas e 37 escolas particulares;
- Senador Camará => 20 escolas públicas e 15 escolas particulares;
- Total da Região => 245 estabelecimentos de esnsino.
Em relação aos estabelecimentos de saúde, segundo a mesma fonte temos os seguintes dados.
• Estabelecimentos de Saúde Públicos e Privados (computados juntos):
- Bangu => 18;
- Padre Miguel => 6;
- Realengo => 9;
- Senador Camará => 4;
- Total da Região => 37 estabelecimentos de saúde.
Para uma enorme população, como temos nesses bairros, poderíamos até achar insuficiente, mas quando observamos o exemplo de Cuba, onde há projetos de educação e saúde itinerante e voluntárias, como projetos de alfabetização de adultos e idosos de casa em casa e médicos e agentes de enfermagens que fariam uma espécie de consulta em domicílio, preventivamente.
Vemos que na verdade não nos falta espaço material e sim vontade política para resolver os gargalos, que se nos apresentam na saúde e educação brasileira.
Observe o gráfico a seguir e reflita sobre a condição de vida dos moradores destas áreas e perceba que deveras estamos abandonados à própria sorte e à mercê dos desmandos do banditismo, tendo sempre em mente que, enquanto não houver uma verdadeira política de erradicação da fome e da miséria, não serão raros os casos gritantes de famílias que vivem na mais absoluta pobreza nos grande centro urbanos e no nosso caso brasileiro, em especial, esta linha de miséria já está se expandindo para além das cidades:
Bairros/Quesitos:
Superfície ( Km ²)
- Bangu 45,35
- Senador Camará 16,28
- Padre Miguel 5,21
- Realengo 26,35
População (habitantes)
- Bangu 226.389
- Senador Camará 100.409
- Padre Miguel 62.287
- Realengo 172.433
Densidade demográfica (habitantes por Km2)
- Bangu 4.991,5
- Senador Camará 6.165,8
- Padre Miguel 11.956,9
- Realengo 6.543,7
Renda média mensal (sal. Mín.)
- Bangu 2,9
- Senador Camará 2,5
- Padre Miguel 2,7
- Realengo 3,1
Escolas Públicas
- Bangu 55
- Senador Camará 20
- Padre Miguel 23
- Realengo 42
Escolas Particulares
- Bangu 39
- Senador Camará 15
- Padre Miguel 14
- Realengo 37
Estabelecimentos de Saúde
- Bangu 18
- Senador Camará 4
- Padre Miguel 6
- Realengo 9
Praças e parques
- Bangu 94
- Senador Camará 33
- Padre Miguel 19
- Realengo 39
Favelas
- Bangu 25
- Senador Camará 9
- Padre Miguel 3
- Realengo 17
Linhas de ônibus
- Bangu 64
- Senador Camará 28
- Padre Miguel 56
- Realengo 61
Índice de alfabetização (%)
- Bangu 91,8
- Senador Camará 88,4
- Padre Miguel 92,2
- Realengo 93,3
Fonte: Atlas Geográfico da Cidade do Rio de Janeiro.
SME/SMU/Instituto Pereira Passos (com adaptação)
Precisamos, sim, de novas idéias, contrapostas a reafirmação desses antigos ideais.
O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, tem por finalidade medir principalmente as condições de saúde e longevidade, o acesso ao conhecimento e aos recursos monetários de uma determinada população. Associado a ele também é analisado o ICV, Índice de Condições de Vida, que por sua vez mostra as condições habitacionais, acesso ao trabalho e o desenvolvimento infantil.
Em relação aos países do mundo em 2001, o Brasil alcançou 0,792 pontos, em posição intermediária na tabela de desenvolvimento, não ficando sequer na frente de países pobres da América Latina e mesmo de países da África, mas nesse caso a África do Sul, que é um país bem gerenciado, apesar de conflitos raciais velados.
A cidade do Rio de Janeiro ficou, meio que ‘assim...assim’, ocupando um até que honroso, 5º lugar no Brasil, com IDH de 0,766, atrás de Brasília em 4º, São Paulo em 3º, Curitiba em 2º e Porto Alegre em primeiro lugar, o que demonstra que ainda temos um longo caminho a trilhar em se tratando de qualidade de vida e direitos básicos do cidadão, a pesquisa desta vez, também abrangeu os bairros cariocas.
Observando a tabela abaixo podemos ter uma idéia de como vive as comunidades em derredor do bairro de Bangu, que estão, na maioria, em posição intermediária em relação aos demais bairros cariocas, está certo que não se tem aqui aberrações como na zona rural de Santa Cruz e em Acari, mas estamos, ainda, bastante abandonados pelo poder público, compare os dados:
Índice de Desenvolvimento Humano e
Qualidade de Vida (IDH E ICV) – Região de Bangu
Bangu Sul 0,702
Realengo Sul 0,700
Bangu Central 0,699
Padre Miguel 0,679
Realengo Norte 0,660
Vila Aliança 0,652
Senador Camará 0,650
Vila Kenedy 0,629
Fonte: IPEA e RDH - 2001 (Adaptado)
A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - URBANIZAÇÃO
Fases do povoamento e ocupação espacial
Em toda organização social, coexistem diferentes grupos que procuram se integrar através de atividades ligadas seja ao governo, ao trabalho ou ao meramente ao lazer.
O tipo de relacionamento entre eles e o sistema de escolha dos locais variam de acordo com a sua classe na sociedade, mas há sempre grupos que predominam em determinados momentos históricos, foi assim com os operários da Fábrica Bangu, depois com os cidadãos de classe média baixa que migraram para cá, devido ao progresso local e hoje outros grupos que, infelizmente, nem sempre cooperam para manter o bairro saudável.
Quem andar pelo calçadão de Bangu, caminhar pelo centro de Realengo, ou, até mesmo, passear pelo Ponto Chique de Padre Miguel, notará esses aspectos de bairro interior, próprio dos subúrbios cariocas: há idosos e crianças nas ruas, jovens praticando esporte, mulheres comprando no farto comércio local, mas sem o barulho exagerado do Centro da cidade do Rio de Janeiro, ou do intenso movimento desenfreado, ruidoso e caótico de Madureira e Campo Grande, onde mal se pode dar um passo sem esbarrar em alguém.
Esse sossego foi a muito tempo atrás razão de orgulho dos antigos moradores da região, e atraente para milhares de cariocas seduzidos pelo espírito empreendedor de Guilherme da Silveira, que com seu estilo fordista, ajudou a fazer de Bangu um bairro próspero e polarizador.
Começo da urbanidade
Em 1900 começam obras de infra-estrutura urbana, como a utilização do manancial do Rio da Prata para geração de energia elétrica para a Fábrica de tecidos Bangu, depois em 1916 os primeiros dutos de esgoto residencial foram implantados para colher os dejetos das casas operárias.
Vias de circulação
Em 1906, a Estrada do Engenho do Retiro foi a primeira da região a ser urbanizada, na verdade, foi calçada com pedras tiradas dos morros vizinhos e outras que vieram de refugos das obras que foram efetuadas no local. Em 1907 foi a vez da Rua Ceres, ligando a ferrovia ao caminho da Água Branca, hoje Estrada da Água Branca – ser, também, calçada com pedras.
A bem da verdade a primeira rua, propriamente dita, foi a antiga Caminho dos Jesuítas, que depois passou a ser conhecida como Estrada Real de Santa Cruz, isso em 1903, onde já havia outras três ruas e uma picadas, todas abertas pela Companhia Industrial do Brasil.
Alguns caminhos viraram ruas como: o caminho da Fazenda do Retiro, o do Marco Seis, o da Fazenda do Viegas, o do Cafuá, o do São Bento, o da Caixinha, o do Sandá, o do Gericinó, o do Guandu, o da Água Branca, o do Engenho, o do Lúcio, o da Maravilha, o do Murundu e o da Feira, todos ligavam o centro a pontos de importância local ou aos escoadouros de produção agrícola ou fabril, como a ferrovia ou estradas interurbanas, ainda incipientes.
A partir de 1924, começa em Bangu um maior e mais agressivo processo de urbanização, com a passagem de uma paisagem absolutamente rural, para uma mais citadina. Já em 1925, com a construção da Avenida Rio – São Paulo, há um maior incremento para esta urbanização incipiente e o desenvolvimento de atividades mais rebuscadas da paisagem urbana, como o comércio e alguns serviços, e em 1937 o Governo Federal providencia uma rede de água no local, o que induz ao chamamento de repartições públicas, já que nesta etapa do seu desenvolvimento o bairro já crescia em população, o que fazia necessário pelo menos a ordenação pública deste crescimento.
Hoje o sistema viário que corta a região, não é ruim, contamos com cinco estradas principais dentro da região, a dos Coqueiros, a da Taquaral, a Ministro Ari Franco e a do Engenho, que ligam os bairros e sub-bairros locais; duas de saída para outras regiões, a Santa Cruz e da Água Branca e a Avenida Brasil, que tem extensão considerável e liga praticamente quase todas as regiões e zonas geográficas do município do Rio de Janeiro. Repare no quadro abaixo as características dos transportes na região:
Região de Bangu – Sistema Viário
Transporte Ferroviário 5 estações ferroviárias: Realengo, Padre Miguel, Guilherme da Silveira, Bangu e Senador Camará.
Transporte Rodoviário 5 avenidas regionais (bairro), 2 interregionais e 1 extrarregional;
Linhas de ônibus: 64 em Bangu, 56 em Padre Miguel, 61 em Realengo e 28 em Senador Camará.
Ciclovia De pequena extensão entre os bairros de Guilherme da Silveira e Pafre Miguel.
Fonte: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro – 1995
Evolução urbana
Na década de 1940, Bangu é um dos bairros que mais crescem no Rio de Janeiro, devido a atração aos trabalhadores que viam seu futuro ‘espelhado’ na fábrica, e a construção de diversas outras unidades habitacionais para abrigar os trabalhadores da Fábrica Bangu e, posteriormente, diversas repartições públicas que começariam, a partir daí, a migrarem para o bairro para facilitar o intercâmbio de informações entre o poder público e a massa trabalhadora local e a disciplina da ocupação do espaço. E na década de 1950 começam a chegar e a se firmar as diversas repartições públicas ao local, como um Fórum, uma agência do Banco do Brasil, uma agência ferroviária, etc.
Em 1976 e 1977, a Imobiliária Bangu, subsidiária da Companhia, efetua o desmembramento de alguns sítios locais, para a formação de três loteamentos, a saber: o da Maravilha, o de Senador Camará e o de Minuanos, dando início a uma política de diminuição do tamanho do patrimônio da fábrica para melhor gerenciamento.
A partir daí começa, verdadeiramente a formação do bairro em sua configuração próxima do que se vê atualmente, com uma característica tipicamente residencial, mas com potencial bastante latente para o comércio e serviços, que hoje notamos serem pouco aproveitados, haja vista a falta de cinemas, parques de diversões e shoppings no local que tem uma considerável massa humana, de consumidores potenciais, que têm de se locomover para os bairros vizinhos ao oeste como Campo Grande, ou ao norte como Madureira, para poderem ter acesso aos serviços citados acima, uma vez que poderíamos tê-los aqui mesmo no bairro, se houvesse investimento.
O bairro, no seu crescimento urbano, contou também com a construção de vários conjuntos habitacionais nas décadas de 40, 70 e 80, mas destes falaremos mais abaixo, devido as características ímpares de sua construção, habitação e fomentação de violência, segregação e desestruturação do ambiente outrora pacato do bairro.
MONOCROMIA, MONOTONIA, MELANCOLIA... OS CONJUNTOS HABITACIONAIS
Numa possível planta da região de Bangu do começo século XVII, até o final do XIX, quando a Companhia Progresso Industrial do Brasil arrendou as terras da região, notaríamos que a paisagem local era dominada pelos dois grandiosos maciços que circundam o vale onde havia fazendas de cana-de-açúcar.
Em termos da urbanização, esta só veio a acontecer, em meados do século XX, via industrialização, como dissemos em capítulos anteriores, quando foi constituída a vila operária em derredor da Fábrica Bangu.
Durante muito tempo havia apenas o bairro no perímetro da fábrica de tecidos Bangu, seguindo o modelo de traçado fordista, copiado pelos ingleses e aclimatado pelos ‘Silveiras’, do que estava em voga em termos de industrialização daquele momento, com o bairro sendo como um cinturão em volta da fábrica para reduzir gastos com tempo, transportes e alimentação, ou seja, o operário ia rapidamente e à pé ao trabalho e almoçava em casa com a família, isso quando a família toda não estava na fábrica trabalhando, pois era comum e foi praxe naquela época o trabalho diuturno familiar, com as mulheres e até as crianças executando tarefas menos pesadas.
Além da vila operária havia, somente, algumas pequenas manchas de pré-urbanização, a saber: os loteamentos nas proximidades do local onde hoje se encontram a Avenida Brasil e a estrada da Água Branca e no local onde hoje se estabeleceu o Parque Leopoldina até perto de onde está a estrada Cônego de Vasconcelos, todos provenientes dos desmembramentos ou possessão de fazendas, chácaras e sítios improdutivos do local, pois os proprietários estavam especulativamente, e tão somente isso, esperando pela sua valorização imobiliária, via implantação de infra-estrutura básica pelo governo, para venderem essas terras.
Algum tempo depois, surgiram os primeiros conjuntos de apartamentos, razoavelmente amplos, em se tratando de objetivarem às classes sociais baixas, o do INPS em Padre Miguel e o do IAPI apelidado de caixa d’água entre Padre Miguel e Realengo e o Coletivo em Realengo, todos hoje em dia densamente povoados, mas em sua minoria pelos moradores originais ou pelos seus descendentes diretos, todos com marcas próprias de civilização, ou seja modificados com a construção de apêndices, as garagens, os puxados, as coberturas, as mini-lojas, para satisfazerem o modo de vida da população local, numa prova de que o homem personifica seu habitat, construindo seu espaço geográfico que se constitui das coisas, objetos naturais ou artificiais que se tornam completo com a presença do homem que lhe imprime função e forma espacial, bem exemplificado neste contexto.
Na década de setenta, foram construídos na região de Bangu, os demais conjuntos habitacionais. Com seus prédios de apartamentos ou casinhas bem estreitados, que parecem xerocópias repetitivas uns dos outros, como numa espécie de surto psicótico governamental em transformar seres humanos em passarinhos engaiolados, como no caso dos conjuntos Dom Jaime Câmara, Vila Kennedy, Jardim Bangu, etc... que foram construídos para abrigar a população das favelas em volta dos bairros nobres do Flamengo, Leblon, Copacabana, Gávea, Leme... o que não resolveu o problema da High Society da época, a hoje não tão pujante Zona Sul, pois os primeiros moradores não se agradaram do lugar e resolveram vender seus nacos de concreto, ficando apenas algumas poucas famílias, que juntas com os novos ‘repatriados’, que a seu modo, resolveram a questão da frieza do concreto, da monotonia e impessoalidade dos conjuntos, pela criatividade com que imprimiram no passar dos anos sua ‘digital’ própria, suavizando, humanizando e vitalizando frenética e desordenadamente o local.
