O QUE ESPERAR DO MERCOSUL, EM ESPECIAL DA ARGENTINA E DO URUGUAI?
Sinto muita dó de nossos vizinhos argentinos e uruguaios, nossos queridos hermanos, quando leio nos livros de história e lembro do que via nas décadas de setenta e inicio da de oitenta, quando sentíamos uma inveja incrível deles, principalmente do nível da educação e da qualificação profissional, temo que eles estejam de fato adentrando na maior zona de turbulência de todos os tempos.
O que mais impressiona é o fato de eles terem a faca e o queijo nas mãos e não aproveitarem o momento certo. Nas décadas de mil novecentos e vinte e trinta eles eram seguramente os países que capitaneavam o desenvolvimento da América do Sul (uma vez que o Brasil ainda estava às voltas com turbulências internas), muito disso baseado na pecuária que abastecia a Europa de carne, couro, leite, charque, etc. Além disso, dispunham de uma janela demográfica aberta, ou melhor, escancarada na sua frente.
Só que eles não aproveitaram, em vez de investir em industrialização de ponta, fizeram como nós, substituição de importação. Baseando-se nas benesses da pecuária, não diversificaram sua pauta de exportação. Aí vieram a Austrália e a Nova Zelândia, com seus gados criados sob medida para atender o consumidor exigente da Europa e a Argentina e o Uruguai tiveram de enfrentar a maior penúria pela qual já tiveram notícia.
Vieram anos, décadas... e a Argentina viveu um inferno astral dantesco. Até que na década de mil novecentos e noventa, com o neoliberalismo de Carlos Menén, o povo achou que viriam tempos de prosperidade como no início do século vinte. Com a indexação da moeda, austral, ao dólar, eles achavam que se tornariam os Estados Unidos da América do Sul, mas se quebraram. E o Uruguai, vários troca-trocas entre blancos e colorados, depois de muito penar voltaram-se para si e tentam sair da órbita argentina, já que o vizinho vai de mal a pior.
Com seus próprios esforços eles acabaram por destruir a pouca estrutura que restava de eras passadas, como por exemplo, a educação privilegiada e a mão de obra muito qualificada. Panelaços depois e hoje vemos uma Argentina caída de joelhos e mendicante. O orgulhoso povo argentino enfrenta a maior derrocada já vista, e perderam sua alta auto-estima e hoje nos olham de baixo, quando antes era de soslaio.
O Uruguai se contenta hoje em dia em ser apenas mais um paraíso fiscal no mundo, e do turismo que ainda lhe rende uns trocados. Sua pecuária está em declínio, muito pelo esgotamento de seu pequeno território e da falta de profissionalismo de seus fazendeiros e de suas ago-empresas.
O que isso nos afeta? Em geral, dizemos que o Mercosul é um natimorto, pois nasceu fadado ao fracasso, como unir povos rivais e dispares sob a égide de um nome pomposo sem resolver as pendengas ancestrais? Isso é missão para o Tom Cruise, ou seja, impossível. Além do mais, a inclusão de países encrenqueiros no bloco só serviria para pulverizar o pouco de união que havia, já não basta o Paraguai que é um sabotador nato da zona aduaneira e do próprio Uruguai, que costuma jogar os gigantes Brasil e Argentina um contra o outro.
Esse comportamento desagregador dos países do Mercosul dificultam não só o bloco, como a integração econômica e militar da América, o que pode sepultar a criação de uma força militar nos moldes da OTAN e do falecido Pacto de Varsóvia. O que é uma pena, pois seria um grande passo para ser implementado um sistema de defesa conjunta e de uma economia sólida e variada entre os países que tem, cada um a seu jeito, muito que oferecer.
De fato será difícil para a Argentina e o Uruguai se livrarem da síndrome da invisibilidade que assola parte dos países que outrora foram alguma coisa na vida, como é ocaso do Irã (que já foi Império Persa e que fez a revolução de 1979 expulsando os Estados Unidos de seu território), Coréia do Norte (que com a ajuda de China e União Soviética derrotou os Estados Unidos na Guerra da Coréia), dos hermanos da América do Sul, que acham que já foram algo e pretendem infernizar o mundo só para conseguir seus quinze minutos de fama.
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