Abomino todas as
drogas. Se eu fosse mulher e estivesse grávida, jamais abortaria. Mas, quem sou
eu para julgar? Como disse certa vez um certo apóstolo de Jesus: "Tudo me
é LÍCITO, mas nem tudo me convém"
Tudo me é lícito, mas
nem tudo me convém. Quer dizer que nada é proibido, porém muitas coisas deveriam
ser evitadas, apesar de sermos livres para o uso. O Apostolo Paulo quis dizer
justamente isso. Quem quiser fazer aborto ou usar drogas terá a licitude para
isso, mas quem é a favor da vida e de não se sujar com substâncias podres, que
não aborte e não use drogas. É simples assim. Proibir só traz ruína.
Mas aí, entram em cena os xiitas religiosos
pseudo defensores da vida. Ora, veja no dicionário e nos livros de biologia o
significado de vida. Esses radicais da vida comem carne e cortam plantas e até
árvores para se alimentar.
Acabar com a vida de um boi que não
cometeu nenhum pecado para servir de comida para nós pode? Ceifar a vida de uma
planta para alimentação pode? Então, a vida é seletiva? Tem a nossa e a deles?
Creio que não é assim. Vida é vida.
Se for para pensar em colocar a vida
em primeiro lugar só poderemos comer algo que caia do pé, ou carniça e despojos
ou sobras da refeição de algum carnívoro irracional.
Nós, como dominamos o mundo colocamos
como se uma vida valesse mais do que outra. Mas a vida vale igual. Pensar de
modo diferente é relativizar puxando a brasa para a sardinha da humanidade.
Só porque os animais são
irracionais e as plantas parecem não registrar dor e sofrimento nos dá o
direito de matar? Quem nos deu essa prerrogativa? Vida é vida. Nós somos iguais
a eles. Somos todos seres vivos iguais. Mas segundo o deus inventado pelos
humanos para justificar tudo o que fazemos, nós somos os superiores. A natureza
considera vida desde as plantas e os fungos e bactérias, até os animais. Mas
inventamos a tal da ética, não é não? Então a ética serve para matarmos os
demais seres vivos, menos os de nossa espécie, sem pesar na consciência.
Para a natureza, tudo isso é vida:
plantas e animais. Nas aulas de biologia e química tem a receita. Nós é que
relativizamos para não ferir nossa ética. Mas quando a fome aperta, até
canibalismo os religiosos já fizeram. E depois vem querer falar de ética e de
ser contra aborto. Essa justificativa de ser a favor da vida não se sustenta.
Basta dizer que não sou a favor de aborto porque meu líder o condena. Simples.
Sabemos que nós é que somos o câncer
do planeta, mas nos achamos superiores e escolhidos por um deus que nós mesmo
inventamos para justificar nossas crueldades e pedir perdão para esse ser
invisível inventado quando for preciso. Isso é muito cômodo. Beira o cinismo.
Prefiro a verdade nua e crua. De que
sou um ‘assassino’ que mato outros seres (plantas e outros animais) para me
alimentar. A verdade dói, mas é a verdade. Nosso lado animal duela com o
"humano" o tempo todo. Temos que aceitar que é assim. Nada é sem
custos. E precisamos nos acostumar a arcar com consequências de atos que
tomamos individual ou socialmente.
Esse
é o problema fulcral, que nós temos consciência (nem todos, não é?) de que
precisamos matar para comer e os demais animais não. Daí eles matam sem culpa e
nós (eu pelo menos) não. Já pensei em viver como aqueles monges, mas meu lado
onívoro fala mais alto sempre. Porém, os demais atentados contra a vida eu
consigo conter, não abortaria jamais e muito menos usaria drogas, a não ser o
álcool, que de maneira moderada é saudável individual e socialmente.
O que mais mata nessas questões é a
hipocrisia de muitos cristãos e demais religiosos, que abortam e depois dizem
que são contra o aborto, é tipo o maconheiro que fica pedindo paz vestido de
branco, mas ajuda a sustentar a guerra pelas drogas.
A hipocrisia desses pseudo
religiosos beira ao ridículo. O crescei e multiplicai está aí para comprovar.
Se cada casal de cristão não tiver pelo menos 15 filhos, é sinal de que pecaram
contra a vida.
Legalizar as drogas e o
aborto não quer dizer que vai ser oferecido de casa em casa o produto, quem faz
isso são as Testemunhas de Jeová com a ‘salvação’. Apenas dará a quem quiser
fazer aborto e usar droga uma saída da clandestinidade, e ao Estado números e
instrumentos para coibir abusos e tratar os danos.
Tornando lícitas essa
coisas, quem quiser fazer aborto ou usar drogas terá feito ou usado às claras,
pagando impostos e gerando um número para controle governamental.
A conta é fácil de
fazer, mas quem não tem facilidade com matemática e leis de mercado, não vai
entender: quer ganhar um lucro exorbitante, basta colocar na clandestinidade
qualquer serviço ou produto. Esse produto não será taxado, o lucro será maior
do que 100%, não descontará IRPF, o desejo pelo proibido levará milhares até
ele, muitos matarão e morrerão por causa dele e muitos mais (cinicamente)
condenarão a prática colocando a religião na frente como um escudo.
Por isso que digo que é preciso
liberar o aborto e o SUS passar a ter clínicas especializadas para atender as
mulheres pobres. Além de cadastro, terá segurança. Não sou a favor do aborto.
De forma alguma. Também não sou a favor do estado ou da religião mandar numa
questão que é a mulher quem decidirá. Ao estado e a nós, resta apenas confortar
a pessoa que precisou fazer, e punir a que faz reiteradas vezes (ficará no
cadastro) por pura maldade consigo, que não faz uso de métodos contraceptivos e
com o feto.
Do jeito que está só
os ricos se dão bem, que usam as drogas na segurança do lar e abortam em clínicas
de primeiro mundo. Os pobres, sempre se ferrarão, usando ‘açougueiros’ para
abortar e se endividando com traficantes, que não usarão o SPC e nem o SERASA para
cobranças de dívidas.
E sabe o que é o pior?
A maioria contra a legalização do aborto e das drogas é composta de pobres
religiosos ou não.