Mas também conhecemos o lado negro destes conjuntos, quase todos com excessiva poluição visual, enfeiamento da paisagem e muitos deles têm histórias de violência para contar.
Em toda organização social, coexistem diferentes grupos que procuram se integrar através de atividades ligadas seja ao governo, ao trabalho ou ao meramente ao lazer.
O tipo de relacionamento entre eles e o sistema de escolha dos locais variam de acordo com a sua classe na sociedade, mas há sempre grupos que predominam em determinados momentos históricos, foi assim com os operários da Fábrica Bangu, depois com os cidadãos de classe média baixa que migraram para cá, devido ao progresso local e hoje outros grupos que, infelizmente, nem sempre cooperam para manter o bairro saudável.
Quem andar pelo calçadão de Bangu, caminhar pelo centro de Realengo, ou, até mesmo, passear pelo Ponto Chique de Padre Miguel, notará esses aspectos de bairro interior, próprio dos subúrbios cariocas: há idosos e crianças nas ruas, jovens praticando esporte, mulheres comprando no farto comércio local, mas sem o barulho exagerado do Centro da cidade do Rio de Janeiro, ou do intenso movimento desenfreado, ruidoso e caótico de Madureira e Campo Grande, onde mal se pode dar um passo sem esbarrar em alguém.
Esse sossego foi a muito tempo atrás razão de orgulho dos antigos moradores da região, e atraente para milhares de cariocas seduzidos pelo espírito empreendedor de Guilherme da Silveira, que com seu estilo fordista, ajudou a fazer de Bangu um bairro próspero e polarizador.
Começo da urbanidade
Em 1900 começam obras de infra-estrutura urbana, como a utilização do manancial do Rio da Prata para geração de energia elétrica para a Fábrica de tecidos Bangu, depois em 1916 os primeiros dutos de esgoto residencial foram implantados para colher os dejetos das casas operárias.
Vias de circulação
Em 1906, a Estrada do Engenho do Retiro foi a primeira da região a ser urbanizada, na verdade, foi calçada com pedras tiradas dos morros vizinhos e outras que vieram de refugos das obras que foram efetuadas no local. Em 1907 foi a vez da Rua Ceres, ligando a ferrovia ao caminho da Água Branca, hoje Estrada da Água Branca – ser, também, calçada com pedras.
A bem da verdade a primeira rua, propriamente dita, foi a antiga Caminho dos Jesuítas, que depois passou a ser conhecida como Estrada Real de Santa Cruz, isso em 1903, onde já havia outras três ruas e uma picadas, todas abertas pela Companhia Industrial do Brasil.
Alguns caminhos viraram ruas como: o caminho da Fazenda do Retiro, o do Marco Seis, o da Fazenda do Viegas, o do Cafuá, o do São Bento, o da Caixinha, o do Sandá, o do Gericinó, o do Guandu, o da Água Branca, o do Engenho, o do Lúcio, o da Maravilha, o do Murundu e o da Feira, todos ligavam o centro a pontos de importância local ou aos escoadouros de produção agrícola ou fabril, como a ferrovia ou estradas interurbanas, ainda incipientes.
A partir de 1924, começa em Bangu um maior e mais agressivo processo de urbanização, com a passagem de uma paisagem absolutamente rural, para uma mais citadina. Já em 1925, com a construção da Avenida Rio – São Paulo, há um maior incremento para esta urbanização incipiente e o desenvolvimento de atividades mais rebuscadas da paisagem urbana, como o comércio e alguns serviços, e em 1937 o Governo Federal providencia uma rede de água no local, o que induz ao chamamento de repartições públicas, já que nesta etapa do seu desenvolvimento o bairro já crescia em população, o que fazia necessário pelo menos a ordenação pública deste crescimento.
Hoje o sistema viário que corta a região, não é ruim, contamos com cinco estradas principais dentro da região, a dos Coqueiros, a da Taquaral, a Ministro Ari Franco e a do Engenho, que ligam os bairros e sub-bairros locais; duas de saída para outras regiões, a Santa Cruz e da Água Branca e a Avenida Brasil, que tem extensão considerável e liga praticamente quase todas as regiões e zonas geográficas do município do Rio de Janeiro. Repare no quadro abaixo as características dos transportes na região:
Região de Bangu – Sistema Viário
Transporte Ferroviário 5 estações ferroviárias: Realengo, Padre Miguel, Guilherme da Silveira, Bangu e Senador Camará.
Transporte Rodoviário 5 avenidas regionais (bairro), 2 interregionais e 1 extrarregional;
Linhas de ônibus: 64 em Bangu, 56 em Padre Miguel, 61 em Realengo e 28 em Senador Camará.
Ciclovia De pequena extensão entre os bairros de Guilherme da Silveira e Pafre Miguel.
Fonte: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro – 1995
Evolução urbana
Na década de 1940, Bangu é um dos bairros que mais crescem no Rio de Janeiro, devido a atração aos trabalhadores que viam seu futuro ‘espelhado’ na fábrica, e a construção de diversas outras unidades habitacionais para abrigar os trabalhadores da Fábrica Bangu e, posteriormente, diversas repartições públicas que começariam, a partir daí, a migrarem para o bairro para facilitar o intercâmbio de informações entre o poder público e a massa trabalhadora local e a disciplina da ocupação do espaço. E na década de 1950 começam a chegar e a se firmar as diversas repartições públicas ao local, como um Fórum, uma agência do Banco do Brasil, uma agência ferroviária, etc.
Em 1976 e 1977, a Imobiliária Bangu, subsidiária da Companhia, efetua o desmembramento de alguns sítios locais, para a formação de três loteamentos, a saber: o da Maravilha, o de Senador Camará e o de Minuanos, dando início a uma política de diminuição do tamanho do patrimônio da fábrica para melhor gerenciamento.
A partir daí começa, verdadeiramente a formação do bairro em sua configuração próxima do que se vê atualmente, com uma característica tipicamente residencial, mas com potencial bastante latente para o comércio e serviços, que hoje notamos serem pouco aproveitados, haja vista a falta de cinemas, parques de diversões e shoppings no local que tem uma considerável massa humana, de consumidores potenciais, que têm de se locomover para os bairros vizinhos ao oeste como Campo Grande, ou ao norte como Madureira, para poderem ter acesso aos serviços citados acima, uma vez que poderíamos tê-los aqui mesmo no bairro, se houvesse investimento.
O bairro, no seu crescimento urbano, contou também com a construção de vários conjuntos habitacionais nas décadas de 40, 70 e 80, mas destes falaremos mais abaixo, devido as características ímpares de sua construção, habitação e fomentação de violência, segregação e desestruturação do ambiente outrora pacato do bairro.
MONOCROMIA, MONOTONIA, MELANCOLIA... OS CONJUNTOS HABITACIONAIS
Numa possível planta da região de Bangu do começo século XVII, até o final do XIX, quando a Companhia Progresso Industrial do Brasil arrendou as terras da região, notaríamos que a paisagem local era dominada pelos dois grandiosos maciços que circundam o vale onde havia fazendas de cana-de-açúcar.
Em termos da urbanização, esta só veio a acontecer, em meados do século XX, via industrialização, como dissemos em capítulos anteriores, quando foi constituída a vila operária em derredor da Fábrica Bangu.
Durante muito tempo havia apenas o bairro no perímetro da fábrica de tecidos Bangu, seguindo o modelo de traçado fordista, copiado pelos ingleses e aclimatado pelos ‘Silveiras’, do que estava em voga em termos de industrialização daquele momento, com o bairro sendo como um cinturão em volta da fábrica para reduzir gastos com tempo, transportes e alimentação, ou seja, o operário ia rapidamente e à pé ao trabalho e almoçava em casa com a família, isso quando a família toda não estava na fábrica trabalhando, pois era comum e foi praxe naquela época o trabalho diuturno familiar, com as mulheres e até as crianças executando tarefas menos pesadas.
Além da vila operária havia, somente, algumas pequenas manchas de pré-urbanização, a saber: os loteamentos nas proximidades do local onde hoje se encontram a Avenida Brasil e a estrada da Água Branca e no local onde hoje se estabeleceu o Parque Leopoldina até perto de onde está a estrada Cônego de Vasconcelos, todos provenientes dos desmembramentos ou possessão de fazendas, chácaras e sítios improdutivos do local, pois os proprietários estavam especulativamente, e tão somente isso, esperando pela sua valorização imobiliária, via implantação de infra-estrutura básica pelo governo, para venderem essas terras.
Algum tempo depois, surgiram os primeiros conjuntos de apartamentos, razoavelmente amplos, em se tratando de objetivarem às classes sociais baixas, o do INPS em Padre Miguel e o do IAPI apelidado de caixa d’água entre Padre Miguel e Realengo e o Coletivo em Realengo, todos hoje em dia densamente povoados, mas em sua minoria pelos moradores originais ou pelos seus descendentes diretos, todos com marcas próprias de civilização, ou seja modificados com a construção de apêndices, as garagens, os puxados, as coberturas, as mini-lojas, para satisfazerem o modo de vida da população local, numa prova de que o homem personifica seu habitat, construindo seu espaço geográfico que se constitui das coisas, objetos naturais ou artificiais que se tornam completo com a presença do homem que lhe imprime função e forma espacial, bem exemplificado neste contexto.
Na década de setenta, foram construídos na região de Bangu, os demais conjuntos habitacionais. Com seus prédios de apartamentos ou casinhas bem estreitados, que parecem xerocópias repetitivas uns dos outros, como numa espécie de surto psicótico governamental em transformar seres humanos em passarinhos engaiolados, como no caso dos conjuntos Dom Jaime Câmara, Vila Kennedy, Jardim Bangu, etc... que foram construídos para abrigar a população das favelas em volta dos bairros nobres do Flamengo, Leblon, Copacabana, Gávea, Leme... o que não resolveu o problema da High Society da época, a hoje não tão pujante Zona Sul, pois os primeiros moradores não se agradaram do lugar e resolveram vender seus nacos de concreto, ficando apenas algumas poucas famílias, que juntas com os novos ‘repatriados’, que a seu modo, resolveram a questão da frieza do concreto, da monotonia e impessoalidade dos conjuntos, pela criatividade com que imprimiram no passar dos anos sua ‘digital’ própria, suavizando, humanizando e vitalizando frenética e desordenadamente o local.
Mas também conhecemos o lado negro destes conjuntos, quase todos com excessiva poluição visual, enfeiamento da paisagem e muitos deles têm histórias de violência para contar.
A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - HISTÓRIA
Bangu histórico
A história do bairro e da região ao seu redor começa com a fundação da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande, em 1673.
Foi a fazendeira Dona Ana Francisca a primeira a usar o nome Bangu em documentos oficiais, referindo-se a fazenda Bangu.
Aliás em relação ao nome Bangu, há discordâncias, alguns estudiosos dizem ter sido dado em decorrência do local da fazenda e do engenho onde os escravos colocavam a produção canavieira, bangüe; outros acham mais adequado o uso da tradução do tupi, bangú ou paredão negro, em referência aos maciços que servem de anteparo e circundam a região.
Atividades pré-urbanas em Bangu
Havia na região, onde hoje existe o bairro, várias fazendas como a: Fazenda do Retiro, Fazenda de Bangu, Fazenda do Viegas, etc. A primeira atividade ‘civilizada’ e econômica do local foi a implantação do Engenho da Serra, com a plantação da cana-de-açúcar, com a utilização de mão-de-obra escrava, carro de tração animal (carros de bois) para o transporte da produção (açúcar, rapadura, álcool e cachaça) que era exportada para a Europa, pelo porto de Guaratiba, bem em sintonia com a economia daquela época, a de exportar produtos do plantation para a Europa desenvolvida.
Com a chegada da Companhia Progresso Industrial do Brasil, há uma dinamização e diversificação nas atividades agrícolas locais. Em 1890 há a troca da cana-de-açúcar pelo algodão, obviamente para o uso têxtil, mas fracassa esta tentativa e em 1893 já se retorna ao antigo plantio. Em 1939, já há na região uma grande de lavouras onde se repara a produção acentuada de banana e laranja, como os tão famosos laranjais de “Meu pé de laranja Lima” de José Mauro de Vasconcelos, tanto os laranjais, como o autor da obra ficaram nacionalmente famosos por esse romance.
Também houve nesta região o plantio de café, mas como é sabido este produto não se adaptou de maneira adequada ao clima e ao solo o que impossibilitou o ganho de capitais a contento para satisfazer a sanha capitalista do momento e justificar sua manutenção, esta foi transferida, num primeiro momento para São Paulo e em seguida para o norte do Paraná.
Como dissemos foi também com a chegada da Companhia Progresso Industrial do Brasil, e posteriormente a construção da Fábrica de Tecidos Bangu, que aconteceu uma mudança no perfil rural da localidade, passando a uma pré-urbanização incipiente, nos moldes fordistas, muito comum em meados do século XX, no qual a fábrica distribuía as moradias da localidade de acordo com seus interesses, como também aconteceu em outros bairros como Vila Isabel, mas analisaremos essa dinâmica de distribuição habitacional num capítulo mais adiante.
Foram os ingleses que construíram a fábrica, terminada em 1889; antes disso fizeram uma olaria e diversas picadas para acessarem os locais das obras, também construíram, depois, uma vila operária, com 95 casas, em 1892, usando refugos da obra da fábrica e depois mais 50 casinhas para esta mesma vila. A importância da Fábrica Bangu é tanta para o bairro, que a maioria das suas ruas e praças tem seus nomes inspirados em trabalhadores, funções ou edificações em concordância com a fábrica, como por exemplo: rua do Tecelão, rua do Açude, Tintureiros, etc... de fato homenagens justas aos trabalhadores que destacaram o bairro no contexto carioca.
A história do bairro e da região ao seu redor começa com a fundação da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande, em 1673.
Foi a fazendeira Dona Ana Francisca a primeira a usar o nome Bangu em documentos oficiais, referindo-se a fazenda Bangu.
Aliás em relação ao nome Bangu, há discordâncias, alguns estudiosos dizem ter sido dado em decorrência do local da fazenda e do engenho onde os escravos colocavam a produção canavieira, bangüe; outros acham mais adequado o uso da tradução do tupi, bangú ou paredão negro, em referência aos maciços que servem de anteparo e circundam a região.
Atividades pré-urbanas em Bangu
Havia na região, onde hoje existe o bairro, várias fazendas como a: Fazenda do Retiro, Fazenda de Bangu, Fazenda do Viegas, etc. A primeira atividade ‘civilizada’ e econômica do local foi a implantação do Engenho da Serra, com a plantação da cana-de-açúcar, com a utilização de mão-de-obra escrava, carro de tração animal (carros de bois) para o transporte da produção (açúcar, rapadura, álcool e cachaça) que era exportada para a Europa, pelo porto de Guaratiba, bem em sintonia com a economia daquela época, a de exportar produtos do plantation para a Europa desenvolvida.
