sábado, 9 de abril de 2011

A tragédia anunciada e a anunciação de mais tragédias


Pearl Jam - Jeremy por steveo_russianspy

Para enfatizar que a tragédia recente em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro era previsível devido ao crescimento econômico do país e aos ganhos reais acima da inflação dos salários mínimos em detrimento dos salários médios pagos as classes medias, coloquei este vídeo do meu Grupo de Rock predileto, o Pearl Jam, que considero estar a frente do nosso tempo em suas temáticas.

Passo a destrinchar em conjunto com quem me lê a letra e a conjuntura em que a musica foi criada e o porquê dela ter sido produzida. Mero exercício de hermenêutica. Como sempre fazemos por aqui.

Jeremy: a letra
At home
Drawing pictures of mountain tops
With him on top, lemon yellow Sun
Arms raised in a "V"
The dead lay in pools of maroon below

Daddy didn't give attention
To the fact that mommy didn't care
King Jeremy the wicked
Oh, ruled his world

(2x)
Jeremy spoke in class today

Clearly I remember
Picking on the boy
Seemed a harmless little fuck

Oh, but we unleashed a lion
Gnashed his teeth
And bit the recess lady's breast

How could I forget?
And he hit me with a surprise left
My jaw left hurting

Oh, dropped wide open
Just like the day
Oh, like the day I heard

Daddy didn't give affection, no
And the boy was something
That mommy wouldn't wear
King Jeremy the wicked
Oh, ruled his world

(3x)
Jeremy spoke in class today

Try to forget this (Try to forget this)
Try to erase this (Try to erase this)
From the blackboard

(2x)
Jeremy spoke in class today

Jeremy: a tradução
Em casa
Desenhando figuras de topos de montanhas
Com ele no topo, sol amarelo limão
Braços erguidos em V
Os mortos estendidos em poças de cor marron embaixo deles

Papai não deu atenção
Para o fato de que a mamãe não se importava
Rei Jeremy, o perverso
Governou seu mundo

Jeremy falou na aula de hoje
Jeremy falou na aula de hoje

Me lembro claramente
Perseguindo o garoto
Parecia uma sacanagem inofensiva

Mas nós libertamos um leão
Que rangeu os dentes
e mordeu os seios da menina na hora do intervalo

Como eu poderia esquecer
E me acertou com um soco de esquerda de surpresa
Meu maxilar ficou machucado

Deslocado e aberto
Assim como no dia
Como dia em que ouvi

Papai não dava carinho
E o garoto era algo
Que mamãe não aceitaria
Rei Jeremy, o perverso
Governou seu mundo

(3x)
Jeremy falou na aula de hoje

Tente esquecer isto
Tente apagar isto
Do quadro negro

(2x)
Jeremy falou na aula de hoje

(2x)
Jeremy falou
Falou

Jeremy falou na aula de hoje

Eddie Weder, o letrista e cantor da banda, se coloca no lugar de um daqueles que perpetravam toda sorte de encarnação e deboche contra o menino esquisito da classe. Na letra e no video, mostra-se uma mente atormentada de alguém que sofria do desrespeito de outros e a ignorância dos pais que estavam mais preocupados com suas cerimônias do que com as dores de seu filho. Claramente se remetendo aos ganhos daclasse média americana dos anos 90, onde o trabalho vem na frente do bem-estar, e as famílias estão presas ao molde fabil de então (os pais sentados à mesa e o filho ignorado). Seus desenhos mostravam o conturbado mundo que o cercava e o assustava. E retratavam sua confusa mente. Era o estopim para a tragédia.



O sentido era de alertar para a mazela social do bulling que sempre ocorreu na sociedade norte-americana e na nossa com menos danos psicológicos. O que desencadeia as tragédias são fatores que passam pela melhor qualidade de vida e condições financeiras de um país e de uma população. Passam pela deficiente atenção dos familiares às suas crianças, presas fáceis, devido aos compromissos de trabalhos e sociais. Passa pelo ócio remunerado e pela falta de atividades produtivas para os jovens. Passa pela alienação e pela lavagem cerebral produzida pelos meios de comunicações massivos como a televisão e pela internet. Passa, invariavelmente, pela distorção dos valores sexuais, morais, éticos e religiosos. E, por fim, pela desigualdade de oportunidades sociais.






Até meados da década passada seria impensável que alguém subemempregado, como o autor do delito, teria condições de comprar um revolver, quanto mais dois e além disso vários carregadores. A culpa não é do crescimento econômico e do aumento significativo do salário mínimo, e sim da falta de prevenção e da total alienação dos nossos governates com as causas e efeitos desse tipo de acontecimento nos países em que ocorreram. Aqui com certeza tratarão o caso como isolado e que o brasileiro é pacífico demais para repetir esse ato insano.



Não podemos nos trancar em casa e nem fazer isso com nossas crianças, mas há que se ter maior vigilância, tanto em casa, quanto ao que nossos pequenos vêem nos canais de televisão, escutam em rádios e CDs e acessam na internet, pois existem muitos métodos de lavagens cerebrais e controles da mente que só pensávamos existir nos filmes de ficção cientifica, mas que permeiam o nosso cotidiano.

Ou você acha que aquele cheiro exagerado do pãozinho recém saído do forno no supermercado é natural?

Olhos, ouvidos e mentes sempre abertos.

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