Com a chegada da Companhia Progresso Industrial do Brasil, há uma dinamização e diversificação nas atividades agrícolas locais. Em 1890 há a troca da cana-de-açúcar pelo algodão, obviamente para o uso têxtil, mas fracassa esta tentativa e em 1893 já se retorna ao antigo plantio. Em 1939, já há na região uma grande de lavouras onde se repara a produção acentuada de banana e laranja, como os tão famosos laranjais de “Meu pé de laranja Lima” de José Mauro de Vasconcelos, tanto os laranjais, como o autor da obra ficaram nacionalmente famosos por esse romance.
Também houve nesta região o plantio de café, mas como é sabido este produto não se adaptou de maneira adequada ao clima e ao solo o que impossibilitou o ganho de capitais a contento para satisfazer a sanha capitalista do momento e justificar sua manutenção, esta foi transferida, num primeiro momento para São Paulo e em seguida para o norte do Paraná.
Como dissemos foi também com a chegada da Companhia Progresso Industrial do Brasil, e posteriormente a construção da Fábrica de Tecidos Bangu, que aconteceu uma mudança no perfil rural da localidade, passando a uma pré-urbanização incipiente, nos moldes fordistas, muito comum em meados do século XX, no qual a fábrica distribuía as moradias da localidade de acordo com seus interesses, como também aconteceu em outros bairros como Vila Isabel, mas analisaremos essa dinâmica de distribuição habitacional num capítulo mais adiante.
Foram os ingleses que construíram a fábrica, terminada em 1889; antes disso fizeram uma olaria e diversas picadas para acessarem os locais das obras, também construíram, depois, uma vila operária, com 95 casas, em 1892, usando refugos da obra da fábrica e depois mais 50 casinhas para esta mesma vila. A importância da Fábrica Bangu é tanta para o bairro, que a maioria das suas ruas e praças tem seus nomes inspirados em trabalhadores, funções ou edificações em concordância com a fábrica, como por exemplo: rua do Tecelão, rua do Açude, Tintureiros, etc... de fato homenagens justas aos trabalhadores que destacaram o bairro no contexto carioca.
A GEOPOLÍTICA DA REGIÃO DE BANGU - INTRODUÇÃO
Geografia do Bairro – A Geopolítica da Região de Bangu
O mote da nossa discussão é: a Geografia do Bairro – A Geopolítica da Região de Bangu. Levaremos em conta aspectos geográficos físicos e humanos da formação da região onde se encontra um dos bairros que mais cresceram durante a década de 40 e que hoje vive uma decadência em termos comercial e cultural, e uma certa conflagração da violência urbana em suas cercanias, também é notória a falta de investimentos para a revitalização da antiga estrutura social, cultural e comercial do bairro.
Há quem possa afirmar que Bangu e seus arredores vem recebendo investimento da prefeitura do Rio de Janeiro e da União Européia, principalmente em obras públicas, de recuperação de ambiente e urbanismo, mas sabemos ser insipientes ainda e que o principal, a segurança, o comércio e o lazer do bairro estão, deveras, abandonados à própria sorte.
A questão atual passa a ser: o lugar, conquistar o espaço, territorialidade e humanização das paisagens que se deterioraram pelo caos, pela desordem social e, sobretudo pelo descaso e pela falta de compromisso governista.
Nesse item os profissionais de ensino da Geografia devem ter em mente um conselho do professor do Departamento de Geografia da USP, Aziz Nacib Ab’ Sáber, que em entrevista para a revista Nova Escola, nos instiga a ensinar a Geografia do bairro, mesmo parecendo esta proposta estar em desacordo com o que manda os Parâmetros Curriculares Nacionais, que são a favor de se ensinar de forma global, pois visam, tão somente, a entrada do nosso país e consequentemente dos seus jovens alunos no sistema capitalista neoliberal e globalizado, que já se mostrou devidamente inadequado para as nossas verdadeiras pretensões.
O mote da nossa discussão é: a Geografia do Bairro – A Geopolítica da Região de Bangu. Levaremos em conta aspectos geográficos físicos e humanos da formação da região onde se encontra um dos bairros que mais cresceram durante a década de 40 e que hoje vive uma decadência em termos comercial e cultural, e uma certa conflagração da violência urbana em suas cercanias, também é notória a falta de investimentos para a revitalização da antiga estrutura social, cultural e comercial do bairro.
Há quem possa afirmar que Bangu e seus arredores vem recebendo investimento da prefeitura do Rio de Janeiro e da União Européia, principalmente em obras públicas, de recuperação de ambiente e urbanismo, mas sabemos ser insipientes ainda e que o principal, a segurança, o comércio e o lazer do bairro estão, deveras, abandonados à própria sorte.
A questão atual passa a ser: o lugar, conquistar o espaço, territorialidade e humanização das paisagens que se deterioraram pelo caos, pela desordem social e, sobretudo pelo descaso e pela falta de compromisso governista.
Nesse item os profissionais de ensino da Geografia devem ter em mente um conselho do professor do Departamento de Geografia da USP, Aziz Nacib Ab’ Sáber, que em entrevista para a revista Nova Escola, nos instiga a ensinar a Geografia do bairro, mesmo parecendo esta proposta estar em desacordo com o que manda os Parâmetros Curriculares Nacionais, que são a favor de se ensinar de forma global, pois visam, tão somente, a entrada do nosso país e consequentemente dos seus jovens alunos no sistema capitalista neoliberal e globalizado, que já se mostrou devidamente inadequado para as nossas verdadeiras pretensões.
terça-feira, 1 de março de 2011
UM PADRE CHAMADO MIGUEL, UM BAIRRO CHAMADO PADRE MIGUEL (7ª PARTE)
7 – UM RESUMO DESSA ÓPERA MIGUELENSE
O bairro, ao longo do tempo, passou por uma série de transformações. Isso significa dizer que as pessoas agiram sobre esse espaço de modo a modificá-lo segundo a conveniência da época, de acordo com suas necessidades e seus interesses, muitas vezes mesquinhos. Mas, ao agirem sobre esse espaço, alteraram sua forma e os aspectos que o compuseram, tornando o bairro com as características que possui hoje, mesmo que esvaziado e sem muitas perspectivas de revitalização, é ainda hoje um dos bairros mais charmosos e plenamente visitados.
Quando se trata da alegria das pessoas que moram e usufruem o lugar se divertindo, e com isso atraindo muito mais visitantes, que são polarizados pela atração que seus diversos bares e pizzarias oferecem, além é claro da sua Escola de Samba, que é o grande ícone local reconhecidamente pouco explorada em termos turísticos.
Os dados mais recentes sobre a qualidade de vida na microrregião da Grande Bangu onde se localiza o bairro de Padre Miguel, podem ser encontrados no Relatório do Desenvolvimento Humano do Rio, feito pela ONU, prefeitura e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), eles nos mostram que o miguelense desfruta de razoável condição de vida, mesmo nas áreas periféricas , mas muito se pode melhorar em termos de saúde, lazer e educação, principalmente no que diz respeito ao potencial turístico local.
Por ser um área que ainda tem espaço, a cidade cresce (de forma desordenada) em direção à Zona Oeste, contribuindo para agravar alguns dos problemas locais.
Por exemplo: a região ainda sofre com o aumento da violência, comum a toda a cidade; com a queda da qualidade de vida, por causa da ocupação desordenada promovida pela política de transferência de contingente das favelas da Zona Sul e com a agressão ao meio ambiente devido aos loteamentos clandestinos, o lixo e a sujeira, muitas vezes causadas por moradores ignorantes.
Para a mudança do panorama atual, os governos municipal e estadual terão de ampliar a rede de serviços públicos, especialmente na parte de educação, com a construção de mais escolas de Ensino Médio e creches e na área de saúde, preferencialmente com a recuperação de um hospital que começou a ser construído e teve a obra paralisada sem nenhuma explicação convincente aos moradores.
Grandes investimentos também terão que ser feitos, em habitação, transporte e meio ambiente. Da mesma forma, seriam bem vindos investimentos culturais, pois o bairro necessita de mais atividades e empreendimentos de lazer, além de shopping, cinemas, teatros, restaurantes e casas noturnas, dos quais toda a área da Microrregião de Bangu ainda é muito desprovida.
Como todos os demais bairros da região, Padre Miguel foi modificado de acordo com a necessidade da sociedade que o habitou e habita, cada uma deixando sua ‘impressão digital’, conforme o tempo vivido, e que por fim, veio a dar o atual modelado misturando conjuntos habitacionais, construções urbanas frias e cinzentas, mas que foram ‘desorganizadas’ para adequar-se às necessidades da população e mesclando-se às autoconstruções.
Após tudo o que foi dito cabe aqui um último registro na forma de um resumo, para que possamos ter em mente o quadro mais fiel e exato do espaço geográfico e urbano do nosso bairro.
7.1 Características Gerais do bairro de Padre Miguel
O bairro está deitado em um vale, a baixada de Bangu, situa-se na Zona Oeste do Rio de Janeiro, fazendo parte da microrregião da Grande Bangu.
7.1.2. População:
- População predominantemente urbana;
- Bairro com características residenciais, do tipo dormitório;
- Aumento de população a partir da década de quarenta, hoje o bairro tem a maior densidade demográfica da Zona Oeste;
- População atraída pelas indústrias, depois pelos baixos preços dos terrenos e casas se comparados aos bairros circunvizinhos;
- Predominam os prédios de apartamentos, com cinco andares (CEHAB), quatro (IAPI/INPS) e três andares (Caixa D’água), as casas são de alvenaria, mesmo na periferia e favelas.
7.1.3. Atividades Econômicas:
- Ausência de industrias;
- Serviços diversos (advogados, contadores, dentistas, clínicas médicas);
- Comércio diversificado (agências de automóveis, açougues, farmácias, roupas, calçados, móveis, material de construção, bares, padarias, supermercados, bazares e pizzarias);
- Serviços bancários insuficientes, apenas uma agência do Banco do Brasil e alguns caixas 24 horas;
- Praticamente sem atividades rurais, quase 100% da área ocupada por edificações.
7.1.4. Serviços Públicos:
- Serviço público razoável com escolas, creches e posto de saúde;
- Água, telefonia (telefones em quase todas as casas e telefones públicos em quase toda esquina), correios e telégrafos, coleta de lixo, saneamento básico e energia elétrica e iluminação pública de boa qualidade, sendo precários apenas na periferia;
- Falta um hospital público com emergência, bibliotecas e escolas de Ensino Médio.
7.1.5. Meio Ambiente, Higiene e Saúde:
- Havia muitos pântanos no local, todos foram drenados ou aterrados;
- A qualidade do ar piorou devido ao trânsito e atividades industriais;
- O solo foi asfaltado ou coberto por concreto ou pedras vulcânicas (paralelepípedos);
- A água não é de excelente qualidade, mas houve progresso no tratamento (cloro e flúor) e são pouco comuns doenças relacionadas ao uso da água no local;
- A higiene da população melhorou devido a propagandas nacionais como a do vetusto Sugismundo, quem tem mais de trinta anos deve lembrar bem;
- Ausência de árvores e áreas verdes;
- O nível de ruído aumentou na região, principalmente com a chegada dos carros de som e bailes funks, o que é causa de surdez e déficit auditivos e desvio de atenção, uma das causas do fracasso escolar de muita criança do bairro;
- Apesar da coleta de lixo ser regular, ainda existem pontos de retenção de lixo, principalmente nos valões, o que atrai ratos e insetos;
- Os rios da região, hoje em dia, ou estão assoreados ou passam na maioria encanados e houve poluição causada pela atividade industrial, pelo derramamento de tintas nos rios, provenientes da Fábrica de Tecidos.
7.1.6. Lazer:
- Há muitas praças no bairro, a maioria foi reformada recentemente pela Prefeitura;
- Existem duas Escolas de Samba no bairro;
- Há uma Vila Olímpica em pleno funcionamento no local.
7.1.7. Transportes:
- Da carroça de boi à chegada do trem puxado a máquina e posterior eletrificação, até os ônibus e transportes alternativos dos dias de hoje, com rede viária integrada ao restante da Cidade;
- Uma estação ferroviária;
- Várias linhas de ônibus;
- Uma ciclovia.
7.1.8. Entidades de Orientação e Desenvolvimento:
- XVIIª R.A. (Região Administrativa de Bangu);
- 5ª A.P. (Área de Planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, comum à toda a Zona Oeste).
7.2 Desenvolvimento Histórico do bairro de Padre Miguel
Ruas: As ruas principais da atualidade eram no passado, antigos caminhos que ligavam as fazendas ao porto de Guaratiba, hoje o bairro conta com avenidas amplas e o viaduto Paulo Viana passando sobre a linha férrea; Casas: No começo eram apenas as casas das fazendas, os ranchos, as senzalas e alguns poucos casebres, depois vieram os conjuntos da vila dos operários da fábrica Bangu e mais tarde os prédios do IAPI e da CEHAB;
Economia: Sofreu influência de bairros vizinhos passando de ruaral (cana-de-açúcar, cafezal, bananal e laranjal), para industrial (Fábrica de Tecidos, de cartuchos, de artefatos de couro e pequenas indústrias) e finalmente o comércio e serviço diversos, mantendo as características provincianas do bairro;
Várias manifestações populares como: missas, novenas, romarias (todas em extinção) e brincadeiras de roda e cantigas (também caíram em desuso); Muitas brincadeiras e costumes antigos não são mais possíveis hoje em dia, antigamente era comum famílias dormirem na calçada em noites de muito calor, hoje a violência urbana cessou esse costume local, as festas juninas eram espetaculares no bairro, agora não se tem nem arremedo delas, pois os bailes funk são a nova coqueluche; Havia tempos atrás bons bailes no CREIB, apesar das brigas e tiroteios;
Igrejas: Há diversidade quanto às igrejas e religiões que dividem o espaço do bairro, são templos de quase todas as nomenclaturas, mas a Igreja do Padre Paulo é a mais tradicional do bairro;
De rural para urbano, este é o perfil de transformação do bairro, aliás, como ocorreu em quase todos os bairros do país.
ESSE É O SEU BAIRRO, CUIDE DELE!
COBRE O QUE ESTIVER FALTANDO DAQUELES QUE VOCÊ AJUDOU A ELEGER.
O bairro, ao longo do tempo, passou por uma série de transformações. Isso significa dizer que as pessoas agiram sobre esse espaço de modo a modificá-lo segundo a conveniência da época, de acordo com suas necessidades e seus interesses, muitas vezes mesquinhos. Mas, ao agirem sobre esse espaço, alteraram sua forma e os aspectos que o compuseram, tornando o bairro com as características que possui hoje, mesmo que esvaziado e sem muitas perspectivas de revitalização, é ainda hoje um dos bairros mais charmosos e plenamente visitados.
Quando se trata da alegria das pessoas que moram e usufruem o lugar se divertindo, e com isso atraindo muito mais visitantes, que são polarizados pela atração que seus diversos bares e pizzarias oferecem, além é claro da sua Escola de Samba, que é o grande ícone local reconhecidamente pouco explorada em termos turísticos.
Os dados mais recentes sobre a qualidade de vida na microrregião da Grande Bangu onde se localiza o bairro de Padre Miguel, podem ser encontrados no Relatório do Desenvolvimento Humano do Rio, feito pela ONU, prefeitura e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), eles nos mostram que o miguelense desfruta de razoável condição de vida, mesmo nas áreas periféricas , mas muito se pode melhorar em termos de saúde, lazer e educação, principalmente no que diz respeito ao potencial turístico local.
Por ser um área que ainda tem espaço, a cidade cresce (de forma desordenada) em direção à Zona Oeste, contribuindo para agravar alguns dos problemas locais.
Por exemplo: a região ainda sofre com o aumento da violência, comum a toda a cidade; com a queda da qualidade de vida, por causa da ocupação desordenada promovida pela política de transferência de contingente das favelas da Zona Sul e com a agressão ao meio ambiente devido aos loteamentos clandestinos, o lixo e a sujeira, muitas vezes causadas por moradores ignorantes.
Para a mudança do panorama atual, os governos municipal e estadual terão de ampliar a rede de serviços públicos, especialmente na parte de educação, com a construção de mais escolas de Ensino Médio e creches e na área de saúde, preferencialmente com a recuperação de um hospital que começou a ser construído e teve a obra paralisada sem nenhuma explicação convincente aos moradores.
Grandes investimentos também terão que ser feitos, em habitação, transporte e meio ambiente. Da mesma forma, seriam bem vindos investimentos culturais, pois o bairro necessita de mais atividades e empreendimentos de lazer, além de shopping, cinemas, teatros, restaurantes e casas noturnas, dos quais toda a área da Microrregião de Bangu ainda é muito desprovida.
Como todos os demais bairros da região, Padre Miguel foi modificado de acordo com a necessidade da sociedade que o habitou e habita, cada uma deixando sua ‘impressão digital’, conforme o tempo vivido, e que por fim, veio a dar o atual modelado misturando conjuntos habitacionais, construções urbanas frias e cinzentas, mas que foram ‘desorganizadas’ para adequar-se às necessidades da população e mesclando-se às autoconstruções.
Após tudo o que foi dito cabe aqui um último registro na forma de um resumo, para que possamos ter em mente o quadro mais fiel e exato do espaço geográfico e urbano do nosso bairro.
7.1 Características Gerais do bairro de Padre Miguel
O bairro está deitado em um vale, a baixada de Bangu, situa-se na Zona Oeste do Rio de Janeiro, fazendo parte da microrregião da Grande Bangu.
7.1.2. População:
- População predominantemente urbana;
- Bairro com características residenciais, do tipo dormitório;
- Aumento de população a partir da década de quarenta, hoje o bairro tem a maior densidade demográfica da Zona Oeste;
- População atraída pelas indústrias, depois pelos baixos preços dos terrenos e casas se comparados aos bairros circunvizinhos;
- Predominam os prédios de apartamentos, com cinco andares (CEHAB), quatro (IAPI/INPS) e três andares (Caixa D’água), as casas são de alvenaria, mesmo na periferia e favelas.
7.1.3. Atividades Econômicas:
- Ausência de industrias;
- Serviços diversos (advogados, contadores, dentistas, clínicas médicas);
- Comércio diversificado (agências de automóveis, açougues, farmácias, roupas, calçados, móveis, material de construção, bares, padarias, supermercados, bazares e pizzarias);
- Serviços bancários insuficientes, apenas uma agência do Banco do Brasil e alguns caixas 24 horas;
- Praticamente sem atividades rurais, quase 100% da área ocupada por edificações.
7.1.4. Serviços Públicos:
- Serviço público razoável com escolas, creches e posto de saúde;
- Água, telefonia (telefones em quase todas as casas e telefones públicos em quase toda esquina), correios e telégrafos, coleta de lixo, saneamento básico e energia elétrica e iluminação pública de boa qualidade, sendo precários apenas na periferia;
- Falta um hospital público com emergência, bibliotecas e escolas de Ensino Médio.
7.1.5. Meio Ambiente, Higiene e Saúde:
- Havia muitos pântanos no local, todos foram drenados ou aterrados;
- A qualidade do ar piorou devido ao trânsito e atividades industriais;
- O solo foi asfaltado ou coberto por concreto ou pedras vulcânicas (paralelepípedos);
- A água não é de excelente qualidade, mas houve progresso no tratamento (cloro e flúor) e são pouco comuns doenças relacionadas ao uso da água no local;
- A higiene da população melhorou devido a propagandas nacionais como a do vetusto Sugismundo, quem tem mais de trinta anos deve lembrar bem;
- Ausência de árvores e áreas verdes;
- O nível de ruído aumentou na região, principalmente com a chegada dos carros de som e bailes funks, o que é causa de surdez e déficit auditivos e desvio de atenção, uma das causas do fracasso escolar de muita criança do bairro;
- Apesar da coleta de lixo ser regular, ainda existem pontos de retenção de lixo, principalmente nos valões, o que atrai ratos e insetos;
- Os rios da região, hoje em dia, ou estão assoreados ou passam na maioria encanados e houve poluição causada pela atividade industrial, pelo derramamento de tintas nos rios, provenientes da Fábrica de Tecidos.
7.1.6. Lazer:
- Há muitas praças no bairro, a maioria foi reformada recentemente pela Prefeitura;
- Existem duas Escolas de Samba no bairro;
- Há uma Vila Olímpica em pleno funcionamento no local.
7.1.7. Transportes:
- Da carroça de boi à chegada do trem puxado a máquina e posterior eletrificação, até os ônibus e transportes alternativos dos dias de hoje, com rede viária integrada ao restante da Cidade;
- Uma estação ferroviária;
- Várias linhas de ônibus;
- Uma ciclovia.
7.1.8. Entidades de Orientação e Desenvolvimento:
- XVIIª R.A. (Região Administrativa de Bangu);
- 5ª A.P. (Área de Planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, comum à toda a Zona Oeste).
7.2 Desenvolvimento Histórico do bairro de Padre Miguel
Ruas: As ruas principais da atualidade eram no passado, antigos caminhos que ligavam as fazendas ao porto de Guaratiba, hoje o bairro conta com avenidas amplas e o viaduto Paulo Viana passando sobre a linha férrea; Casas: No começo eram apenas as casas das fazendas, os ranchos, as senzalas e alguns poucos casebres, depois vieram os conjuntos da vila dos operários da fábrica Bangu e mais tarde os prédios do IAPI e da CEHAB;
Economia: Sofreu influência de bairros vizinhos passando de ruaral (cana-de-açúcar, cafezal, bananal e laranjal), para industrial (Fábrica de Tecidos, de cartuchos, de artefatos de couro e pequenas indústrias) e finalmente o comércio e serviço diversos, mantendo as características provincianas do bairro;
Várias manifestações populares como: missas, novenas, romarias (todas em extinção) e brincadeiras de roda e cantigas (também caíram em desuso); Muitas brincadeiras e costumes antigos não são mais possíveis hoje em dia, antigamente era comum famílias dormirem na calçada em noites de muito calor, hoje a violência urbana cessou esse costume local, as festas juninas eram espetaculares no bairro, agora não se tem nem arremedo delas, pois os bailes funk são a nova coqueluche; Havia tempos atrás bons bailes no CREIB, apesar das brigas e tiroteios;
Igrejas: Há diversidade quanto às igrejas e religiões que dividem o espaço do bairro, são templos de quase todas as nomenclaturas, mas a Igreja do Padre Paulo é a mais tradicional do bairro;
De rural para urbano, este é o perfil de transformação do bairro, aliás, como ocorreu em quase todos os bairros do país.
ESSE É O SEU BAIRRO, CUIDE DELE!
COBRE O QUE ESTIVER FALTANDO DAQUELES QUE VOCÊ AJUDOU A ELEGER.
UM PADRE CHAMADO MIGUEL, UM BAIRRO CHAMADO PADRE MIGUEL (6ª PARTE)
6 – PRINCIPAIS PROBLEMAS DO BAIRRO
6.1. Problemas Sócio-Ambientais
Como já falamos a ocupação do bairro se deu a partir do centro de Bangu onde fica a Fábrica de Tecidos Bangu, e de Realengo, devido aos quartéis e a fabrica de cartuchos do Exército, dali a população foi se irradiando em todas as direções, e com as políticas habitacionais públicas e privadas cresceu em número e em importância local.
Em relação a densidade demográfica, vale ressaltar que o bairro de Padre Miguel com cerca de 12 mil habitantes por quilômetros quadrados, tendo mais do que o dobro da média da densidade dos demais bairros da região, que é de aproximadamente 5 mil habitantes por quilômetros quadrados, sendo que área central de Bangu, bem como o sub bairro de Senador Camará e Jabour, e o bairro de Realengo possuem densidade demográfica, aproximadamente, entre 5 e 7 mil habitantes por quilômetros quadrados, a título de comparação.
Devemos lembrar que a densidade demográfica de Padre Miguel é tão alta, devido a sua pequena área e sua paisagem marcada, sobretudo, pelos conjuntos habitacionais verticais, apartamentos, como os do INPS, da CEHAB e da Caixa D’água, o que possibilita um grande número de pessoas em espaço menor, e que gera alguns impactos na área.
6.1.2. Problemas Proveniente do Ajuntamento de Pessoas
O nosso bairro, como já dissemos, é o que tem o maior número de habitantes, por metro quadrado na Zona Oeste, são mais de doze mil pessoas por quilômetros quadrados, ou doze indivíduos para ocupar um espaço de um quadrado de um metro de largura, não percebemos esse problema, por alguns fatores:
1º. Padre Miguel tem cerca de vinte mil apartamentos nos prédios dos conjuntos habitacionais do IAPI e da CEHAB;
2º. Padre Miguel é um bairro dormitório, o que significa dizer que as pessoas que moram aqui passam a maior parte do seu tempo, em outro lugar, só retornando para dormir e acordar no dia seguinte muito cedo para se dirigirem aos seus trabalhos;
3º. Apesar da média de pessoas por apartamento ser de seis pessoas, não percebemos porque durante o dia a maioria dos moradores trabalha ou estuda, parecendo que os prédios estão sempre vazios.
Tanta gente junta por vezes ocasiona problemas tais como os de convivência é comum briga de vizinhos por causa de animais domésticos, lixo, condomínio, crianças, entre outros. Para resolver os problemas existem as Associações de Moradores, que aqui funcionam bem, e via de regra, o respeito ao direito alheio é, na maioria das vezes, obedecido e a paz impera na maioria dos sub-bairros daqui, com algumas exceções como nos lugares conflagrados, como Sete-Sete e Vila Vintém, onde quem faz as regras de convivência é o narcotráfico.
6.2. Problemas Com Lixo, Ratos e Insetos
Onde mora muita gente a produção de lixo é grande, mesmo com o recolhimento regular, muitas vezes algo é despejado de maneira irregular o que atrai formigas, moscas, baratas, ratos, entre outras criaturas nocivas. As vezes é por falta de higiene mesmo que vemos sacos plásticos no córrego que corta o bairro, bem como montanhas de entulhos jogados na parede de casas e comércios abandonados, o que demonstra que apesar do alto índice de educação formal do miguelense, este ainda é bastante mal educado em termos ambientais.
6.3. Problemas Com Calor e Frio em Excesso
Alguns fatores colaboram para que o bairro de Padre Miguel, juntamente com o vizinho Bangu, tenham as maiores e as menores temperaturas registradas em zonas urbanas da cidade do Rio de Janeiro, entre eles temos os seguintes: Por ser um bairro interiorano, por se encontrar longe do mar; estar cercado por duas formações rochosas que se impõem sobre a região; por também se localizar num vale em forma de bacia; ter quase todas as suas ruas asfaltadas ou cobertas por pedras basálticas (paralelepípedos) que esquentam bastante e esfriam rápido; ser praticamente sem áreas verdes significativas; ter muito poucas árvores para arrefecer o clima; ter quase toda sua área construída, principalmente por prédio de apartamentos, onde imperam o ferro e o concreto que dificultam a ventilação.
O problema do calor e do frio poderia ser resolvido com medidas simples que minimizariam a sensação térmica, como, por exemplo, plantando mais árvores (aqui acontece justamente o contrário), que reduzem em até 10 % (dez por cento) da intensidade luminosa e da energia térmica, além de evapotranspirar o que lançaria gotículas no ar, amenizando o clima (viu só, prefeito César Maia, não precisava gastar tanto com o chuverinho, os milhões de reais poderiam ser usados na implantação de um hospital decente para a região).
6.4. Problemas Com Enchentes e Doenças
Outros problemas do bairro ocorrem quando chove muito, principalmente nos meses de dezembro até abril, quando os índices pluviométricos no Rio de Janeiro. Como um todo, aumenta demasiadamente e em quase toda a cidade ocorrem inundações e problemas relacionados à elas como: desbarrancamentos, desabamento de barracos, doenças provenientes de vetores como ratos, baratas e moscas.
Aqui em Padre Miguel é comum a maioria das ruas inundarem quando chove. Os córregos que se transformaram em valão de esgoto a céu aberto, transbordam e ganham as ruas, impedindo que os moradores tanto do conjunto habitacional proletário do IAPI como os do conjunto habitacional da CEHAB saiam de suas casas, muitos ficam sem poder ir à seus empregos, quando as chuvas varam a noite e acabam no dia seguinte. O Buraco do Viana, também é outro ponto de alagamento, chegando a levar as águas do córrego que passa em seu subterrâneo até dentro da Vila Vintém e alagando as lojas e o comércio do lado sul do bairro. Muitas já desistiram de lutar contra esta sina e fecharam definitivamente as portas.
Com as águas paradas e barrentas, muitas vezes de esgoto, vêm os ratos, baratas, vermes, entre outros vetores como os mosquitos e muriçocas, estas criaturas nocivas trazem consigo doenças graves, que podem levar até mesmo à morte. Por exemplo, a leptospirose, doença transmitida pela urina dos ratos, que se não tratada a tempo leva a morte rápida. Com o tempo a água parada vira criadouro de mosquitos como o Aedes Aegipt, transmissor da dengue, que passa a atacar os moradores e o resultado é o esperado, muitas filas nos postos de saúde e internações no já abarrotado Albert Shwartzer, hospital estadual que atende a microrregião, de maneira muito precária.
6.5. Problemas Sócio-Econômicos
Houve tempos em que a economia do bairro deu verdadeiros saltos, e acontecia a geração de vários empregos em seu comércio e nas poucas indústrias de pequeno porte que se encontrava no local, mas de uns tempos para cá, principalmente à partir de meados da década de oitenta, começou-se a viver uma retração dos investimentos e da economia do bairro.
Muitas lojas que pertenciam a Rede Ferroviária Federal (CBTU), e que eram alugadas para terceiros fecharam as portas, por causa da violência que começou a aumentar, sobretudo após a morte do patrono do bairro, o bicheiro Castor de Andrade, e a insegurança afastou os comerciantes e prestadores de serviço que mantinham suas lojas embaixo da estação ferroviária. Os sucessivos assaltos e o tráfico de drogas na porta das lojas expulsava os fregueses e clientes. Até mesmo a agência da Caixa Econômica Federal do bairro, após inúmeros assaltos, resolveu fechar o mesmo acontecendo com outros prestadores de serviços que ficavam com medo da ação do crime que se expandia.
Para piorar a situação econômica do lugar, as várias enchentes, comuns nos verões, davam incontáveis prejuízos aos comerciantes, muitos quebraram e outros resolveram se transferir para Realengo e Bangu, fugindo da violência e das águas. Hoje em dia, a violência não está mais tão alta como em meados da década de oitenta, os únicos inconvenientes são as ‘bocas de fumo’, mas os traficantes não costumam incomodar os comerciantes que restaram, pelo menos nunca observei nenhum assalto nas redondezas, nem tivemos mais alagamentos monstruosos como os de antes, sobretudo depois das obras que a Prefeitura realizou no Buraco do Viana, canalizando o valão que passa embaixo da estação ferroviária, mas tardiamente, uma vez que o medo não deixa os comerciantes tranqüilos o suficiente para voltarem para cá.
Portanto o principal problema econômico do bairro é a falta de confiança em se investir no local e arriscar o capital em uma área que aparentemente está decadente e de difícil recuperação.
6.1. Problemas Sócio-Ambientais
Como já falamos a ocupação do bairro se deu a partir do centro de Bangu onde fica a Fábrica de Tecidos Bangu, e de Realengo, devido aos quartéis e a fabrica de cartuchos do Exército, dali a população foi se irradiando em todas as direções, e com as políticas habitacionais públicas e privadas cresceu em número e em importância local.
Em relação a densidade demográfica, vale ressaltar que o bairro de Padre Miguel com cerca de 12 mil habitantes por quilômetros quadrados, tendo mais do que o dobro da média da densidade dos demais bairros da região, que é de aproximadamente 5 mil habitantes por quilômetros quadrados, sendo que área central de Bangu, bem como o sub bairro de Senador Camará e Jabour, e o bairro de Realengo possuem densidade demográfica, aproximadamente, entre 5 e 7 mil habitantes por quilômetros quadrados, a título de comparação.
Devemos lembrar que a densidade demográfica de Padre Miguel é tão alta, devido a sua pequena área e sua paisagem marcada, sobretudo, pelos conjuntos habitacionais verticais, apartamentos, como os do INPS, da CEHAB e da Caixa D’água, o que possibilita um grande número de pessoas em espaço menor, e que gera alguns impactos na área.
6.1.2. Problemas Proveniente do Ajuntamento de Pessoas
O nosso bairro, como já dissemos, é o que tem o maior número de habitantes, por metro quadrado na Zona Oeste, são mais de doze mil pessoas por quilômetros quadrados, ou doze indivíduos para ocupar um espaço de um quadrado de um metro de largura, não percebemos esse problema, por alguns fatores:
1º. Padre Miguel tem cerca de vinte mil apartamentos nos prédios dos conjuntos habitacionais do IAPI e da CEHAB;
2º. Padre Miguel é um bairro dormitório, o que significa dizer que as pessoas que moram aqui passam a maior parte do seu tempo, em outro lugar, só retornando para dormir e acordar no dia seguinte muito cedo para se dirigirem aos seus trabalhos;
3º. Apesar da média de pessoas por apartamento ser de seis pessoas, não percebemos porque durante o dia a maioria dos moradores trabalha ou estuda, parecendo que os prédios estão sempre vazios.
Tanta gente junta por vezes ocasiona problemas tais como os de convivência é comum briga de vizinhos por causa de animais domésticos, lixo, condomínio, crianças, entre outros. Para resolver os problemas existem as Associações de Moradores, que aqui funcionam bem, e via de regra, o respeito ao direito alheio é, na maioria das vezes, obedecido e a paz impera na maioria dos sub-bairros daqui, com algumas exceções como nos lugares conflagrados, como Sete-Sete e Vila Vintém, onde quem faz as regras de convivência é o narcotráfico.
6.2. Problemas Com Lixo, Ratos e Insetos
Onde mora muita gente a produção de lixo é grande, mesmo com o recolhimento regular, muitas vezes algo é despejado de maneira irregular o que atrai formigas, moscas, baratas, ratos, entre outras criaturas nocivas. As vezes é por falta de higiene mesmo que vemos sacos plásticos no córrego que corta o bairro, bem como montanhas de entulhos jogados na parede de casas e comércios abandonados, o que demonstra que apesar do alto índice de educação formal do miguelense, este ainda é bastante mal educado em termos ambientais.
6.3. Problemas Com Calor e Frio em Excesso
Alguns fatores colaboram para que o bairro de Padre Miguel, juntamente com o vizinho Bangu, tenham as maiores e as menores temperaturas registradas em zonas urbanas da cidade do Rio de Janeiro, entre eles temos os seguintes: Por ser um bairro interiorano, por se encontrar longe do mar; estar cercado por duas formações rochosas que se impõem sobre a região; por também se localizar num vale em forma de bacia; ter quase todas as suas ruas asfaltadas ou cobertas por pedras basálticas (paralelepípedos) que esquentam bastante e esfriam rápido; ser praticamente sem áreas verdes significativas; ter muito poucas árvores para arrefecer o clima; ter quase toda sua área construída, principalmente por prédio de apartamentos, onde imperam o ferro e o concreto que dificultam a ventilação.
O problema do calor e do frio poderia ser resolvido com medidas simples que minimizariam a sensação térmica, como, por exemplo, plantando mais árvores (aqui acontece justamente o contrário), que reduzem em até 10 % (dez por cento) da intensidade luminosa e da energia térmica, além de evapotranspirar o que lançaria gotículas no ar, amenizando o clima (viu só, prefeito César Maia, não precisava gastar tanto com o chuverinho, os milhões de reais poderiam ser usados na implantação de um hospital decente para a região).
6.4. Problemas Com Enchentes e Doenças
Outros problemas do bairro ocorrem quando chove muito, principalmente nos meses de dezembro até abril, quando os índices pluviométricos no Rio de Janeiro. Como um todo, aumenta demasiadamente e em quase toda a cidade ocorrem inundações e problemas relacionados à elas como: desbarrancamentos, desabamento de barracos, doenças provenientes de vetores como ratos, baratas e moscas.
Aqui em Padre Miguel é comum a maioria das ruas inundarem quando chove. Os córregos que se transformaram em valão de esgoto a céu aberto, transbordam e ganham as ruas, impedindo que os moradores tanto do conjunto habitacional proletário do IAPI como os do conjunto habitacional da CEHAB saiam de suas casas, muitos ficam sem poder ir à seus empregos, quando as chuvas varam a noite e acabam no dia seguinte. O Buraco do Viana, também é outro ponto de alagamento, chegando a levar as águas do córrego que passa em seu subterrâneo até dentro da Vila Vintém e alagando as lojas e o comércio do lado sul do bairro. Muitas já desistiram de lutar contra esta sina e fecharam definitivamente as portas.
Com as águas paradas e barrentas, muitas vezes de esgoto, vêm os ratos, baratas, vermes, entre outros vetores como os mosquitos e muriçocas, estas criaturas nocivas trazem consigo doenças graves, que podem levar até mesmo à morte. Por exemplo, a leptospirose, doença transmitida pela urina dos ratos, que se não tratada a tempo leva a morte rápida. Com o tempo a água parada vira criadouro de mosquitos como o Aedes Aegipt, transmissor da dengue, que passa a atacar os moradores e o resultado é o esperado, muitas filas nos postos de saúde e internações no já abarrotado Albert Shwartzer, hospital estadual que atende a microrregião, de maneira muito precária.
6.5. Problemas Sócio-Econômicos
Houve tempos em que a economia do bairro deu verdadeiros saltos, e acontecia a geração de vários empregos em seu comércio e nas poucas indústrias de pequeno porte que se encontrava no local, mas de uns tempos para cá, principalmente à partir de meados da década de oitenta, começou-se a viver uma retração dos investimentos e da economia do bairro.
Muitas lojas que pertenciam a Rede Ferroviária Federal (CBTU), e que eram alugadas para terceiros fecharam as portas, por causa da violência que começou a aumentar, sobretudo após a morte do patrono do bairro, o bicheiro Castor de Andrade, e a insegurança afastou os comerciantes e prestadores de serviço que mantinham suas lojas embaixo da estação ferroviária. Os sucessivos assaltos e o tráfico de drogas na porta das lojas expulsava os fregueses e clientes. Até mesmo a agência da Caixa Econômica Federal do bairro, após inúmeros assaltos, resolveu fechar o mesmo acontecendo com outros prestadores de serviços que ficavam com medo da ação do crime que se expandia.
Para piorar a situação econômica do lugar, as várias enchentes, comuns nos verões, davam incontáveis prejuízos aos comerciantes, muitos quebraram e outros resolveram se transferir para Realengo e Bangu, fugindo da violência e das águas. Hoje em dia, a violência não está mais tão alta como em meados da década de oitenta, os únicos inconvenientes são as ‘bocas de fumo’, mas os traficantes não costumam incomodar os comerciantes que restaram, pelo menos nunca observei nenhum assalto nas redondezas, nem tivemos mais alagamentos monstruosos como os de antes, sobretudo depois das obras que a Prefeitura realizou no Buraco do Viana, canalizando o valão que passa embaixo da estação ferroviária, mas tardiamente, uma vez que o medo não deixa os comerciantes tranqüilos o suficiente para voltarem para cá.
Portanto o principal problema econômico do bairro é a falta de confiança em se investir no local e arriscar o capital em uma área que aparentemente está decadente e de difícil recuperação.
UM PADRE CHAMADO MIGUEL, UM BAIRRO CHAMADO PADRE MIGUEL (5ª PARTE)
5 – A EDUCAÇÃO NO BAIRRO
5.1. Índices de Alfabetização: Razoáveis em Relação à Média do Município
Os índices de alfabetização e escolaridade do bairro estão em níveis bastante satisfatórios em relação à circunvizinhança e à média do município e são excelentes se comparados ao estado. São mais de 93 % de alfabetizados com idade superior a quinze anos, as crianças com menos de sete anos estão, na grande maioria, nas creches, e as matrículas nos Jardins de Infância das Escolas Públicas e Particulares do bairro andam ‘à todo vapor’, o que traz a esperança de dias ainda melhores.
Quando fazemos uma comparação entre o tempo de estudo do cidadão miguelense e sua alocação no mercado de trabalho, temos dados preocupantes, apesar de muita especialização, em se tratando de Zona Oeste, o miguelense tem dificuldade em encontrar emprego que condiga com sua escolaridade e com a sua espectativa. Um dos motivos deste disparate é que apesar de possuírmos boas escolas, temos poucos locais que façam a interligação do estudo com o trabalho, talvez uma escola técnica resolvesse, ou um tecno-pólo.
5.2. Escolas de razoável Qualidade, Apesar dos Pezares
Aqui em Padre Miguel possuímos boas escolas públicas e particulares, entre os destaques poderíamos citar a Federação de Escolas Faculdades e Colégios Simonsen – que é a única escola que atende do primeiro grau até o nível superior em Padre Miguel, e foi uma das primeiras instituições educacionais a transformar-se em Federação de Escolas e agora está associada à Faculdade Cândido Mendes. Entre os seus diversos núcleos existentes, podemos citar o das Faculdades Integradas Simonsen em Padre Miguel, que está em funcionamento desde 1971. A Simonsen é, sem dúvida um dos expoentes em educação da região da microrregião da Grande Bangu e da Zona Oeste, sendo uma das principais responsáveis pelo Programa de Valorização da Zona Oeste (PVZO), projeto que visa criar melhores condições para a região.
Quando tratamos do Ensino Particular no bairro, podemos afirmar que mesmo diante de um quadro de dificuldades, principalmente financeiras, tendo em vista o alto número de inadimplência, alguns estabelecimentos podem ser considerados de grande valor na formação dos educandos do bairro, instituições como: o colégio de primeiro e segundo grau da Simonsen, os Colégios Novo Mundo, Silva Carneiro, Major Silva Neto, Prioridade Hum, entre outros de menos expressão local, mas de prestação de serviço irrefutável, haja vista os índices de analfabetismo do bairro ser de menor que 6 % (seis por cento), um dos mais baixos do município, o que mostra que a base está sendo bem fundamentada no nosso bairro.
Na Rede Pública, temos muitas ‘jóias’. Entre elas a Bangu e a Escola Vila Vintém, que mesmo sendo a caçulinha do bairro, já é disputada aos ‘tapas’ devido a excelência da prestação do seu serviço, o que é de se admirar em se tratando de ensino público. Há algumas escolas estaduais e municipais de razoável qualidade no bairro como: Pedro Moacyr, General Tasso Fragoso, Moacyr Padilha e Roberto Simonsen, Ubaldo de Oliveira, Mochón, etc. que se destacaram em Padre Miguel, por serem responsável pala formação da maioria dos miguelenses que hoje sobrevivem resignadamente num lugar que apesar conflagrado, tem em suas comunidades pessoas honestas e de ótima índole, visto que aqui temos índices de criminalidade bem menor do que dos vizinhos, Senador Camará, Bangu, Vila Aliança, Vila Moretti, Vila Kennedy, Magalhães de Bastos (Batan e Curral das Éguas) e Realengo.
5.1. Índices de Alfabetização: Razoáveis em Relação à Média do Município
Os índices de alfabetização e escolaridade do bairro estão em níveis bastante satisfatórios em relação à circunvizinhança e à média do município e são excelentes se comparados ao estado. São mais de 93 % de alfabetizados com idade superior a quinze anos, as crianças com menos de sete anos estão, na grande maioria, nas creches, e as matrículas nos Jardins de Infância das Escolas Públicas e Particulares do bairro andam ‘à todo vapor’, o que traz a esperança de dias ainda melhores.
Quando fazemos uma comparação entre o tempo de estudo do cidadão miguelense e sua alocação no mercado de trabalho, temos dados preocupantes, apesar de muita especialização, em se tratando de Zona Oeste, o miguelense tem dificuldade em encontrar emprego que condiga com sua escolaridade e com a sua espectativa. Um dos motivos deste disparate é que apesar de possuírmos boas escolas, temos poucos locais que façam a interligação do estudo com o trabalho, talvez uma escola técnica resolvesse, ou um tecno-pólo.
5.2. Escolas de razoável Qualidade, Apesar dos Pezares
Aqui em Padre Miguel possuímos boas escolas públicas e particulares, entre os destaques poderíamos citar a Federação de Escolas Faculdades e Colégios Simonsen – que é a única escola que atende do primeiro grau até o nível superior em Padre Miguel, e foi uma das primeiras instituições educacionais a transformar-se em Federação de Escolas e agora está associada à Faculdade Cândido Mendes. Entre os seus diversos núcleos existentes, podemos citar o das Faculdades Integradas Simonsen em Padre Miguel, que está em funcionamento desde 1971. A Simonsen é, sem dúvida um dos expoentes em educação da região da microrregião da Grande Bangu e da Zona Oeste, sendo uma das principais responsáveis pelo Programa de Valorização da Zona Oeste (PVZO), projeto que visa criar melhores condições para a região.
Quando tratamos do Ensino Particular no bairro, podemos afirmar que mesmo diante de um quadro de dificuldades, principalmente financeiras, tendo em vista o alto número de inadimplência, alguns estabelecimentos podem ser considerados de grande valor na formação dos educandos do bairro, instituições como: o colégio de primeiro e segundo grau da Simonsen, os Colégios Novo Mundo, Silva Carneiro, Major Silva Neto, Prioridade Hum, entre outros de menos expressão local, mas de prestação de serviço irrefutável, haja vista os índices de analfabetismo do bairro ser de menor que 6 % (seis por cento), um dos mais baixos do município, o que mostra que a base está sendo bem fundamentada no nosso bairro.
Na Rede Pública, temos muitas ‘jóias’. Entre elas a Bangu e a Escola Vila Vintém, que mesmo sendo a caçulinha do bairro, já é disputada aos ‘tapas’ devido a excelência da prestação do seu serviço, o que é de se admirar em se tratando de ensino público. Há algumas escolas estaduais e municipais de razoável qualidade no bairro como: Pedro Moacyr, General Tasso Fragoso, Moacyr Padilha e Roberto Simonsen, Ubaldo de Oliveira, Mochón, etc. que se destacaram em Padre Miguel, por serem responsável pala formação da maioria dos miguelenses que hoje sobrevivem resignadamente num lugar que apesar conflagrado, tem em suas comunidades pessoas honestas e de ótima índole, visto que aqui temos índices de criminalidade bem menor do que dos vizinhos, Senador Camará, Bangu, Vila Aliança, Vila Moretti, Vila Kennedy, Magalhães de Bastos (Batan e Curral das Éguas) e Realengo.
UM PADRE CHAMADO MIGUEL, UM BAIRRO CHAMADO PADRE MIGUEL (4ª PARTE)
4 - O MIGUELENSE
4.1. Alegria da Zona Oeste
Quem vive em Padre Miguel é, apesar de tudo, razoavelmente feliz, digo por experiência própria, não mudaria do bairro de livre e espontânea vontade, aqui: estudamos; trabalhamos; conhecemos nossos pares; formamos família; adquirimos boas casas; e temos o comércio local que não é tão pujante, mas o suficiente para não se precisar ir muito longe.
Convido qualquer um a dar um passeio pelas nossas ruas principais em um final de semana, com certeza o que mais veremos será gente. Um verdadeiro formigueiro humano, as pizzarias lotadas com gente de família, os restaurantes onde o forte é o frango assado (Frango Chic), as sorveterias com os adolescentes paquerando e as crianças se lambuzando com os diversos sabores da nossa vetusta Kibom.
Para quem gosta de beber, lógico que com moderação, e sem dirigir depois, aconselho dar uma passada pelos bares do Figueiredo Camargo, desde o Calçadão até as proximidades do estádio Moça Bonita, um vasto corredor alcoólico, com todo tipo de bar e freqüentadores, desde ambientes bastante familiares, até os mal freqüentados, onde muitos perdem a noção da quantidade de álcool ingerida e o resultado é conhecido.
Dizem que quem não gosta de samba bom sujeito não é, mas apesar de morarmos no bairro onde o ponto forte turístico e econômico, mesmo que sazonal é o samba, ainda encontramos pessoas aqui que resiste ao apelo do baticumbum, o escritor que vos escreve é um deles, apesar de viver no meio do samba sou ferrenho defensor da música erudita e apreciador de rock progressivo, mas mesmo assim faço questão de ouvir os sambas-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, que também não é unanimidade na região, há muito portelense, mangueirense e salgueirense aqui.
A quadra da mocidade fica logo de frente da estação ferroviária do bairro, colada na Vila Vintém, mas o visitante pode vir tranqüilo, a segurança é garantida, o povo miguelense sabe como cativar o turista. Em dia de ensaios e escolhas de samba-enredo, a quadra fica entupida e a quantidade de carros importados nos arredores é imensa, fazendo a festa dos guardadores, que cobram de cinco a quinze reais para guardar um carrão daqueles que aqui só vemos na televisão.
4.1.2. O Lazer e as Agremiações Carnavalescas
Aqui em Padre Miguel, contamos com duas agremiações carnavalescas, em se tratando de um bairro de pequena área (pouco mais de cinco quilômetros quadrados), a quantidade de Escolas de Samba e de Blocos que existem aqui neste local é exagerada, por isso dizemos que Padre Miguel é capital do samba da Zona Oeste, quiçá do Estado do Rio de Janeiro. achei de bastante relevância as informações contidas no site do Atlético de Padre Miguel, poderia escrever com minhas próprias palavras, ou até mais, mas o teor sintético das informações do site já bastam para o leitor se informar bem do modo de vida do miguelense, a saber: regado à samba e cerveja, por isso achei de bom tamanho a informação e resolvi transcrevê-la a seguir:
Mocidade Independente de Padre Miguel
A Zona Oeste conta com uma das maiores agremiações do Carnaval Carioca - a Mocidade Independente de Padre Miguel. A Mocidade Independente foi fundada em 10 de novembro de 1955.
O primeiro título, como grande escola, foi em 1979, com o enredo "Descobrimento do Brasil", samba de autoria de Toco e Djalma Cril. Depois em 1985, com o enredo "Ziriguidum 2001, Carnaval nas Estrelas", samba de Gibi, Arsênio e Tiãozinho.
Em 1990, com o enredo "Vira, Virou, a Mocidade chegou", samba de Tiãozinho,Toco e Jorginho Medeiros. Em 1991, com o enredo "Chuê, chuá as águas vão rolar", samba de Toco, Tiãozinho e Jorginho Medeiros. Em 1996, com o enredo "Criador e Criatura", samba de Dico da Viola, Beto Corrêa, Jorginho Medeiros e Jefinho.
Quadra de ensaios: Rua Coronel Tamarindo, 38 - Padre Miguel
Cores: verde e branco
Site: www.mocidadeindependente.com.br
Unidos de Padre Miguel
A Unidos de Padre Miguel foi fundada em 12 de novembro de 1957. O início da escola foi esfuziante, pois logo em seu primeiro desfile na Praça Onze em 1959, sagrou-se campeã e adquiriu o direito de se apresentar entre as grandes em 1960.
No entanto, devido à falta de experiência, foi rebaixada em 1961. Voltou a desfilar entre as grandes em 1964, 1971 e 1972. A escola vem passando por sérias dificuldades financeiras, e esta situação vem se refletindo em suas classificações.
Hoje, a escola está no Grupo de Acesso D.
Quadra de ensaios: Rua Mesquita, 8 - Padre Miguel,Cores da Escola: vermelho e branco
4.2. A Densidade Demográfica do Bairro
Andando pelas ruas do bairro a qualquer hora do dia, uma coisa é certa de se encontrar, pessoas, seja muito cedo, de manhã, ao acordar com as galinhas, vê-se logo um grupo de idosos, ou jogando dama, ou baralho, ou bebendo (o maior consumo de bebida alcoólica per capta durante um bom tempo era aqui no bairro), ou simplesmente (e bom) caminhando pela ciclovia saudavelmente. A tardinha, são as crianças brincando, o ir e vir de estudantes das várias escolas do local, as donas de casas colocando a fofoca em dia depois do almoço pronto (não necessariamente, pois a fofoca no bairro é primordial e de extrema importância para a socialização dos novos moradores), os desempregados (que são muitos!), que vão e vem atrás do que fazer e até mesmo os viciados e traficantes do bairro que se encontram às claras para negociar, sem medo de ser feliz. À noite é muito comum às pessoas amontoarem-se com suas cadeirinhas no portão, mesmo com toda a violência tão propalada pelo bairro, os casais de namorados no portão, alguns comedidos outros com bastante despudor. Essa gente faz questão de se mostrar, de estar presente, esfregando na cara de todos o seu prazer de ser miguelense, apesar da decadência da região.
Isso é muito visível e se deve, sobretudo ao fato de termos um enorme contingente populacional, numa área relativamente diminuta. Com um comércio movimentado, apesar de minúsculo, onde predominam os informais e a camelotagem em relação a grandes redes.
Padre Miguel tem a maior densidade demográfica da microrregião da Grande Bangu e uma das maiores da Zona Oeste e do Município do Rio de Janeiro (são cerca de doze mil habitantes por quilômetro quadrado). Sua área construída se aproxima do índice de cem por cento, predominam na paisagem os prédios, com blocos de três andares (IAPI/Caixa D'água), quatro andares (INPS) e cinco andares (D. Jaime Câmara).
Mesmo as casas baixas, são na sua maioria sobradadas e muitas com construções que aproveitam todo o terreno, é bastante comum no local que os filhos casem e construam no mesmo terreno da casa dos pais, não por apego e amor incondicional aos velhos, mas pela dureza desses tempos, onde um mero terreno de duzentos metros quadrados custa cerca de quinze mil reais, mesmo numa área tão desvalorizada como aqui.
4.3. Aspectos da Dinâmica do Trabalho em Padre Miguel
Em se tratando do emprego direto, há uma carência muito grande no local, não temos aqui nenhuma indústria significativa, o comércio está em decadência, como o dos demais bairros da região, houve até a tentativa de um mini-shopping center, no espaço onde antes funcionava o Supermercado Maracanã, que tal qual o supermercado faliu e hoje há uma casa de show no local, não se sabe até quando, pois o local parece amaldiçoado, uma vez que todo investimento ali acaba se perdendo. Há um outro mini-shopping center em direção ao sul do bairro (na direção do maciço da Pedra Branca), entre outras micro-empresas e comércios e serviços de pequeno porte (como os do Calçadão e das avenidas de maior movimento), mas mesmo esses investimentos são muito pouco para abrigar a mão-de-obra local, o que faz com que grande contingente trabalhador se desloque pela manhã em direção ao Centro da cidade ou em direção oeste (Centro de Bangu, Campo Grande e Santa Cruz) para seus empregos formais.
Na realidade, o desemprego é alto na região, como em todo Brasil, é verdade, mas a agravante é que, apesar de o crescimento da cidade está se dando em direção a Zona Oeste, os novos pólos industriais são distante demais do nosso bairro (Brahma próximo do Viaduto dos Cabritos em Campo Grande, Manguariba, Santa Cruz, etc...). A atração para o eco-turismo, também está distante do bairro, as áreas de mata original dos maciços da Pedra Branca e do Gericinó, estão dentro dos limites de outros bairros ou municípios.
Não contamos aqui com organismos que poderiam melhorar a dicotomia entre emprego e mão-de-obra, como Associação Comercial (como a ACIRB, por exemplo, que zela pelos interesses do comércio de Bangu), nem temos aqui quem cuide da cultura ou da memória coletiva do bairro como fazem alguns Centros Culturais (Como o José Mauro de Vasconcelos, onde se guarda a memória do bairro de Bangu), mesmos os artistas que nasceram, moram ou moraram aqui fazem pouco do local, muitos nem ao menos divulgam sua origem, como se fossem perder o brilho por isso.
Para a maioria dos desempregados do local, resta o subemprego sem carteira assinada, os serviços ambulantes, segurança patrimonial informal (toma-se conta de carros, lojas, condomínios, etc...), o transporte alternativo irregular (kombi, van e as moto-táxi na estação de Padre Miguel), o mercado informal (como os inúmeros botecos, lava à jatos, e lojinhas que não recolhem impostos) e a camelotagem (SILVEIRA, 2002). É difícil andar pelas ruas de Padre Miguel e não se deparar com qualquer um desses serviços, os mais visíveis são os camelôs, mas os lavadores e tomadores de conta automotivos estão disseminados por toda parte chegando a haver concorrência entre os preços e serviços dos prestadores.
O que poderia gerar bastante renda e emprego no local seria explorar a tendência turística e de lazer do único ícone de grande projeção do bairro a Mocidade Independente de Padre Miguel, por exemplo: com os preparativos para o badalado Carnaval, que atrai muito turista para cá, vindo pessoas de vários locais nas épocas de disputa de samba-enredo e ensaios para o Carnaval; o trabalho artesanal de fantasias poderia ser descentralizado e empregar mais pessoas; a confecção de suvenires como lembrança da Escola de Samba; a profissionalização da quadra, fazendo-a funcionar como uma espécie boite, apta para receber outros eventos relacionados ao Carnaval, com a geração de vários empregos, como engenheiros de som, caboman, cinegrafista, seguranças, barman, DJs, MCs, dançarinas, etc...
Mas na verdade não é bem assim que funcionam as coisas por aqui e temos poucas pessoas com boas idéias por aqui, e estas tem idéia, mas não tem dinheiro, e quem tem algum dinheiro aqui não gosta de se arriscar, além de não ter muitas idéias, o que nos faz sentir saudade do ‘Doutor’ Castor e seus vários empreendimentos que davam vida ao bairro (mesmo com toda propaganda negativa que o jogo do bicho trazia).
4.4. Aspectos da Moradia em Padre Miguel
Resta para boa parte da população ativa do bairro usá-lo como dormitório, saindo ainda com a lua a iluminar e voltar com a 'mesma' lua a lhe seguir, para descansar, uma vez que a moradia em outros bairros, mesmo que da Zona Oeste é bem mais cara do que a média daqui, mesmo depois do advento do Shopping Bangu que valorizou a área. Por exemplo, um apartamento de três quartos e sala de aproximadamente cem metros quadrados do IAPI custa em média cerca de setenta e cinco mil reais para compra e algo em torno de duzentos a quinhentos e cinqüenta reais para aluguel, ninharias se comparados aos cento e noventa e cinco mil reais que cobram por uma casa ou apartamento equivalente de dois ou três quartos em Bangu, Jabour e Campo Grande, ou aluguel de, em média, quatrocentos a novecentos e cinqüenta reais mensais nestes mesmos locais. Sem falar que as facilidades de comércio são muito parecidas nos três bairros.
São tidas como áreas mais nobres do bairro os locais ‘mais seguros’, com amplos logradouros (ruas largas são questão estratégica para entrada da polícia e de bombeiros para prestar socorro), onde não falte luz e água freqüentemente, com telefones em quase todas as residências e telefones públicos (orelhões) que funcionem e não sejam depredados em sinal de respeito e ojeriza aos vândalos, e de maior acessibilidade ao comércio, à saúde, à educação, à condução, ao lazer e como contrapartida ao sossego, uma vez que a proximidade do fuzuê é deletéria para o bem estar e qualidade de vida do morador. Por este prisma passam a ter mais valor aquelas ruas que estão a meio termo, nem muito perto da agitação, mas também não podem estar muito isoladas.
Neste sentido são consideradas áreas desvalorizadas do ponto de vista social e ambiental: as casas próximas de estradas movimentadas por causa do barulho, da trepidação e da poluição; as ruas onde ficam localizadas as faculdades e as que abrigam escolas públicas e particulares, por causa do barulho e do vai e vem de alunos, carros, serviços, vendedores e devido, também, as festas e manifestações que usam aparelhagem de som com volume muito alto (muito acima de 80 decibéis); falando em som alto as ruas próximas em até cerca de duzentos metros dos pagodes e dos bailes funk sofrem muito, não só pelo volume do som como pela própria qualidade da música executada.
Locais muito perto das favelas são mal vistos, muitas vezes por preconceito, um exemplo é a Vila Vintém, suas casas têm preços desvalorizados, as casas nas imediações dela sofrem desprestígio, mais por causa do medo e das incursões das forças policiais do que pelo índice de criminalidade. Lugares ermos e escuros, como os próximos do cemitério do Murundu são desprezados por superstição e medo dos mortos (em pleno século XXI, ainda se acha espaço para essas práticas tribais). O lado norte da Avenida Brasil, perto da estrada da Água Branca, nos limites do bairro, também são bastante depreciados, principalmente devido a distância do comércio, apesar de melhor acesso à condução para quase todos os bairros.
A fina flor do bairro passa a ser aquela rua que está próxima do comércio, das escolas, do lazer e do transporte, mas relativamente longe da estrada como as que se situam: entre as avenidas Marechal Marciano, Figueiredo Camargo (conjunto do IAPI), é nestas localidades encontramos bastante comércio e escolas, já entre as Avenidas Santa Cruz e Francisco Real, temos bastantes serviços, escolas, lazer, praça de alimentação (Habib's e Mac Donald) e diversos comércios.
Também são consideradas boas para se morar, devido principalmente a tranqüilidade e a proximidade do lazer e do bairro polarizador de Bangu, as ruas nas proximidades da rua Sul América, indo até o Campo do Bangu e a praça Nova Jales ou como é mais conhecida, de Guilherme da Silveira, por causa do busto do patrono da região. Estas ruas têm a tranqüilidade interiorana e estão perto de quase todo tipo de serviço e lazer, sem o inconveniente de barulho excessivo, nem da violência da periferia, o que se de um lado é bom para o morador que vive na fina flor do bairro, em contrapartida faz com que o preço das casas subam estratosfericamente, chegando a valores proibitivos para os padrões monetários locais.
4.5. As áreas de risco de Padre Miguel
São consideradas áreas de risco os lugares dentro das favelas ou conjuntos habitacionais, como na Vila Vintém e no Sete-Sete, algumas ruas no conjunto Dom Jaime Câmara, onde, segundo a mídia, o crime organizado comanda com mão de ferro.
É comum aparecer na televisão e nos jornais de grande circulação regional e nacional, reportagem que denigrem a imagem do nosso bairro, mas quem mora aqui sabe que não é bem assim, ao contrário do que possa parecer para o 'estrangeiro', aquele que vive em outros bairros de outras Zonas Geográficas do Rio de Janeiro, o acesso a qualquer lugar do bairro é tranqüilo, mesmo na tão famigerada Vila Vintém, é possível entrar e sair sem ser importunado, a não ser que se vá de madrugada, em atitude suspeita, ou com carros totalmente insulfilmados, o que caracterizaria uma invasão de território, ou com roupas estampando letras que aludem ao grupo do narcotráfico inimigo ao que detém o poder no bairro, ou cantando os funks dos 'bondes sinistros', configurando desta maneira uma maneira persuadir a população a se voltar para o lado oposto ao já anteriormente bandeado pela maioria dela, pois apesar de não ter havido aqui eleições diretas para comandante do local, há uma demonstração bastante clara de satisfação dos moradores de favelas do bairro em relação aos seus 'patrões' e a sua ideologia e maneira de trabalhar e tratar a comunidade.
Na maioria das vezes os moradores destes locais mais desfavorecidos dificilmente se contatam com os de outras localidades, mesmo próximas, não por preconceito de qualquer uma das partes, mas pelo fato de ainda termos um conceito atrasado da favela. Hoje os antigos guetos putrefatos, se tornaram bairros quase que formais, com infra-estrutura mínima, que dá condição de moradia razoável com casas de alvenaria e ligação de água, luz e esgoto, mesmo que feitas pelos próprios moradores por 'gatilhos' e depois legalizados pelas concessionárias cedidas pelo Estado ou do próprio (IPEA, 2001), mesmo que carentes estas pessoas têm sua vida bastante independente do que está fora do seu perímetro, têm seus próprios interesses e relacionamentos lá dentro do sub-bairro, o que se torna desnecessário dizer que suas festas, manifestações culturais e políticas e seus problemas são resolvidos no âmbito de suas relações intrínsecas, nas 'entranhas' do próprio lugar (SANTOS, 1996).
4.6. Acessibilidade
Para chegar ao Bairro de Padre Miguel de trem é necessário tomar o trem que se dirige ao ramal de Santa Cruz, e descer na estação de Padre Miguel. De ônibus basta embarcar em qualquer um que se destine à Bangu ou à Zona Oeste, atentar sempre para as placas que informam se a condução tomará o trajeto que passa por Realengo e Padre Miguel ou se irá direto pela Avenida Brasil, uma vez que a Avenida Brasil é relativamente distante do centro do bairro.
Quem vier ao bairro de carro, é necessário lembrar que estamos a aproximadamente 50 minutos do centro do Rio de Janeiro, em uma velocidade média de sessenta quilômetros por hora. O melhor itinerário é o seguinte: seguindo-se pela Avenida Brasil no sentido de Santa Cruz, dobrando-se à esquerda em frente ao Motel Bariloche, em seguida pela Estrada da Água Branca para a direita, pegando a rua Guaiacá, saindo nos fundos do Supermercado Prezunic, nos arredores da Vila Vintém e da quadra da Mocidade Independente.
4.6.2. A Dinâmica dos Transportes em Padre Miguel
O meio de transporte mais utilizado Padre Miguel até bem pouco tempo, era o trem, por ser mais em conta do que o ônibus, também porque a maioria dos passageiros entrava nessas estações pela porta dos fundos, ou melhor, pelos buracos paralelos à linha férrea (paralelos mesmo, pois em cada lado havia um rombo no muro com bom diâmetro), mas com a criação da Supervia e a reforma da estação do bairro e a conseqüente colocação de seguranças nas plataformas, hoje em dia não temos mais tanta evasão.
Várias linhas de ônibus transpassam o bairro, indo a quase qualquer lugar do Rio de Janeiro, a maior dificuldade do miguelense em termos de transportes passa a ser apenas no que diz respeito aos preços cobrados e aos atrasos e serviços mal prestados principalmente pelos ônibus que por vezes não param para estudantes e idosos, desrespeitando leis vigentes.
As principais linhas que passam pelo bairro são:
370- Praça 15-Bangu (Viação Campo Grande)
392- Tiradentes-Bangu (Viação Campo Grande)
393- Castelo-Bangu (Viação Campo Grande)
684- Méier-Padre Miguel (Viação Oeste Ocidental)
689- Méier-Campo Grande (Viação Oeste Ocidental)
739- Sulacap-Bangu (Viação Bangu)
741- Barata-Bangu (Viação Bangu)
743- Barata-Bangu (Viação Bangu)
745- Cascadura-Bangu (Viação Andorinha)
746- Cascadura-Bairro Jabour (Viação Andorinha)
756- Senador Camará-Barra da Tijuca (Viação Feital)
777- Madureira-Padre Miguel (Viação Bangu)
784- Marechal Hermes-Vila Kennedy (Viação Oeste Ocidental)
786- Marechal Hermes-Campo Grande (Viação Santa Sofia)
800- Santíssimo-Marechal Hermes (Viação Andorinha)
820- Marechal Hermes-Campo Grande (Viação Oriental)
856- Marechal Hermes-Base Aérea de Santa Cruz (Viação Feital)
875- Sepetiba-Cascadura (Viação Feital)
918- Bonsucesso-Bangu (Viação Jabour)
921- Bangu-Penha (Viação Campo Grande)
923- Jardim Violeta-Penha (Viação Campo Grande)
960- Penha-Senador Camará (Viação Andorinha)
1105- Castelo-Bangu (Viação Campo Grande)
1135- Castelo-Campo Grande (Viação Pégaso)
S-13- Lavradio-Bangu (Viação Campo Grande)
S-27- Marechal Hermes-Urucânia (Viação Santa Sofia)
424D- Alcântara-Campo Grande (Viação Mauá)
541L- Bangu-Nova Iguaçu (Viação N.S. Penha)
Itaguaí-Marechal Hermes (Viação Feital)
Itaguaí-Padre Miguel (Viação Feital)
Itaguaí-Caxias (Viação Mangaratiba)
4.1. Alegria da Zona Oeste
Quem vive em Padre Miguel é, apesar de tudo, razoavelmente feliz, digo por experiência própria, não mudaria do bairro de livre e espontânea vontade, aqui: estudamos; trabalhamos; conhecemos nossos pares; formamos família; adquirimos boas casas; e temos o comércio local que não é tão pujante, mas o suficiente para não se precisar ir muito longe.
Convido qualquer um a dar um passeio pelas nossas ruas principais em um final de semana, com certeza o que mais veremos será gente. Um verdadeiro formigueiro humano, as pizzarias lotadas com gente de família, os restaurantes onde o forte é o frango assado (Frango Chic), as sorveterias com os adolescentes paquerando e as crianças se lambuzando com os diversos sabores da nossa vetusta Kibom.
Para quem gosta de beber, lógico que com moderação, e sem dirigir depois, aconselho dar uma passada pelos bares do Figueiredo Camargo, desde o Calçadão até as proximidades do estádio Moça Bonita, um vasto corredor alcoólico, com todo tipo de bar e freqüentadores, desde ambientes bastante familiares, até os mal freqüentados, onde muitos perdem a noção da quantidade de álcool ingerida e o resultado é conhecido.
Dizem que quem não gosta de samba bom sujeito não é, mas apesar de morarmos no bairro onde o ponto forte turístico e econômico, mesmo que sazonal é o samba, ainda encontramos pessoas aqui que resiste ao apelo do baticumbum, o escritor que vos escreve é um deles, apesar de viver no meio do samba sou ferrenho defensor da música erudita e apreciador de rock progressivo, mas mesmo assim faço questão de ouvir os sambas-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, que também não é unanimidade na região, há muito portelense, mangueirense e salgueirense aqui.
A quadra da mocidade fica logo de frente da estação ferroviária do bairro, colada na Vila Vintém, mas o visitante pode vir tranqüilo, a segurança é garantida, o povo miguelense sabe como cativar o turista. Em dia de ensaios e escolhas de samba-enredo, a quadra fica entupida e a quantidade de carros importados nos arredores é imensa, fazendo a festa dos guardadores, que cobram de cinco a quinze reais para guardar um carrão daqueles que aqui só vemos na televisão.
4.1.2. O Lazer e as Agremiações Carnavalescas
Aqui em Padre Miguel, contamos com duas agremiações carnavalescas, em se tratando de um bairro de pequena área (pouco mais de cinco quilômetros quadrados), a quantidade de Escolas de Samba e de Blocos que existem aqui neste local é exagerada, por isso dizemos que Padre Miguel é capital do samba da Zona Oeste, quiçá do Estado do Rio de Janeiro. achei de bastante relevância as informações contidas no site do Atlético de Padre Miguel, poderia escrever com minhas próprias palavras, ou até mais, mas o teor sintético das informações do site já bastam para o leitor se informar bem do modo de vida do miguelense, a saber: regado à samba e cerveja, por isso achei de bom tamanho a informação e resolvi transcrevê-la a seguir:
Mocidade Independente de Padre Miguel
A Zona Oeste conta com uma das maiores agremiações do Carnaval Carioca - a Mocidade Independente de Padre Miguel. A Mocidade Independente foi fundada em 10 de novembro de 1955.
O primeiro título, como grande escola, foi em 1979, com o enredo "Descobrimento do Brasil", samba de autoria de Toco e Djalma Cril. Depois em 1985, com o enredo "Ziriguidum 2001, Carnaval nas Estrelas", samba de Gibi, Arsênio e Tiãozinho.
Em 1990, com o enredo "Vira, Virou, a Mocidade chegou", samba de Tiãozinho,Toco e Jorginho Medeiros. Em 1991, com o enredo "Chuê, chuá as águas vão rolar", samba de Toco, Tiãozinho e Jorginho Medeiros. Em 1996, com o enredo "Criador e Criatura", samba de Dico da Viola, Beto Corrêa, Jorginho Medeiros e Jefinho.
Quadra de ensaios: Rua Coronel Tamarindo, 38 - Padre Miguel
Cores: verde e branco
Site: www.mocidadeindependente.com.br
Unidos de Padre Miguel
A Unidos de Padre Miguel foi fundada em 12 de novembro de 1957. O início da escola foi esfuziante, pois logo em seu primeiro desfile na Praça Onze em 1959, sagrou-se campeã e adquiriu o direito de se apresentar entre as grandes em 1960.
No entanto, devido à falta de experiência, foi rebaixada em 1961. Voltou a desfilar entre as grandes em 1964, 1971 e 1972. A escola vem passando por sérias dificuldades financeiras, e esta situação vem se refletindo em suas classificações.
Hoje, a escola está no Grupo de Acesso D.
Quadra de ensaios: Rua Mesquita, 8 - Padre Miguel,Cores da Escola: vermelho e branco
4.2. A Densidade Demográfica do Bairro
Andando pelas ruas do bairro a qualquer hora do dia, uma coisa é certa de se encontrar, pessoas, seja muito cedo, de manhã, ao acordar com as galinhas, vê-se logo um grupo de idosos, ou jogando dama, ou baralho, ou bebendo (o maior consumo de bebida alcoólica per capta durante um bom tempo era aqui no bairro), ou simplesmente (e bom) caminhando pela ciclovia saudavelmente. A tardinha, são as crianças brincando, o ir e vir de estudantes das várias escolas do local, as donas de casas colocando a fofoca em dia depois do almoço pronto (não necessariamente, pois a fofoca no bairro é primordial e de extrema importância para a socialização dos novos moradores), os desempregados (que são muitos!), que vão e vem atrás do que fazer e até mesmo os viciados e traficantes do bairro que se encontram às claras para negociar, sem medo de ser feliz. À noite é muito comum às pessoas amontoarem-se com suas cadeirinhas no portão, mesmo com toda a violência tão propalada pelo bairro, os casais de namorados no portão, alguns comedidos outros com bastante despudor. Essa gente faz questão de se mostrar, de estar presente, esfregando na cara de todos o seu prazer de ser miguelense, apesar da decadência da região.
Isso é muito visível e se deve, sobretudo ao fato de termos um enorme contingente populacional, numa área relativamente diminuta. Com um comércio movimentado, apesar de minúsculo, onde predominam os informais e a camelotagem em relação a grandes redes.
Padre Miguel tem a maior densidade demográfica da microrregião da Grande Bangu e uma das maiores da Zona Oeste e do Município do Rio de Janeiro (são cerca de doze mil habitantes por quilômetro quadrado). Sua área construída se aproxima do índice de cem por cento, predominam na paisagem os prédios, com blocos de três andares (IAPI/Caixa D'água), quatro andares (INPS) e cinco andares (D. Jaime Câmara).
Mesmo as casas baixas, são na sua maioria sobradadas e muitas com construções que aproveitam todo o terreno, é bastante comum no local que os filhos casem e construam no mesmo terreno da casa dos pais, não por apego e amor incondicional aos velhos, mas pela dureza desses tempos, onde um mero terreno de duzentos metros quadrados custa cerca de quinze mil reais, mesmo numa área tão desvalorizada como aqui.
4.3. Aspectos da Dinâmica do Trabalho em Padre Miguel
Em se tratando do emprego direto, há uma carência muito grande no local, não temos aqui nenhuma indústria significativa, o comércio está em decadência, como o dos demais bairros da região, houve até a tentativa de um mini-shopping center, no espaço onde antes funcionava o Supermercado Maracanã, que tal qual o supermercado faliu e hoje há uma casa de show no local, não se sabe até quando, pois o local parece amaldiçoado, uma vez que todo investimento ali acaba se perdendo. Há um outro mini-shopping center em direção ao sul do bairro (na direção do maciço da Pedra Branca), entre outras micro-empresas e comércios e serviços de pequeno porte (como os do Calçadão e das avenidas de maior movimento), mas mesmo esses investimentos são muito pouco para abrigar a mão-de-obra local, o que faz com que grande contingente trabalhador se desloque pela manhã em direção ao Centro da cidade ou em direção oeste (Centro de Bangu, Campo Grande e Santa Cruz) para seus empregos formais.
Na realidade, o desemprego é alto na região, como em todo Brasil, é verdade, mas a agravante é que, apesar de o crescimento da cidade está se dando em direção a Zona Oeste, os novos pólos industriais são distante demais do nosso bairro (Brahma próximo do Viaduto dos Cabritos em Campo Grande, Manguariba, Santa Cruz, etc...). A atração para o eco-turismo, também está distante do bairro, as áreas de mata original dos maciços da Pedra Branca e do Gericinó, estão dentro dos limites de outros bairros ou municípios.
Não contamos aqui com organismos que poderiam melhorar a dicotomia entre emprego e mão-de-obra, como Associação Comercial (como a ACIRB, por exemplo, que zela pelos interesses do comércio de Bangu), nem temos aqui quem cuide da cultura ou da memória coletiva do bairro como fazem alguns Centros Culturais (Como o José Mauro de Vasconcelos, onde se guarda a memória do bairro de Bangu), mesmos os artistas que nasceram, moram ou moraram aqui fazem pouco do local, muitos nem ao menos divulgam sua origem, como se fossem perder o brilho por isso.
Para a maioria dos desempregados do local, resta o subemprego sem carteira assinada, os serviços ambulantes, segurança patrimonial informal (toma-se conta de carros, lojas, condomínios, etc...), o transporte alternativo irregular (kombi, van e as moto-táxi na estação de Padre Miguel), o mercado informal (como os inúmeros botecos, lava à jatos, e lojinhas que não recolhem impostos) e a camelotagem (SILVEIRA, 2002). É difícil andar pelas ruas de Padre Miguel e não se deparar com qualquer um desses serviços, os mais visíveis são os camelôs, mas os lavadores e tomadores de conta automotivos estão disseminados por toda parte chegando a haver concorrência entre os preços e serviços dos prestadores.
O que poderia gerar bastante renda e emprego no local seria explorar a tendência turística e de lazer do único ícone de grande projeção do bairro a Mocidade Independente de Padre Miguel, por exemplo: com os preparativos para o badalado Carnaval, que atrai muito turista para cá, vindo pessoas de vários locais nas épocas de disputa de samba-enredo e ensaios para o Carnaval; o trabalho artesanal de fantasias poderia ser descentralizado e empregar mais pessoas; a confecção de suvenires como lembrança da Escola de Samba; a profissionalização da quadra, fazendo-a funcionar como uma espécie boite, apta para receber outros eventos relacionados ao Carnaval, com a geração de vários empregos, como engenheiros de som, caboman, cinegrafista, seguranças, barman, DJs, MCs, dançarinas, etc...
Mas na verdade não é bem assim que funcionam as coisas por aqui e temos poucas pessoas com boas idéias por aqui, e estas tem idéia, mas não tem dinheiro, e quem tem algum dinheiro aqui não gosta de se arriscar, além de não ter muitas idéias, o que nos faz sentir saudade do ‘Doutor’ Castor e seus vários empreendimentos que davam vida ao bairro (mesmo com toda propaganda negativa que o jogo do bicho trazia).
4.4. Aspectos da Moradia em Padre Miguel
Resta para boa parte da população ativa do bairro usá-lo como dormitório, saindo ainda com a lua a iluminar e voltar com a 'mesma' lua a lhe seguir, para descansar, uma vez que a moradia em outros bairros, mesmo que da Zona Oeste é bem mais cara do que a média daqui, mesmo depois do advento do Shopping Bangu que valorizou a área. Por exemplo, um apartamento de três quartos e sala de aproximadamente cem metros quadrados do IAPI custa em média cerca de setenta e cinco mil reais para compra e algo em torno de duzentos a quinhentos e cinqüenta reais para aluguel, ninharias se comparados aos cento e noventa e cinco mil reais que cobram por uma casa ou apartamento equivalente de dois ou três quartos em Bangu, Jabour e Campo Grande, ou aluguel de, em média, quatrocentos a novecentos e cinqüenta reais mensais nestes mesmos locais. Sem falar que as facilidades de comércio são muito parecidas nos três bairros.
São tidas como áreas mais nobres do bairro os locais ‘mais seguros’, com amplos logradouros (ruas largas são questão estratégica para entrada da polícia e de bombeiros para prestar socorro), onde não falte luz e água freqüentemente, com telefones em quase todas as residências e telefones públicos (orelhões) que funcionem e não sejam depredados em sinal de respeito e ojeriza aos vândalos, e de maior acessibilidade ao comércio, à saúde, à educação, à condução, ao lazer e como contrapartida ao sossego, uma vez que a proximidade do fuzuê é deletéria para o bem estar e qualidade de vida do morador. Por este prisma passam a ter mais valor aquelas ruas que estão a meio termo, nem muito perto da agitação, mas também não podem estar muito isoladas.
Neste sentido são consideradas áreas desvalorizadas do ponto de vista social e ambiental: as casas próximas de estradas movimentadas por causa do barulho, da trepidação e da poluição; as ruas onde ficam localizadas as faculdades e as que abrigam escolas públicas e particulares, por causa do barulho e do vai e vem de alunos, carros, serviços, vendedores e devido, também, as festas e manifestações que usam aparelhagem de som com volume muito alto (muito acima de 80 decibéis); falando em som alto as ruas próximas em até cerca de duzentos metros dos pagodes e dos bailes funk sofrem muito, não só pelo volume do som como pela própria qualidade da música executada.
Locais muito perto das favelas são mal vistos, muitas vezes por preconceito, um exemplo é a Vila Vintém, suas casas têm preços desvalorizados, as casas nas imediações dela sofrem desprestígio, mais por causa do medo e das incursões das forças policiais do que pelo índice de criminalidade. Lugares ermos e escuros, como os próximos do cemitério do Murundu são desprezados por superstição e medo dos mortos (em pleno século XXI, ainda se acha espaço para essas práticas tribais). O lado norte da Avenida Brasil, perto da estrada da Água Branca, nos limites do bairro, também são bastante depreciados, principalmente devido a distância do comércio, apesar de melhor acesso à condução para quase todos os bairros.
A fina flor do bairro passa a ser aquela rua que está próxima do comércio, das escolas, do lazer e do transporte, mas relativamente longe da estrada como as que se situam: entre as avenidas Marechal Marciano, Figueiredo Camargo (conjunto do IAPI), é nestas localidades encontramos bastante comércio e escolas, já entre as Avenidas Santa Cruz e Francisco Real, temos bastantes serviços, escolas, lazer, praça de alimentação (Habib's e Mac Donald) e diversos comércios.
Também são consideradas boas para se morar, devido principalmente a tranqüilidade e a proximidade do lazer e do bairro polarizador de Bangu, as ruas nas proximidades da rua Sul América, indo até o Campo do Bangu e a praça Nova Jales ou como é mais conhecida, de Guilherme da Silveira, por causa do busto do patrono da região. Estas ruas têm a tranqüilidade interiorana e estão perto de quase todo tipo de serviço e lazer, sem o inconveniente de barulho excessivo, nem da violência da periferia, o que se de um lado é bom para o morador que vive na fina flor do bairro, em contrapartida faz com que o preço das casas subam estratosfericamente, chegando a valores proibitivos para os padrões monetários locais.
4.5. As áreas de risco de Padre Miguel
São consideradas áreas de risco os lugares dentro das favelas ou conjuntos habitacionais, como na Vila Vintém e no Sete-Sete, algumas ruas no conjunto Dom Jaime Câmara, onde, segundo a mídia, o crime organizado comanda com mão de ferro.
É comum aparecer na televisão e nos jornais de grande circulação regional e nacional, reportagem que denigrem a imagem do nosso bairro, mas quem mora aqui sabe que não é bem assim, ao contrário do que possa parecer para o 'estrangeiro', aquele que vive em outros bairros de outras Zonas Geográficas do Rio de Janeiro, o acesso a qualquer lugar do bairro é tranqüilo, mesmo na tão famigerada Vila Vintém, é possível entrar e sair sem ser importunado, a não ser que se vá de madrugada, em atitude suspeita, ou com carros totalmente insulfilmados, o que caracterizaria uma invasão de território, ou com roupas estampando letras que aludem ao grupo do narcotráfico inimigo ao que detém o poder no bairro, ou cantando os funks dos 'bondes sinistros', configurando desta maneira uma maneira persuadir a população a se voltar para o lado oposto ao já anteriormente bandeado pela maioria dela, pois apesar de não ter havido aqui eleições diretas para comandante do local, há uma demonstração bastante clara de satisfação dos moradores de favelas do bairro em relação aos seus 'patrões' e a sua ideologia e maneira de trabalhar e tratar a comunidade.
Na maioria das vezes os moradores destes locais mais desfavorecidos dificilmente se contatam com os de outras localidades, mesmo próximas, não por preconceito de qualquer uma das partes, mas pelo fato de ainda termos um conceito atrasado da favela. Hoje os antigos guetos putrefatos, se tornaram bairros quase que formais, com infra-estrutura mínima, que dá condição de moradia razoável com casas de alvenaria e ligação de água, luz e esgoto, mesmo que feitas pelos próprios moradores por 'gatilhos' e depois legalizados pelas concessionárias cedidas pelo Estado ou do próprio (IPEA, 2001), mesmo que carentes estas pessoas têm sua vida bastante independente do que está fora do seu perímetro, têm seus próprios interesses e relacionamentos lá dentro do sub-bairro, o que se torna desnecessário dizer que suas festas, manifestações culturais e políticas e seus problemas são resolvidos no âmbito de suas relações intrínsecas, nas 'entranhas' do próprio lugar (SANTOS, 1996).
4.6. Acessibilidade
Para chegar ao Bairro de Padre Miguel de trem é necessário tomar o trem que se dirige ao ramal de Santa Cruz, e descer na estação de Padre Miguel. De ônibus basta embarcar em qualquer um que se destine à Bangu ou à Zona Oeste, atentar sempre para as placas que informam se a condução tomará o trajeto que passa por Realengo e Padre Miguel ou se irá direto pela Avenida Brasil, uma vez que a Avenida Brasil é relativamente distante do centro do bairro.
Quem vier ao bairro de carro, é necessário lembrar que estamos a aproximadamente 50 minutos do centro do Rio de Janeiro, em uma velocidade média de sessenta quilômetros por hora. O melhor itinerário é o seguinte: seguindo-se pela Avenida Brasil no sentido de Santa Cruz, dobrando-se à esquerda em frente ao Motel Bariloche, em seguida pela Estrada da Água Branca para a direita, pegando a rua Guaiacá, saindo nos fundos do Supermercado Prezunic, nos arredores da Vila Vintém e da quadra da Mocidade Independente.
4.6.2. A Dinâmica dos Transportes em Padre Miguel
O meio de transporte mais utilizado Padre Miguel até bem pouco tempo, era o trem, por ser mais em conta do que o ônibus, também porque a maioria dos passageiros entrava nessas estações pela porta dos fundos, ou melhor, pelos buracos paralelos à linha férrea (paralelos mesmo, pois em cada lado havia um rombo no muro com bom diâmetro), mas com a criação da Supervia e a reforma da estação do bairro e a conseqüente colocação de seguranças nas plataformas, hoje em dia não temos mais tanta evasão.
Várias linhas de ônibus transpassam o bairro, indo a quase qualquer lugar do Rio de Janeiro, a maior dificuldade do miguelense em termos de transportes passa a ser apenas no que diz respeito aos preços cobrados e aos atrasos e serviços mal prestados principalmente pelos ônibus que por vezes não param para estudantes e idosos, desrespeitando leis vigentes.
As principais linhas que passam pelo bairro são:
370- Praça 15-Bangu (Viação Campo Grande)
392- Tiradentes-Bangu (Viação Campo Grande)
393- Castelo-Bangu (Viação Campo Grande)
684- Méier-Padre Miguel (Viação Oeste Ocidental)
689- Méier-Campo Grande (Viação Oeste Ocidental)
739- Sulacap-Bangu (Viação Bangu)
741- Barata-Bangu (Viação Bangu)
743- Barata-Bangu (Viação Bangu)
745- Cascadura-Bangu (Viação Andorinha)
746- Cascadura-Bairro Jabour (Viação Andorinha)
756- Senador Camará-Barra da Tijuca (Viação Feital)
777- Madureira-Padre Miguel (Viação Bangu)
784- Marechal Hermes-Vila Kennedy (Viação Oeste Ocidental)
786- Marechal Hermes-Campo Grande (Viação Santa Sofia)
800- Santíssimo-Marechal Hermes (Viação Andorinha)
820- Marechal Hermes-Campo Grande (Viação Oriental)
856- Marechal Hermes-Base Aérea de Santa Cruz (Viação Feital)
875- Sepetiba-Cascadura (Viação Feital)
918- Bonsucesso-Bangu (Viação Jabour)
921- Bangu-Penha (Viação Campo Grande)
923- Jardim Violeta-Penha (Viação Campo Grande)
960- Penha-Senador Camará (Viação Andorinha)
1105- Castelo-Bangu (Viação Campo Grande)
1135- Castelo-Campo Grande (Viação Pégaso)
S-13- Lavradio-Bangu (Viação Campo Grande)
S-27- Marechal Hermes-Urucânia (Viação Santa Sofia)
424D- Alcântara-Campo Grande (Viação Mauá)
541L- Bangu-Nova Iguaçu (Viação N.S. Penha)
Itaguaí-Marechal Hermes (Viação Feital)
Itaguaí-Padre Miguel (Viação Feital)
Itaguaí-Caxias (Viação Mangaratiba)
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